"Medo de infância"
Sou um adjetivo corrompido
dentro da exaustão de ser o que sou.
Miro alvos milimétricamente,
mas minhas flechas sempre arrebatam
a cruz errada, constantemente me
depreciando em tudo que com afinco construo.
Torno-me mágico por dias a fio,
treino malabares com os meus sentimentos desencontrados,
e fico confuso com esse tudo que me sucede,
muito perdido nesse não sei o que fazer,
nessa angústia surda de não saber por onde ir...
Meu braço dolorido reclama da tristeza
que o não-reciproco me traz,
mordo o dedo para acordar
e me descubro causticamente desperto,
solitário, amante, enjaulado.
Abro a janela, ligo a TV para escutar
um pouco de música que não me agrada,
disco até o penúltimo número do seu telefone
e desligo com receio de acordar
quem não me deixa dormir,
me podo das mais perversas formas,
para me demonstrar tranquilo,
quando na verdade estou desesperado
não querendo reviver meu maior trauma de infância,
que é o meu medo de perder...
Fiquem em paz...
.................................................