terça-feira, novembro 18, 2003

"Um dia"



Um dia sonhei que era feliz...
Um dia sonhei que vivia em um sonho feliz...
Um dia sonhei que sonhávamos...
Um dia acordei...
Acordei e vi esse mundo sórdido, sombrio, largado as preces das mais diferentes crenças, sonhei e com isso afetei minhas barreiras intituladas auto-protetoras, como uma jaula com medo de ser aberta, ou uma caverna onde a existência do mundo afora torna-se apenas lenda imaginária de um julgado esquizofrênico, uma patologia criada pela inteligência da solidão, essa solidão que nos torna sensíveis, nos torna únicos e, para os apurados e excêntricos olhos, especiais...
Uma fuga criada a partir da desgraça que ouvimos dizer, uma distância que tomamos pelo desgostoso aroma que a cintilante distância de olhares nos causa, a distância da falta da simplicidade implicando em todos os âmbitos que nos encontramos diariamente, para podermos vivenciar de uma forma calma e complacente com as divergências que acabamos tendo dentro dos nossos corações, das nossas atitudes, mesmo as infundadas, transtornando as tão existenciais vozes, tecendo a teia e temendo a trama simultaneamente, um déjà-vu mal explicado, temas variados de esquecimento, ilusões e receio, receio do simples incômodo que posso proporcionar, mesmo sem querer, uma paixão platônica, esse platonismo que me desgasta, assim como me inspira a tal ponto que consigo fritar meus dedos ao escrever essas viagens mirabolantes, ao tocar meus tambores com tanta fúria e enegrecer meu olhar pelas lágrimas saudosistas provocadas pelas portas fechadas da realeza do meu castelo, este castelo imaginário impregnado na minha parede, nos meus sonhos, nas minhas insistentes idealizações causadas por tantas elucubrações, muitas delas infundadas, muitas dignas do vosso respeito, respeito que parece ter sido dissipado pela inconsistência da minha mente, da minha vida, tanto ócio interligado, dia após dia na minha jornada sem descanso, uma luta constante para não nos desesperarmos quando olharmos para os lados e vermos tantas hipocrisias resvalando-nos pela nossa inocência, vermos o medo na face das pessoas, sentirmos a vergonha nos atos alheios, e ainda vermos a vergonha trespassando por terem sentido tais vergonha, uma vergonha que há muito já gostariam de ter abolido da concordante viagem que caminham, mesmo sabendo que às vezes tomaremos atitudes um tanto quanto estranhas, e lutaremos para podermos não exalar ou transparecer algo aterrorizador, para que pessoas infundadas temam a presença de algo sem significado, saindo perdedoras de momentos que poderiam ter se transformado em magia se não houvessem tantas barreiras impostas, se entendermos o quão excêntrico somos se analisarmo-nos friamente, e mesmo com tantas questões levantadas ainda fica a dúvida em meu semblante, a dúvida do porquê temos que viver em um sonho, porque sonhar que vivemos um sonho feliz, porque sonhar que sonhávamos num uníssono berrante, e ter a infelicidade de acordarmos e vermos um mundo sórdido, sombrio, largado às preces das mais diferentes crenças, ..........


Fiquem em paz...
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