quinta-feira, julho 21, 2005

"Dessa vez?"



Hoje chove, é mais que noite dentro de mim
e transeunte comum que sou me desfaço
para compreender o caos em que sobrevivo...

Tenho vontades incríveis, de parar o mundo,
de sussurrar minhas verdades, regurgitar
verdades ilusionárias de poesia,
vontade de urdir do fundo do asfalto
as raízes que nos enredam e definir
o ritmo, a rima, a paixão para com tudo
que é tão falso e que calados acreditamos.

Paro, remoendo meus medos, revigorando minha antiga paz,
restrito, reparo em cada detalhe lindo como um defeito,
absurdo, trituro tudo o que construo como quem ama,
desesperado, enloqueço em busca de uma forma,
de uma flor em terras que sofrem guerra.

Mas mesmo assim permito-me reparar em tanta coisa,
vejo-me tão abençoado e tão ardil,
sugo um mundo que me odeia,
encosto em um personagem que não me sabe,
que não me desconfia do que sou,
e escrevo, escrevo, sempre pensando num único tema,
sempre tendo um único sentir interior,
sempre o longínquo de mãos dadas com o efêmero que sou,
e me distribuo em tantos que passo a ser um,
desvencilho-me de mim para ser herói
de uma vida sem ambições ou magias,
e me perco sem esperar nada em troca,
para ver se me reencontro...


Fiquem em paz...
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domingo, julho 10, 2005

"Sim, desmascarado...."



Sinto uma necessidade absurda de acontecer,
e vejo meu mundo quase parado,
com muitos alvos pouco realizáveis,
com tantos emblemas sendo admirados apenas...

É tanta força, determinação, é um grito
que explode sem função para o todo,
gestos que consolidam minha angústia,
que antecedem o suicídio da minha verdade...

Pressiono-me, mas me vejo irreconhecível,
não crível nos meus passos cansados,
não satisfeito com meu resultado final.

Tento justificar minhas fraquezas com afagos,
ilumino tantos caminhos, arranco palavras
extintas dos que se aproximam com verossimilhança,
aconchego sem ser nunca aconchegado,
sustento veemente mesmo sem carinho,
lutando minha luta infantil sem combatentes,
tentando provar à mim mesmo
minha inconcebível visão,
provar que meus disturbios psicológicos são etéreos,
e ao mesmo tempo desesperado para definir
de uma vez o destino a que me designaram
a cumprir no descansar da minha alma relutante...


Fiquem em paz...
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