sexta-feira, dezembro 16, 2005

"Pelos cantos, pelas entrelinhas"




Muitos ousam dizer que sou um cafajeste,
e eu treplico, com toda a minha angústia cega,
que sou um benfeitor às almas humanas,
pois as ensino a amar na essência do amor,
as reverencio como sempre sonharam em serem reverenciadas,
multiplico-as em troca de um sorriso verdadeiro
nesse mundo de dementes.

Eu me construi poeta para satisfazer os desejos
dos seus olhos doces e puros,
eu me transformei num amante sem limites para satisfazer
aquela fantasia tão bem guardada há anos,
eu arduamente me conquistei para te conquistar,
me revirei para te revirar,
aprendi a te adorar para ser adorado por sua alma
relutante e perceptiva

Degustei sozinho todas as sensações possíveis,
imaginei cenas e situações incabíveis a uma pessoa sã,
fiz de tudo para me parecer lógico nesse meu mundo
de sonhos e abstrações,
para te fazer compreender de vez que meus sintomas
tão malucos são reais,
que minha satisfação contigo suada em meu colo é única,
que seus lábios nasceram para serem mordidos pelos meus,
que renascemos para contar a nossa história nas entrelinhas...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, dezembro 07, 2005

"Fruta sem fruto"



E o meu peito, e o meu sangue,
e o tudo que me repete tanto,
tantas palavras perdidas,
tantos sentimentos sem sentido

Tudo acaba se transformando
na história sem personagens
que tanto me entrega,
que tanto me engana

E me isolo carente, ausente
austero, astuto,
premeditando tantas coisas,
coisificando as simplicidades,
sentindo os detalhes tão prematuros.

E meu recheio vai ficando mais amargo,
como uma fruta que passa do ponto na fruteira,
com as drosophilas corroendo cada pedaço,
cada curva, cada sentimento.


Fiquem em paz...
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