domingo, junho 10, 2007

"Posso permanecer inerte aos seus olhos...(?)"

Posso permanecer inerte e passivo a todos os acontecimentos,
posso cometer sucídios de muitas vontades no silêncio do meu quarto,
posso idealizar momentos fantásticos,
posso entrelaçar sua alma, seus olhos e corpo lindo com a facilidade que escrevo poesia,
mas quero mesmo ter a certeza do especial, quero o falar baixo,
quero olhos inflamados como os seus nos meus íntimos segredos,
quero verdades perigosas e não tão confiáveis,
aventuras ímpares que nos tornem mais vivos,
quero entreter sem precisar falar, só na troca do brilho,
só nas expressões de cada olhar, pela vaidade nítida que conseguimos corromper, por vaidade...

Poderia facilmente lhe dizer mil parábolas, estrofes, jargões, refrões, contos, haicais,
mas seria inútil descrever em palavras a intensidade, o peso, a profundidade dos seus olhos,
o impacto que me causa, a cada imagem, a cada curva escondida do meu pensamento hábil,
seria inútil lhe dizer o que quero, por quê vim, como sou, lhe dizer que não te deixaria respirar,
que não te deixaria morrer de asfixia, que suas olheiras iriam aumentar,
que iria fazer amor com você de dia, de noite,
no banho, na sala, no carro e na rua, que iria desfazer cada um dos seus penteados,
que iria marejar seu rosto com apenas um sopro no seu pescoço,
seria inútil tudo isso, confesso querendo o contrário,
querendo o contágio, sentindo saudades daquele nosso último mísero abraço...

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