quinta-feira, outubro 19, 2006

"Tateio antes de ter"




Minhas mãos te tatearam solitárias essa noite,
sentia dores distintas, dentro e fora de mim,
fiquei apagado, lendo um livro incrível até muito tarde,
querendo muito lhe telefonar para ouvir sua voz de sono,
querendo muito desejar à você o que venho tentando esquecer...

Meus lábios inocentes tatearam seus olhos outra vez,
esquecidos e amaciados numa almofada azul que ganhei de presente,
uma almofada tão linda que guarda tantos segredos comigo,
que guarda tantos retratos das minhas confissões...

Meu corpo transgrediu tudo quanto foi regra nessa noite,
desabou em silêncio no escuro do meu quarto frio e impessoal,
deixei minha impessoalidade a beira de um ataque de nervos,
baixei todas as minhas defesas para me defender,
deixei aquele poema lindo que compusemos juntos esquecido e dobrado
no meu caderno velho e desbotado de poesias,
deixei meu cabelo bem arrumado, daquele jeito que você detesta,
aumentei o volume do som pra ver se não te escuto,
pra ver se consigo deixar de ouvir o que vejo com os olhos,
pra ver se deixo de sentir o que me faz nobre e sonhador,
pra conseguir entender de uma vez por todas a nossa mágica sintonia...


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terça-feira, outubro 17, 2006

"Cabelos Coloridos"




Cabelos coloridos, jogados e sem sentindo,
cabelos esfumaçados que tanto mexem comigo,
cabelos perfeitamente desalinhados, unidos aos meus,
cabelos travestidos de viagem astral,
cabelos recobertos de sonhos e estrelas,
cabelos estranhamente plugados por uma sintonia diferente,
cabelos amarrados atrás da cabeça só pra me encher de paixão,
cabelos cheirosos que amaciam meu peito,
cabelos armados para que eu puxe abarrofado de tesão,
cabelos com cachos brilhantes,
cabelos que vêem além do infinito,
cabelos que imaginam luz e cor,
cabelos que seduzem poetas que divagam na noite,
cabelos que trazem a lembrança da infância,
cabelos que fazem com que eu me apaixone diariamente,
cabelos que medem a minha tristeza e a minha alegria,
cabelos que manifestam a sede por viver,
cabelos que giram no ar como bonecos de circo,
cabelos que cismam em mostrar o ritmo da minha vida,
cabelos que indagam sobre minhas atitudes,
cabelos que dizem diretamente os meus erros,
cabelos que ditam regras novas para velhos paradigmas,
cabelos que renascem a poesia já seca,
cabelos que sintonizam a verdade,
cabelos que trazem uma nova chance,
cabelos que se deixam olhar por dentro,
cabelos que se enxergam como raridade,
cabelos que destilam a graça da sua beleza,
cabelos que me pregam peças diárias,
cabelos que se enroscam no tudo que sempre soube que existia,
cabelos que se apoderam de todos os meus sonhos,
cabelos que cantam a minha música predileta,
cabelos que filmam os meus olhos sem medo,
cabelos que são a metade dos meus,
cabelos lindos de matar, tenho uma confissão a te fazer:
eu juro pelos seus cabelos, que seu gosto eu preciso ter,
que seus cabelos eu preciso ser,
que seus sonhos impreterivelmente eu preciso viver...



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quarta-feira, outubro 11, 2006

"Ser músico"



Ser músico é respirar a grande verdade que nos cerca,
é transparecer grandes detalhes com os olhos fechados,
é sentir dores e incertezas para transformá-las em poesia...

Ser músico é recitar todos os sorrisos,
é transbordar as pessoas sem preconceito,
é reviver a fantasia de todos os adultos,
é brincar de ser feliz com apenas um gesto gentil...

Ser músico é ter a inevitável destreza para o mundo que nos cerca,
é tratar essa imensidão tão rica e conturbada com carinho,
é se doar com a leveza do pouso de um flamingo em águas calmas e frias,
é tratar o próximo como uma criança trata os seus sonhos...

Ser músico é ser fiel a tudo o que se imagina,
é transformar aquela dissonância que não nos deixa dormir
em algo sublime,
é corresponder-se com corações muito diferentes dos nossos,
é transmitir-se até com quem pensa demais,
é transformar pessoas que não esperam mais nada delas mesmas,
revivê-las ao ponto onde possam novamente fechar os olhos
e entenderem o verdadeiro significado de suas escolhas...

Ser músico é captar a essência do universo,
é transcender o óbvio,
é enxergar e apaixonar além do limite,
é aproximar todas as almas especiais de outras vidas em nossos corações.

Ser músico é deixar-se aberto para ouvir todos os sussurros com a imaginação,
é deixar ferver o sangue com a alegria de um sol nascendo,
é ter sensações tão nobres quanto advinhar desenhos novos em nuvens claras,
é como sentir o pulsar magnífico de uma mulher apaixonada,
é como soprar desejos de mansinho em lábios largos e claros,
é como guardar segredos incríveis, sem medo de ser descoberto...

Ser músico é o grande dom dos seres pensantes,
é a grande arte que complementam os poetas tristes,
é a incrível mágica com que degusto meus dias...

terça-feira, outubro 10, 2006

"Minha poesia para almas especiais" - A.N.




Poesia é a arte que poucos sabem entender,
é o novo grande amor ao aquém
sendo transfigurado em palavras...

Poesia é a quebra de sigilo do sentimento,
é o contentamento dos pobres e a luxuria
como fragância para os endinheirados...

Poesia é a composição perfeita à eternidade,
onde tudo significa nada,
e o nada define em si a mensagem.

Poesia é o sopro leve da brisa,
é a sinfonia ao maestro dos sons,
a tela ao maestro das cores,
é a vida do maestro das letras...

Poesia é o renascimento da nova natureza,
é o sibilar dos pássaros extintos,
é o roncar dos troncos mortos.

Poesia é o paraíso do pobre perdedor,
é o descanso do aqui vencedor,
é a eternidade para o vão escritor...

Poesia é o meu sangue,
em forma de palavras,
em forma de poesia...

quinta-feira, setembro 28, 2006

"Silencio"




Silêncio...

Tem alguma coisa acontecendo aqui dentro de mim,
tem alguma coisa destoando do contexto,
ferindo a imagem nunca cuidada,
simbolizando novas formas para minha forma sem forma...

É impossivel a capacidade do seu corpo
mexer com o meu,
deixar minhas pernas trêmulas e meu peito em torpor,
é causticamente abalável as suas estripulias,
as suas brincadeiras de criança já adulta...

E eu me vejo ali debaixo do seu palco,
prepotente, egocêntrico no meu mundo de palavras decoradas,
te vendo de ponta cabeça,
te sentindo sem que você saiba,
te redesenhando nos meus sonhos para aliviar minha libido,
te transformando em noite só para ver o meu dia clarear em seus braços...

Tento lapsos, tentativas em vão de me conectar com o seu carisma,
sorrio o meu sorriso mais cafajeste,
tendo a certeza de que não serias capaz de resistir,
declamo o melhor dos meus poemas num sussurro que julgo ser arrepiante,
declaro abertamente uma guerra para conquistar a sua atenção,
para conquistar o seu riso suado no meu pescoço carente,
para deixar de sentir a solidão que venho inutilmente camuflando...

Silencio para escrever um novo poema,
novas frases que novamente você deixará de ler,
novos versos incoerentes ao seu extenso português...

sexta-feira, setembro 22, 2006

"Energia do nosso olhar"




Ela é linda, espevitada, sapeca, charmosa,
ela pula no chão cheia de graça,
ela é lírica de boca fechada,
expressando tudo com os olhos,
dizendo a mim que sonha como eu,
que sente como eu tudo intensamente,
tudo incrivelmente sem controle,
tudo unicamente sem conceito,
tudo junto, separando cada frase pra cada olhar,
chorando e sorrindo por dentro,
descobrindo em mim o que nem eu ainda pude ver,
me transbordando sem saber quem somos,
me iludindo nesse sentir platônico
tão gostoso e bonito de se ver,
virando de ponta cabeça minha ainda única noite...

Tudo tão novo, tudo tão semelhante ao que tanto fui discriminado,
tudo tão de repente, tudo tão óbvio pra mim...

Como posso agora seguir meus passos
sabendo que seguem os mesmos passos meus,
sabendo que filmam o que meus olhos filmam,
sabendo que dançam o que minha alma clama...

Eu tive sorte nesse novo sonho,
eu tive calma nesse novo mundo,
eu tive perspicácia nesse novo sintoma,
eu tenho paciência pra esperar o novo encontro de nossas mãos...

Eu tenho um segredo enorme pra te contar,
eu tenho uma verdade na ponta da lingua pra segregar,
eu tenho um vinho guardado na geladeira,
um vinho bom, desses caros, espumante importado,
menos gostoso do que quero te proporcionar,
menos valioso do que quero te fazer viver,
menos saboroso que a energia do nosso olhar...

terça-feira, setembro 12, 2006

"Dias contados"



Estou me perdendo por muito pouco,
estou me deixando levar por uma máscara que não cabe em mim,
estou fingindo que me sacio com uma migalha a cada dia,
a cada nova figuração que venho constantemente vivenciando.

Quero me desprender de todo esse ócio,
de toda essa necessidade falsa,
de toda essa pose que não me convence por completo,
de toda essa papagaiada que todos acreditam,
menos quem realmente importa...

Quero alçar o vôo que sou capaz,
quero me soltar dessas agarras imundas que tratei e cuidei com tanto amor,
quero sair dos lugares de cabeça erguida,
consciente de estar fazendo de mim o que sempre sonhei,
convicto de que meus fardos têm realmente de ser aqueles que não carrego hoje.

Ontem tive um sonho, desses que a gente tem acordado,
e tomei uma decisão difícil, tomei a decisão de ser eu na íntegra,
de me encarar sem medo do que pensem,
de ir além dos meus passos de hoje...

Hoje eu acordei sonhando minha realidade,
acordei sabendo o meu dia de amanhã,
acordei sabendo que esses meus dias estão contados...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, agosto 25, 2006

"Alma em desenvolvimento"



Sou uma alma em desenvolvimento,
sempre cheia de vontades de você,
sempre cheia de saudades incríveis,
sempre farta de hipóteses que nunca se realizam.

Sou uma alma em busca da grandes descobertas,
em uma luta armada de preceitos,
em uma guerra quase sempre solitária,
num estágio como sempre ultrapassado...

Sou uma alma que transita pelos becos
dos sentimentos mais escuros,
sou uma alma desesperada em busca
das mais adversas sensações.

Sou uma carne que deseja muito,
sou uma estranha vontade de amar
a qualquer custo,
sou uma alteração corportamental
no mesmo ciclo morno do cotidiano...

Sou uma frase de efeito ainda desconhecida,
sou uma música antiga nunca tocada,
sou uma comparação nunca feita por ninguém,
sou uma melodia inteira fora do compasso...

Sou uma fruta diferente dentro mesma colheita de sempre,
sou um desembainhar de uma espada há muito enferrujada,
sou um disvirginar múltiplo em cada situação já decorada,
sou uma redescoberta que fingem todos os dias não existir...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, agosto 17, 2006

"Balas de goma"



Como balas de goma para esquecer da solidão
que me acomete ao suícidio de tantas histórias
que sempre cri serem incríveis, e que são
opacas ao sair da minha boca, da minha mente confusa...

Aumento o som pra não ficar o dia todo
escutando o ranger enferrujado das minhas derrotas,
tento disfarçar de mim mesmo essas tantas fraquezas,
essas tantas manias inferiores que me perseguem,
e vou determinando no meu novo dia novas atitudes,
dizendo aos meus passos perdidos por onde andar,
o que sentir, o que dizer em vão como sempre...

Até cair na real e perceber que estou sozinho na sala,
que acordei mal humorado, coloquei minha música predileta
pra tocar no som do banheiro, tomei um banho rápido e morno
como estou me sentindo, me troquei com a mesma roupa suada
e velha de ontem, por não ter vontade de melhorar a forma
com que me vêem, dirigi calado, fiquei calado até quando levei
uma brusca fechada de outro carro no trânsito,
fiquei calado por não ter forças de expor meu sentimento de revolta,
por não ter forças de expor meu sentimento alheio,
cheguei ao trabalho atrasado, comi meu ácido abacaxi matinal
e menti para mim mesmo e para quem me procurou de que estava tudo bem...

E agora escrevo, sem rumo, sem vontade de fazer nada,
sem estímulo para crescer na vida profissional,
sem impulso poético para escrever sobre amor,
sem tesão pelo resto do dia, esperando apenas o fim,
o fim do dia, do sufoco que uma noite como as que não tenho tido
possa me proporcionar, esperando uma luz cair do céu,
esperando um milagre que me ensine a não perder meus dias
a comer balas de goma para esquecer da solidão...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, julho 28, 2006

"Tempo para sorrir"



Hoje estou triste, como se estivesse vivendo. Triste por ver tantas coisas ao meu redor e me redimir fantasioso. Tento olhar para fora desse sufoco que cismam em me reconfortar como sendo passageiro, mas é sempre tudo tão em vão, é sempre tudo com sentimentos somente de um lado. Decidi dessa vez mudar, ao menos por uns tempos, tentar reproduzir um sabor que não me é natural, tentar ao menos por momentos ser insosso e neutro, tentar não ter crises de ansiedade para com tudo o que me cerca, para ver se consigo ficar tranqüilo e alheio a essa loucura que me persegue. Decidi hoje só escutar Mpb, para fugir daquele medo, para fugir daquela antiga guerra que de vez em quando bate à minha porta e que tenta me imaginar em outro estado de espírito. Decidi hoje ler o mesmo livro de antigamente, para redescobri-lo em uma outra perspectiva, para reescrever uma mesma poesia de anos atrás com outros olhos. Decidi hoje conversar abertamente sobre minha poesia e meus anseios com uma pessoa que não conheço, mas que se demonstra tão próxima que acredito fielmente. Decidi hoje acordar e me elogiar por me sentir mais magro, decidi hoje ouvir aquela música triste e longa que eu tanto adoro logo de manhã, decidi também diagramar meu dia, pôr cores em cada pedaço de tela e papel que vejo, decidi escutar uma música nova, decidi por tantas coisas, e não passa da primeira metade do dia. O que eu não decidi ainda é sobre o meu futuro, ainda não decidi se vou decidir ser feliz ou triste, sozinho ou com muita gente ao meu redor, ainda não decidi se amanhã vou fazer amor ou ficar bêbado, ainda não decidi também se vou tocar alguma alma necessitada só por jogo ou se vou dizer a verdade, mesmo que machuque. Ainda não decidi com que roupa vou me mostrar ao mundo hoje, se com aquela amarela velha, ou se com a velha camiseta preta desbotada com marcas de solidão impregnada nelas. Ainda falta decidir tanta coisa que não sei se terei tempo de sorrir...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, junho 23, 2006

"Você que é"



Você que é lírio, som, toque, amor,
você que é linda, meiga, sedutora,
você que transpassa o silêncio com seu silêncio,
você que emociona por ser a flor da pele,
você que vibra, deita, chora,
você que ri, geme, sua,
você que sorri como quem olha o mundo além do olhar,
você que sonha junto dos meus sonhos,
você que deseja tanto quanto eu,
você que se aventura pela sua realização,
você que grita, ousa, clama,
você que acompanha as minhas loucuras,
você que aceita minhas inconsistências,
você que ultrapassa todo e qualquer entendimento,
você que quebra as barreiras do limite,
você que seduz como quem se joga ao vento,
você que me desatina uma saudade imensa,
você que aproveita nossa imensidão,
você que enlouquece meus preceitos,
você que se deixa enlouquecer pelos meus sonhos,
você que cheira como as flores,
desatina sem saber uma vontade absurda,
uma saudade pesada no peito,
uma imaginação fértil na pele,
uma irradiação linda nos meus olhos...


Fiquem em paz...
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terça-feira, junho 20, 2006

"Aprendi"



Finalmente estou convencido sobre o real
significado do amor explorado nos livros,
como este que sinto cada dia mais aflorado,
cada segundo mais delicioso de ser vivido.

Passei a compreender uma nova importância
para a chuva, vivenciando-a agarrado
no calor de um abraço reconfortante,
dormindo sem pressa por não poder ir à praia nesta tarde.

Relembrei dos arco-íris que me seguiram
por toda a Argentina, sempre seguido do sorriso
e do brilho dos olhos dessa mulher
que me deixa sem palavras sempre...

E hoje, na avenida Paulista, me perdi por completo em você,
folheando livros e mais livros sem interesse de comprar,
apenas para sentir o cheiro tão doce e suave,
que exalamos quando estamos juntos, por mais tempo...

Estou entregue, pluralmente entregue a essa loucura mágica,
mais consciente de todos os sentidos,
musicalmente purificado por tal grandiosidade,
e incrivelmente coberto com as cores dessa experiência singular...



Fiquem em paz...
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quinta-feira, abril 27, 2006

"Metade de mim"



Você é tão linda quanto nuvem clara em céu azul,
é tão mágica quanto lua cheia com céu estrelado,
tão aconchegante quanto um mergulho em mar sem ondas,
tão saudável quanto beber água-de-côco no sol forte...

Você é tão apaixonante quanto uma tarde sem compromissos,
quanto uma fruta tirada do pé,
quanto um passeio sem pressa por entre as borboletas...

Você possui a incrível proeza de ser incrível
com tanta naturalidade que me deixa
cego por todas as minhas fantasias,
por todo o deslumbramento que sinto ao seu lado...

Você ri tão fácil que embeleza minha vida,
fala tão doce que me comove por dentro,
me conta tanta coisa boa que me perco
em suas palavras, só pra ouvir você repetindo tudo de novo...

Você, meu amor, é a razão da minha completicidade,
é a metade de mim que estava me procurando por aí...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, abril 07, 2006

"Minha mão não toca mais você..."
André Neves e Marcela Spindola



Eu não vou quebrar, as mesmas coisas de antes
eu vou deixar essa quantidade imensa de migalhas
para você, tão desesperado por atenção,
tão cansado de insistir em me agradar...

Deixei em um quarto escuro as lembranças
que foi a nossa farsa, deixei tudo ali, sem esconder nada de ninguém
tudo aquilo que te envergonhava e me fazia tão completa
nas minhas idealizações, no meu jogo nulo de ser eu...

Tantas vezes pensei me deixar levar pelo vento
pra esquecer a dor de não ter mais a alma que antes me acompanhava
agora sou suja e vazia, estou extravasando coisas que não me agradam,
estou doando minha vida a quem tem o luxo de não se preocupar
em olhar para o lado, estou escrevendo poesias em segredo
a quem não merece sequer meu respeito...

Sigo, partida, desolada, inconsequente em uma parábola
escrita por uma só mão, e o o piano já não toca mais as mesmas
canções que me faziam feliz e realizada...

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

"Agente de sonhos"



Onde está o meu agente de sonhar sonhos bons?

Em qual esquina das minhas tantas ele se perdeu, deixando o seu rival tomar conta das minhas conturbações?

Estou procurando-o feito doido, porque sem ele não consigo mais sentir cheiro, não consigo mais sentir sabor, não consigo mais sentir o que me completa, pois todo o meu viver é baseado em sonhos, todo o meu viver e todas as minhas aventuras são limítrofes sem esse agente...

Será que ele é bêbado, será que ele anda tomando êxtase escondido de mim, com medo que eu roube metadezinha, pra ver se esqueço essa saudade insistente que anda furando meu sorriso?

Ou será que meu agente se casou com minha paz e fugiram pra um deserto bem desconhecido? Estou sentindo a falta dela também...

Já não basta procurar respostas pra minhas tantas incertezas, já não basta ter que ser muito forte e destemido pra esquecer quem não se faz de jeito nenhum esquecida, já não basta ter que ser corajoso pra ligar só até o penúltimo número, chegando perto demais do alívio, será que já não basta ter que reinventar esse gostoso sentimento diariamente, reconquistar todos os dias, enaltecer em todos os poemas, energizar em cada toque escondido de mãos hábeis, já não basta o esforço desprendido para ser ávido, para amar com os olhos sem que vejam que amo com os olhos, sem que descubram que ardo por dentro, que explodo por fora, que choro ao tentar dormir?

Será que paguei mal meu agente? Será que ele se sentiu um agente penitenciário de Febém?

Se alguém souber onde ele está, avise que preciso que ele volte pra colocar minha vida no lugar, avise que o seu desprezo machuca o eterno amante e o amigo fiel, avise que o cheiro do seu sonho está impregnado em mim, avise que está difícil viver sem ele pra me fazer rir fácil, pra me fazer suar de tesão, pra ficar grudado nos lencóis, avise, pode ser qualquer um que o encontre, que sem ele não dá pra ficar, é chato, é lúcido, é bicolor, é morno, é silêncioso...

Volte, que eu vou cantar a nossa música predileta !



Fique em paz...
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sexta-feira, dezembro 16, 2005

"Pelos cantos, pelas entrelinhas"




Muitos ousam dizer que sou um cafajeste,
e eu treplico, com toda a minha angústia cega,
que sou um benfeitor às almas humanas,
pois as ensino a amar na essência do amor,
as reverencio como sempre sonharam em serem reverenciadas,
multiplico-as em troca de um sorriso verdadeiro
nesse mundo de dementes.

Eu me construi poeta para satisfazer os desejos
dos seus olhos doces e puros,
eu me transformei num amante sem limites para satisfazer
aquela fantasia tão bem guardada há anos,
eu arduamente me conquistei para te conquistar,
me revirei para te revirar,
aprendi a te adorar para ser adorado por sua alma
relutante e perceptiva

Degustei sozinho todas as sensações possíveis,
imaginei cenas e situações incabíveis a uma pessoa sã,
fiz de tudo para me parecer lógico nesse meu mundo
de sonhos e abstrações,
para te fazer compreender de vez que meus sintomas
tão malucos são reais,
que minha satisfação contigo suada em meu colo é única,
que seus lábios nasceram para serem mordidos pelos meus,
que renascemos para contar a nossa história nas entrelinhas...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, dezembro 07, 2005

"Fruta sem fruto"



E o meu peito, e o meu sangue,
e o tudo que me repete tanto,
tantas palavras perdidas,
tantos sentimentos sem sentido

Tudo acaba se transformando
na história sem personagens
que tanto me entrega,
que tanto me engana

E me isolo carente, ausente
austero, astuto,
premeditando tantas coisas,
coisificando as simplicidades,
sentindo os detalhes tão prematuros.

E meu recheio vai ficando mais amargo,
como uma fruta que passa do ponto na fruteira,
com as drosophilas corroendo cada pedaço,
cada curva, cada sentimento.


Fiquem em paz...
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quinta-feira, novembro 24, 2005

"Como nos velhos tempos"



Acordei com uma vontade imensa de dizer ao
mundo as palavras e pensamentos que percorrem
dentro de mim.
Descobri que a cada dia que se passa, as pessoas perdem
sua autenticidade, sua intensidade e sua personalidade.
Prisioneiros de uma idéia e de um mundo globalizado,
as pessoas viraram egocêntricas, individualistas e por que
não dizer "fantoches" de frases, modas e pensamentos ditadas
por alguém.
Voltamos a era da escravidão. É isso, somos escravos novamente.
Escravos modernos, mas escravos do dinheiro, da televisão, do
capitalismo, do modismo, da vida fácil, da corrupção, da modernidade ...
"Somos estranhos em nossas casas."
Salve o campo, o cheiro da terra, do interior, do trabalho, do respeito,
da pouca modernidade, das fazendas, dos lampiões a gás, da chuva,
da roça arada, da cachaça de alambique, da ignorância ...


Texto: Guilherme Bim

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quarta-feira, novembro 16, 2005

"Novo ciclo"



Dizem que às vésperas do término do nosso ciclo
entramos em um inferno astral,
e só posso dizer que se o que vivo
estiver nessa fase, quero passar o próximo
ciclo no meu inferno astral.

Ganhei antecipadamente presentes e gestos
que me marcaram demais, recebi pessoas
de coração aberto e carinho suficiente
para deixar um mundo inteiro condolente,
e ultrapassei todas as formas e barreiras
conduzindo minha vida a uma plenitude muito rica.

Transbordei, arranquei lágrimas de amor,
errei ao derramar lágrimas bravas,
emocionei, em nenhum instante que tenha
recordação fui morno ou indiferente,
fiz e falei o que gostaria de ver e ouvir,
ousei e fui absurdamente bem recompensado,
e estou confiante na beleza e na leveza
que meu novo ciclo me proporcionará,
com as mesmas convicções dos meus sonhos
e com a mesma reprocidade amorosa que meu
coração observador pode conceder...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, outubro 31, 2005

"Gosto pelo sereno"



Sinto uma grande atração
pelas noites abraçadas pelo sereno,
pois ele molha do jeito que eu quero
as terras, para eu colher flores
que tanto recheiam minha adoração por presentear.

E do mesmo jeito que gosto do sereno
gosto dos anseios e da contra-mão
que por vezes acomete-se
nesse meu tresloucado aprendizado mundano.

Cada pedra atirada contra meu rosto
faz minha pele mais resistente na cicatriz,
minha mente mais conhecedora de quem não suporto,
mais vívida pela falsidade constante
que cuidei e criei com afeto.

Cada porta tão cegamente fechada às pressas
ao meu sorriso me transporta ainda mais
à sutileza do meu mundo, à magia
daquele ambiente forrado de gente que se
orgulha por ser inteligente e livre.

E vejo tantos muros levantados infundavelmente,
tanto trabalho feito sem saberem em prol do meu conforto,
tanta luta sendo batalhada sozinha,
tanta paz no meu espírito
que me transbordo de agradecimentos
ao meu sábio companheiro destino...


Paz e sorte pra quem precisa muito...
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quarta-feira, outubro 05, 2005

"Medo de infância"



Sou um adjetivo corrompido
dentro da exaustão de ser o que sou.

Miro alvos milimétricamente,
mas minhas flechas sempre arrebatam
a cruz errada, constantemente me
depreciando em tudo que com afinco construo.

Torno-me mágico por dias a fio,
treino malabares com os meus sentimentos desencontrados,
e fico confuso com esse tudo que me sucede,
muito perdido nesse não sei o que fazer,
nessa angústia surda de não saber por onde ir...

Meu braço dolorido reclama da tristeza
que o não-reciproco me traz,
mordo o dedo para acordar
e me descubro causticamente desperto,
solitário, amante, enjaulado.

Abro a janela, ligo a TV para escutar
um pouco de música que não me agrada,
disco até o penúltimo número do seu telefone
e desligo com receio de acordar
quem não me deixa dormir,
me podo das mais perversas formas,
para me demonstrar tranquilo,
quando na verdade estou desesperado
não querendo reviver meu maior trauma de infância,
que é o meu medo de perder...

Fiquem em paz...
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sexta-feira, agosto 19, 2005

"Na espera de um milagre do tempo"



Estava dormindo e acordei de repente, querendo te contar uma história que se passa dentro de mim...
Fiz uma analogia ao que eu sinto por você com um celular.
Cada hora sem você vou diminuindo, vou ficando mais fraco, necessitando uma nova recarga, e percebi que depois de um final de semana que ficamos colados um no outro, a segunda-feira passa tranquilinho, com carga cheia na lembrança gostosa do amor desprendido nos três dias anteriores, na terça-feira já começo a dar sinais de fraqueza, mas ainda aguento firme, mas na quarta-feira já amanheço descarregado, disperso, pensando na possibilidade de te surpreender com uma visita no meio da noite, na quinta-feira acordo sem conseguir ligar, fico desligado do mundo relembrando com aquela saudade doída pela quantidade exagerada, e não consigo prestar atenção em nada, meu corpo implora pelo seu, não consigo me conter, não consigo parar de pensar nas minhas mãos felizes passeando pelo seu corpo torneadinho, e fico lesado, perdido, insône, até que tropeço na sexta-feira e acordo esperançoso, audácioso, reenergizo-me para conseguir me arrastar até o último conselho dos seus mestres, e aí sim, me esbaldo nessa intransigência, me acabo nesse sem regras que é viver ao seu lado, me distancio do mundo para afunilar meu coração por você, e me deleito passeando mão, boca na nuca, peito com peito, perna com perna, pêlo com pêlo, sonho com sonho...
E volto o relógio várias vezes para você não perceber que está tarde, tento te embebedar no domingo para que você acredite que ainda é sábado, tento todas as formas possíveis para me manter ao seu lado, mesmo que imóvel, mesmo que cansado, mas fico firme, à espera de um beijo macio e excitante, à espera de um afago, à espera de um milagre do tempo...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, agosto 10, 2005

"Obrigado"



Eu, andrajo desmoronado que sou por dentro
fui obrigado a me refazer em poesia para
cintilar por todos os arredores,
para causar uma impressão errônea do meu verdadeiro
estado de espírito desviado do normal.

Aprendi, dentro dessas obrigações diárias,
a me portar como um louco em festas sociais,
a usar meu temperamento contra mim,
a disputar todos os meus risos com todos,
consagrar minhas vitórias em silêncio,
dentre tantas arrogâncias que até me falho na memória.

Aprendi a ler, a escrever, a julgar e a perdoar,
me tornei cego aos temas que não me agradavam,
adocei dissabores incríveis, caminhei até meu ciático doer,
adormeci recostado na mais dura pedra do meio do caminho,
remoi tantos paradigmas, remexi com tantos sonhos
que hoje chego a sonhar que um sonho pode ser um sonho.


Fiquem em paz...
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sexta-feira, agosto 05, 2005

"Fui tudo quando trai sem trair..."



Fui sugado pelo desespero de subverter tudo o que está ao meu redor. Fui ousado quando ousei ousar. Fui fantástico quando me calei para ouvir palavras que não me serviriam para nada. Fui universal quando sorri e pude ver a doçura do mundo se abrindo aos meus pés. Fui saudável quando desisti. Fui brilhante quando desisti do sonho para procurar um sonho. Fui perspicaz quando tudo me parecia rebeldia, e me transformei no ator sem platéia que sou, equilibrei-me para seduzir minha mãe, minha falecida avó, fui triunfal quando consegui levantar da cama com o bom humor que me persegue, e desencadeei uma sucessão de fatos, uma sucessão de erros e acertos e erros e erros, até chegar no climax do meu fervor, e percebo, desatino, pulso um caminho parado, vivencio uma fuga sem rumo, uma aventura sem graça, sempre me perguntando o porquê de levantarmos e brilharmos a aura a outrens antes de ascendermos a nossa, e as nossas escolhas, escondidas, apagadas, trituradas pelos nossos medos. Mas e se eu pedisse a mim mesmo e a você, que é parte de mim, para que não sentisse medo, que não transparecesse horror, de que nos adiantaria, se estamos apenas preocupados com os nossos braços atados sempre aos braços atados de quem não nos quer? E por que não mudamos, não buscamos uma mesma história em outros personagens? Por medo do abandono? Do se revelar sem ser revelado?
Eu forjei tantas regras, inventei tantas histórias, minuceiei tantos dicionários, mas apenas fui excepcional quando pude trair sem trair minhas verdades...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, agosto 03, 2005

"Crise"



Em suma, somos uma crise existencial de um pedaço de mal caminho.
Imploramos pelas princesas e príncipes, principiamos uma história como aquelas dos livros que líamos por obrigação para o vestibular, suspiramos, marejamos nossos olhos e embargamos nossas crianças, derrubamos tudo por um olhar, por uma simples atenção desprendida a todo instante, e quando o conosco nos acontece, nos precavemos de tal forma, nos culpamos de tal forma, que carecemos de ilusão de um psicólogo, de um tratamento único para aprender a amar.
Acho psicólotras do amor uns idiotas e mentirosos, impõem a si mesmos a incapacidade de enxergar o óbvio, deturpam a poesia, deturpam as palavras com engrandecimentos falsos, com religiões e paz de espírito que estão destroçados, e deixam de ver e sentir o abraço, o afago, a ternura.
Não sei se me encontraria novamente num mesmo local esperando aquele alguém inválido, não sei se me cegaria a olhar a minha pasta ao ponto de não ver rabiscos, não sei se sentiria nojo do seu beijo, não sei se conseguiria me firmar como seu príncipe, não sei se conseguiria encolher meus ombros de arrependimentos, só sei que você poderia ser feliz envolta nos meus sonhos, só sei que te daria mais orgasmos em um mês do que você teve em vida, só sei que você seria eterna nos meus poemas, nas minhas lágrimas, nos meus objetos, na minha lembrança vazia de você...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, julho 21, 2005

"Dessa vez?"



Hoje chove, é mais que noite dentro de mim
e transeunte comum que sou me desfaço
para compreender o caos em que sobrevivo...

Tenho vontades incríveis, de parar o mundo,
de sussurrar minhas verdades, regurgitar
verdades ilusionárias de poesia,
vontade de urdir do fundo do asfalto
as raízes que nos enredam e definir
o ritmo, a rima, a paixão para com tudo
que é tão falso e que calados acreditamos.

Paro, remoendo meus medos, revigorando minha antiga paz,
restrito, reparo em cada detalhe lindo como um defeito,
absurdo, trituro tudo o que construo como quem ama,
desesperado, enloqueço em busca de uma forma,
de uma flor em terras que sofrem guerra.

Mas mesmo assim permito-me reparar em tanta coisa,
vejo-me tão abençoado e tão ardil,
sugo um mundo que me odeia,
encosto em um personagem que não me sabe,
que não me desconfia do que sou,
e escrevo, escrevo, sempre pensando num único tema,
sempre tendo um único sentir interior,
sempre o longínquo de mãos dadas com o efêmero que sou,
e me distribuo em tantos que passo a ser um,
desvencilho-me de mim para ser herói
de uma vida sem ambições ou magias,
e me perco sem esperar nada em troca,
para ver se me reencontro...


Fiquem em paz...
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domingo, julho 10, 2005

"Sim, desmascarado...."



Sinto uma necessidade absurda de acontecer,
e vejo meu mundo quase parado,
com muitos alvos pouco realizáveis,
com tantos emblemas sendo admirados apenas...

É tanta força, determinação, é um grito
que explode sem função para o todo,
gestos que consolidam minha angústia,
que antecedem o suicídio da minha verdade...

Pressiono-me, mas me vejo irreconhecível,
não crível nos meus passos cansados,
não satisfeito com meu resultado final.

Tento justificar minhas fraquezas com afagos,
ilumino tantos caminhos, arranco palavras
extintas dos que se aproximam com verossimilhança,
aconchego sem ser nunca aconchegado,
sustento veemente mesmo sem carinho,
lutando minha luta infantil sem combatentes,
tentando provar à mim mesmo
minha inconcebível visão,
provar que meus disturbios psicológicos são etéreos,
e ao mesmo tempo desesperado para definir
de uma vez o destino a que me designaram
a cumprir no descansar da minha alma relutante...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, junho 23, 2005

"Por que será?"



Por que será que as pessoas me ligam tanto enquano tento dormir?
Será que elas não percebem que sou um só e que sinto um monstro escuro e perdido dentro de mim?
Será que tenho que ter forças e escudos para dissolver meus traumas e ajudar os tantos pobres de mim, que ainda são mais fortes do que os meus fortes?
E repenso em tudo, reviro meu sentimentos, revejo minha auréola, minha hipocrisia percebendo que não tenho mais como chorar, que não tenho mais como prever, que não tenho mais nada dentro de mim por medo, por fraqueza, por verdades adormecidas.
E meus tantos sonhos?
Quanto tempo mais irei ficar dormindo atendendo aos pedidos de todos e deixando de atender os meus desesperos, os meus berros que só eu escuto?
Desligo, desfecho, desleixo, fecho todas as portas dignas para tentar abrir o meu céu, designo tudo a todos e todos sequer me escutam, desatino um teor malogrado para tentar vencer, e me frustro por não conseguir a verdade que recheia minhas vontades...

Regurgito, para que eu possa ser feliz, quem sabe um dia...



Fiquem em paz...
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sábado, junho 18, 2005

"Tudo quanto"



Nos encontramos hoje assim,
a solta, buscando sonhos e realizações tão perdidas,
tão insolúveis, tão frívolas...

Prendemo-nos a certos rancores
díficeis de lidar, quase impossíveis
de esquecer, e esquecemos o tudo
que nos cerca, negligenciamos
a roupa constantemente suja que somos,
ocultamos o desmascarar diário para não ser desmascarado,
o lutar sem regras para não morrer na praia da solidão.

E me sinto hoje plágio do que fui
com o que gostaria de ser,
num universo tão conturbado que custo a acreditar na verdade que me tornei,
e nas dificuldades que enfrento para exercer minha personalidade calma e coerente.

Tudo como uma fábula real,
tudo tão incoerente e incerto como meu presente,
tudo tão estreito quanto minhas certezas,
tudo tão deturpado quanto meu estilo de vida...


Fiquem em paz...
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terça-feira, maio 24, 2005

"Eu te ter você"



Eu te lua minguante,
eu te algodão doce,
eu te sorvete napolitano com calda de chocolate e mm´s,
eu te abacaxi,
eu te leite quente no frio,
eu te sonho de valsa,
eu te chuva,
eu te rocambole de morango,
eu te água gelada,
eu te domindo a tarde no parque,
eu te música,
eu te poesia,
eu te manga doce,
eu te chocolates finos de Campos de Jordão,
eu te poesias de Fernando Pessoa,
eu te com você debaixo do edredon,
eu te stragonoff de frango com batata palha e cogumelos,
eu te formatura de faculdade,
eu te praia de palmas,
eu te cachoeira,
eu te fim de semana no campo,
eu te noite bem dormida,
eu te arco-íris,
eu te margarida,
eu te frio,
eu te madrugada,
eu te brigadeiro,
eu te você...

Fiquem em paz...
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terça-feira, maio 10, 2005

"Hora certa"



Se a hora fosse certa para viver,
do que viveria eu?

Das incertezas dilacerantes
que meu coração sente nesse amor de mentira
que passo meus dias regando?

Dos passos incertos que eu vanglorio
por não ter certeza de nada?

Das confissões que venho ridiculamente
fazendo no meu caderno de borrões inúteis?

E se eu transformasse tudo o que vivo
em uma história linda, daquelas de livro,
seria respeitado?

Seria honesto continuar conquistando
pela visão antecipada que tenho das almas sedentas?

E eu, que papel tenho eu no mundo?
Comediante de peças irrisórias e fúteis?

Palhaço de picadeiro sem público?

Escritor sem conteúdo numa terra inefável?

Patético sentido mórbido que defino a tudo
que cismo em acreditar que me faria feliz...

Patético levantar e se deitar que dedico
a mim todos os dias, na primeira página
do meu livro nunca começado,
da minha epígrafe destituida de verdade...

Verdade que nunca sorri para o falso poeta...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, abril 28, 2005

"Espero o quanto precisar..."




Espere! Ainda mal começamos a brincar e você já está indo brindar
suas decepções com seus amigos?
Espere! Ainda tenho que tentar aclamar suas derrotas,
ainda tenho que enaltecer seus podres e teoremas,
ainda tenho tanto a denegrir da sua imagem mentirosa
que fico com medo, com muito medo de começar...
Na verdade, me sinto tão perdido que ainda não sei
se devo tocar nessa ou naquela ferida, ou, quem sabe,
nas duas de uma só vez...
Espere! será que a mentira serve só para mim,
será que ser enganado por nada que valha a pena
é sintoma da minha loucura por você?
Espere! estou enlouquecendo e não estou percebendo,
ou você realmente canta em meus sonhos como quem canta
em um jardim imenso, com muitas flores sem folhas?
Espere! Quem somos, como fomos feitos, e onde paramos,
e quando passamos a decidir o que somos?
Espere! Sinto-me sendo de algodão-doce, sinto-me feito
de pedras, de granito - pois me sinto valioso -
mas me sinto tão frio quanto tudo isso.
Espere! Cante para amenizar minha dor, ela soluça
como quem precisa de comida, ela descabela-me
como descabelo-me ao pensar na sua derrota.
Espere! Cale a boca e escute meu coração dizendo que te ama.
Espere! Não fique silenciosa desse jeito,
não fique sem responder minhas súplicas,
não me deixe enforcado pelo que mal começou...
Espere! Desconfie de mim, por favor, eu não sou o que você
pensa que eu sou. Sou ruim pra dedéu, sou mal,
sou repulsivo, sou de escorpião e me mato por ódio,
sou trancado no meu mundo de sorrisos.
Espere! Preciso te contar o maior de todos os segredos,
aquele que você tentou roubar de mim,
o segredinho ridículo de que nunca senti nada,
a não ser status, muito status por você.
Espere! Não se confunda, preciso dizer tudo...
Não, não vá embora, preciso que fique,
preciso de você, não me deixe abrir a porta,
porque quero voltar até você, e se eu abrir
não mais voltarei...
Espere! Abra você, preciso ir, não me deixe abrir.
Espere! Preciso apontar essa coisa fria para o seu peito,
preciso engatilhar esse troço que comprei ontem,
preciso apertar essa meia lua...
Espere! Sim, espero...
Quer dizer que me ama?
Espere! Preciso sentir seus lábios, preciso de um último beijo...
Espere!
Não, não mais espero...
Preciso descansar na minha paz forjada e recheada de mentiras...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, abril 21, 2005

"Raios cor de céu"



Estive ali, defronte aos fatos óbvios, tanto tempo
que não pude perceber suas garras cruéis,
que não tive coragem de abrir os olhos e ver seu egoísmo,
que não tive coragem de me entregar...

E você passa, passa, passa, todos os dias pelos meus olhos,
todos os momentos pela minha consciência, relembro-me
dos traços, do carinho, da poesia, do canção que me urde
e me torna insuportável ao meu prórpio mundo,
mundinho doente de uma alma doente e frágil
que carrega o fardo da escrita e das artes.

Não me noto ao te notar, não nos vejo ao te ver me olhar,
e sinto vontade, me corrôo para um dia encontrar
e ver o paraíso, ver léguas e léguas nos separando
e nos unindo, nos eternizando...

Vôo por planetas malucos e negros, obscuros em busca
dos seus raios cor de céu, deixo-me dourando para aquecer
seus desejos carnais, transcendo-me ao último mendigo
e ao pobre milionário, passo a entender filosofias de Osho,
de Kafka, de Aristóteles, passo a crescer dentro das minhas
restrições para que me enxergue, passo a escrever incessantemente
para fazer barulho, e me vejo acompanhado e sozinho,
sorrindo num luto que não termina, um luto aterrorizador
como os de Gabriel Garcia, uma tempestade imunda como as de Camus,
com lágrimas incoerentes, como as do Neves...

Se hoje olhar para cima, não irá me encontrar,
se amanhã olhar para frente não me verá,
se depois de alguns dias olhar para baixo
também não me verá, porque eu deixei de existir
na fantasia do seu mundo malogrado de esperanças...

E o dia que eu for te buscar, não se esqueça
de que será para sempre...


Fiquem em paz...
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terça-feira, abril 12, 2005

"Finjo"



Finjo que minto que sou,
sinto que minto que finjo,
finjo mentindo que sinto,
sinto fingindo que minto...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, abril 08, 2005

"Escritos"



Hoje silencio-me para não ter que reler
meus terrores escritos no futuro.

Hoje silencio-me para não relembrar
meus erros escritos no futuro.

Hoje silencio-me para não reler
meus absurdos escritos no futuro.

Hoje silencio-me para não aceitar
meu presente escrito no futuro.

Hoje silencio-me para não acreditar
nos meus escritos no futuro.

Hoje silencio-me por me machucar
essa ilusão tão real.

Hoje silencio-me, por ter medo de amar...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, março 09, 2005

Que fome de tudo nessa vida...



Que fome de tudo nessa vida...

Às vezes me sinto como se tivessem apagado minha lua,
meu sol e minha vida, e desatino repentinamente numa
tristeza passageira, ocorre-me um sintoma drástico
de algo que não sei explicar, e levanto-me do sonho absurdo,
brusco, vivo, real, em busca de uma mudança exterior
para um mesmo cotidiano interior...

Percebo o quão sou pecador de mim mesmo,
o quão prolifero meus defeitos e colho
sempre os mesmos frutos amargos de todo dia.

Passo a enobrecer a tudo que está ao meu redor,
passo a ser tudo o que eu gostaria, sem as tantas falhas,
e desatina-me uma dor sem sentir dentro do meu coração...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, março 07, 2005

"Sonho realidades"




Você, por que se encontra tão longe das artes?

Você, que faz da sua realidade o meu sonho,
por que está tão distante e frigida
para com o poeta que veio te resgatar
de outra vida para que viva?

Você, que tem amor e ódio,
que está desiludida em meio a chuva,
que grita nesse silêncio absoluto dos seus olhos
por que faz isso contigo, menosprezando-me?

Você, que é fechada (mas tem luz),
que é ríspida (mas é doce),
não te envergonhas dos seus atos insólitos?

Você, que é encandescente à minha arte,
não se sente tocada pela fantasia?

Una-se!

Ou tens medo?

De mim ou do seu tesão?

Medo de ser desvairada por um desvairado múltiplo?

Quero deleitar-me com que me é de direito,
deleitar-me com o que nasceu para mim,
como hoje recobrando a memoria me deleito...

Evoco Deuses como quem sente saudade
de amor perdido e que ainda é doído
e os reverencio pela obra poética
que implantaram nas minhas viagens
e loucuras tão sãs do meu cotidiano.

Olho mil retratos por minuto e todos
se transformam nos seus traços,
nas flores que te vestem tão serenamente,
no cheiro que me recolhe do mundo
e que te dôo com exclusividade...

Redesenho seus ombros que me arrepiaram
e me questiono sobre tantos sentidos,
tantos loucos que vivo e tantos
que deixo de compreender sem razão de ser.

Olho para a vida e me seduzo
como quem quando criança se seduz
pelo doce proibido pelos adultos
e ne vejo tal quais chorando,
tentando frenéticamente fazer barulho
e chamar a atenção, mas a mim
o doce sempre vem em forma de materialização,
sempre se evapora ao meu toque suave...

E eu me vejo em fotos do passado
e pergunto-me: será que era feliz?

Não me lembro, pois eu sou uma transição
entre o absoluto que sou e o espaço
vazio que sopu na lembrança desfocada.

À tudo me desfoco, nem ao menos
tento compreender em meio a tanto
alvoroço, e tão em silêncio...

Sinto-me cansado de ser o que sou,
mesmo colhendo frutos tão mágicos,
mesmo tendo as mais expressíveis imagens
do amor e das artes, torno-me circunspecto
em relação aos verdadeiros dotes da vida,
porque a vida é o sonho que eu sonho
e não essa poesia que eu vivo...

Abstrato?

Talvez, para corresponder às tantas máscaras
que me obrigam a usar...

Todos deveríamos comprar uma máscara
de festas e fazermos tudo isso que fazemos
inconsequentemente e ao descobrirmo-nos
na verdade, tirarmos-a.

Seriamos mais doces, mais vivos,
menos fantoches de nós mesmos...

E eu vejo vidas tão próximas de mim
e tão alheias, que me assusto ao pensar
em entregar meu sorriso verdadeiro,
teço um plano de entrar no jogo predominante,
usar roupas que me pintam de mentiras
tão fantásticas que chego a acreditar
e desabotoar minha alma estancada de amor,
conquistar o mundo com minhas ilusões
e conseguir fazer alguém sonhar alguma realidade...



Fiquem em paz...
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quinta-feira, março 03, 2005

"Vontade de quê?"




Hoje estou com vontade de ser especial
para brilhar mais e mais e fazer
com que me enxerguem, com que escutem
meu barulho, com que acreditem na intensidade dos olhos...

Hoje, para conseguir ser especial
fiz uma arte enorme na minha parede,
para que quando vierem aqui
possam desfrutar de dois deleites...

Hoje acordei querendo ser especial,
uma vontade súbita de falar baixo,
sussurrar nos ouvidos que complementam
olhos ainda mais ricos.

Acordei com uma vontade maluca
de soprar sonhos no seu mundo,
de pincelar fantasias no seu corpo,
de repousar minhas mãos nos seus cabelos
e meus lábios trêmulos no seu rosto indefeso...

Levantei-me repentinamente, feliz, árduo,
contente, abri as janelas e deixei o sol
refletir o meu cristal,
cantei tão alto ao ponto de perder o fôlego,
e te vi me buscando, em meio às suas
atribulações que te atrapalha, e desabei...

Desabei de rir alto até os vizinhos ouvirem
e ri mais alto ainda quando tentaram
comprar minha felicidade com suas palavras de abandono...

Lidei com tanto sentimento,
manejei tanta coisa linda
que descobri em poesia ter triplicado...

Ainda solitário sigo em frente,
mas a descoberta de conseguir alcançar
aquela estrela longínqua e triste
enobrece o cancioneiro, eterniza o poeta
e me faz cada vez mais acreditar no conforto dos seus olhos...


Fiquem em paz...
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domingo, fevereiro 27, 2005

"Volta no tempo"



Outro dia estive defronte
olhos tão fortes e tão imersos
no sonho que desatinei
uma angústia sem lágrimas
em busca de sua atenção e amor.

Redescobri em mim uma sensação
tal de quando conheci as flores,
os cheiros e as cores da vida,
uma mesma sensação única,
uma mesma história gritando
para ser revivido na forma
lírica de toda a minha poesia.

Passei insistentemente tentado
a ouvir sua voz doce,
e nas minhas tantas tentativas
lubridimei-me à fantasia escancarada
de um dia tê-la sussurrando
na minha alegria e carinho
de uma forma tão intensa
que passei a não ter fim...

E a esperança de descobrir a verdade
constrói um recheio dos mais diversos
sabores, constrói o chão adocicado
dos desenhos de fadas e transpõem
a sutileza do nosso abraço que se
encontraram nossos corações a uma
verdadeira e mágica volta no tempo...


Fique em paz...
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quarta-feira, fevereiro 23, 2005

"Acima das nuvens"



Ouço o farfalhar da chuva
e comparo ao farfalhar
do meu intenso aroma
que tanto se perfuma
para amar meu ardente amor.

Ouço a calma e a beleza da noite,
imagino acima das nuvens
minhas companheiras, que sei que agora
escutam a saudade imensa do poeta.

A elas descrevo seus traços,
comento sobre seus arrepios,
tento fazer com que entendam
a magnitude e a resplandecência
dos seus olhos mágicos,
tento desenhar no ar
sua beleza infinita, sempre em vão,
por não conseguirem aceitar tal vislumbre...

Surpreendo-me no silêncio da minha memória,
revivendo um amor tão vivo,
cultivando um sentimento já tão nobre,
acreditando nos caminhos sem fim,
abrindo os braços para que sejamos felizes,
desejando o infinito do nosso altar
de cores transparentes e abundantes,
o altar que nos completa...


Fiquem em paz...
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sábado, fevereiro 19, 2005

"Parabéns"




Juca, parabéns.
Feliz aniversário...

Cara, encontrei hoje com o seu irmão, e ele estava tão parecido com você, ele estava tão parecido com a época em que viajamos juntos, ele estava falando dos cabelos cumpridos e que a Fame não permite.
Ele está dando treinamentos, e te vi dando treinamentos, porque era seu futuro comandar as pessoas ali.
Ele se casou com a Mary, que loucura, ele a viu no hospital, numa visita simples, curriqueira, mas ele viu, e o relembrei de quando ele voltou o carro e perguntou dela. Ele estava tão tranquilo em relação a tudo, a você, que teve cabeça para se preocupar com mulheres.
Eu diria a ele, se fosse o contrário, ele estaria fazendo o mesmo...
Mas acredito que não é preciso, ele sabia.
E sua sobrinha, como sou um relapso, ainda não fui visitá-la. Vi por fotos, tão linda, tão parecida com você, tão igual a sua família.
E sua mãe, foi me assistir no teatro um tempo atrás, tiramos foto, eu ela e a minha mãe. Você não sabe como ficamos orgulhosos daquele dia...
Desculpa Cara, eu tô chorando, eu sei que você pediu pra Cress me pedir para não mais chorar, mas eu me lembro de não ter ido ao seu aniverário, no seu prédio, eu ainda me cobro por isso. Eu sei que é besteira, mas eu me cobro tanto. Na verdade, eu acho que eu errei tão feio, porque eu não fui por preguiça. Eu estava com muito sono aquele dia, eu estava muito cansado. Mas cansado do que, Meu Deus, era o seu último aniversário, como eu pude ter preguiça no seu último aniversário, como, como, como?????
Desculpe-me, eu me jurei depois daquele dia que eu seria outro homem.
Hoje faço tantas coisas, te provei que consegui, mas eu trocaria tudo, voltaria a ser o mesmo preguiçoso para te ter de volta, para escutar sua voz, só mais uma vez, uma vezinha só, sua risada, seus sonhos tão lindos e tão simples de se realizar.
Hoje eu te daria um presente, um abraço, encheríamos a lata, sei lá o que faríamos, mas hoje você tem novos amigos...
E como eles são? São bons com você? Você se diverte, você saem, têm anjinhas tão lindas quanto a Tica, você pode falar palavrão? Deus deixa? Ai, se ele não deixar, vou fazer tanta zorra na terra que ele há-de deixar. Eu queria tanto que você pudesse voar até aqui, mesmo que por uma hora, pra conversarmos, para eu te contar como andam as coisas, como está de pernas pro ar a minha vida...
Juquinha, não consigo mais escrever, meu rosto dói demais, nunca mais tinha chorado, desculpe quebrar o seu pedido, mas hoje foi preciso, hoje é o seu aniversário, o meu foi tão feliz. Só faltou você para me realizar...
Parabéns Juquinha, e parabéns a Deus por ter feito uma alma tão boa...
Obrigado por ter cedido um pouco da sua magnitude a nós, pobres mortais...
Desculpe chorar tanto, desculpe mesmo, não consigo, mesmo respirando fundo...


Fique em paz amigo, fique em paz...
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quinta-feira, fevereiro 17, 2005

"Gosto muito"



Gosto mesmo é de virar página,
viver amor platônico,
ouvir boa música e apreciar
a tenacidade de um bom vinho.

Gosto mesmo é de enxergar
o que as grandes pessoas não vêem...

Gosto mesmo é de sentir
a voracidade do impulso poético
e, em meio às lágrimas,
decifrar letras e transformá-las em poesia...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, fevereiro 11, 2005

"Sociedade dos poetas falsos"



Sou escorpião, descarado, louco, problemático, intenso, pobre, poeta, linguarudo, falador e desrespeitaria minha mãe se fosse preciso.

Sou enfático, manipulador, sedento, tarado, multiplo de números impares, disparo contra o sol, sou forte, sou por acaso, mas minha metralhadora espalha mentiras e chagas de uma vida recheada de mágoas.

Eu não sou o cara, sou muitos caras, todos gente fina, bêbados, hipócritas, manipuladores de opiniões, e um monte de poetas, tudo junto.

Sou ascendente em peixes, sou sensível para as artes, sou inteligente para a comoção, sou lúgubre nas minhas tpms dominicais, sou terrivel contra os insetos, sou odiado pelas mulheres que me amam desesperadamente, sou o desprezo que gostaria de ser desde criança, sou de repente desde que conheci a palavra orfão, desisti de perder naquele momento, desisti de ter também, desisti de fazer acontecer o certo, me entreguei ao submundo, ao etéreo visto apenas pelos trancafiados, pelos malogrados de inanição.

Sou lua em peixes, tenho medo até do meu medo, tenho asfixia de ter alguem ao meu lado, tenho repulsa de todos que se aproximam, tenho desdém pela lua inalcançavel, pelas estrelas infinitas do meu céu ainda sem estrelas, tenho loucura pelo sol que me incomoda, tenho admiração pelo meu quarto, pelo castelo que construo dentro de mim, pelos corredores que se tornam meus labirintos prediletos, meus tantos caminhos usuais, frios, lindos, requintados com predras tão brilhantes e tão pegadas nas paredes infinitas do meu infinito.

Sou perdido, rodo o mundo das escrituras para encontrar-me, rodo o mundo em aviões, flats, navios para encontrar-te e somente o nevoeiro me compensa, somente o árduo me compete, somente a sina de um pobre perdedor do mundo da poesia se encontra em mim.

Sou esquizofrenico, porque sou milhares, por ser mentiroso, por mentir a mim mesmo, por mentir a Deus que olha cada fio de cabelo que se mexe na minha cabeça brilhante.

Sou Maquiavel, Rembrandt, Aristóteles, Camus, Autran, Pessoa, Homero, William, Buarque, Moraes, Tyler, Telles, Meirelles, Marquez, Lorca, Hesse, Alves, Lobos, Assis, Gogh, Lautrec, Kafka, Xavier, Sófocles, Queirós, Goya, Einstein, Neves...



Fiquem em paz...
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quinta-feira, fevereiro 10, 2005

"Esclareça-me?"



Onde me leva minha indecencia, corroendo minha visão do que se pode estar certo e do que se pode fazer?

Onde encontro minha vitória, no peito amargo do medo e da desilusão passageira?
E onde se escondem meus odores?
Aí, aqui, no nosso único desejo esfarrapado de sentirmo-nos esfarrapados perante o certo, perante o esbelto?

E se pudéssemos correr e atropelar toda essa gente que se entrega da forma mais suja, - intitulando-a como amor ainda por cima - , faríamos deles nosso pó de cada dia, nossa fumaça de cada hora, nosso temor de sermos sujeitados ao ridiculo das frases lindas de saudades?

E te chamo para vir numa angústia cega da minha tropa cega que vive o mundo cego e doente de homens cegos, homens que me põe nojo pelo medo, pelo desejo frívolo de cada instante que se tornam eternos, pela degradação de cada rastejar, de todo esse cortejo que me olha com olhos sedentos e lassos e que eu odeio, essa multidão que nao me entrega a paz, não me deixam vencer para fugir, e me sepultam dentro das minhas palavras, dentro das minhas farsas imundas, beatificadas por lucifer, santificadas pelos anjos terroristas da terra, politizadas pelos santos de alma limpa que vemos todos os dias na tv, anjos que nos faz sorrir e clamamos em uníssono, amém!



Fiquem em paz...
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quarta-feira, fevereiro 09, 2005

"Gostaria?"



Gostaria de escrever o poema mais lindo,
roubar a flor mais viva,
entardecer o dia para o meu amor
ver o pôr do sol mais cedo.

Gostaria de eternizar todos os meus sentimentos,
todas as minhas sensações transformadas
em música, para que o meu amor
se transborde de alegria e luz.

Gostaria de contracenar uma peça romântica antiga,
dos tempos em que ainda se havia o respeito pelas mulheres,
para que ela compreenda que sou puro
e que a amo como alma e pensamento.

Gostaria de capturar todas as estrelas
que existem nesse céu que a redesenha,
guardá-las numa caixinha toda enfeitada
e feita por mim e dá-la de presente
em um dia comum, para retribuir sua presença
que me é um presente em todos os dias comuns.

Gostaria de pedir a Deus para que resolva
todos os seus anseios e problemas,
que a ilumine ainda mais,
pois sua luz me é poesia,
traz-me grandeza e meu sentido de ser.

Gostaria de dar a ela esse meu dom imenso,
para ver se assim ela consiga falar,
consiga se expressar e pare de me fazer sofrer
por causa da sua injusta melancolia.

Gostaria que ela saisse mais cedo do trabalho,
por estar num dia um pouco mais calmo
só para vir me ver, sentir meu abraço
e dizer no meu ouvido que sentia saudades.

Na realidade, gostaria que ela sentisse saudades...

Gostaria de ter um quintal um pouco maior,
para quebrar alguns azulejos e plantar
rosas e margaridas e tulipas,
para todos os dias presenteá-la com cores diferentes.

Gostaria de poder dormir abraçado com ela,
trazer seu café na cama,
tirar seu pijama para ensaboar suas costas,
fazer amor a qualquer hora e em qualquer lugar,
conhecer melhor seus amigos,
tornar-me mais presente na sua família,
ir para o Espírito Santo, Machu Pichu, Paris,
conhecer cada cidade entre os caminhos
para perguntar sobre as lendas,
escrever um livro imenso e publicá-lo dedicando-o a ela,
viver os meus sonhos em forma de realidade...


Fiquem em paz...
....................................

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

"Hoje eu vi"




Hoje eu vi a coisa mais linda desse mundo,
a luz mais verdadeira,
o sintoma mais real,
a verdade mais completa,
a dança mais lirica,
o sonho mais vívido,
o infinito mais possível,
as curvas mais intensas,
o brilho mais incessante,
a vida que me completa,
o tudo que me desaba,
o sorriso que demonstra,
a voz de coelhinho,
os cabelos louquinhos,
os cachinhos esfumaçantes,
a alegria mais púrpura,
o carisma mais perfeito,
a mulher da minha vida...

Hoje eu senti a coisa mais consciente da minha vida,
vi o futuro,
vi a velhice,
vi meus filhos,
vi o que quero,
vi o que sempre quis,
vi o que espero,
vi e senti o que nasceu para mim,
minha alma gêmea,
revi,
vivi tudo o que não posso viver,
senti tudo o que me machuca sentir...


Fiquem em paz...
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"Detalhes"



Sentimos cada detalhe desta pintura,
escolhemos minuciosamente cada concha a olhar,
cada coração a admirar,
cada centímetro de vida se tornando a eternidade...

viemos por caminhos distintos
que a mãe natureza obrigou-se a unir,
destilou nossas idéias no calmo do paraíso
e hoje nos tornou um só...

Passaremos esta, e a certeza das tantas outras
orgulha o poeta hoje muito feliz,
o mesmo poeta que deseja
mais um ciclo repleto de sonhos e fantasias,
mais um ciclo de amor e completicidade,
mais um ciclo que nos torna hoje eternos...

23:25h - 31/12/04


Fiquem em paz...
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quarta-feira, fevereiro 02, 2005

"Sinestesia"



E se hoje pudéssemos falar?

Teríamos coragem de dizer sobre nojo, desejo,
raiva, fúria, amor ou margaridas?

Teríamos fôlego para nos declararmos
e percebermos e hipocrisia das nossas palavras?

Teríamos coragem de trocar nada
por qualquer coisa, assim como hoje fazemos?

Teríamos escrúpulos para sentirmos prazer
usando a fragilidade sentimental das frases poéticas?

Teríamos estomago para mentir,
mesmo podendo falar e ser compreendido?

Teríamos desejo de desejar o desejo alheio
por pura curiosidade que massageia?

Teríamos coragem de ter coragem?

E se hoje posso falar, me pergunto se falaria...

E meu vácuo silencioso responde meus devaneios...



Fiquem em paz...
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sexta-feira, janeiro 28, 2005

"Por uma noite"



Quando tudo parece estar escuro
eis que me surge uma poesia
tão bela quanto olhos muito brilhantes
e intensos, que custo a acreditar...

Às vezes cremos nos nossos olhares,
mesmo quando pelos recônditos mais sinuosos
parece-nos incabível, e percebemos que todo passado.
que todo aprendizado trouxe-nos
apenas bagagem necessária para vermos
em meio à multidão,
vermos onde tornara-se quase impossível
vermos com a alma...

Descubro semelhanças absurdas,
digo palavras em uníssono com seus pensamentos,
fantasio nossa estadia na nuvem mais linda
e aconchegante, semeio na força dos seus olhos
a curiosidade, mesmo o destino tentando
de todas as formas separar esse encontro
marcado há muito, descobrimos no nosso silêncio
a nossa cumplicidade, descobrimos na nossa
espera a nossa verdade, descobrimos
na nossa verdade tudo aquilo
que nos faz feliz e felizes descobrimos
que nosso olhar foi feito um para o outro,
por uma noite, por um sonho, por uma vida...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, janeiro 24, 2005

"Sozinho quando não se está sozinho"



Sem compreensão, sem vida própria me alastro pelo infinito e a solidão vaga pela noite escura em que tento brilhar em vão, redescubro num longinquo martírio a minha derrota, peço e robusto sigo em frente, calado, tentando me mudar para onde não vou, tentando-me a ser o que odiaria, e desisto no vai e volta do meu volúvel sentimento, pergunto-me por que tenho que viver o que não possuo, perdendo-me da verdadeira luz que há muito se apagou, a luz cega que cansou, a irradiação trêmula que não mais existe, a configuração perfeita no silêncio, o trauma completo no acaso, a vida perdida na união, o desfecho da minha perdida guerra lutada há anos, com seus anos de infinitas e consequentes derrotas, e no meu campo de batalha desconfiguro a estiagem, ergo a taça de campeão do meu mundo opaco e sorrio meu ódio pelas palavras que incontroláveis jorram dos meus olhos, que machucam meus lábios, que acariciam meu coração absoluto e único, que me deixam divagando na solidão, sozinho quando não se está sozinho...


Fiquem em paz...
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terça-feira, janeiro 18, 2005

"Franqueza"



Eu sou fraco
porque tem que se ser fraco
para aceitar as pessoas e a vida.
Não fraco de ideais e objetivos,
fraco de injustiças e de mal entendidos,
de ciúmes e de palavras ruins e feias e duras,
palavras que afujentam o amor que eu não tenho...


Fiquem em paz...
..................................

sexta-feira, janeiro 14, 2005

"Tenho em segredo"



Tenho guardado em segredo
tantos sonhos que me confundem
os caminhos, que me transmitem a paz,
que me seduzem e desafiam o sempre...

Tenho resguardado dos meus antepassados
tanta alquimia que tropeço
nos meus tropeços múltiplos,
e me perco tentando ser eu...

Tenho admirado virtudes e atitudes
que me cegam e ostentam
a mais plena amizade,
o mais lirico amor,
o sentimento que domina o pobre poeta...

Deságuo num mar de pétalas coloridas,
desatino minhas lágrimas alegres
na montanha do seu calor,
desmancho-me nas loucuras dos seus dedos
e delicio-me no requinte maravilhoso dos seus beijos...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, janeiro 10, 2005

"Novo e para sempre"



Quando de longe te olho, ainda chegando para você
meu rosto fica vermelho, começo a suar,
a pingar e transbordar por dentro sentindo
a energia que explode dos nossos corpos.

Reviro-me, começo a sentir um comichão incontrolável
em busca do seu corpo delicioso,
em busca da sua boca magnífica,
em busca de você que me completa...

Então, começamos a nos beijar e nos abraçar,
nossa temperatura esquenta, eu começo a sentir
minhas mãos rondarem cada parte sua involuntariamente,
começam a descer a aba da sua blusa
para que eu possa beijar seus ombros
que me levam a loucura e nosso desejo
um pelo outro torna-se frenético,
um suspirando seus gemidos ao outro como confissão,
o calor estonteante nos penetrando por todos os poros,
nosso suor se misturando, unindo-se a nossa alma única,
e quando percebo já estou com minha língua descobrindo
cada pedaço da sua beleza, deixando-nos alucinados pelo amor
sem fim que está por vir, até estarmos sôfregos, então
penetro meu corpo na sua alma como a fantasia
penetra os sonhos, e deliramos nos nossos movimentos
lascitantes, ritmados, feitos para serem assim perfeitos,
e explodimos o ápice da nossa conquista,
gozamos da vida gozando da vida,
e entrelaçamos nossas pernas com os lençóis,
você com sua cabeça no meu peito e dormimos
a espera do nosso novo e para sempre único momento...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, dezembro 23, 2004

"Singela constelação"



Uma singela constelação em um par de olhos, será que mirei certo essa noite?
Tenho certeza que não. Certeza que esta noite pequei...
Será que conseguiria tocar na música, sentir o cheiro exalado a noite toda, no meio dos ruidos da insônia e da insônica, deixei me levar para o místico, para as pedras, para o azul escuro do seu céu, para o azul claro dos seus sonhos, e fechei as portas do o mundo para viver o mundo.
será que mirei certo essa noite?
Tenho certeza que não. Certeza que esta noite pequei...
Levaram-me para onde eu não conhecia, e onde eu não conhecia me encantou...
Será que mirei certo essa noite?
Tenho certeza que sim. Certeza que esta noite amei...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, dezembro 20, 2004

"Progressões"



Cores, luzes, sons, medos e desejos,
sonhos e conquistas lutam para o destino
florescer, crescem a cada dia para adentrar
ao mundo mágico da poesia, ao mundo
que sem saber nós já vivemos.

Cores que resplandecem ao nosso encontro,
luz que alimenta a lua nas nossas noites,
sons que borbulham nossos sentimentos,
desejos que desatinam cada vez mais nossa insessatez
junto do sonho de conquistar o infinito,
para não mais ter que lutar pelo destino cabível,
para florescer com o amanhecer,
crescer o carinho a cada dia
para adentrar ainda mais no escuro do existir,
no mundo mágico que quero te proporcionar,
na poesia perfeita que descreva a perfeição
dos seus traços e pintas e sorriso,
transformar o nosso mundo
sem medos e com muita paixão,
o mundo que sem saber nós já vivemos...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, dezembro 10, 2004

"Pra quê"




Pra quê
demonstrar o meu carinho,
o meu infinito interior,
o meu carisma,
meu jardim imenso,
meu sempre sorriso,
minha amizade,
minha compreensão,
minha gentileza,
minha paixão,
meu amor,
meu ardor,
meu sentir,
meu querer,
meu estar,
meu fazer,
meu transitar,
meu transmutar,
meu rir,
meu fantasiar,
minhas crenças,
minhas dúvidas,
minha vida
se sempre desolo-me
com a alegria inóspita do seu silêncio?


Fiquem em paz....
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domingo, dezembro 05, 2004

"Reencontro de almas"



Doce tão sonho esse que vivo...

Ou seria sonho tão doce que me revive?

Seria talvez reviver o sonhado tão longinquo
que se deixou de viver sonho para se ser quase-sonho?

O que seria afinal essa loucura
que transcende com milhares de cores
pela linda clareza de seus olhos?

Uma esperança de que o impossível é possível?

Uma chama, uma brasa, um sinal
dentro do extinto vulcão do meu interior?

Uma nova história, mas dessa vez sem fim?

Um reencontro de almas?

Questiono-me sobre tudo
por pensar ter aprendido a verdade
tão facilmente desmoronada
com suas mãos infinitas,
com aquela quase-lua,
com seus alucinantes beijos,
com as nossas almas
que se permaneceram no mesmo
altar de todo o nosso sempre...

Fiquem em paz...
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domingo, novembro 28, 2004

"Testemunho"




Se hoje eu estivesse para morrer,
no meu testemunho constaria alguns
atos de algumas pessoas de grande valia
no eu que sou hoje.

A uma diria que a amo
por me fazer enxergar com clareza
o quão importante é a honestidade,
tanto pelos atos quanto pelas palavras,
e o quão dignos nos tornamos
perante a nós mesmos e a Deus e aos anjos,
e também o quanto estamos acima
de qualquer coisa material e maquinada,
e que o sentimento amigo perdura sob qualquer
circunstância, certas ou não.

A outra diria que a amo
por ter me feito acreditar em todos os sonhos,
mesmos nos que eu pensava não existir nenhuma luz
e que hoje são mais do que uma realidade,
e agradeceria por toda a franqueza,
mesmo vendo lágrimas mal postas
na minha face, agradeceria por ter visto
além e acreditado, mesmo com a minha
própria crença desfacelada e abandonada.

A outra diria que a amo
por me mostrar a linha tão tênue
entre o amor e o ódio, a linha
tão tênue entre o que se deve fazer
e o que se deve esconder de todos e de si
e agradeceria por ter estado ao meu lado
em todos os momentos, até mesmo quando
eu não estava do seu, atitude até hoje incompreensível.

A outra diria que a amo
por ter me apresentado ao amor,
por ter me apresentado à poesia,
por ter acendido a luz do meu até então
obscuro mundo paralelo e me feito
enxergar que sempre vivi ali,
e agradeceria por ter me ensinado
a olhar a lua, a reparar nos detalhes,
a ser infinito, intenso, leal, ser sempre "sempre".

A outra diria que a amo
por me fazer sempre enxergar
que o sorriso é a alma do negócio
e meus agradecimentos assim se completam
por dela ter apenas a imagem mágica
de um sorriso perfeito como o seu,
sempre alegre até nos momentos difíceis,
sempre intensos, até nos momentos mais simples,
e isso é tudo o que se pode desejar.

A minha mãe diria que a amo
por ter me dado a oportunidade
de ser um reflexo dela como num espelho,
extinguindo qualquer forma de agradecimento
devido a tamanha perfeição, que palavras
não se completariam jamais.

A minha irmã diria que a amo
por ter me dado a vida toda a alegria,
o carisma e o impacto da comunicação,
e a agradeço por ter me ajudado a construir
o meu mundo de hoje, mesmo não sabendo disso.

Aos meus dois pais diria que os amo pois,
um cedeu a semente, plantou-a
com todos os carinhos possíveis e esperou
ainda para ver o broto florescer e concedeu
ao outro a oportunidade de regar, de moldar
e ensinar os melhores caminhos da virtude,
para deixar a música florescer,
para construir uma família,
e a eles agradeço a tudo isso.

A todas as outras pessoas que estão na minha vida
agradeço a amizade verdadeira,
a opinião, o carinho, a tudo que inexistindo
faria com que eu não conseguisse ser o que sou.

Hoje, a esses lindos olhos de lua,
agradeceria por me fazer ver o outro lado da rua,
o outro lado do sonho, o outro lado do saber,
agradeceria sua loucura tão sensata que por vezes
torna-se inconcebível de se conceber.

E a Deus digo que o amo
por ter me colocado na minha vida
pessoas e situações tão completas
e mágicas, por ter me dado a
oportunidade de olhar, ver e absorver
a grandeza e os detalhes das pessoas,
e o agradeço por ter me feito
exatamente com esses defeitos corrigíveis,
exatamente com essas qualidades
que eu mesmo admiro em mim,
por ter me feito sensível e feliz e tão artista,
e ao mesmo tempo por ter me feito
um pouco amargo para poder ser assim...

Poeta...


Fiquem em paz...
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terça-feira, novembro 23, 2004

"Poeta sem fim"



Começo a escrever sem fim,
para ver se reencontro-me em algum lugar,
mesmo distante, para ver se consigo
enxergar, mesmo o distante, para ver
se toco novamente o amor, sempre distante...

Transformaria minha poesia em sentimentos
se assim pudesse concebê-la,
se assim pudesse honrá-la
como honro a tudo (com afinco) que não me completa.

Transmutaria o destino que momentaneamente
sorri para mim, moldaria meu rosto
para as futuras recepções e tornaria
bem mais simples meus anseios, meus medos,
minhas alusões que me tornam incapaz de ser capaz...

Canso-me - admito - de bater tanto na mesma tecla,
canso-me de estar sempre cansado para com tudo
que deveria, pela lógica da vida, me fazer feliz,
desgasto-me bolando os mais absurdos planos
que facilmente seriam resolvidos na simplicidade
que felizmente não habita no meu dia-a-dia.

Sou poeta, não tenho medo de desbravar,
tenho medo de sorrir sem medo,
tenho medo de amar sem amor,
tenho medo de ficar sem você,
que tanto me conquista,
que tanto me ilumina,
que tanto me seduz na paz do seu sorriso...


Fiquem em paz...
.......................................

domingo, novembro 21, 2004

"Deserto particular"




Olho para defronte do meu deserto particular
e sinto novamente as dores tão mal acostumadas
escorrendo como sangue pela vida do poeta insône.

Revivo cada palavra,
compreendo cada ato,
imortalizo tantos inúteis sentimentos
que berro sozinho no silêncio do meu quarto sem fronteiras...

Sinto-me de um lugar tão longínquo,
como se vivesse a partir da perda da memória,
sem precedentes, tampouco destinos,
perambulando nos preâmbulos da noite
enxarcada de solidão e vinho,
esperando o resgate, esperando a vitória inexistente,
esperando um consolo amigo,
uma vida coerente,
uma palavra apenas verdadeira...

Choro repentinamente escutando a chuva,
ligo o chuveiro para tentar limpar o que tanto incomoda
descobrindo que tenho medo da purificação,
de ser fiel, de merecer,
medo do tudo que me quer e me torna incapaz...

Revivo então cada palavra,
compreendo cada ato
e me humilho na hipocrisia
da minha mesma prisão desde a infância...


Fique em paz...
....................................

terça-feira, novembro 16, 2004

"Hoje"



Hoje completei-me
no sentido do ser e estar
que tanto julgamos
no etéreo das frases
e pouco usamos
na vivência de se ser
e estar realmente felizes.

Hoje me vi em determinados
momentos sensíveis e sensitivos,
onde a insignificância do lutar em vão
se retraiu e absorto
deixou o brilho se espairecer
por entre as têmporas da vida
e florescer em forma de flores do campo.

E ao me ver,
vi que sou mais do que
vejo que sou quando penso
sobre o que sou...

E, desde então, pareço-me longínquo,
mais real,
um pouquinho menos atacado pela solidão,
vibrando como se tem que vibrar,
vivendo como se tem que viver,
pulsando como se pudesse amar,
amando como se pudesse sobreviver,
soprando como se soubesse soprar,
errando para o poeta sempre escrever...


Fiquem em paz...
.........................................

quarta-feira, novembro 03, 2004

"Existir por não conseguir"



Minha vida não tem mais graça,
não faz mais sentido sem o que eu nunca tive.

Minha vida perdeu o rumo
no silêncio absorto em que sempre estive.

Perco meu fôlego tentando imaginar cenas
que não se encontram sequer no meu inconsciente.

Tento ser vão em vão,
tento reconstruir errando,
tento emocionar hipoteticamente,
tento falhar meus sentimentos,
tento matar tudo o que não tenho,
tento existir por não conseguir,
tento tentar algo cabível.

Pelo menos uma vez...

Surpreendo tanto que me isolo,
perco-me de vez
e regrido à inercia do ponto de partida...


Fiquem em paz...
...........................................

quarta-feira, outubro 27, 2004

"Flores com os olhos"



Ontem estava transbordando de um amor translúcido,
um amor que não sei compartilhar,
um sentimento que não sei lidar, a não ser com poesia,
um jorro que gostaria de presentear alguém.

Gostaria de poder embrulhar todo esse grito desumano
em uma caixa onde coubessem sonhos e desejos
e dá-lo, livrar-me desse desespero,
desse se assustar consigo mesmo,
desse se arrepelar pelo medo do impulso,
desse errar por se estar certo.

Desistir de enxergar o óbvio obscuro a todos,
renegar todos os dons para ser feliz,
transitar por tantos caminhos possíveis despercebido,
exonerar todos os atos consequentes de sofrimento alheio.

Quero entregar com os olhos todas as flores
que dispensam todos os dias sem vê-las,
quero reviver a extinta fantasia para deixar
a minha em paz, tranquila, lírica...


Fiquem em paz...
.........................................

quarta-feira, outubro 20, 2004

"Não quero, mesmo querendo..."



Não quero ler nem escrever,
quero viver.

Não quero sentir nem pulsar,
quero tocar.

Não quero ser nem estar,
quero existir.

Não quero fazer nem tentar,
quero conseguir.

Não quero jogar nem ganhar,
quero participar.

Não quero morrer nem brilhar,
quero apenas te amar...


Fique em paz...
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sexta-feira, outubro 08, 2004

"Caminho sempre"



Minha tristeza não provém de uma consequência,
mas sim de um ato funesto e constante
pelo entorpecimento da verdade
existente em tantos olhos e sorrisos degradados.

Só existe uma solução para o fim,
so existe uma edição para a mesma história triste,
só existe um tema que expresso inutilmente,
só existe uma forma de viver minha vida...

Vendo-me por fora, escondo-me pelas formas
e defino todos os tipos de regras e atitudes incabíveis,
teço regras lacrimosas e consigo somente, como sempre,
destroçar com qualquer sentimento bonito que posso ter tido...

Caminho, caminho, caminho, sempre com meu peito pesado e minha dor
arfando-me, sempre o desleixo tão belo quanto a natureza,
sempre o nada tão em contravenção quanto ao que fazer.

E desisto, quando percebo minha extrema capacidade
de me fazer e de ser infeliz...


Fiquem em paz...


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quarta-feira, junho 09, 2004

"Caça à simplicidade"



Eu nasci para pensar no meu anonimato
e nesse pensar, deflagrar todas as mascaras sujas
nesse deflagar descubro minha verdadeira diversao
e dessa diversão realizo minha criação no meu próprio escuro

Eu nasci para ser colocado em altares duvidosos
eu nasci para treplicar minhas próprias questões
eu nasci para não responder minhas inquietações
eu nasci para deixa-las aos tantos pobres de mim

Eu criei meu anonimato no meu sucesso
eu criei minha ilusão na minha realidade
eu criei minha repulsa no meu próprio amor
eu criei minha solidão naquela antiga diversão

Eu chorei, morri diversas vezes,
e até cheguei a acreditar que poderia ser verdade
e descobri que até as verdades dos anjos mentem-se a si mesmas

Tentei forjar planos, divagar contra o infinito,
tocar a melodia perfeita, com o ritmo perfeito dentro da rima perfeita
e desmoronei quando percebi o quão frivola é a perfeição...


Fiquem em paz...
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sábado, junho 05, 2004

"Do que eu nunca tive"



Tenho saudade até do que eu nunca tive
e do que nunca terei pelo ciclo lógico
que minha vida retrógrada leva.

E o mundo vai girando
em sua forma excêntrica e retilínea de se ser,
e eu me moldando ao acaso perspicaz que me persegue.

Nesta luta, incendeio não só a mim,
mas todo o meu mundo de ilusões...


Fiquem em paz....
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terça-feira, maio 25, 2004

“Sinto uma intensa vontade de suicídio”



Tenho fascínio pelo momento a vir.
estou cada vez mais desapegado a esse mundo
quero ver a baixeza em todos os atos
quero ver a vileza em todos os sentimentos
quero ver a degradação de todas as hipóteses
quero ver negras todas as lagrimas
quero ver a infâmia se apoderando da vida
quero todas as carapuças desarmadas.

Quero que todos os meus absurdos sejam condenados
e comparados com todos os absurdos humanos
quero ser o mais humano dos pecadores
quero ser o mais infiel dos homens
quero transgredir as regras e desafiar os Deuses
quero morrer sorrindo pela minha tristeza infinita
vivida nesta podridão que me arrasto
quero pedir clemência diretamente ao chefe do barraco
quero enegrecer minha visão
cegar-me para ver se finalmente me realizarei
cegar-me para enxergar a verdade
que não me existe, que não me acompanha, tenho que admitir
empobrece-me a vida senti-la
empobrece-me o sentimento amar nesse mundo sujo
empobrece-me a lentidão com que evoluo pela falta de evolução alheia
empobrece-me perder meus sonhos pelo ceticismo
encubro-me de falsos personagens,
encubro-me para encobrir-me de mim mesmo
grito uma fúria cretina, de quem ao menos consegue balbuciar
escrevo temas que servem como apelo desesperado ao abandono
conheço das artes a violência
conheço da vida a mentira
conheço do amor a exclusão
reconheço na realidade a minha única saída
o breve suicídio das minhas infinitas palavras e poesias...

André Neves

Tenho fascínio pelo momento a vir. (Vinicius de Moraes)

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domingo, maio 16, 2004

“Vôo noturno”



Sou extremamente equilibrado
no meu desequilíbrio.

Sou plenamente ponderado
no meu descontentamento.

Sou extremamente realista
no mundo onde sonho.

Sou meramente feliz
nas projeções onde vivo.

E para conseguir me entender
terá que subir na garupa da fantasia,
deixar para trás as regras e preceitos
e viajar comigo num vôo sem rumos,
mas com destino à felicidade.


Fiquem em paz...
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domingo, maio 02, 2004

“Não quero mais”




Hoje não quero ter fisionomia,
nem cheiro nem sabor, tampouco alegrias...

Hoje não quero sentir solidão,
não quero me enganar pelo desejo
inexistente da minha própria inexistência,
não quero fingir o que já sou sozinho...

Não quero rever meus antigos passos,
ressuscitar velhos paradigmas,
transcender velhos ideais,
reconhecer o erro das novas escolhas...

Não quero nada além do infinito,
e que ele se espalhe com música
pelos meus cantos hoje desconhecidos,
hoje desencantados pelo brilho de olho algum...

Não quero prender-me na minha própria inconsistência.
Não quero preencher-me de tudo que não me completa.
Não quero determinar as regras de um jogo de tabuleiro vazio.
Não quero gritar aos surdos minhas migalhas.
Não quero entender nem me tornar crível.
Não quero deixar de querer algo que nunca quis.
Não quero me abalar por isso, e com isso fortalecer
as únicas armadilhas que eu mesmo cismo em impor.

Não entendo meus pensamentos, não entendo minha euforia,
não entendo minhas vontades, minhas fugas desesperadas
de mim mesmo e que acabam sempre se encontrando
pelos recônditos inevitáveis das minhas dúvidas
e revoltantes faltas de respostas...

Não suporto mais me enganar com tudo que finjo que sinto,
não agüento mais o peso das minhas palavras,
não tolero mais essa indulgência com minha perseguição
a uma perfeição que em tudo consegui hoje fracassar
pelo reflexo irracional da insatisfação dos erros que cético
percorro meus dias cometendo...

Não agüento mais me controlar,
não agüento mais minha própria incompreensão...



Fiquem em paz...
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sábado, maio 01, 2004

"Receba com carinho"



Oh! Sons e luzes que ruborizam os meus sonhos,
receba pelos ares o meu chamado
e venha até aqui sentir o calor do meu abraço.

Em cada volta pelo mundo,
em cada suspiro meu,
exalo um pouco de sensibilidade
que proferes como música
com seu canto apaixonante...

Doce devaneio,
multiplicai-me as línguas
para que eu possa ter mais opções
que eternizem seu brilho.

Dê-me mais da sua presença
e permaneça-me sempre
essa loucura de inspiração.

Faça-me, com seu beijo lascivo,
escrever poéticamente um terceto,
uma ode ou quem sabe um livro de sonetos.

Tome qualquer atitude,
só não deixe de habitar
essa morada que construi
exclusivamente para você no meu coração...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, abril 26, 2004

“O nada em contravenção”



Eu sou o nada, e luto com minhas palavras para entender o que é ser o nada
eu sou execrável, pois sou capaz de me amar e me odiar ao mesmo tempo
eu sou a oitava maravilha do mundo, pois consigo me amar e me odiar assim como consigo me amar ao me odiar
eu sou o resplandecer das trevas, pois sou capaz de escrever e me arrepender da linha escrita assim como sou capaz de me orgulhar pelo não dito em palavras,
tal como ganho a vida
sem que simplesmente abra os olhos
que fingem ser poderosos
mas que sempre caem na mesma história infante, se engana sempre pela mesma percepção
esdrúxula e desvirtuada, assim como desvirtuo minha mente com o céptico olhar,
assim como alucino minhas pernas em vão sempre que viajo por estas estradas,
estradas com seus espinhos me ferindo,
uma estrada imagética,
acho que é a estrada que se encontra defronte o portal do meu sinistro castelo...
Castelo que está opaco, perdendo o seu irreal brilho...
Castelo onde estou encostando nos cantos,
encostado às traças como velhos em carne fresca,
lisonjeado com a solidão que me cerca
denegrindo-me pelo ter que compreender,
declarando-me ao mais simples lapso
de inconsciência
e não me arrependendo
não me machucando, e muito menos me
martirizando
Ouvindo a todos e só dando a razão ao meu ouvir
interior
exterior
interplanetário
que dita de longe as regras
que me faz crer como um dia cri em
espíritos
que voam
que dançam
que tem armaduras e pompas
especiais
que vão a minha casa
e cozinham na mesma,
sem piedade,
dó,
com frieza,
não vendo que do lado de cá eu estou emocionado
fraco
intenso
desprovido
amando
sofrendo
agradando
mutilando
e tudo isso de uma só vez
tudo isso de uma só tacada
desgarrando as lacunas que compõem
o sonho sem fronteiras
sem barreiras e sem limites
fazendo do péssimo transição
fazendo do ótimo oposição
pois entendo o que dizes
entendo o que falas
entendo quando me proteges
e entendo que foges por mim
angustia-se pelos meus imagéticos desenhos
pelo medo do desconhecido
que ocorrerá a mim somente
quais serão as conseqüências
- com medo estás -
quais as conseqüências
- roendo-se estás -
o que será dele
- preocupada estás -
o que ele fará no futuro
- curiosa estás -
o que sentirei daqui a anos
quantos textos mais separar-me-ão do ócio
quantos equinócios vernais terão de distância
quantas epopéias vibrarão pela minha morte
quantos enterros mais terei que chorar
quantos amigos mais terei que me separar
de quantos mais terei que me separar
quanto mais terei que sofrer
e ir ao teatro só
quanto mais escreverei e acharei
que banal me tornei
quanto mais direi quanto mais
e quanto mais ditarei essas hipérboles
de quanto mais
de quanto mais
e digo ainda
quanto mais terei que me superar
se a superação percebo
não ser suportada
por estar ela exacerbada
por estar a empolgação cega
pois nunca deixei de estar cego
nunca deixei de não amar
nunca deixei de me privar
e sempre estive às escuras
atirando e lutando
contra mim
contra Deus
contra o Inferno
que bate a todo momento à nossa porta
às nossas janelas
que,
de quando em quando,
bate em nossos portais imaginários
e luto arduamente para que vá embora
pois estou cego
implorando por mim mesmo
criando histórias
fábulas que se tornariam inesquecíveis
como sonhávamos que seria...
Inexeqüível esquecimento banal
inesquecível prosear esdrúxulo
infundado
onde não preciso - sei disso - escrever mais
parábolas
já foram suficientes
pra você que mora ali
acolá
defronte meus julgamentos
pois eu não tenho fim
eu não tenho histórias
pois histórias sem fim acabam sempre acabando
com uma reticências
com uma rima
com um novo início
com um ano novo
com um carnaval, quem sabe,
com uma nova vida
com um novo estilo
musical
literário
egocêntrico e prepotente
criando armadilhas e barreiras
para a minha boneca transcendental
julgadora e não
fechada
com regras
com julgamentos predefinidos
do que é julgar...
Se julgo como minha figura
nunca julgaria,
é porque ela tem medo de julgar
ela tem medo de mim
pois a minha verdade sempre foi a única
é o que ela pensa disso, mesmo
mal sabendo do que pensa
mas pensa, e pensa vociferado ao ínfimo infinito
que ditará meu futuro
que ditará meus casórios
que ditará minhas separações
pois me casarei, isso eu sei,
farei filhos
mas não serei completo
completarei meus sonhos paternos
mas nunca poderei olhar para os lados
e ver a alternativa correta
pois minha mente está oscura
minhas papilas estão sedentas
como meus desejos estão dissonantes
as partituras rasgo eu
a música toco eu
o teatro contracenarei eu
mas o amor não viverei eu
a solução não viverei eu
a alegria não sentirei eu
pois ela foge
ela é uma montanha russa
das norte-americanas por serem maiores
mais ríspidas
mais frias
mais distantes
tão distantes quanto eu estou
tão tristes quanto eu me encontro
querendo tentar e não conseguindo querer
tentando querer e não conseguindo tentar
repetindo os erros
para participar de mim mesmo
escrevendo compulsivamente para me enobrecer
para um livro poder um dia escrever
quebrando as linhas para que possas entender
vendendo-me para a mim compreender
arrependendo-me para comigo viver
e saltando das montanhas para a mim
me oferecer...
Quantas linhas poderão ser escritas
quantos erros proferidos
mas sempre a certeza
de quantos amores
irreais
podem e são perdidos...
Quantos versos posso fazer
pois minha mente não consegue ler
nem para não poder
nunca este dom perder
Agora dito regras
para o fim da canção acontecer
mas para sempre nunca deixarei
de com meus amores enobrecer...


Fiquem em paz...
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