terça-feira, maio 10, 2005

"Hora certa"



Se a hora fosse certa para viver,
do que viveria eu?

Das incertezas dilacerantes
que meu coração sente nesse amor de mentira
que passo meus dias regando?

Dos passos incertos que eu vanglorio
por não ter certeza de nada?

Das confissões que venho ridiculamente
fazendo no meu caderno de borrões inúteis?

E se eu transformasse tudo o que vivo
em uma história linda, daquelas de livro,
seria respeitado?

Seria honesto continuar conquistando
pela visão antecipada que tenho das almas sedentas?

E eu, que papel tenho eu no mundo?
Comediante de peças irrisórias e fúteis?

Palhaço de picadeiro sem público?

Escritor sem conteúdo numa terra inefável?

Patético sentido mórbido que defino a tudo
que cismo em acreditar que me faria feliz...

Patético levantar e se deitar que dedico
a mim todos os dias, na primeira página
do meu livro nunca começado,
da minha epígrafe destituida de verdade...

Verdade que nunca sorri para o falso poeta...


Fiquem em paz...
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