quinta-feira, abril 28, 2005

"Espero o quanto precisar..."




Espere! Ainda mal começamos a brincar e você já está indo brindar
suas decepções com seus amigos?
Espere! Ainda tenho que tentar aclamar suas derrotas,
ainda tenho que enaltecer seus podres e teoremas,
ainda tenho tanto a denegrir da sua imagem mentirosa
que fico com medo, com muito medo de começar...
Na verdade, me sinto tão perdido que ainda não sei
se devo tocar nessa ou naquela ferida, ou, quem sabe,
nas duas de uma só vez...
Espere! será que a mentira serve só para mim,
será que ser enganado por nada que valha a pena
é sintoma da minha loucura por você?
Espere! estou enlouquecendo e não estou percebendo,
ou você realmente canta em meus sonhos como quem canta
em um jardim imenso, com muitas flores sem folhas?
Espere! Quem somos, como fomos feitos, e onde paramos,
e quando passamos a decidir o que somos?
Espere! Sinto-me sendo de algodão-doce, sinto-me feito
de pedras, de granito - pois me sinto valioso -
mas me sinto tão frio quanto tudo isso.
Espere! Cante para amenizar minha dor, ela soluça
como quem precisa de comida, ela descabela-me
como descabelo-me ao pensar na sua derrota.
Espere! Cale a boca e escute meu coração dizendo que te ama.
Espere! Não fique silenciosa desse jeito,
não fique sem responder minhas súplicas,
não me deixe enforcado pelo que mal começou...
Espere! Desconfie de mim, por favor, eu não sou o que você
pensa que eu sou. Sou ruim pra dedéu, sou mal,
sou repulsivo, sou de escorpião e me mato por ódio,
sou trancado no meu mundo de sorrisos.
Espere! Preciso te contar o maior de todos os segredos,
aquele que você tentou roubar de mim,
o segredinho ridículo de que nunca senti nada,
a não ser status, muito status por você.
Espere! Não se confunda, preciso dizer tudo...
Não, não vá embora, preciso que fique,
preciso de você, não me deixe abrir a porta,
porque quero voltar até você, e se eu abrir
não mais voltarei...
Espere! Abra você, preciso ir, não me deixe abrir.
Espere! Preciso apontar essa coisa fria para o seu peito,
preciso engatilhar esse troço que comprei ontem,
preciso apertar essa meia lua...
Espere! Sim, espero...
Quer dizer que me ama?
Espere! Preciso sentir seus lábios, preciso de um último beijo...
Espere!
Não, não mais espero...
Preciso descansar na minha paz forjada e recheada de mentiras...


Fiquem em paz...
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