terça-feira, novembro 21, 2006

"E quem resolve sumir?"



E quem ousa viver aquilo que era uma idealização,
e quem desiste de desistir do sonho bom e descobre uma intensa verdade,
e quem chama para si a responsabilidade de todo e qualquer ato,
sejam eles bons ou confusos,
merece mesmo ficar escondido do tempo,
à espera do óbvio para sentir a profusão mais linda de sua lembrança?

E quem joga tudo para cima para ser feliz,
e quem forja uma situação,
mente, corrompe, ludibria,
mas deita sorrindo e realizado,
é uma pessoa condizente?

E quem se determina a uma vibração explícita ,
e quem entorpece em busca da brutalidade desleal do amor,
e quem se lambuza de paixão,
e quem se engana para se espalhar,
e quem conjuga verbos intermitentes em busca da mesma atenção,
e quem joga mesmo não podendo, mesmo sabendo que perderia,
pode ser verdadeiro consigo mesmo,
pode ser inteiro, pode ser eterno?

E quem diz baixo e timidamente que ama sem saber direito o que é amar,
sem saber direito o que é toda essa insanidade sentimental,
pode ser correspondido?

E quem se permite todas as possibilidades,
conseguirá uma nova chance nesse paradoxo confuso e desumano?

E quem determina as suas próprias verdades,
será novamente escutado, beijado, transgredido, perfumado?

E quem ousa viver aquilo que era apenas uma idealização,
fica com qual papel na história?

Com o de santo ou com o de poeta?

E quem resolve viver o que era pra ser apenas uma peça de teatro,
fica com qual sentimento preso na garganta?

E quem resolve sumir de vez, para se tranquilizar,
será que consegue suportar a ausência por quantos minutos?


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