sexta-feira, março 23, 2007

"Toda vez"

Toda vez que te vejo,
toda vez que te abraço,
toda vez que entro no seu quarto,
toda vez que adentro seu corpo,
toda vez que telefono pra você de madrugada,
pedindo um pouco de atenção,
pedindo um pouco de amor,
é parte da minha forma de dizer as coisas,
é parte da forma com que desejo felicidades,
é a forma que encontrei para que retome seu sorriso quando angustiada,
é a forma que encontrei para que renove sua paixão pela minha voz,
é o jeito que tracei na minha memória para quando tivesse em meus braços,
vibrante, por inteira, destemida como sempre,
decidida, sabendo o que quer comigo como sempre soube o que queria em você...

Toda vez que te vejo,
atrasada, com tosse, com sono, com dor de cabeça,
acordando, indo dormir,
com seu baby doll cinza de bichinho que eu adoro tirar,
com o seu cabelo no rosto e seu jeito peculiar de dormir,
tenho certezas tão absolutas, certeza da nossa verdade,
certeza da nossa sensibilidade,
certeza do nosso carinho com nosso jeito único de trocar as palavras,
certeza de que tenho certeza que você é perfeita para me transgredir...

Toda vez que me inflo com seu carisma,
vou dormir tendo a sensação de que sou abençoado,
de que sou privilegiado,
de que compartilho algo a mais com o sorriso e a maneira mais incrível de ver o mundo....

Toda vez que penso em você,
meus olhos se enchem de água,
meu peito se enche de ternura,
minha vida se enche de você....

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sábado, março 17, 2007

"Carne exposta"

Muita gente tenta a todo momento me persuadir,
tenta determinar a mim mesmo como devo agir,
como devo me vestir, me portar, suportar um monte de gente
que considero insuportável e torço o nariz, sem receio.

Estou cansado de me sentir escravo de uma dúzia de coisas,
de ser doente por pensar diferente,
ou de ser punido por não estar sintonizado na mesma rádio
que o resto do povo.

Estou farto de igualdades,
estou com o saco ligeiramente inchado
por tanta saudade, por tantos sonhos eróticos toda noite,
por tanta vontade de abrir suas pernas,
entrar com toda minha força dentro dos seus sonhos encharcados,
enlouquecer sua pele, puxar seus cabelos do jeito que te faz amanhecer,
despejar em cima de você todas as minhas verdades e mentiras,
te morder da cabeça aos pés, roubar seus defeitos e qualidades,
te tornar imortal e dizer toda manhã que te cultivo
para te levar comigo por todo canto,
na lembrança, no hálito, na minha carne cúmplice de você....

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sábado, março 03, 2007

"Sua distância me distancia da paz..."

Sua distância me distancia da paz,
sua distância determina em mim rituais que não me agradam,
que não são amigáveis,
em uma punição constante, convenientes a você...

E fico tentando me convencer que não vale mais a pena,
que nossa loucura não é a melhor,
que a nossa amizade não é mais tão estupenda,
fico mentindo pra mim a todo instante,
para tentar não deixar esse martelar constante tomar conta de mim por completo...

Fica a saudade, fica o jeito peculiar de lembrar,
fica guardado na lembrança nossos suores,
nossos corpos unidos enquanto fazíamos amor,
fica a lembrança pura do nosso primeiro beijo,
roubado, escancarado, eu puxando seus cabelos,
falando todas as minhas verdades e mentiras de uma só vez,
louco pra te reconquistar, louco para te reviver,
insano para te contar todos os dias, sem rodeios, mas com charme,
que eu adoro amar você,
que luto para sobreviver,que sonho dia e noite, torcendo pelos seus sonhos,
torcendo pelas suas idealizações,
vivendo de longe nossa verdade de perto...

Eu te espero, minha flor roubada,
de braços abertos, coração apertado e alma entregue,
com os olhos de sempre, que ainda redesenham a dança das nossas almas...

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"Eu te trago sem pedir com licença"

Eu te trago uma ferocidade indizível à felicidade, eu te trago um sabor de algodão-doce na boca, aquele gosto de quero mais de quando ele termina, eu te trago também uma leveza e uma destreza para com as palavras, te trago tudo o que você sempre sonhou encontrar e não pôde nunca desfrutar.


Não te trago apenas glórias e delícias, te trago também a frustração da saudade, do tempo perdido, do ciúme por ter me visto na noite passada com uma loira fútil, siliconada e fresca, te trago a indomável sensação de que tudo pode ser realizável, de que tudo pode se tornar possível se estiver de mãos dadas comigo.


É explícito com os olhos, com o charme mal resolvido que atiramos todas as vezes, com a mão calejada e as palavras repetidas, mas gosto de dizer sempre, em poesia, cara-a-cara, via internet, via embratel, que te trago a indiscutível verdade em você mesma, te trago a beleza de ser quem você é antes de dormir, sozinha, sonolenta, te trago a relembrança de outras vidas, de outras épocas mais vivas e amenas, te trago tudo de todas as maneiras, sem cobrar nada, sem pagar nada, sem dizer ao menos com licença....


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quarta-feira, fevereiro 21, 2007

"Incondicionalmente"


Amor, o que seria de mim sem seu sorriso,
sem o brilho instantâneo que aparece nos meus olhos quando te vejo,
o que seria do meu dia-a-dia sem compartilhar com você,
sem retratar tudo que engloba sua presença como a coisa mais importante para mim,
o que seria de toda a minha dedicação, de todos os meus sonhos pra nós dois,
o que seria também do meu corpo tão habituado ao seu,
de todos os meus pensamentos que acordam e vão dormir abraçados com você,
de todas as minhas vontades que me consomem todas as madrugadas,
dos meus desejos que chegam a me constranger em determinados momentos,
como quando entramos na padaria pra comer seu pão bem torrado de toda manhã,
você rindo de mim, e eu perdido, desnorteado, sem saber como me esconder,
sem saber como tirar o vermelhidão do rosto...

Amor, o que seria dos meus poemas que faço com tanto carinho pensando em você,
das poesias que fico a todo instante improvisando bem baixinho no seu ouvido,
o que seria das nossas piadas e brincadeiras que só nós entendemos...

Mas penso também o que seria de mim sem mim,
o que seria dos meus passos sem a certeza de quais precisam ser tomados,
o que seria da razão de todo o comprometimento, de toda a verdade,
de toda a cumplicidade que tão lentamente cultivamos,
nessa sintonia fina que julguei a vida inteira não existir...

Amor, eu tento todos os dias, de todos os jeitos, te fazer mais feliz,
cada vez mais, vivendo cada momento sabendo que não teremos reprises,
e por isso te nego o direito de ficar mais um segundo longe de mim,
te nego o direito de não dizer que me ama de uma forma diferente do dia anterior, todas as noites...

Amor, sinto muito a sua falta,meu quarto está fervendo,
habitando nele meus arrependimentos,
meu mau humor por te ter tão longe,
aturando meu falatório amargo e carregado de saudades dos seus olhos....

Amor, eu amo você em silabas, tons, cores, improvisos, formas e temas, incondicionalmente....

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terça-feira, fevereiro 06, 2007

"Silêncio que dita"



O silêncio que consome o homem,
a frase dita escapulida, desapercebida,
tantas vezes lida,
tantas vezes ouvida, sofrida,
sempre se despedindo com um certo rancor na voz,
dizendo que mudei, que ando muito pirado ultimamente,
deixando tudo de pernas pro ar até o nosso próximo olhar...

Fico na espreita, à espera, mas nosso próximo olhar não rola nunca,
estamos diariamente usando nossos compromissos como desculpas,
e minha vida vai ficando cada vez mais sem graça sem seu jeito peculiar,
sem seus problemas puros, muitas vezes infantis,
que vão deixando nossa história ainda mais sem final do que quando começamos,
muito mais complicada do que imaginamos quando nos olhamos pela primeira vez,
muito mais distorcida e retorcida que nossos cabelos quando acordo de uma noite turbulenta, por ter sonhado com você...

E o silêncio vai me consumindo, me corroendo,
vai me dizendo pra voltar,
vai me pedindo encarecidamente para que eu ceda,
implorando pra que eu declare meus sentimentos,
implorando pra que eu declame meus poemas,
na inocência, sem saber que o uso para fortalecer nossa falsa eternidade...

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segunda-feira, janeiro 29, 2007

"Nosso mistério"



Eu poderia dizer a você coisas que não estão acontecendo comigo,
poderia manter em silêncio minhas angústias para conseguir te manter presa ao meu jogo,
poderia muito bem desmentir tudo que a tanto custo conquistei,
pois te conheço bem, sei que nas suas maluquices seus pensamentos vão além,
que você sonha com cores bem específicas, que você colore sua estadia do jeito que me apaixono,
mas detesto mentir a qualquer um, detesto sofrer calado como o babaca que não tenho vergonha de esconder que sou,
e lhe abro as portas da minha vida, pela porta da sala, pela porta da cozinha, pela porta do quarto,
pela janela do meu nono andar, sem receio, pedindo insistentemente e sozinho que você entre.

Mas você não entra...

Insiste em dizer que me esperou a noite inteira, chorando a minha falta,
eu insisto em tentar contornar uma situação, mas há muito eu insisto em não acreditar em suas palavras e promessas,
porque sempre foi tudo em torno de um único propósito, de uma única intenção,
de um único lado da história.

E agora você foi embora, eu fiquei preso dentro dos meus planos ridiculos e mal estruturados,
me olhando no espelho, bêbado, descabelado, com a roupa suja do nosso último whisky,
com a roupa ensopada do nosso último suor, com a alma lambuzada com nosso último beijo,
e já faz tanto tempo que você partiu, e já faz tanto tempo que você partiu que eu não consigo acreditar
que não consegui que se entregasse, que não consegui conquistar sua essência,
que só iludi e brinquei com as possibilidades que fantasiamos,
que abriguei em vão as verdades deliciosas que acreditei serem verdadeiras...

Agora tudo apodreceu dentro de mim,
que eu queria poder te olhar nos olhos de uma forma diferente,
que eu poderia sentir o seu gosto de pra sempre em mim, como sempre deixei que sentisse,
sem essas fugas, sem tantas esperas, sem mentiras,
sem ter que ser sempre uma surpresa incrível, mas pra mim, falha...

Eu só queria te olhar nos olhos,
dizer que estou com saudades de tudo em você,
tocar seu rosto com o toque mais sutil que minhas mãos possam proporcionar,
dizer que te amo, te abraçar como faço todas as noites com meus travesseiros
e florescer das sombras o frio na barriga que sempre determinamos como o nosso mistério...

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quarta-feira, janeiro 17, 2007

"Livro imenso de saudades"



Desculpe-me ter que te falar sobre minhas vontades,
sei que estou viajando ao tocar nesse assunto,
sei que estou viajando de não ir logo te ver,
com toda aquela sede misturado com a febre que tenho por você,
que me deixou inerte, pensando em tudo, imaginando nomes para nosso cotidiano,
para nossos possíveis filhos,
para nosso universo paralelo,
que é como me sinto quando estou com você,
como num mundo totalmente colorido onde só eu posso entrar,
e nele eu desenho coisas, faço travessuras e é tao natural....

Gosto da naturalidade que existo ao seu lado,
uma naturalidade que insiste existir...

E fico te pedindo para lhe te dizer algo,
pedindo para lhe contar em segredo
que eu estava completamente apaixonado por você,
e o que fez isso mudar foi eu gostar demais das coisas a dois...

Confesso que senti medo,
senti que poderia me machucar
mas você ainda mexe comigo, demais, demais,
você mudou muito comigo, você me deixou um pouco de lado,
e por isso decidi que vou te eternizar numa música,
pra te provar que em momento algum eu mudei,
que estou mesmo é ocupando-me para ter uma boa desculpa,
mesmo sabendo que é estupido dizer isso,
mas dentro de mim não mudei
e o seu ponto de vista está atrapalhando a nossa história de fluir...

Estou me abrindo pra você,
não estou diferente,
mas é que não te sinto mais com vontade de ficar comigo como era antes...

Parei de escrever mesmo achando péssimo,
parei de tentar te conquistar na marra,
parei de usar todas as minhas forças,
porque você é muito intensa, você mexe muito com minhas vontades,
com minhas fantasias, e o meu livro já está imenso de saudades,
difícil de carregar sozinho, como você insiste em me deixar...


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domingo, janeiro 14, 2007

"Obtusas"



Cenas, dramas, confissão,
vida, morte, alegria,
ordinária, vagabunda, amor,
mentira, falsidade, paixão,
podre, hipócrita, perdição,
força, luta, disparo,
lentidão, fração, segundos,
giro, mundo, formas,
choro, alívio, repente,
cárcere, livros, religião,
liberdade, sentido, desemprego,
doença, família, contagem,
eutanásia, alívio, lembrança de como amei você verdadeiramente...

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"Falsidade irresponsável"




A falsidade do amor que sinto por você destoa,
ela é capaz de forjar um plano mirabolante,
te meter em uma enrascada irreparável,
pela possível e incoerente massagem no ego...

A falsidade que sinto quando sinto os seus sintomas
é surreal ao ponto de me embriagar,
é como filme de suspense no final,
lindo, harmonioso, fantasioso, irresistível...

Não resisto a mentir para você,
não resisto a essa falsidade deliciosa
que te faz de otária e me deixa cada vez mais entregue,
mais eloquente, mais sensato nos meus segredos irresponsáveis...

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"Campinas com Paulista"



Você se pergunta demais, eu sei,
mas é porque você não tem cotas pra sonhar,
você é livre pra exercer seus fundamentos,
você é lírico o suficiente para demonstrar seu carinho,
seu carisma,
sua futilidade,
sua magnitude para com tudo que existe...

Você gosta de ver o mundo,
de se ajoelhar perante ele e se valorizar digno,
você pode tudo o que quiser,
e enquanto você passa suas madrugadas aí,
questinando-se deliberadamente,
eu vou dar uma passeada tranquila pela Paulista...

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quarta-feira, janeiro 10, 2007

"Demasiado"



Hoje não tem estrelas no meu céu,
porque você está longe daqui,
porque eu não consigo ver nada além disso tudo,
nessa neblina que persiste em ficar no meu olhar,
perdido pensando em você...

Hoje também não apareceu lua, não apareceu cometa,
só a saudade que ficou por aqui,
o tempo todo, lado a lado, andando grudada em mim,
saudade do seu riso afoito e da sua rouquidão para com tudo,
falta grande de sentir tanta coisa boa,
sobrou você aqui em mim, de todo jeito,
e eu fiquei tirando fotos com os olhos pra te mostrar em poesia,
e eu fiquei filmando tudo, guardando tudo pra te presentear,
sem saber se teria como te entregar,
sem saber se gostaria de receber...

Mas minha coragem é múltipla,
meu gosto pra saber sua verdade é verdadeira demais pra ser desperdiçada,
minha mão é ávida o suficiente para não ser capaz de esquecer seu corpo dócil,
meu peito é demasiado apaixonado para deixar de me apaixonar por você, sempre...

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sexta-feira, dezembro 22, 2006

"Minhas mãos não são capazes para com sua cadência..."



Tenho abstinência de você, sim,
tenho saudades da sua pele, da sua voz,
tenho suspiros a noite por lembrar da sua maciez,
tenho desejos incontroláveis no meio da rua,
ao lembrar do seu sorriso de lado, fazendo charme,
dizendo todas as coisas que me enlouquecem por completo...

E sua beleza, que resplandece,
que reproduz o meu melhor, o melhor de quem te cerca,
sua beleza que corrompe a cada olhar,
que inebria, que transforma tudo o que sou em poesia,
transporta tudo quanto é sonho pra perto de você,
e me deixa paralisado à espera para rever o rubi dos seus olhos,
o brilho que brilha diferente para mim,
em segredo, escondidinho e perspicaz...

E ao contrário do que você pensa de mim,
sou sim um ser apaixonado por você,
do meu modo maluco de ver as coisas,
do meu jeito estranho de dizer isso sem dizer,
da minha forma abstrata de levar as coisas,
mas apaixono toda vez que te reencontro,
que entro no seu campo magnético e sinto seu arrepio instantâneo,
apaixono toda vez que ouço seu sorriso,
apaixono toda vez que falam de você pra mim,
e fico degustando essa luz aqui dentro,
sorrindo numa liberdade absoluta,
imaginando como os passarinhos que pedi para cantarem para você de manhã
estão executando nossa música predileta,
torcendo para que as flores exalem um cheiro ainda mais doce
quando tiverem perto de você,
tudo para te realizar, para te colorir de alegria,
para te acariciar a alma como você acarinha a minha vida....

Que coisa mais linda do mundo sentir tudo isso,
que coisa mais deliciosa que pode existir do que essa?,
essa sensação boa de saber que o impossível está ao nosso alcance,
que aquele beijo maravilhoso está a sua espera,
que aquela conversa de esvaziar o coração está sempre disposta,
que coisa mais linda do mundo você é,
com seu jeito peculiar, confuso, carente e perdido,
é como um mundo que supera todos os outros,
delicado, dedicado, delicioso de ser,
que coisa mais linda do mundo passar as mãos pelos seus cabelos,
que coisa mais linda do mundo acordar sabendo que do outro lado
alguém acordou pensando em você,
que alguém sonhou com você,
que alguém descobriu algo novo e agradeceu essa dádiva
que sabemos ser eterna...

Eu tenho muito a te propiciar,
tenho muito amor pra lhe dar de bandeja, de graça,
tenho muita poesia pra escrever olhando pros seus olhos emocionados e cheios de lágrimas,
muito cheiro a me presentear,
muito pescoço quente pra sentir seu riso,
muito de muita coisa pra viver ao seu lado,
ainda não deu tempo de você saber quem eu sou realmente,
como me comporto, como me surpreendo ao te surpreender,
mas sei que o muito que reside em mim é seu,
é todo seu, entregue como um presente raro,
desses poucos que a gente recebe na vida...

E te faço agora uma promessa,
que todas as suas lágrimas serão secas por mim,
pelo meu rosto que sempre estará pronto para colar-se ao seu,
e prometo também todas as minhas palavras para te reconfortar,
prometo todos os meus esforços,
minhas mãos, meu peito aberto e meu coração exagerado,
que te quero minha, que me faço seu,
prometo até o que não tenho para te ter em minhas noites,
com sua alma iluminada deitada em cima de mim,
descobrindo o que realmente significa amar...

Eu nao tenho mais o que te falar, meu amor,
minha poesia é pequena demais para te descrever,
minhas palavras soam incorretas ao te desenharem,
minhas mãos não são capazes de acompanhar
o ritmo insandecido do meu pensamento em você,
minha cadência corporal nunca poderá ser descrita,
porque seu brilho, meu amor, é sublime,
é cheiroso demais, é a parcela mais importante que me faltava...


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domingo, dezembro 17, 2006

"Meticulosamente"



Hoje eu poderia ter qualquer sonho,
qualquer desejo que fosse,
que seria apenas uma idealização,
porque estou afogado nos meus próprios receios,
afogado na minha inércia que há tanto me perturba...

Hoje poderia ser quem eu quisesse,
se tivesse coragem de encarar minhas situações de frente,
mas tenho que fingir,
e isso inflige minhas regras,
tortura a única lei que deveria ter como certa.

Hoje eu poderia ter a conversa mais incrível com meu instrumento,
mas não consigo, por medo de perder...

Hoje eu poderia ter sido um cara mágico,
poderia ter dito coisas apaixonantes,
poderia ter determinado a mim um sorriso largo e aberto,
aqueles que sinto saudades de soltar toda hora,
poderia ter me superado sem pedir ajuda,
mas como sempre não consegui,
escolhi colocar meus óculos escuros,
colocar um fone, aumentar o som mesmo com a cabeça doendo
e blasfemar a desculpa de um dia introspectivo,
desculpas para tempos que estão me vencendo,
desculpas para um tempo enorme que venho jogando no lixo,
sem conseguir cumprir sequer minhas obrigações...

Acho que hoje eu não poderia nada,
porque não consegui vencer meu sono ao acordar,
porque não consegui me manter calado durante o dia,
porque me dói muito de noite,
quando estou sozinho, sem conseguir parar de pensar em alguém...

Hoje... Eu poderia esquecer hoje,
eu poderia pensar em amanhã,
mas hoje ainda me lateja muito,
hoje me relembra que por muito não fui capaz,
hoje me recordo que estou confuso com meus objetivos,
hoje me comprova que preciso esquecer
tudo aquilo que insiste não deixar,
hoje complementa a tristeza dos meus dias anteriores,
hoje me termina novamente assim,
perdido no seu cheiro, apaixonado pelos seus cabelos,
degustando meticulosamente a falta que você me faz...

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terça-feira, dezembro 05, 2006

"Luz do seu caminho"




Tudo deixa de ser quando ouço sua voz,
tudo aquilo que fiquei dias, sozinho,
planejando lhe dizer, planejando executar se perde ao te ouvir,
ao sentir o felling explícito que nossos corpos e almas celebram...

E eu fico me perguntando se vale mesmo a pena sonhar,
se vale a pena me aprisionar nesse mar de encantos que você tão bem sabe exalar,
nessa fantasia deliciosa que seu riso sutil e leve sabe tão bem me transportar.

E eu estou secando, transbordando,
pedindo, dormindo, te provando que é possível,
que é fácil manter,
que é coerente dizer que está confusa,
que é imprescindível essa troca,
que é libertadora essa energia,
que é incrível a nossa semelhança...

E me vem sempre a lembrança do nosso toque,
percebo que preciso de mudanças drásticas para não ficar doente,
percebo que não tenho escolhas,
que eu sou a parte preta que você nega,
sou a parte branca que você não consegue administrar,
sou seu vermelho, sou sua abundância,
sou seu corrompimento, sou sua algema,
sou sua parte adorável, sou seu desespero,
sou sua ilusão, seu risco predileto,
sou sua história antes de dormir,
sou a luz do seu abajour,
gasta, fraca, opaca, imprescindível...

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sexta-feira, dezembro 01, 2006

"Sou como você"



Sou de água,
porque eu amo,
porque eu quero,
porque eu sofro como um burro por todas as idiotices que faço nos meus dias,
por tudo que deixo de me libertar para me libertar,
por todos os momentos que tenho que rir sozinho por precaução...

Sou de água,
porque sou efêmero,
porque sou vulgar,
porque sou como você...

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"Eu também estou mal"



Eu estou mal,
sei que é sua culpa me deixar trancado no meu quarto,
escrevendo odes que considero incríveis,
mas que deixo guardadas nas minhas poucas gavetas abarrofadas,
com medo de que você leia e tenha certeza de tudo,
deixo tudo estocado, se perdendo no tempo enquanto me perco na vida,
e decido desistir, decido ir embora de vez para um lugar onde não seja escravo desse sentimento doentio que venho vivendo,
decido voltar a ser quem eu era antes desse jogo que você me obrigou a entrar e agora pede para que eu saia implorando para que eu fique...

Hoje, ontem, amanhã, semana passada, ano que vem...
Já me conformei com dias cinzentos, palavras de solidão,
cortes profundos nas coisas mais lindas que planejei para nós dois,
já me transformei nesse ser ignóbil, rastejante, implorador barato por atenção,
já me tornei estéril, seco, nulo,
já me fantasiei de nômade aqui em casa para ver se me encorajava e mudasse de atitude,
já me pintei com máscaras para não me reconhecer e optar por novas formas de te encarar,
mas toca o telefone, você sussurra o meu nome completo e composto com uma voz rouca de amor, paixão e tesão,
diz que sente minha falta, pergunta inutilmente se sinto a sua,
e eu esqueço de como foram ruins os meus dias anteriores,
esqueço de como pedi para não mais te adorar,
esqueço de como me fantasiei, de como me pintei de palhaço,
esqueço de como fiquei triste quando estava sentindo ausência,
esqueço das minhas mentiras à mim mesmo,
recobro minha vida transfigurado de carinho,
colho todo o meu jardim interior com cuidado
e entrego tudo de uma só vez, para que entenda
que o que eu sou por você pode ser eterno,
pode ser verdadeiro,
pode ser a verdadeira razão que me faz transgredir as regras nesse caos...

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terça-feira, novembro 28, 2006

"O gosto do meu vício que encontrei em você"



Eu estou sufocado com esse sentimento que fico regando todos os dias,
fico completamente fora de mim ao pensar em cada pedaço lindo do seu corpo,
fico compenetrado, criando, jogando, vivendo, de braços abertos, amando,
sorrindo com o meu peito aberto, sorrindo com meus cabelos,
sorrindo com minhas mãos afoitas que te buscam afobadas todas as noites,
mãos que buscam as borboletas que tão lindamente brindam a vida dentro de você,
buscam as pétalas que esfumaçam quando você anda se mostrando pra mim,
buscam sua luz incrível que você exala naturalmente,
buscam o enxame de vaga-lumes que te cercam, dedicados,
para se alimentarem com seu brilho,
buscam o arrepio incrível que temos quando entramos no campo magnético um do outro,
buscam todas as noites os seus lábios,
os seus pêlos,
as suas pernas despidas e lisas, o gosto do meu vício que encontrei em você,
a curiosidade para descobrir algo novo nos seus atos, na forma sublime que você se entrega,
algo que eu possa acreditar e transformar o meu mundo em alguma perfeição,
minhas mãos, meu peito, minhas vontades buscam aquilo que só você tem,
buscam saciar a saudade que não quer sair daqui de dentro de mim,
e eu fico perdido,
completamente fora de mim ao pensar em cada pedaço lindo do seu corpo,
fico sufocado querendo te ver todos os dias,
fico querendo muito dormir abraçado com você,
querendo te acordar com beijos dos mais diversos tipos,
querendo te lambuzar inteirinha com torta holandesa para te morder com mais doçura,
querendo te entregar flores roubadas e músicas inéditas,
fico querendo te guardar no meu melhor abraço, pra sempre,
ser o seu maior sonho, realizar a sua maior fantasia,
ser a sua brincadeira predileta de criança,
te transportar para a casa linda que venho, desde que te reencontrei,
construindo nas nuvens, lhe entregar uma estrela todos os dias antes de dormir,
soprar amor na sua barriguinha macia, sentir no meu abraço os seus seios e a sua nuca,
devotar minhas verdades ao pé do seu ouvido, baixinho, arrepiante, corajoso,
declarar a coisa mais linda e romântica de manhã para me superar a tarde,
para celebrarmos diariamente a riqueza singular que nossas almas expõe naturalmente,
para celebrarmos o reecontro de nossas almas gêmeas, recíprocas, mútuas, submersas...


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sexta-feira, novembro 24, 2006

"Viver e não viver do jeito que nascemos para viver"



Tudo que não demonstro tem o meu significado,
tudo que presto atenção nos seus atos são para te conhecer melhor,
para não distorcer dentro de mim quem você é,
como você gosta de se mostrar, como você gosta de me conquistar...

E sempre que vejo a maneira linda com que você mexe as mãos,
o jeito deslumbrante com que você arruma seus cabelos,
o êxtase em seus olhos buscando os meus, para me notar em detalhes,
me transborda, me conquista, me deixa com vontade de dormir
para sentir seu calor, que todos os dias idealizo nos meus lençóis.

Eu relembro, relembro, relembro cada ato e cada movimento,
passo o dia inerte com a lembrança da seqüência do seu suspiro,
seguido da sua lenta e rouca confirmação,
dizendo com seu silêncio as coisas mais lindas que já ouvi,
dizendo que está na mesma viagem sem rumo e sem volta que eu,
afirmando diariamente com atitudes o que preciso desesperadamente
afirmar com palavras e poesias, que estão longes de expressar
o que realmente borbulha dentro de mim...

E eu tenho tanto a dizer,
tenho tanto sorriso pra te entregar, três ou quatro para cada momento,
tenho tanta risada solta e tranqüila pra te envolver,
tantos beijos como só os nossos (poucos ainda) são possíveis,
tenho poesia, charme, baladas, brincadeiras, poemas longos só para você,
tenho puxão-de-cabelo, brincadeira no parque e ceninhas de ciúmes pra interpretar,
tenho tanta coisa linda pra te proporcionar, e tão pouco tempo ao seu lado,
e eu não sei mais pedir,
pedir me dói na carne,
transmuta a minha alma,
me corrói suspeitar que você me imagine normal, igual,
me corrói te ver com dor de cabeça e não poder te acarinhar,
sentir saudades e não poder te sentir,
não poder e ter que aceitar,
viver e não viver do jeito que nascemos para viver...

Gostaria agora, nesse momento, apenas de olhar no fundo do seu sentimento,
acariciar a sua pele incrível com a pureza que sempre acarinho,
suspirar juntinho de você o mesmo suspiro delatador de sempre,
e dizer que estou realmente com saudades do seu beijo macio, úmido, entregue, meu...

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terça-feira, novembro 21, 2006

"E quem resolve sumir?"



E quem ousa viver aquilo que era uma idealização,
e quem desiste de desistir do sonho bom e descobre uma intensa verdade,
e quem chama para si a responsabilidade de todo e qualquer ato,
sejam eles bons ou confusos,
merece mesmo ficar escondido do tempo,
à espera do óbvio para sentir a profusão mais linda de sua lembrança?

E quem joga tudo para cima para ser feliz,
e quem forja uma situação,
mente, corrompe, ludibria,
mas deita sorrindo e realizado,
é uma pessoa condizente?

E quem se determina a uma vibração explícita ,
e quem entorpece em busca da brutalidade desleal do amor,
e quem se lambuza de paixão,
e quem se engana para se espalhar,
e quem conjuga verbos intermitentes em busca da mesma atenção,
e quem joga mesmo não podendo, mesmo sabendo que perderia,
pode ser verdadeiro consigo mesmo,
pode ser inteiro, pode ser eterno?

E quem diz baixo e timidamente que ama sem saber direito o que é amar,
sem saber direito o que é toda essa insanidade sentimental,
pode ser correspondido?

E quem se permite todas as possibilidades,
conseguirá uma nova chance nesse paradoxo confuso e desumano?

E quem determina as suas próprias verdades,
será novamente escutado, beijado, transgredido, perfumado?

E quem ousa viver aquilo que era apenas uma idealização,
fica com qual papel na história?

Com o de santo ou com o de poeta?

E quem resolve viver o que era pra ser apenas uma peça de teatro,
fica com qual sentimento preso na garganta?

E quem resolve sumir de vez, para se tranquilizar,
será que consegue suportar a ausência por quantos minutos?


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domingo, novembro 19, 2006

"Tão nosso..."




Eu te conheci um dia, em um outro lugar,
em uma outra história, em uma cidade distante e desconhecida,
mas era exatamente você que eu via, como te redescobri aquele dia,
entregue, sublime, recíproca...

Eu te reconheci quando pude olhar diretamente nos seus olhos,
quando me deixei perceber que você é única e especial,
que você nasceu com uma marca igual a minha, marcada na alma...

Somente você pode decidir como direcionar as suas escolhas,
saborear apenas o que é melhor pro seu paladar,
amaciar seus lábios apenas com lábios raros,
amansar seu espírito com mãos apropriadas e dedicadas...

Somente você pode se deliciar com a delicia do seu sonho,
com a delicia do seu sono,
com a imensa poesia que caminha contigo todos os dias, de mãos dadas...

E eu me perdi por inteiro,
me apaixonei pelo brilho dos seus olhos apaixonados pelos meus,
desabei quando senti a força macia e quente
dos seus lábios beijando meu pescoço suado e entregue,
quando passei a mão pelo seu corpo mágico
e senti o mesmo arrepio que venho sentindo todos os dias
nas minhas noites idealizando sua presença e suas atitudes,
quando fui dormir com o seu cheiro nos meus cabelos
e não me permiti lavá-los,
quando segurei seu rosto e pedi um beijo escondido,
quando senti seu suspiro pelo carinho que te fiz sem que percebesse,
quando sussurrei nos seus ouvidos de surpresa que eu amo você,
quando exigi de você tudo em demasia,
quando pude compreender o nosso verdadeiro papel nesse mundo tão doce,
tão diferente e verdadeiro, compenetrado, visceral, paralelo...


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quinta-feira, novembro 09, 2006

"Me rendo por você"



Essa noite eu quis muito acarinhar cada pétala sua, minha flor,
quis muito dançar com você no escurinho, com aquela nossa trilha musical perfeita,
quis muito saborear a temperatura da sua pele frágil,
respirar o seu cheiro do perfume que escolhi sem saber,
para transtornar o mundo das flores e dos sonhos...

Essa noite eu quis muito muitas coisas,
fiquei do lado do telefone esperando você retornar o toque que eu dei,
aquele nosso toque que dou quando estou pensando em você,
fiquei imaginando suas pernas claras brincando com meus desejos...

Essa noite eu quis muito dizer a coisa mais recíproca nos seus ouvidos,
ardi de vontade de vivenciar a sua sutileza,
fiquei como o cara perdido que sou, buscando um rumo pra te encontrar,
pra sentar do seu lado e ouvir as suas histórias que me deixam apaixonado...

Incrível como essa noite pude comprovar o quanto você mexe comigo,
incrível como pude perceber a falta que você me faz,
incrível como pude perceber que nada do que foi dito foge do que realmente sou,
do que realmente me tornei tempos atrás,
me moldando sem saber para seus ideais,
estudando, criando, fantasiando para enobrecer seus segredos ocultos,
descarrilhando seu rumo, trazendo á tona aquele pensamento que você sempre quis ter pensado, e estava guardado, com medo das consequencias deliciosas que elas já lhe trouxeram...

Essa noite eu respirei bem diferente,
eu me deixei levar pelo possível,
me deixei encantado e pleno por você,
me deixei ser livre sem ter medo de ter medo...

Essa noite eu quis muito acarinhar cada parte do seu corpo, minha linda,
quis puxar bem devagarinho seus cabelos para soprar sua nuca,
quis falar baixinho para ter que repetir sussurrando nos seus ouvidos,
quis parar o mundo de novo, para lhe dizer que te sonho,
para lhe dizer que te busco, para lhe mostrar que me rendo por você...

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domingo, novembro 05, 2006

"Regras doadas"




Estou a flor da pele,
para fazer os seres humanos sentirem minha intensidade,
quero mostrar ao mundo o que eu aprendi a gritar sozinho,
o que eu retraio por medo de me desapontar.

Quero denominar novas formas de ver a vida,
quero transcender o mais cético dos homens,
quero abduzir um mundo que está sem esperança para os sonhos,
quero radicalizar todos os momentos dos mortais.

Quero também compartilhar ensinamentos que sei que domino
mas que estão camuflados pelo meu ostracismo,
quero indicar caminhos frutíferos a quem tanto precisa.

E demonstrar também o quão necessário é termos carinho
pelas flores e pelas formas, o quão necessário é idealizarmos
um futuro brilhante para servirmos de exemplo e não termos vergonha
de assumirmos nossas delicadezas.

Quero demonstrar que é preciso ter vida para viver.

E dou voltas, voltas por tantos mundo, cheios de muros,
cheios de afazeres mentirosos, e tento passar desapercebido,
passando ensinamentos apenas pelo subconsciente,
e desmoronando preceitos tão fiéis e difíceis de serem quebrados...

Faço de tudo, grito, choro, clamo,
para demonstrar que nasci para ser eterno,
que blasfemo contra toda a hipocrisia que me ronda
para conseguir trilhar meus feitos, e me declaro intenso a todo minuto
para viver a intensidade dessa eloquência toda que me cerca e me enche de brilho,
que me enche de vontades, que ditam as regras do meu estilo de vida...

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quinta-feira, novembro 02, 2006

"Como é bom"



Como é bom vivermos as histórias
que não podemos escrever,
tão difíceis de esconder,
tão fáceis de sentir...

Como é bom estar ao lado de quem nos completa,
aconchegado nos braços que apertam
meu distraido coração,
que ludibriam minha nobre solidão...

Como é bom recitar poesia,
como é bom fazer música com requinte,
como é bom subir ao palco e encenar
o que sempre sonhei em encenar aqui fora.

Como é bom vivenciar a magia de olhos verdadeiros,
como é bom preencher nosso tempo com alegria e divertimento,
como é bom se deixar levar pela vida...

Como é bom estarmos plenos,
como é bom sentir o sutil aroma
das flores da sua aura,
da sua cor azul clara,
da sua destreza para me fazer voar...

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quinta-feira, outubro 26, 2006

"Dizendo"



Cada dia que passo longe de você me deixa mais apegado ao seu cheiro, ao seu calor, à nossa intensidade...

Sentir seu sorriso escancarado, perdido no meu pescoço, brincando com minhas manias me deixam com muita saudade, e me pego contando os minutos para reencontrá-la, para rir o meu melhor riso, para ficar com meu melhor humor, porque isso tudo eu só consigo ao seu lado, essa sensação de viver é mais colorida quando estou com você, brincando, te jogando pra cima, te mordendo, dizendo que te amo...

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terça-feira, outubro 24, 2006

"Hoje eu vim avisar"



Hoje eu vim avisar que estou partindo,
essa história de você ter namorado é muito difícil de lidar,
essa história de saber que outro homem encosta nos seus cabelos macios e coloridos me deixa atordoado,
essa história de saber que é impossível, que é confuso, que irei tirar as suas máscaras teatrais me deixam perdido, confuso,
me deixam compenetrado e dedicado em um mundo tão nosso e tão solitário...

Hoje eu vim avisar que contra minha vontade estou partindo,
avisar que gostaria de lutar com todas as forças para sentir ao menos um abraço verdadeiro, aqueles que só consigo com você,
aqueles que reacenderam a minha sede poética,
aquele abraço que você me prometeu durante tantas noites,
noites roucas com nossos sonhos livres e alegres,
noites sem essa sua luta desnecessária,
hoje percebo o esforço descomunal que você transmite,
que está suficiente sem meu riso,
percebo claramente o seu desespero pra não demonstrar o quanto ainda me quer, o quanto ainda me sente ferver nos seus olhos e nas suas pernas, o quanto ainda sabe que temos a viver intensamente...

Hoje eu acordei decidido a ir embora,
embora tenha te ligado,
embora tenha dito que queria te beijar uma única vez,
embora tenha dito que queria te morder,
embora tenha dito que queria te despir,
embora não tenha dito que queria chorar junto de você por alegrias,
embora não tenha dito que queria saltar de paraquedas com você,
embora não tenha dito que você é incrivelmente linda, cheirosa, gostosa, gentil, sutil, febril, amável, carismática, suave, sedosa, e que não consigo parar de te olhar,
e que não consigo parar de pensar em você ultimamente,
embora eu não tenha dito que você conseguiu em pouquíssimo tempo
me fazer sonhar mais do que não conseguia fazer em anos,
embora não tenha te dito que estou com as olheiras cinzas por não conseguir dormir, por já logo sonhar estripulias com você,
embora não tenha dito que arrisco para ser feliz,
embora não tenha dito que sou maluco o suficiente para viver uma história nova de amor...

Vou embora deixando meus rastros para que me siga,
porque meus caminhos não tocam o céu sem você,
porque meus caminhos não tocam música sem você,
porque meus caminhos sem você são silenciosos e discretos,
porque tenho muita coisa pra arrumar,
muita promessa pra fazer,
muitas palavras que você não está mais disposta a ouvir...

Hoje eu vim avisar que contra a minha vontade estou partindo,
mas tracei planos e rotas de viagem bem lentos,
para que quando perceber o que somos
volte soletrando o seu mundo mágico de fantasias...

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segunda-feira, outubro 23, 2006

"Abacaxi com cereja"



Desabei de vontade de captar as coisas mais incriveis,
tentei ao máximo explorar todas as suas necessidades,
forjei planinhos pequenos e mesquinhos
para roubar mais da sua atenção,
para ter plena certeza...

Fiquei aqui em casa, absorto num silêncio desumano,
idealizando cada forma sua,
cada curva do seu corpo lindo e sutil,
fiquei passando a mão em você inteirinha,
deixando-me levar pela imagem tão perfeita na minha frente,
deixando-me incendiar distante da nossa verdade,
distante da nossa magia...

Eu pude ver de longe todas as vontades que eu sinto,
eu pude ver de longe todas as manias que eu vejo como qualidades,
pude ver seu riso alegre, seus cabelos se enroscando nos meus dedos,
despropositadamente forçado,
consegui sentir a temperatura de alguns pedacinhos do seu corpo,
consegui ver de longe as diversas expressões do seu rosto claro,
consegui ver de longe a vibração das minhas pernas ao te ver,
consegui ver de longe o pulsar do seu sorriso,
o pulsar do brilho dos seus olhos,
conseguir ver de longe a vontade que eu tenho de ser você em mim,
de me deixar ser eu em você,
de nos deixarmos enriquecer cada segundo de nossos passos,
tornando cada centavo de alma muito valioso,
precisando aplicar na poupança da nossa vida,
tornar cada riso eternizado em poesia,
cada encanto homenageado nos meus tantos altares,
esses que carrego dentro de mim,
que estão à espera de preciosidades que os iluminem...

Pude entender tanta coisa,
pude deixar meus acertos tão livres dentro de mim,
pude deixar minha cabeça girar nos mais incriveis assuntos,
tudo por saber sentindo que estava energizado,
que estava claro para mim os trajetos a serem seguidos,
por estar óbvio demais a nossa sinergia,
por ser calmo o nosso paradoxo do adulto criança,
por ser como queijo e goiabada,
por ser como pular amarelinha,
por ser como abacaxi com cereja,
por ser como amor e paixão...

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quinta-feira, outubro 19, 2006

"Tateio antes de ter"




Minhas mãos te tatearam solitárias essa noite,
sentia dores distintas, dentro e fora de mim,
fiquei apagado, lendo um livro incrível até muito tarde,
querendo muito lhe telefonar para ouvir sua voz de sono,
querendo muito desejar à você o que venho tentando esquecer...

Meus lábios inocentes tatearam seus olhos outra vez,
esquecidos e amaciados numa almofada azul que ganhei de presente,
uma almofada tão linda que guarda tantos segredos comigo,
que guarda tantos retratos das minhas confissões...

Meu corpo transgrediu tudo quanto foi regra nessa noite,
desabou em silêncio no escuro do meu quarto frio e impessoal,
deixei minha impessoalidade a beira de um ataque de nervos,
baixei todas as minhas defesas para me defender,
deixei aquele poema lindo que compusemos juntos esquecido e dobrado
no meu caderno velho e desbotado de poesias,
deixei meu cabelo bem arrumado, daquele jeito que você detesta,
aumentei o volume do som pra ver se não te escuto,
pra ver se consigo deixar de ouvir o que vejo com os olhos,
pra ver se deixo de sentir o que me faz nobre e sonhador,
pra conseguir entender de uma vez por todas a nossa mágica sintonia...


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terça-feira, outubro 17, 2006

"Cabelos Coloridos"




Cabelos coloridos, jogados e sem sentindo,
cabelos esfumaçados que tanto mexem comigo,
cabelos perfeitamente desalinhados, unidos aos meus,
cabelos travestidos de viagem astral,
cabelos recobertos de sonhos e estrelas,
cabelos estranhamente plugados por uma sintonia diferente,
cabelos amarrados atrás da cabeça só pra me encher de paixão,
cabelos cheirosos que amaciam meu peito,
cabelos armados para que eu puxe abarrofado de tesão,
cabelos com cachos brilhantes,
cabelos que vêem além do infinito,
cabelos que imaginam luz e cor,
cabelos que seduzem poetas que divagam na noite,
cabelos que trazem a lembrança da infância,
cabelos que fazem com que eu me apaixone diariamente,
cabelos que medem a minha tristeza e a minha alegria,
cabelos que manifestam a sede por viver,
cabelos que giram no ar como bonecos de circo,
cabelos que cismam em mostrar o ritmo da minha vida,
cabelos que indagam sobre minhas atitudes,
cabelos que dizem diretamente os meus erros,
cabelos que ditam regras novas para velhos paradigmas,
cabelos que renascem a poesia já seca,
cabelos que sintonizam a verdade,
cabelos que trazem uma nova chance,
cabelos que se deixam olhar por dentro,
cabelos que se enxergam como raridade,
cabelos que destilam a graça da sua beleza,
cabelos que me pregam peças diárias,
cabelos que se enroscam no tudo que sempre soube que existia,
cabelos que se apoderam de todos os meus sonhos,
cabelos que cantam a minha música predileta,
cabelos que filmam os meus olhos sem medo,
cabelos que são a metade dos meus,
cabelos lindos de matar, tenho uma confissão a te fazer:
eu juro pelos seus cabelos, que seu gosto eu preciso ter,
que seus cabelos eu preciso ser,
que seus sonhos impreterivelmente eu preciso viver...



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quarta-feira, outubro 11, 2006

"Ser músico"



Ser músico é respirar a grande verdade que nos cerca,
é transparecer grandes detalhes com os olhos fechados,
é sentir dores e incertezas para transformá-las em poesia...

Ser músico é recitar todos os sorrisos,
é transbordar as pessoas sem preconceito,
é reviver a fantasia de todos os adultos,
é brincar de ser feliz com apenas um gesto gentil...

Ser músico é ter a inevitável destreza para o mundo que nos cerca,
é tratar essa imensidão tão rica e conturbada com carinho,
é se doar com a leveza do pouso de um flamingo em águas calmas e frias,
é tratar o próximo como uma criança trata os seus sonhos...

Ser músico é ser fiel a tudo o que se imagina,
é transformar aquela dissonância que não nos deixa dormir
em algo sublime,
é corresponder-se com corações muito diferentes dos nossos,
é transmitir-se até com quem pensa demais,
é transformar pessoas que não esperam mais nada delas mesmas,
revivê-las ao ponto onde possam novamente fechar os olhos
e entenderem o verdadeiro significado de suas escolhas...

Ser músico é captar a essência do universo,
é transcender o óbvio,
é enxergar e apaixonar além do limite,
é aproximar todas as almas especiais de outras vidas em nossos corações.

Ser músico é deixar-se aberto para ouvir todos os sussurros com a imaginação,
é deixar ferver o sangue com a alegria de um sol nascendo,
é ter sensações tão nobres quanto advinhar desenhos novos em nuvens claras,
é como sentir o pulsar magnífico de uma mulher apaixonada,
é como soprar desejos de mansinho em lábios largos e claros,
é como guardar segredos incríveis, sem medo de ser descoberto...

Ser músico é o grande dom dos seres pensantes,
é a grande arte que complementam os poetas tristes,
é a incrível mágica com que degusto meus dias...

terça-feira, outubro 10, 2006

"Minha poesia para almas especiais" - A.N.




Poesia é a arte que poucos sabem entender,
é o novo grande amor ao aquém
sendo transfigurado em palavras...

Poesia é a quebra de sigilo do sentimento,
é o contentamento dos pobres e a luxuria
como fragância para os endinheirados...

Poesia é a composição perfeita à eternidade,
onde tudo significa nada,
e o nada define em si a mensagem.

Poesia é o sopro leve da brisa,
é a sinfonia ao maestro dos sons,
a tela ao maestro das cores,
é a vida do maestro das letras...

Poesia é o renascimento da nova natureza,
é o sibilar dos pássaros extintos,
é o roncar dos troncos mortos.

Poesia é o paraíso do pobre perdedor,
é o descanso do aqui vencedor,
é a eternidade para o vão escritor...

Poesia é o meu sangue,
em forma de palavras,
em forma de poesia...

quinta-feira, setembro 28, 2006

"Silencio"




Silêncio...

Tem alguma coisa acontecendo aqui dentro de mim,
tem alguma coisa destoando do contexto,
ferindo a imagem nunca cuidada,
simbolizando novas formas para minha forma sem forma...

É impossivel a capacidade do seu corpo
mexer com o meu,
deixar minhas pernas trêmulas e meu peito em torpor,
é causticamente abalável as suas estripulias,
as suas brincadeiras de criança já adulta...

E eu me vejo ali debaixo do seu palco,
prepotente, egocêntrico no meu mundo de palavras decoradas,
te vendo de ponta cabeça,
te sentindo sem que você saiba,
te redesenhando nos meus sonhos para aliviar minha libido,
te transformando em noite só para ver o meu dia clarear em seus braços...

Tento lapsos, tentativas em vão de me conectar com o seu carisma,
sorrio o meu sorriso mais cafajeste,
tendo a certeza de que não serias capaz de resistir,
declamo o melhor dos meus poemas num sussurro que julgo ser arrepiante,
declaro abertamente uma guerra para conquistar a sua atenção,
para conquistar o seu riso suado no meu pescoço carente,
para deixar de sentir a solidão que venho inutilmente camuflando...

Silencio para escrever um novo poema,
novas frases que novamente você deixará de ler,
novos versos incoerentes ao seu extenso português...

sexta-feira, setembro 22, 2006

"Energia do nosso olhar"




Ela é linda, espevitada, sapeca, charmosa,
ela pula no chão cheia de graça,
ela é lírica de boca fechada,
expressando tudo com os olhos,
dizendo a mim que sonha como eu,
que sente como eu tudo intensamente,
tudo incrivelmente sem controle,
tudo unicamente sem conceito,
tudo junto, separando cada frase pra cada olhar,
chorando e sorrindo por dentro,
descobrindo em mim o que nem eu ainda pude ver,
me transbordando sem saber quem somos,
me iludindo nesse sentir platônico
tão gostoso e bonito de se ver,
virando de ponta cabeça minha ainda única noite...

Tudo tão novo, tudo tão semelhante ao que tanto fui discriminado,
tudo tão de repente, tudo tão óbvio pra mim...

Como posso agora seguir meus passos
sabendo que seguem os mesmos passos meus,
sabendo que filmam o que meus olhos filmam,
sabendo que dançam o que minha alma clama...

Eu tive sorte nesse novo sonho,
eu tive calma nesse novo mundo,
eu tive perspicácia nesse novo sintoma,
eu tenho paciência pra esperar o novo encontro de nossas mãos...

Eu tenho um segredo enorme pra te contar,
eu tenho uma verdade na ponta da lingua pra segregar,
eu tenho um vinho guardado na geladeira,
um vinho bom, desses caros, espumante importado,
menos gostoso do que quero te proporcionar,
menos valioso do que quero te fazer viver,
menos saboroso que a energia do nosso olhar...

terça-feira, setembro 12, 2006

"Dias contados"



Estou me perdendo por muito pouco,
estou me deixando levar por uma máscara que não cabe em mim,
estou fingindo que me sacio com uma migalha a cada dia,
a cada nova figuração que venho constantemente vivenciando.

Quero me desprender de todo esse ócio,
de toda essa necessidade falsa,
de toda essa pose que não me convence por completo,
de toda essa papagaiada que todos acreditam,
menos quem realmente importa...

Quero alçar o vôo que sou capaz,
quero me soltar dessas agarras imundas que tratei e cuidei com tanto amor,
quero sair dos lugares de cabeça erguida,
consciente de estar fazendo de mim o que sempre sonhei,
convicto de que meus fardos têm realmente de ser aqueles que não carrego hoje.

Ontem tive um sonho, desses que a gente tem acordado,
e tomei uma decisão difícil, tomei a decisão de ser eu na íntegra,
de me encarar sem medo do que pensem,
de ir além dos meus passos de hoje...

Hoje eu acordei sonhando minha realidade,
acordei sabendo o meu dia de amanhã,
acordei sabendo que esses meus dias estão contados...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, agosto 25, 2006

"Alma em desenvolvimento"



Sou uma alma em desenvolvimento,
sempre cheia de vontades de você,
sempre cheia de saudades incríveis,
sempre farta de hipóteses que nunca se realizam.

Sou uma alma em busca da grandes descobertas,
em uma luta armada de preceitos,
em uma guerra quase sempre solitária,
num estágio como sempre ultrapassado...

Sou uma alma que transita pelos becos
dos sentimentos mais escuros,
sou uma alma desesperada em busca
das mais adversas sensações.

Sou uma carne que deseja muito,
sou uma estranha vontade de amar
a qualquer custo,
sou uma alteração corportamental
no mesmo ciclo morno do cotidiano...

Sou uma frase de efeito ainda desconhecida,
sou uma música antiga nunca tocada,
sou uma comparação nunca feita por ninguém,
sou uma melodia inteira fora do compasso...

Sou uma fruta diferente dentro mesma colheita de sempre,
sou um desembainhar de uma espada há muito enferrujada,
sou um disvirginar múltiplo em cada situação já decorada,
sou uma redescoberta que fingem todos os dias não existir...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, agosto 17, 2006

"Balas de goma"



Como balas de goma para esquecer da solidão
que me acomete ao suícidio de tantas histórias
que sempre cri serem incríveis, e que são
opacas ao sair da minha boca, da minha mente confusa...

Aumento o som pra não ficar o dia todo
escutando o ranger enferrujado das minhas derrotas,
tento disfarçar de mim mesmo essas tantas fraquezas,
essas tantas manias inferiores que me perseguem,
e vou determinando no meu novo dia novas atitudes,
dizendo aos meus passos perdidos por onde andar,
o que sentir, o que dizer em vão como sempre...

Até cair na real e perceber que estou sozinho na sala,
que acordei mal humorado, coloquei minha música predileta
pra tocar no som do banheiro, tomei um banho rápido e morno
como estou me sentindo, me troquei com a mesma roupa suada
e velha de ontem, por não ter vontade de melhorar a forma
com que me vêem, dirigi calado, fiquei calado até quando levei
uma brusca fechada de outro carro no trânsito,
fiquei calado por não ter forças de expor meu sentimento de revolta,
por não ter forças de expor meu sentimento alheio,
cheguei ao trabalho atrasado, comi meu ácido abacaxi matinal
e menti para mim mesmo e para quem me procurou de que estava tudo bem...

E agora escrevo, sem rumo, sem vontade de fazer nada,
sem estímulo para crescer na vida profissional,
sem impulso poético para escrever sobre amor,
sem tesão pelo resto do dia, esperando apenas o fim,
o fim do dia, do sufoco que uma noite como as que não tenho tido
possa me proporcionar, esperando uma luz cair do céu,
esperando um milagre que me ensine a não perder meus dias
a comer balas de goma para esquecer da solidão...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, julho 28, 2006

"Tempo para sorrir"



Hoje estou triste, como se estivesse vivendo. Triste por ver tantas coisas ao meu redor e me redimir fantasioso. Tento olhar para fora desse sufoco que cismam em me reconfortar como sendo passageiro, mas é sempre tudo tão em vão, é sempre tudo com sentimentos somente de um lado. Decidi dessa vez mudar, ao menos por uns tempos, tentar reproduzir um sabor que não me é natural, tentar ao menos por momentos ser insosso e neutro, tentar não ter crises de ansiedade para com tudo o que me cerca, para ver se consigo ficar tranqüilo e alheio a essa loucura que me persegue. Decidi hoje só escutar Mpb, para fugir daquele medo, para fugir daquela antiga guerra que de vez em quando bate à minha porta e que tenta me imaginar em outro estado de espírito. Decidi hoje ler o mesmo livro de antigamente, para redescobri-lo em uma outra perspectiva, para reescrever uma mesma poesia de anos atrás com outros olhos. Decidi hoje conversar abertamente sobre minha poesia e meus anseios com uma pessoa que não conheço, mas que se demonstra tão próxima que acredito fielmente. Decidi hoje acordar e me elogiar por me sentir mais magro, decidi hoje ouvir aquela música triste e longa que eu tanto adoro logo de manhã, decidi também diagramar meu dia, pôr cores em cada pedaço de tela e papel que vejo, decidi escutar uma música nova, decidi por tantas coisas, e não passa da primeira metade do dia. O que eu não decidi ainda é sobre o meu futuro, ainda não decidi se vou decidir ser feliz ou triste, sozinho ou com muita gente ao meu redor, ainda não decidi se amanhã vou fazer amor ou ficar bêbado, ainda não decidi também se vou tocar alguma alma necessitada só por jogo ou se vou dizer a verdade, mesmo que machuque. Ainda não decidi com que roupa vou me mostrar ao mundo hoje, se com aquela amarela velha, ou se com a velha camiseta preta desbotada com marcas de solidão impregnada nelas. Ainda falta decidir tanta coisa que não sei se terei tempo de sorrir...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, junho 23, 2006

"Você que é"



Você que é lírio, som, toque, amor,
você que é linda, meiga, sedutora,
você que transpassa o silêncio com seu silêncio,
você que emociona por ser a flor da pele,
você que vibra, deita, chora,
você que ri, geme, sua,
você que sorri como quem olha o mundo além do olhar,
você que sonha junto dos meus sonhos,
você que deseja tanto quanto eu,
você que se aventura pela sua realização,
você que grita, ousa, clama,
você que acompanha as minhas loucuras,
você que aceita minhas inconsistências,
você que ultrapassa todo e qualquer entendimento,
você que quebra as barreiras do limite,
você que seduz como quem se joga ao vento,
você que me desatina uma saudade imensa,
você que aproveita nossa imensidão,
você que enlouquece meus preceitos,
você que se deixa enlouquecer pelos meus sonhos,
você que cheira como as flores,
desatina sem saber uma vontade absurda,
uma saudade pesada no peito,
uma imaginação fértil na pele,
uma irradiação linda nos meus olhos...


Fiquem em paz...
....................................................

terça-feira, junho 20, 2006

"Aprendi"



Finalmente estou convencido sobre o real
significado do amor explorado nos livros,
como este que sinto cada dia mais aflorado,
cada segundo mais delicioso de ser vivido.

Passei a compreender uma nova importância
para a chuva, vivenciando-a agarrado
no calor de um abraço reconfortante,
dormindo sem pressa por não poder ir à praia nesta tarde.

Relembrei dos arco-íris que me seguiram
por toda a Argentina, sempre seguido do sorriso
e do brilho dos olhos dessa mulher
que me deixa sem palavras sempre...

E hoje, na avenida Paulista, me perdi por completo em você,
folheando livros e mais livros sem interesse de comprar,
apenas para sentir o cheiro tão doce e suave,
que exalamos quando estamos juntos, por mais tempo...

Estou entregue, pluralmente entregue a essa loucura mágica,
mais consciente de todos os sentidos,
musicalmente purificado por tal grandiosidade,
e incrivelmente coberto com as cores dessa experiência singular...



Fiquem em paz...
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quinta-feira, abril 27, 2006

"Metade de mim"



Você é tão linda quanto nuvem clara em céu azul,
é tão mágica quanto lua cheia com céu estrelado,
tão aconchegante quanto um mergulho em mar sem ondas,
tão saudável quanto beber água-de-côco no sol forte...

Você é tão apaixonante quanto uma tarde sem compromissos,
quanto uma fruta tirada do pé,
quanto um passeio sem pressa por entre as borboletas...

Você possui a incrível proeza de ser incrível
com tanta naturalidade que me deixa
cego por todas as minhas fantasias,
por todo o deslumbramento que sinto ao seu lado...

Você ri tão fácil que embeleza minha vida,
fala tão doce que me comove por dentro,
me conta tanta coisa boa que me perco
em suas palavras, só pra ouvir você repetindo tudo de novo...

Você, meu amor, é a razão da minha completicidade,
é a metade de mim que estava me procurando por aí...


Fiquem em paz...
....................................................

sexta-feira, abril 07, 2006

"Minha mão não toca mais você..."
André Neves e Marcela Spindola



Eu não vou quebrar, as mesmas coisas de antes
eu vou deixar essa quantidade imensa de migalhas
para você, tão desesperado por atenção,
tão cansado de insistir em me agradar...

Deixei em um quarto escuro as lembranças
que foi a nossa farsa, deixei tudo ali, sem esconder nada de ninguém
tudo aquilo que te envergonhava e me fazia tão completa
nas minhas idealizações, no meu jogo nulo de ser eu...

Tantas vezes pensei me deixar levar pelo vento
pra esquecer a dor de não ter mais a alma que antes me acompanhava
agora sou suja e vazia, estou extravasando coisas que não me agradam,
estou doando minha vida a quem tem o luxo de não se preocupar
em olhar para o lado, estou escrevendo poesias em segredo
a quem não merece sequer meu respeito...

Sigo, partida, desolada, inconsequente em uma parábola
escrita por uma só mão, e o o piano já não toca mais as mesmas
canções que me faziam feliz e realizada...

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

"Agente de sonhos"



Onde está o meu agente de sonhar sonhos bons?

Em qual esquina das minhas tantas ele se perdeu, deixando o seu rival tomar conta das minhas conturbações?

Estou procurando-o feito doido, porque sem ele não consigo mais sentir cheiro, não consigo mais sentir sabor, não consigo mais sentir o que me completa, pois todo o meu viver é baseado em sonhos, todo o meu viver e todas as minhas aventuras são limítrofes sem esse agente...

Será que ele é bêbado, será que ele anda tomando êxtase escondido de mim, com medo que eu roube metadezinha, pra ver se esqueço essa saudade insistente que anda furando meu sorriso?

Ou será que meu agente se casou com minha paz e fugiram pra um deserto bem desconhecido? Estou sentindo a falta dela também...

Já não basta procurar respostas pra minhas tantas incertezas, já não basta ter que ser muito forte e destemido pra esquecer quem não se faz de jeito nenhum esquecida, já não basta ter que ser corajoso pra ligar só até o penúltimo número, chegando perto demais do alívio, será que já não basta ter que reinventar esse gostoso sentimento diariamente, reconquistar todos os dias, enaltecer em todos os poemas, energizar em cada toque escondido de mãos hábeis, já não basta o esforço desprendido para ser ávido, para amar com os olhos sem que vejam que amo com os olhos, sem que descubram que ardo por dentro, que explodo por fora, que choro ao tentar dormir?

Será que paguei mal meu agente? Será que ele se sentiu um agente penitenciário de Febém?

Se alguém souber onde ele está, avise que preciso que ele volte pra colocar minha vida no lugar, avise que o seu desprezo machuca o eterno amante e o amigo fiel, avise que o cheiro do seu sonho está impregnado em mim, avise que está difícil viver sem ele pra me fazer rir fácil, pra me fazer suar de tesão, pra ficar grudado nos lencóis, avise, pode ser qualquer um que o encontre, que sem ele não dá pra ficar, é chato, é lúcido, é bicolor, é morno, é silêncioso...

Volte, que eu vou cantar a nossa música predileta !



Fique em paz...
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sexta-feira, dezembro 16, 2005

"Pelos cantos, pelas entrelinhas"




Muitos ousam dizer que sou um cafajeste,
e eu treplico, com toda a minha angústia cega,
que sou um benfeitor às almas humanas,
pois as ensino a amar na essência do amor,
as reverencio como sempre sonharam em serem reverenciadas,
multiplico-as em troca de um sorriso verdadeiro
nesse mundo de dementes.

Eu me construi poeta para satisfazer os desejos
dos seus olhos doces e puros,
eu me transformei num amante sem limites para satisfazer
aquela fantasia tão bem guardada há anos,
eu arduamente me conquistei para te conquistar,
me revirei para te revirar,
aprendi a te adorar para ser adorado por sua alma
relutante e perceptiva

Degustei sozinho todas as sensações possíveis,
imaginei cenas e situações incabíveis a uma pessoa sã,
fiz de tudo para me parecer lógico nesse meu mundo
de sonhos e abstrações,
para te fazer compreender de vez que meus sintomas
tão malucos são reais,
que minha satisfação contigo suada em meu colo é única,
que seus lábios nasceram para serem mordidos pelos meus,
que renascemos para contar a nossa história nas entrelinhas...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, dezembro 07, 2005

"Fruta sem fruto"



E o meu peito, e o meu sangue,
e o tudo que me repete tanto,
tantas palavras perdidas,
tantos sentimentos sem sentido

Tudo acaba se transformando
na história sem personagens
que tanto me entrega,
que tanto me engana

E me isolo carente, ausente
austero, astuto,
premeditando tantas coisas,
coisificando as simplicidades,
sentindo os detalhes tão prematuros.

E meu recheio vai ficando mais amargo,
como uma fruta que passa do ponto na fruteira,
com as drosophilas corroendo cada pedaço,
cada curva, cada sentimento.


Fiquem em paz...
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quinta-feira, novembro 24, 2005

"Como nos velhos tempos"



Acordei com uma vontade imensa de dizer ao
mundo as palavras e pensamentos que percorrem
dentro de mim.
Descobri que a cada dia que se passa, as pessoas perdem
sua autenticidade, sua intensidade e sua personalidade.
Prisioneiros de uma idéia e de um mundo globalizado,
as pessoas viraram egocêntricas, individualistas e por que
não dizer "fantoches" de frases, modas e pensamentos ditadas
por alguém.
Voltamos a era da escravidão. É isso, somos escravos novamente.
Escravos modernos, mas escravos do dinheiro, da televisão, do
capitalismo, do modismo, da vida fácil, da corrupção, da modernidade ...
"Somos estranhos em nossas casas."
Salve o campo, o cheiro da terra, do interior, do trabalho, do respeito,
da pouca modernidade, das fazendas, dos lampiões a gás, da chuva,
da roça arada, da cachaça de alambique, da ignorância ...


Texto: Guilherme Bim

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quarta-feira, novembro 16, 2005

"Novo ciclo"



Dizem que às vésperas do término do nosso ciclo
entramos em um inferno astral,
e só posso dizer que se o que vivo
estiver nessa fase, quero passar o próximo
ciclo no meu inferno astral.

Ganhei antecipadamente presentes e gestos
que me marcaram demais, recebi pessoas
de coração aberto e carinho suficiente
para deixar um mundo inteiro condolente,
e ultrapassei todas as formas e barreiras
conduzindo minha vida a uma plenitude muito rica.

Transbordei, arranquei lágrimas de amor,
errei ao derramar lágrimas bravas,
emocionei, em nenhum instante que tenha
recordação fui morno ou indiferente,
fiz e falei o que gostaria de ver e ouvir,
ousei e fui absurdamente bem recompensado,
e estou confiante na beleza e na leveza
que meu novo ciclo me proporcionará,
com as mesmas convicções dos meus sonhos
e com a mesma reprocidade amorosa que meu
coração observador pode conceder...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, outubro 31, 2005

"Gosto pelo sereno"



Sinto uma grande atração
pelas noites abraçadas pelo sereno,
pois ele molha do jeito que eu quero
as terras, para eu colher flores
que tanto recheiam minha adoração por presentear.

E do mesmo jeito que gosto do sereno
gosto dos anseios e da contra-mão
que por vezes acomete-se
nesse meu tresloucado aprendizado mundano.

Cada pedra atirada contra meu rosto
faz minha pele mais resistente na cicatriz,
minha mente mais conhecedora de quem não suporto,
mais vívida pela falsidade constante
que cuidei e criei com afeto.

Cada porta tão cegamente fechada às pressas
ao meu sorriso me transporta ainda mais
à sutileza do meu mundo, à magia
daquele ambiente forrado de gente que se
orgulha por ser inteligente e livre.

E vejo tantos muros levantados infundavelmente,
tanto trabalho feito sem saberem em prol do meu conforto,
tanta luta sendo batalhada sozinha,
tanta paz no meu espírito
que me transbordo de agradecimentos
ao meu sábio companheiro destino...


Paz e sorte pra quem precisa muito...
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quarta-feira, outubro 05, 2005

"Medo de infância"



Sou um adjetivo corrompido
dentro da exaustão de ser o que sou.

Miro alvos milimétricamente,
mas minhas flechas sempre arrebatam
a cruz errada, constantemente me
depreciando em tudo que com afinco construo.

Torno-me mágico por dias a fio,
treino malabares com os meus sentimentos desencontrados,
e fico confuso com esse tudo que me sucede,
muito perdido nesse não sei o que fazer,
nessa angústia surda de não saber por onde ir...

Meu braço dolorido reclama da tristeza
que o não-reciproco me traz,
mordo o dedo para acordar
e me descubro causticamente desperto,
solitário, amante, enjaulado.

Abro a janela, ligo a TV para escutar
um pouco de música que não me agrada,
disco até o penúltimo número do seu telefone
e desligo com receio de acordar
quem não me deixa dormir,
me podo das mais perversas formas,
para me demonstrar tranquilo,
quando na verdade estou desesperado
não querendo reviver meu maior trauma de infância,
que é o meu medo de perder...

Fiquem em paz...
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sexta-feira, agosto 19, 2005

"Na espera de um milagre do tempo"



Estava dormindo e acordei de repente, querendo te contar uma história que se passa dentro de mim...
Fiz uma analogia ao que eu sinto por você com um celular.
Cada hora sem você vou diminuindo, vou ficando mais fraco, necessitando uma nova recarga, e percebi que depois de um final de semana que ficamos colados um no outro, a segunda-feira passa tranquilinho, com carga cheia na lembrança gostosa do amor desprendido nos três dias anteriores, na terça-feira já começo a dar sinais de fraqueza, mas ainda aguento firme, mas na quarta-feira já amanheço descarregado, disperso, pensando na possibilidade de te surpreender com uma visita no meio da noite, na quinta-feira acordo sem conseguir ligar, fico desligado do mundo relembrando com aquela saudade doída pela quantidade exagerada, e não consigo prestar atenção em nada, meu corpo implora pelo seu, não consigo me conter, não consigo parar de pensar nas minhas mãos felizes passeando pelo seu corpo torneadinho, e fico lesado, perdido, insône, até que tropeço na sexta-feira e acordo esperançoso, audácioso, reenergizo-me para conseguir me arrastar até o último conselho dos seus mestres, e aí sim, me esbaldo nessa intransigência, me acabo nesse sem regras que é viver ao seu lado, me distancio do mundo para afunilar meu coração por você, e me deleito passeando mão, boca na nuca, peito com peito, perna com perna, pêlo com pêlo, sonho com sonho...
E volto o relógio várias vezes para você não perceber que está tarde, tento te embebedar no domingo para que você acredite que ainda é sábado, tento todas as formas possíveis para me manter ao seu lado, mesmo que imóvel, mesmo que cansado, mas fico firme, à espera de um beijo macio e excitante, à espera de um afago, à espera de um milagre do tempo...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, agosto 10, 2005

"Obrigado"



Eu, andrajo desmoronado que sou por dentro
fui obrigado a me refazer em poesia para
cintilar por todos os arredores,
para causar uma impressão errônea do meu verdadeiro
estado de espírito desviado do normal.

Aprendi, dentro dessas obrigações diárias,
a me portar como um louco em festas sociais,
a usar meu temperamento contra mim,
a disputar todos os meus risos com todos,
consagrar minhas vitórias em silêncio,
dentre tantas arrogâncias que até me falho na memória.

Aprendi a ler, a escrever, a julgar e a perdoar,
me tornei cego aos temas que não me agradavam,
adocei dissabores incríveis, caminhei até meu ciático doer,
adormeci recostado na mais dura pedra do meio do caminho,
remoi tantos paradigmas, remexi com tantos sonhos
que hoje chego a sonhar que um sonho pode ser um sonho.


Fiquem em paz...
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sexta-feira, agosto 05, 2005

"Fui tudo quando trai sem trair..."



Fui sugado pelo desespero de subverter tudo o que está ao meu redor. Fui ousado quando ousei ousar. Fui fantástico quando me calei para ouvir palavras que não me serviriam para nada. Fui universal quando sorri e pude ver a doçura do mundo se abrindo aos meus pés. Fui saudável quando desisti. Fui brilhante quando desisti do sonho para procurar um sonho. Fui perspicaz quando tudo me parecia rebeldia, e me transformei no ator sem platéia que sou, equilibrei-me para seduzir minha mãe, minha falecida avó, fui triunfal quando consegui levantar da cama com o bom humor que me persegue, e desencadeei uma sucessão de fatos, uma sucessão de erros e acertos e erros e erros, até chegar no climax do meu fervor, e percebo, desatino, pulso um caminho parado, vivencio uma fuga sem rumo, uma aventura sem graça, sempre me perguntando o porquê de levantarmos e brilharmos a aura a outrens antes de ascendermos a nossa, e as nossas escolhas, escondidas, apagadas, trituradas pelos nossos medos. Mas e se eu pedisse a mim mesmo e a você, que é parte de mim, para que não sentisse medo, que não transparecesse horror, de que nos adiantaria, se estamos apenas preocupados com os nossos braços atados sempre aos braços atados de quem não nos quer? E por que não mudamos, não buscamos uma mesma história em outros personagens? Por medo do abandono? Do se revelar sem ser revelado?
Eu forjei tantas regras, inventei tantas histórias, minuceiei tantos dicionários, mas apenas fui excepcional quando pude trair sem trair minhas verdades...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, agosto 03, 2005

"Crise"



Em suma, somos uma crise existencial de um pedaço de mal caminho.
Imploramos pelas princesas e príncipes, principiamos uma história como aquelas dos livros que líamos por obrigação para o vestibular, suspiramos, marejamos nossos olhos e embargamos nossas crianças, derrubamos tudo por um olhar, por uma simples atenção desprendida a todo instante, e quando o conosco nos acontece, nos precavemos de tal forma, nos culpamos de tal forma, que carecemos de ilusão de um psicólogo, de um tratamento único para aprender a amar.
Acho psicólotras do amor uns idiotas e mentirosos, impõem a si mesmos a incapacidade de enxergar o óbvio, deturpam a poesia, deturpam as palavras com engrandecimentos falsos, com religiões e paz de espírito que estão destroçados, e deixam de ver e sentir o abraço, o afago, a ternura.
Não sei se me encontraria novamente num mesmo local esperando aquele alguém inválido, não sei se me cegaria a olhar a minha pasta ao ponto de não ver rabiscos, não sei se sentiria nojo do seu beijo, não sei se conseguiria me firmar como seu príncipe, não sei se conseguiria encolher meus ombros de arrependimentos, só sei que você poderia ser feliz envolta nos meus sonhos, só sei que te daria mais orgasmos em um mês do que você teve em vida, só sei que você seria eterna nos meus poemas, nas minhas lágrimas, nos meus objetos, na minha lembrança vazia de você...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, julho 21, 2005

"Dessa vez?"



Hoje chove, é mais que noite dentro de mim
e transeunte comum que sou me desfaço
para compreender o caos em que sobrevivo...

Tenho vontades incríveis, de parar o mundo,
de sussurrar minhas verdades, regurgitar
verdades ilusionárias de poesia,
vontade de urdir do fundo do asfalto
as raízes que nos enredam e definir
o ritmo, a rima, a paixão para com tudo
que é tão falso e que calados acreditamos.

Paro, remoendo meus medos, revigorando minha antiga paz,
restrito, reparo em cada detalhe lindo como um defeito,
absurdo, trituro tudo o que construo como quem ama,
desesperado, enloqueço em busca de uma forma,
de uma flor em terras que sofrem guerra.

Mas mesmo assim permito-me reparar em tanta coisa,
vejo-me tão abençoado e tão ardil,
sugo um mundo que me odeia,
encosto em um personagem que não me sabe,
que não me desconfia do que sou,
e escrevo, escrevo, sempre pensando num único tema,
sempre tendo um único sentir interior,
sempre o longínquo de mãos dadas com o efêmero que sou,
e me distribuo em tantos que passo a ser um,
desvencilho-me de mim para ser herói
de uma vida sem ambições ou magias,
e me perco sem esperar nada em troca,
para ver se me reencontro...


Fiquem em paz...
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domingo, julho 10, 2005

"Sim, desmascarado...."



Sinto uma necessidade absurda de acontecer,
e vejo meu mundo quase parado,
com muitos alvos pouco realizáveis,
com tantos emblemas sendo admirados apenas...

É tanta força, determinação, é um grito
que explode sem função para o todo,
gestos que consolidam minha angústia,
que antecedem o suicídio da minha verdade...

Pressiono-me, mas me vejo irreconhecível,
não crível nos meus passos cansados,
não satisfeito com meu resultado final.

Tento justificar minhas fraquezas com afagos,
ilumino tantos caminhos, arranco palavras
extintas dos que se aproximam com verossimilhança,
aconchego sem ser nunca aconchegado,
sustento veemente mesmo sem carinho,
lutando minha luta infantil sem combatentes,
tentando provar à mim mesmo
minha inconcebível visão,
provar que meus disturbios psicológicos são etéreos,
e ao mesmo tempo desesperado para definir
de uma vez o destino a que me designaram
a cumprir no descansar da minha alma relutante...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, junho 23, 2005

"Por que será?"



Por que será que as pessoas me ligam tanto enquano tento dormir?
Será que elas não percebem que sou um só e que sinto um monstro escuro e perdido dentro de mim?
Será que tenho que ter forças e escudos para dissolver meus traumas e ajudar os tantos pobres de mim, que ainda são mais fortes do que os meus fortes?
E repenso em tudo, reviro meu sentimentos, revejo minha auréola, minha hipocrisia percebendo que não tenho mais como chorar, que não tenho mais como prever, que não tenho mais nada dentro de mim por medo, por fraqueza, por verdades adormecidas.
E meus tantos sonhos?
Quanto tempo mais irei ficar dormindo atendendo aos pedidos de todos e deixando de atender os meus desesperos, os meus berros que só eu escuto?
Desligo, desfecho, desleixo, fecho todas as portas dignas para tentar abrir o meu céu, designo tudo a todos e todos sequer me escutam, desatino um teor malogrado para tentar vencer, e me frustro por não conseguir a verdade que recheia minhas vontades...

Regurgito, para que eu possa ser feliz, quem sabe um dia...



Fiquem em paz...
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sábado, junho 18, 2005

"Tudo quanto"



Nos encontramos hoje assim,
a solta, buscando sonhos e realizações tão perdidas,
tão insolúveis, tão frívolas...

Prendemo-nos a certos rancores
díficeis de lidar, quase impossíveis
de esquecer, e esquecemos o tudo
que nos cerca, negligenciamos
a roupa constantemente suja que somos,
ocultamos o desmascarar diário para não ser desmascarado,
o lutar sem regras para não morrer na praia da solidão.

E me sinto hoje plágio do que fui
com o que gostaria de ser,
num universo tão conturbado que custo a acreditar na verdade que me tornei,
e nas dificuldades que enfrento para exercer minha personalidade calma e coerente.

Tudo como uma fábula real,
tudo tão incoerente e incerto como meu presente,
tudo tão estreito quanto minhas certezas,
tudo tão deturpado quanto meu estilo de vida...


Fiquem em paz...
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terça-feira, maio 24, 2005

"Eu te ter você"



Eu te lua minguante,
eu te algodão doce,
eu te sorvete napolitano com calda de chocolate e mm´s,
eu te abacaxi,
eu te leite quente no frio,
eu te sonho de valsa,
eu te chuva,
eu te rocambole de morango,
eu te água gelada,
eu te domindo a tarde no parque,
eu te música,
eu te poesia,
eu te manga doce,
eu te chocolates finos de Campos de Jordão,
eu te poesias de Fernando Pessoa,
eu te com você debaixo do edredon,
eu te stragonoff de frango com batata palha e cogumelos,
eu te formatura de faculdade,
eu te praia de palmas,
eu te cachoeira,
eu te fim de semana no campo,
eu te noite bem dormida,
eu te arco-íris,
eu te margarida,
eu te frio,
eu te madrugada,
eu te brigadeiro,
eu te você...

Fiquem em paz...
.................................................

terça-feira, maio 10, 2005

"Hora certa"



Se a hora fosse certa para viver,
do que viveria eu?

Das incertezas dilacerantes
que meu coração sente nesse amor de mentira
que passo meus dias regando?

Dos passos incertos que eu vanglorio
por não ter certeza de nada?

Das confissões que venho ridiculamente
fazendo no meu caderno de borrões inúteis?

E se eu transformasse tudo o que vivo
em uma história linda, daquelas de livro,
seria respeitado?

Seria honesto continuar conquistando
pela visão antecipada que tenho das almas sedentas?

E eu, que papel tenho eu no mundo?
Comediante de peças irrisórias e fúteis?

Palhaço de picadeiro sem público?

Escritor sem conteúdo numa terra inefável?

Patético sentido mórbido que defino a tudo
que cismo em acreditar que me faria feliz...

Patético levantar e se deitar que dedico
a mim todos os dias, na primeira página
do meu livro nunca começado,
da minha epígrafe destituida de verdade...

Verdade que nunca sorri para o falso poeta...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, abril 28, 2005

"Espero o quanto precisar..."




Espere! Ainda mal começamos a brincar e você já está indo brindar
suas decepções com seus amigos?
Espere! Ainda tenho que tentar aclamar suas derrotas,
ainda tenho que enaltecer seus podres e teoremas,
ainda tenho tanto a denegrir da sua imagem mentirosa
que fico com medo, com muito medo de começar...
Na verdade, me sinto tão perdido que ainda não sei
se devo tocar nessa ou naquela ferida, ou, quem sabe,
nas duas de uma só vez...
Espere! será que a mentira serve só para mim,
será que ser enganado por nada que valha a pena
é sintoma da minha loucura por você?
Espere! estou enlouquecendo e não estou percebendo,
ou você realmente canta em meus sonhos como quem canta
em um jardim imenso, com muitas flores sem folhas?
Espere! Quem somos, como fomos feitos, e onde paramos,
e quando passamos a decidir o que somos?
Espere! Sinto-me sendo de algodão-doce, sinto-me feito
de pedras, de granito - pois me sinto valioso -
mas me sinto tão frio quanto tudo isso.
Espere! Cante para amenizar minha dor, ela soluça
como quem precisa de comida, ela descabela-me
como descabelo-me ao pensar na sua derrota.
Espere! Cale a boca e escute meu coração dizendo que te ama.
Espere! Não fique silenciosa desse jeito,
não fique sem responder minhas súplicas,
não me deixe enforcado pelo que mal começou...
Espere! Desconfie de mim, por favor, eu não sou o que você
pensa que eu sou. Sou ruim pra dedéu, sou mal,
sou repulsivo, sou de escorpião e me mato por ódio,
sou trancado no meu mundo de sorrisos.
Espere! Preciso te contar o maior de todos os segredos,
aquele que você tentou roubar de mim,
o segredinho ridículo de que nunca senti nada,
a não ser status, muito status por você.
Espere! Não se confunda, preciso dizer tudo...
Não, não vá embora, preciso que fique,
preciso de você, não me deixe abrir a porta,
porque quero voltar até você, e se eu abrir
não mais voltarei...
Espere! Abra você, preciso ir, não me deixe abrir.
Espere! Preciso apontar essa coisa fria para o seu peito,
preciso engatilhar esse troço que comprei ontem,
preciso apertar essa meia lua...
Espere! Sim, espero...
Quer dizer que me ama?
Espere! Preciso sentir seus lábios, preciso de um último beijo...
Espere!
Não, não mais espero...
Preciso descansar na minha paz forjada e recheada de mentiras...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, abril 21, 2005

"Raios cor de céu"



Estive ali, defronte aos fatos óbvios, tanto tempo
que não pude perceber suas garras cruéis,
que não tive coragem de abrir os olhos e ver seu egoísmo,
que não tive coragem de me entregar...

E você passa, passa, passa, todos os dias pelos meus olhos,
todos os momentos pela minha consciência, relembro-me
dos traços, do carinho, da poesia, do canção que me urde
e me torna insuportável ao meu prórpio mundo,
mundinho doente de uma alma doente e frágil
que carrega o fardo da escrita e das artes.

Não me noto ao te notar, não nos vejo ao te ver me olhar,
e sinto vontade, me corrôo para um dia encontrar
e ver o paraíso, ver léguas e léguas nos separando
e nos unindo, nos eternizando...

Vôo por planetas malucos e negros, obscuros em busca
dos seus raios cor de céu, deixo-me dourando para aquecer
seus desejos carnais, transcendo-me ao último mendigo
e ao pobre milionário, passo a entender filosofias de Osho,
de Kafka, de Aristóteles, passo a crescer dentro das minhas
restrições para que me enxergue, passo a escrever incessantemente
para fazer barulho, e me vejo acompanhado e sozinho,
sorrindo num luto que não termina, um luto aterrorizador
como os de Gabriel Garcia, uma tempestade imunda como as de Camus,
com lágrimas incoerentes, como as do Neves...

Se hoje olhar para cima, não irá me encontrar,
se amanhã olhar para frente não me verá,
se depois de alguns dias olhar para baixo
também não me verá, porque eu deixei de existir
na fantasia do seu mundo malogrado de esperanças...

E o dia que eu for te buscar, não se esqueça
de que será para sempre...


Fiquem em paz...
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terça-feira, abril 12, 2005

"Finjo"



Finjo que minto que sou,
sinto que minto que finjo,
finjo mentindo que sinto,
sinto fingindo que minto...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, abril 08, 2005

"Escritos"



Hoje silencio-me para não ter que reler
meus terrores escritos no futuro.

Hoje silencio-me para não relembrar
meus erros escritos no futuro.

Hoje silencio-me para não reler
meus absurdos escritos no futuro.

Hoje silencio-me para não aceitar
meu presente escrito no futuro.

Hoje silencio-me para não acreditar
nos meus escritos no futuro.

Hoje silencio-me por me machucar
essa ilusão tão real.

Hoje silencio-me, por ter medo de amar...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, março 09, 2005

Que fome de tudo nessa vida...



Que fome de tudo nessa vida...

Às vezes me sinto como se tivessem apagado minha lua,
meu sol e minha vida, e desatino repentinamente numa
tristeza passageira, ocorre-me um sintoma drástico
de algo que não sei explicar, e levanto-me do sonho absurdo,
brusco, vivo, real, em busca de uma mudança exterior
para um mesmo cotidiano interior...

Percebo o quão sou pecador de mim mesmo,
o quão prolifero meus defeitos e colho
sempre os mesmos frutos amargos de todo dia.

Passo a enobrecer a tudo que está ao meu redor,
passo a ser tudo o que eu gostaria, sem as tantas falhas,
e desatina-me uma dor sem sentir dentro do meu coração...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, março 07, 2005

"Sonho realidades"




Você, por que se encontra tão longe das artes?

Você, que faz da sua realidade o meu sonho,
por que está tão distante e frigida
para com o poeta que veio te resgatar
de outra vida para que viva?

Você, que tem amor e ódio,
que está desiludida em meio a chuva,
que grita nesse silêncio absoluto dos seus olhos
por que faz isso contigo, menosprezando-me?

Você, que é fechada (mas tem luz),
que é ríspida (mas é doce),
não te envergonhas dos seus atos insólitos?

Você, que é encandescente à minha arte,
não se sente tocada pela fantasia?

Una-se!

Ou tens medo?

De mim ou do seu tesão?

Medo de ser desvairada por um desvairado múltiplo?

Quero deleitar-me com que me é de direito,
deleitar-me com o que nasceu para mim,
como hoje recobrando a memoria me deleito...

Evoco Deuses como quem sente saudade
de amor perdido e que ainda é doído
e os reverencio pela obra poética
que implantaram nas minhas viagens
e loucuras tão sãs do meu cotidiano.

Olho mil retratos por minuto e todos
se transformam nos seus traços,
nas flores que te vestem tão serenamente,
no cheiro que me recolhe do mundo
e que te dôo com exclusividade...

Redesenho seus ombros que me arrepiaram
e me questiono sobre tantos sentidos,
tantos loucos que vivo e tantos
que deixo de compreender sem razão de ser.

Olho para a vida e me seduzo
como quem quando criança se seduz
pelo doce proibido pelos adultos
e ne vejo tal quais chorando,
tentando frenéticamente fazer barulho
e chamar a atenção, mas a mim
o doce sempre vem em forma de materialização,
sempre se evapora ao meu toque suave...

E eu me vejo em fotos do passado
e pergunto-me: será que era feliz?

Não me lembro, pois eu sou uma transição
entre o absoluto que sou e o espaço
vazio que sopu na lembrança desfocada.

À tudo me desfoco, nem ao menos
tento compreender em meio a tanto
alvoroço, e tão em silêncio...

Sinto-me cansado de ser o que sou,
mesmo colhendo frutos tão mágicos,
mesmo tendo as mais expressíveis imagens
do amor e das artes, torno-me circunspecto
em relação aos verdadeiros dotes da vida,
porque a vida é o sonho que eu sonho
e não essa poesia que eu vivo...

Abstrato?

Talvez, para corresponder às tantas máscaras
que me obrigam a usar...

Todos deveríamos comprar uma máscara
de festas e fazermos tudo isso que fazemos
inconsequentemente e ao descobrirmo-nos
na verdade, tirarmos-a.

Seriamos mais doces, mais vivos,
menos fantoches de nós mesmos...

E eu vejo vidas tão próximas de mim
e tão alheias, que me assusto ao pensar
em entregar meu sorriso verdadeiro,
teço um plano de entrar no jogo predominante,
usar roupas que me pintam de mentiras
tão fantásticas que chego a acreditar
e desabotoar minha alma estancada de amor,
conquistar o mundo com minhas ilusões
e conseguir fazer alguém sonhar alguma realidade...



Fiquem em paz...
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quinta-feira, março 03, 2005

"Vontade de quê?"




Hoje estou com vontade de ser especial
para brilhar mais e mais e fazer
com que me enxerguem, com que escutem
meu barulho, com que acreditem na intensidade dos olhos...

Hoje, para conseguir ser especial
fiz uma arte enorme na minha parede,
para que quando vierem aqui
possam desfrutar de dois deleites...

Hoje acordei querendo ser especial,
uma vontade súbita de falar baixo,
sussurrar nos ouvidos que complementam
olhos ainda mais ricos.

Acordei com uma vontade maluca
de soprar sonhos no seu mundo,
de pincelar fantasias no seu corpo,
de repousar minhas mãos nos seus cabelos
e meus lábios trêmulos no seu rosto indefeso...

Levantei-me repentinamente, feliz, árduo,
contente, abri as janelas e deixei o sol
refletir o meu cristal,
cantei tão alto ao ponto de perder o fôlego,
e te vi me buscando, em meio às suas
atribulações que te atrapalha, e desabei...

Desabei de rir alto até os vizinhos ouvirem
e ri mais alto ainda quando tentaram
comprar minha felicidade com suas palavras de abandono...

Lidei com tanto sentimento,
manejei tanta coisa linda
que descobri em poesia ter triplicado...

Ainda solitário sigo em frente,
mas a descoberta de conseguir alcançar
aquela estrela longínqua e triste
enobrece o cancioneiro, eterniza o poeta
e me faz cada vez mais acreditar no conforto dos seus olhos...


Fiquem em paz...
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