domingo, outubro 26, 2003

“Ímpeto de amor”




Hoje tenho amor
amanhã sou só solidão...

Hoje tenho ardor
amanhã sou só desilusão...

Hoje sou carinho
amanhã tenho compreensão...

Hoje sou caminho
amanhã morto na escuridão...

Terei apenas paciência
para cuidar do sentimento uno
e perdido nessa plena imensidão...

Um infinito que não vejo
uma história que não finda
um desejo que não vivo
e em mim eu morrerei...

Achar do que vivo,
sentir essa prisão,
berrar, gritar, chorar
e sempre ser incompreensão...

Sinto um amor que inexiste
com as auroras vou dormir aos meus pés,
vivo a brisa, o néctar, o âmbar,
mas esse amor, ele simplesmente inexiste...

Acordei amando com toda a força da minha vida
sinto uma força tão grandiosa
quanto o ímpeto da morte,
sinto o sagrado dom de Deus,
sinto inércia,
sinto a fluência do amar,
a confluência do amor,
a cumplicidade e o companheirismo,
a lealdade dos eternos,
o canto medonho dos apaixonados,
uma serenata de sentimentos
diversos e explosivos no meu âmago,
sinto-me trêmulo, trépido,
perdido por não conseguir
resistir nem disfarçar meus sentimentos,
está insuportável me conter,
está intransponível esse viver,
está dificílimo compreender,
mais difícil ainda escrever
e não rabiscar “eu amo você”,
incrustei com toda a fome
na pedra do meu peito
o seu nome rebuscado,
o meu eterno amor que sentirei
mesmo depois de morto o corpo,
sinto a sinergia d´alma
querendo vivenciar, querendo reverenciar,
querendo-te referenciar aos Deuses,
viver cada ósculo como se fosse
o primeiro da minha vida,
sentir cada parte do seu corpo
suado nos meus dentes,
e cada vez como se fosse a primeira,
não acreditando ao “olhar e ver”,
não acreditando no sentir,
assim como não acredito
no que sinto agora ao escrever,
a alegria reinando,
a eternidade beirando e devastando
minhas ignóbeis lacunas,
a brisa que brilha dos meus olhos
esvoaçando os cabelos dos transeuntes
que ao meu lado passam e exasperam-se
pelo fato, pela inveja do meu "sempre",
do meu coração amante que não tem fim,
da minha confiança que não me cala,
não me abandona, acaba com minhas forças
mas não me deixa deixar de amar,
de querer, de ser e de sentir,
o gosto de hortelã, o gosto d´orvalho
escorrendo pelas minhas lágrimas,
o cheiro da noite me eternizando,
eternizando o que sinto por você,
que não me canso de dizer que é etéreo,
é longe do "julgo da mentira",
uma adoração silvestre,
selvagem e livre
como as aves amazônicas,
como os índios arcaicos,
como os manuscritos peruanos,
uma adoração por você inexplicável,
amor fraternal, maternal, paternal, carnal,
tudo isso junto da loucura que vivo,
loucura que julga,
que erra mas não mente,
não mente quando enegrece minha mente
devido ao torpor sentido,
à lembrança sentida,
dilacerando minha complacência,
dilatando minha vida,
enrijecendo ainda mais essa bigorna
sedenta e solitária no meu ego,
esse sonho permanente de um dia poder afagar
seus cachos risonhos e intermináveis
e rubricar essa história com eternas lágrimas de saudades...

Fiquem em paz...
................................................................