sexta-feira, dezembro 26, 2003

"Apenas incomodo..."



Existem-me muitas alegrias
que me deixam cansado e triste...

Ter a sintonia na leveza
causa-me certo incômodo e constrangimento...

Querer o bem alheio
causa-me certos rebuliços desagradáveis...

Ter o dom do vôo
mexe demais com o brio
dos menos afortunados...

Ser e sentir segurança
desespera os eus de todos
ao ponto de enlouquecerem,
e na loucura desafiam
a liberdade, chamando-a de futilidade...

Não ter preocupação nenhuma
com as verdades e mentiras
coloca as artes como plano
vil e mesquinho de fuga...

Ser o que eu sou,
sendo Narcisista, sendo poeta,
causa incômodo...

Apenas incômodo....


Fiquem em paz...
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quinta-feira, dezembro 18, 2003

"Paraíso"



Caminhava um dia desses
pelos gramados dos meus sonhos,
acreditando ainda no amor
explosivo que a surpresa
poderia nos ocasionar...

Carregando o infinito de sentimentos
que tenho como fardo, esqueci
de esquecer da realidade que vivo
e já me esqueceu...

Nesse âmbito tempestuoso
encontro-me sofrido com as situaçoes
que meus próprios sintomas
de amor fazem, deixando sempre
tristeza nas plantas regadas
pelas minhas vãs poesias.

E nessas histórias que se perderam no fim
fulguram certa paixão e existencialismo,
e dentro dessa escuridão
renasceu a luz do paraíso.

Do meu paraíso...

Interior, solitário, triste,
e, acima de tudo, apaixonado pelas dores da vida...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, dezembro 17, 2003

"Rumo a Barcelona"



Desacostumei-me a viver nessa sociedade,
onde tenho que encarar e conviver
com pessoas das quais não existem
mais afinidades concretas...

Armo uma viagem para espairecer
meus ares, declaro lágrimas de poesias
para o alvo incerto dos meus dias,
com a desculpa de ser platônico o meu ser.

Planejo às escuras a realidade
que me espera de braços entreabertos,
com saudade deste corpo que esperou
outra encarnação para retornar
ao seu aconchegante e frio lugar de origem.

E nessas transições de vidas e mortes,
aprendi a aceitar as situações
simplesmente como elas são.

Destruo, a cada dia, as barreiras
que me colocaram no ostracismo...

E hoje armei a bandeira da vitória
que aqui encontrei, me encantei,
mas a levantarei naquela linda pátria Espanhola...


Fiquem em paz...
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terça-feira, dezembro 16, 2003

"Apaixonado pela vida"



Beijo daqui sua mão
como gesto de carinho,
e este afeto inexistencial
se rubrica por entre as estrelas.

Nesta constelação é exalada
o cheiro romântico da sua tristeza,
e em cada lágrima sua
um novo soneto deságua em mim.

E ao colocar tudo no papel,
passo a entender o carinho e a compreensão,
definidas pelo meu tesão e afeto.

Coloco-os em combate, faço-me presente
e sonho acordado para que no dia em que eu
estiver nos seus braços, eu consiga ser seu anjo abençoado...


Fiquem em paz...
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domingo, dezembro 14, 2003

'Morte sem enterro"



A morte
queimando-me a face
apertando-me contra o papel
com ira,
com furia,
latente e prepotente
com as quedas infimas
devorando meu respirar...

Morte,
sem rodeios me buscando
no palor da madrugada,
me inebriando,
me escurraçando desse recinto,
dessa morte sem receio,
desse tilintar sem preceito,
com o péssimo em devaneio,
com o límpido em escassez,
frio como a bruma que enreda
sua ferida....

Fim,
o fim desiludido
pela morte sem enterro,
com tanto desespero,
trazendo-me ao desterro
que jaz minha solidao,
solidao magra que degusta
do meu ser,
do meu dom,
do meu prepotente esquecer,
do meu eloquente enlouquecer...

Corpo,
corpo que nao vejo,
gélido que nao sinto,
pernúria que só vejo,
desalento que tanto desejo
nessa morte sem fim,
nesse enterro do querubim,
esse desespero querendo à mim,
nesse lavar de almas sujas,
nesse viver de sonhos límpidos,
nesse navegar de sonhos unicos,
com barocos a sós,
aeroplanos solitarios,
soleiras desgranhadas,
paredes armadas
e sonhos destroçados,
à espera do novo reencontro,
que dita os desencontros,
e que traz a esperança
para que não erre no ponto,
ainda menos que o desenho
fique apenas no conto,
que é para podermos,
sempre,
vivermos esses distantes
e inalcançáveis sonhos...

Sonhos de criança
e que nunca acontecerão...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, dezembro 11, 2003

“Esperanza”



Me despierto de un sueño para el vivir de mi destino,
destino que afloja mis mágoas y arrepentimientos,
desatina ese aspecto malogrado de esperanzas...
Me siento tan desolado, pero tan desolado...

Y ni un pequeño resquicio de una sutil esperanza
viene desaguar en mi pecho inerte a las cobranzas,
a los desacuerdos, dejándome apenas el luto por el amor,
pero que aún me incendia mis pelos cuando

mordido soy por la perspicacia de la música,
de la canción predilecta en mi pecho,
urdiendo me extasia con contracciones

desesperadas de mi aprender,
usando la poesía como puente seductora
para poder apenas vivir mi amor lírico por ti...

Fiquem em paz....
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