quinta-feira, agosto 17, 2006

"Balas de goma"



Como balas de goma para esquecer da solidão
que me acomete ao suícidio de tantas histórias
que sempre cri serem incríveis, e que são
opacas ao sair da minha boca, da minha mente confusa...

Aumento o som pra não ficar o dia todo
escutando o ranger enferrujado das minhas derrotas,
tento disfarçar de mim mesmo essas tantas fraquezas,
essas tantas manias inferiores que me perseguem,
e vou determinando no meu novo dia novas atitudes,
dizendo aos meus passos perdidos por onde andar,
o que sentir, o que dizer em vão como sempre...

Até cair na real e perceber que estou sozinho na sala,
que acordei mal humorado, coloquei minha música predileta
pra tocar no som do banheiro, tomei um banho rápido e morno
como estou me sentindo, me troquei com a mesma roupa suada
e velha de ontem, por não ter vontade de melhorar a forma
com que me vêem, dirigi calado, fiquei calado até quando levei
uma brusca fechada de outro carro no trânsito,
fiquei calado por não ter forças de expor meu sentimento de revolta,
por não ter forças de expor meu sentimento alheio,
cheguei ao trabalho atrasado, comi meu ácido abacaxi matinal
e menti para mim mesmo e para quem me procurou de que estava tudo bem...

E agora escrevo, sem rumo, sem vontade de fazer nada,
sem estímulo para crescer na vida profissional,
sem impulso poético para escrever sobre amor,
sem tesão pelo resto do dia, esperando apenas o fim,
o fim do dia, do sufoco que uma noite como as que não tenho tido
possa me proporcionar, esperando uma luz cair do céu,
esperando um milagre que me ensine a não perder meus dias
a comer balas de goma para esquecer da solidão...


Fiquem em paz...
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