segunda-feira, janeiro 29, 2007

"Nosso mistério"



Eu poderia dizer a você coisas que não estão acontecendo comigo,
poderia manter em silêncio minhas angústias para conseguir te manter presa ao meu jogo,
poderia muito bem desmentir tudo que a tanto custo conquistei,
pois te conheço bem, sei que nas suas maluquices seus pensamentos vão além,
que você sonha com cores bem específicas, que você colore sua estadia do jeito que me apaixono,
mas detesto mentir a qualquer um, detesto sofrer calado como o babaca que não tenho vergonha de esconder que sou,
e lhe abro as portas da minha vida, pela porta da sala, pela porta da cozinha, pela porta do quarto,
pela janela do meu nono andar, sem receio, pedindo insistentemente e sozinho que você entre.

Mas você não entra...

Insiste em dizer que me esperou a noite inteira, chorando a minha falta,
eu insisto em tentar contornar uma situação, mas há muito eu insisto em não acreditar em suas palavras e promessas,
porque sempre foi tudo em torno de um único propósito, de uma única intenção,
de um único lado da história.

E agora você foi embora, eu fiquei preso dentro dos meus planos ridiculos e mal estruturados,
me olhando no espelho, bêbado, descabelado, com a roupa suja do nosso último whisky,
com a roupa ensopada do nosso último suor, com a alma lambuzada com nosso último beijo,
e já faz tanto tempo que você partiu, e já faz tanto tempo que você partiu que eu não consigo acreditar
que não consegui que se entregasse, que não consegui conquistar sua essência,
que só iludi e brinquei com as possibilidades que fantasiamos,
que abriguei em vão as verdades deliciosas que acreditei serem verdadeiras...

Agora tudo apodreceu dentro de mim,
que eu queria poder te olhar nos olhos de uma forma diferente,
que eu poderia sentir o seu gosto de pra sempre em mim, como sempre deixei que sentisse,
sem essas fugas, sem tantas esperas, sem mentiras,
sem ter que ser sempre uma surpresa incrível, mas pra mim, falha...

Eu só queria te olhar nos olhos,
dizer que estou com saudades de tudo em você,
tocar seu rosto com o toque mais sutil que minhas mãos possam proporcionar,
dizer que te amo, te abraçar como faço todas as noites com meus travesseiros
e florescer das sombras o frio na barriga que sempre determinamos como o nosso mistério...

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quarta-feira, janeiro 17, 2007

"Livro imenso de saudades"



Desculpe-me ter que te falar sobre minhas vontades,
sei que estou viajando ao tocar nesse assunto,
sei que estou viajando de não ir logo te ver,
com toda aquela sede misturado com a febre que tenho por você,
que me deixou inerte, pensando em tudo, imaginando nomes para nosso cotidiano,
para nossos possíveis filhos,
para nosso universo paralelo,
que é como me sinto quando estou com você,
como num mundo totalmente colorido onde só eu posso entrar,
e nele eu desenho coisas, faço travessuras e é tao natural....

Gosto da naturalidade que existo ao seu lado,
uma naturalidade que insiste existir...

E fico te pedindo para lhe te dizer algo,
pedindo para lhe contar em segredo
que eu estava completamente apaixonado por você,
e o que fez isso mudar foi eu gostar demais das coisas a dois...

Confesso que senti medo,
senti que poderia me machucar
mas você ainda mexe comigo, demais, demais,
você mudou muito comigo, você me deixou um pouco de lado,
e por isso decidi que vou te eternizar numa música,
pra te provar que em momento algum eu mudei,
que estou mesmo é ocupando-me para ter uma boa desculpa,
mesmo sabendo que é estupido dizer isso,
mas dentro de mim não mudei
e o seu ponto de vista está atrapalhando a nossa história de fluir...

Estou me abrindo pra você,
não estou diferente,
mas é que não te sinto mais com vontade de ficar comigo como era antes...

Parei de escrever mesmo achando péssimo,
parei de tentar te conquistar na marra,
parei de usar todas as minhas forças,
porque você é muito intensa, você mexe muito com minhas vontades,
com minhas fantasias, e o meu livro já está imenso de saudades,
difícil de carregar sozinho, como você insiste em me deixar...


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domingo, janeiro 14, 2007

"Obtusas"



Cenas, dramas, confissão,
vida, morte, alegria,
ordinária, vagabunda, amor,
mentira, falsidade, paixão,
podre, hipócrita, perdição,
força, luta, disparo,
lentidão, fração, segundos,
giro, mundo, formas,
choro, alívio, repente,
cárcere, livros, religião,
liberdade, sentido, desemprego,
doença, família, contagem,
eutanásia, alívio, lembrança de como amei você verdadeiramente...

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"Falsidade irresponsável"




A falsidade do amor que sinto por você destoa,
ela é capaz de forjar um plano mirabolante,
te meter em uma enrascada irreparável,
pela possível e incoerente massagem no ego...

A falsidade que sinto quando sinto os seus sintomas
é surreal ao ponto de me embriagar,
é como filme de suspense no final,
lindo, harmonioso, fantasioso, irresistível...

Não resisto a mentir para você,
não resisto a essa falsidade deliciosa
que te faz de otária e me deixa cada vez mais entregue,
mais eloquente, mais sensato nos meus segredos irresponsáveis...

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"Campinas com Paulista"



Você se pergunta demais, eu sei,
mas é porque você não tem cotas pra sonhar,
você é livre pra exercer seus fundamentos,
você é lírico o suficiente para demonstrar seu carinho,
seu carisma,
sua futilidade,
sua magnitude para com tudo que existe...

Você gosta de ver o mundo,
de se ajoelhar perante ele e se valorizar digno,
você pode tudo o que quiser,
e enquanto você passa suas madrugadas aí,
questinando-se deliberadamente,
eu vou dar uma passeada tranquila pela Paulista...

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quarta-feira, janeiro 10, 2007

"Demasiado"



Hoje não tem estrelas no meu céu,
porque você está longe daqui,
porque eu não consigo ver nada além disso tudo,
nessa neblina que persiste em ficar no meu olhar,
perdido pensando em você...

Hoje também não apareceu lua, não apareceu cometa,
só a saudade que ficou por aqui,
o tempo todo, lado a lado, andando grudada em mim,
saudade do seu riso afoito e da sua rouquidão para com tudo,
falta grande de sentir tanta coisa boa,
sobrou você aqui em mim, de todo jeito,
e eu fiquei tirando fotos com os olhos pra te mostrar em poesia,
e eu fiquei filmando tudo, guardando tudo pra te presentear,
sem saber se teria como te entregar,
sem saber se gostaria de receber...

Mas minha coragem é múltipla,
meu gosto pra saber sua verdade é verdadeira demais pra ser desperdiçada,
minha mão é ávida o suficiente para não ser capaz de esquecer seu corpo dócil,
meu peito é demasiado apaixonado para deixar de me apaixonar por você, sempre...

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