sexta-feira, outubro 26, 2007

"Janela ao Desconhecido..."

Ando seco, sujo e mudo...

Queria hoje me esquecer de tudo,
e só morrer de ardores, sentir essa incoerência que sinto toda vez
que mudo o mundo a se enxergar,
sentir todo dia, como se fosse a primeira vez,
essa maluqice que sinto de vez em quando...

Bem de vez em quando...

Olho para as coisas com um olhar cansado,
falo sem prestar atenção, sem aquela presteza marcante,
sem aquele desespero por contar, por ouvir, sem aquela esperança de encontrar o incontrolável,
falo, olho, digo por dizer, exclamo por obrigação,
e isso é desgastante, é não se ver nos outros olhos,
é ser sempre um estrangeiro em sua própria casa, sem poder acender a luz de madrugada,
sem poder acenar da janela para o desconhecido...

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terça-feira, julho 17, 2007

"Livre de presunções"

O papel perdeu a graça, deixou a atenção de lado e partiu pra vida, sem pedir licença, sem pedir recesso. Passou a se transformar em tudo o que via pela frente e a se transportar para qualquer lugar que pudesse existir, em meio ao turbilhão dos seus pensamentos. E agora ele está aprendendo mais do que ele podia imaginar, está aprendendo a se cuidar, a falar mais baixo e a não derramar sua comida na mesa, mas um eco, lá longe, o atormenta, o chama de volta, pede pra chorar, pede pra ir além e voltar com tudo o que realmente o atormentava. Mas perdeu a graça, ficou fácil, passageiro, efêmero como não gosto de ser, contraditório e muitas vezes sem uma resposta fixa. Mas existe um eco, ele é palpável, ele é real e lírico, bonito pra caralho, ele chama com sua voz mais sensual, com sua voz mais aveludada, implora pra deitar em mim como fazia antigamente, implora pra cantar em mim, pra me molhar com suas lágrimas de tristeza, e é difícil não cair em tentação, não cair em devaneio, naquele devaneio onde tudo posso, onde tudo quero, onde deixa minha ânsia ainda mais desesperadora. Mas o papel perdeu a vontade, entregou suas máscaras, parou de iludir com suas mentiras e falsas promessas, se reciclou e se descobriu com uma tonalidade levemente acinzentada, mais grossa do que estava acostumado, com algumas ranhuras e feiuras, mas totalmente livre de presunções...


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domingo, junho 10, 2007

"Posso permanecer inerte aos seus olhos...(?)"

Posso permanecer inerte e passivo a todos os acontecimentos,
posso cometer sucídios de muitas vontades no silêncio do meu quarto,
posso idealizar momentos fantásticos,
posso entrelaçar sua alma, seus olhos e corpo lindo com a facilidade que escrevo poesia,
mas quero mesmo ter a certeza do especial, quero o falar baixo,
quero olhos inflamados como os seus nos meus íntimos segredos,
quero verdades perigosas e não tão confiáveis,
aventuras ímpares que nos tornem mais vivos,
quero entreter sem precisar falar, só na troca do brilho,
só nas expressões de cada olhar, pela vaidade nítida que conseguimos corromper, por vaidade...

Poderia facilmente lhe dizer mil parábolas, estrofes, jargões, refrões, contos, haicais,
mas seria inútil descrever em palavras a intensidade, o peso, a profundidade dos seus olhos,
o impacto que me causa, a cada imagem, a cada curva escondida do meu pensamento hábil,
seria inútil lhe dizer o que quero, por quê vim, como sou, lhe dizer que não te deixaria respirar,
que não te deixaria morrer de asfixia, que suas olheiras iriam aumentar,
que iria fazer amor com você de dia, de noite,
no banho, na sala, no carro e na rua, que iria desfazer cada um dos seus penteados,
que iria marejar seu rosto com apenas um sopro no seu pescoço,
seria inútil tudo isso, confesso querendo o contrário,
querendo o contágio, sentindo saudades daquele nosso último mísero abraço...

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sexta-feira, maio 18, 2007

"Cisma despertar em mim"

Faz um tempo que venho escrevendo longos textos
apenas no imaginário, sobre coisas que continuam ocultas,
coisas que vagueiam incessantemente dentro de mim,
em minhas esquinas, nos meus estranhos destinos,
nos meus desertos solitários, com remorsos por serem reais...

Só gostaria de me lembrar da data exata em que me perdi,
da data inexata que pude ser mais feliz por ter visto coisas mais simples,
por ter me espelhado em um olhar que brilhava muito mais que o meu,
mas que tinha muita vergonha, por saber se irradiar...

Gostaria também de esclarecer que posso recuperar
todos os meus dons e minhas vontades absolutas,
que posso me embriagar de amor, de paixão e de tesão,
que posso me lembrar de cenas inacreditáveis,
que poderia agir diferentemente de como sempre ajo,
mas sempre acabo me reunindo com minhas partes libidinosas
e erro no tom do olhar, no brilho da voz,
na intensa verdade que você cisma em despertar em mim...

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domingo, maio 13, 2007

"Minhas possibilidades"

Existem no meu mundo recheado de fantasias
muitas possibilidades infundadas para o erro,
para a absorção do pior que pode existir do próximo,
e eu sempre caio nas mesmas armadilhas,
e eu sempre transformo todas as cores de tudo
em poesia deprimida, hostil, indiferente, para ser como sou...

As possibilidades me tornam uma pessoa impossível
de se acreditar, impossível de se manter perto, junto,
com o fogo incessante do início, sempre olhando pro lado...

As possibilidades me mostram um mundo tão vastoe tão sem companhia...
Tão rico e tão sem companhia...

Tão vivo e tão mórbido, enclausurado por dramas que eu crio para fugir da responsabilidade que eu significo para tantos e tantas...

As possibilidades me deixam cada vez mais perdido nas minhas certezas,
cada vez mais comedido nos meus atos,
cada vez mais apaixonado por mim mesmo,
mesmo sendo esse alguém mesquinho, ordinário,
que aprova tanta baixaria e demonstra tal falsa riqueza...

As possibilidades são o que sou,
sem que eu saiba ao menos digerir qualquer sentimento bom,
qualquer respeito,
qualquer ato ou consequência de honestidade....

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domingo, abril 15, 2007

"Capricho da sua vaidade"

De que adianta eu tentar responder os fatos à você, minha flor,
se com os olhos eu digo tudo,
se com os olhos eu invento um novo amor a cada amanhecer,
se com os olhos eu digo eu te amo sem o menor puder,
se com os olhos eu te mordo daquele jeito que te deixa arrepiada,
que te deixa sem saber pra onde ir,
sem saber se se entrega ou se foge com medo de você mesma...


De que adianta eu tentar dizer tudo à você com minhas palavras confusas e gagas,
de que adianta eu mandar suas flores prediletas pra sua casa sem cartãozinho
assinado,
de que adianta te escrever centenas de poemas se você gosta mesmo é de crônica,
de que adianta ir na sua janela tocar mpb no violão se gosta mesmo é de rock,
de que adianta ser eu mesmo pra você, se você cisma em me confundir?


Eu tento, sempre, te persuadir, te conquistar,
muitos momentos que te tenho nos meus braços acredito vêemente que suas caras e
bocas de tesão são verdadeiras...


Confesso que continuo a sair da sua casa com as pernas bambas como antigamente,
mas com uma fisgada na alma,
sem saber se foi tudo de verdade ou apenas um capricho da sua vaidade...

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quinta-feira, abril 12, 2007

"Rápido demais pra se mostrar"

Queria ter coragem de dizer todas as minhas verdades na sua cara,
dizer tudo sem milongas, jogar na sua cara que tudo não passou de um jogo,
que tudo não passou de uma forma ilícita para naufragar seus sonhos e te fazer pagar pelos seus inúmeros erros,
pelos erros que fizeram tão mal a tanta gente e que você, cínica como sempre, não percebeu...


Queria ter coragem de esbofetear seu sorriso indiscutivelmente lindo,
para que deixasse de se preocupar tanto com suas abstrações,
para que deixasse essa minha imagem tão distorcida que você criou de longe de tudo o que me cerca.


Queria ter coragem de te confessar, mesmo que por entre lágrimas, que entrei nessa verdadeiro, mas que sua frieza me distanciou milhas e milhas de tudo o que no início acreditei ser real,
queria poder contornar toda a história, voltar no tempo,
dizer não naquela noite em que estava embrigadado, na fissura apenas por uns beijos de uma noite e por um sexozinho barato,
queria poder não me deixar levar pelos seus telefonemas de madrugada,
pelas suas mensagens carentes e necessitadas da minha ajuda,
mensagens que só via no dia seguinte e me deixava com um nó na garganta,
por saber que eu era apenas uma farsa mal contada e mal planejada, mas você não me deixou respirar, você me sufocou com seu desespero,
você me mostrou rápido demais que não valeria a pena brincar com você...


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sexta-feira, março 23, 2007

"Toda vez"

Toda vez que te vejo,
toda vez que te abraço,
toda vez que entro no seu quarto,
toda vez que adentro seu corpo,
toda vez que telefono pra você de madrugada,
pedindo um pouco de atenção,
pedindo um pouco de amor,
é parte da minha forma de dizer as coisas,
é parte da forma com que desejo felicidades,
é a forma que encontrei para que retome seu sorriso quando angustiada,
é a forma que encontrei para que renove sua paixão pela minha voz,
é o jeito que tracei na minha memória para quando tivesse em meus braços,
vibrante, por inteira, destemida como sempre,
decidida, sabendo o que quer comigo como sempre soube o que queria em você...

Toda vez que te vejo,
atrasada, com tosse, com sono, com dor de cabeça,
acordando, indo dormir,
com seu baby doll cinza de bichinho que eu adoro tirar,
com o seu cabelo no rosto e seu jeito peculiar de dormir,
tenho certezas tão absolutas, certeza da nossa verdade,
certeza da nossa sensibilidade,
certeza do nosso carinho com nosso jeito único de trocar as palavras,
certeza de que tenho certeza que você é perfeita para me transgredir...

Toda vez que me inflo com seu carisma,
vou dormir tendo a sensação de que sou abençoado,
de que sou privilegiado,
de que compartilho algo a mais com o sorriso e a maneira mais incrível de ver o mundo....

Toda vez que penso em você,
meus olhos se enchem de água,
meu peito se enche de ternura,
minha vida se enche de você....

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sábado, março 17, 2007

"Carne exposta"

Muita gente tenta a todo momento me persuadir,
tenta determinar a mim mesmo como devo agir,
como devo me vestir, me portar, suportar um monte de gente
que considero insuportável e torço o nariz, sem receio.

Estou cansado de me sentir escravo de uma dúzia de coisas,
de ser doente por pensar diferente,
ou de ser punido por não estar sintonizado na mesma rádio
que o resto do povo.

Estou farto de igualdades,
estou com o saco ligeiramente inchado
por tanta saudade, por tantos sonhos eróticos toda noite,
por tanta vontade de abrir suas pernas,
entrar com toda minha força dentro dos seus sonhos encharcados,
enlouquecer sua pele, puxar seus cabelos do jeito que te faz amanhecer,
despejar em cima de você todas as minhas verdades e mentiras,
te morder da cabeça aos pés, roubar seus defeitos e qualidades,
te tornar imortal e dizer toda manhã que te cultivo
para te levar comigo por todo canto,
na lembrança, no hálito, na minha carne cúmplice de você....

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sábado, março 03, 2007

"Sua distância me distancia da paz..."

Sua distância me distancia da paz,
sua distância determina em mim rituais que não me agradam,
que não são amigáveis,
em uma punição constante, convenientes a você...

E fico tentando me convencer que não vale mais a pena,
que nossa loucura não é a melhor,
que a nossa amizade não é mais tão estupenda,
fico mentindo pra mim a todo instante,
para tentar não deixar esse martelar constante tomar conta de mim por completo...

Fica a saudade, fica o jeito peculiar de lembrar,
fica guardado na lembrança nossos suores,
nossos corpos unidos enquanto fazíamos amor,
fica a lembrança pura do nosso primeiro beijo,
roubado, escancarado, eu puxando seus cabelos,
falando todas as minhas verdades e mentiras de uma só vez,
louco pra te reconquistar, louco para te reviver,
insano para te contar todos os dias, sem rodeios, mas com charme,
que eu adoro amar você,
que luto para sobreviver,que sonho dia e noite, torcendo pelos seus sonhos,
torcendo pelas suas idealizações,
vivendo de longe nossa verdade de perto...

Eu te espero, minha flor roubada,
de braços abertos, coração apertado e alma entregue,
com os olhos de sempre, que ainda redesenham a dança das nossas almas...

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"Eu te trago sem pedir com licença"

Eu te trago uma ferocidade indizível à felicidade, eu te trago um sabor de algodão-doce na boca, aquele gosto de quero mais de quando ele termina, eu te trago também uma leveza e uma destreza para com as palavras, te trago tudo o que você sempre sonhou encontrar e não pôde nunca desfrutar.


Não te trago apenas glórias e delícias, te trago também a frustração da saudade, do tempo perdido, do ciúme por ter me visto na noite passada com uma loira fútil, siliconada e fresca, te trago a indomável sensação de que tudo pode ser realizável, de que tudo pode se tornar possível se estiver de mãos dadas comigo.


É explícito com os olhos, com o charme mal resolvido que atiramos todas as vezes, com a mão calejada e as palavras repetidas, mas gosto de dizer sempre, em poesia, cara-a-cara, via internet, via embratel, que te trago a indiscutível verdade em você mesma, te trago a beleza de ser quem você é antes de dormir, sozinha, sonolenta, te trago a relembrança de outras vidas, de outras épocas mais vivas e amenas, te trago tudo de todas as maneiras, sem cobrar nada, sem pagar nada, sem dizer ao menos com licença....


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quarta-feira, fevereiro 21, 2007

"Incondicionalmente"


Amor, o que seria de mim sem seu sorriso,
sem o brilho instantâneo que aparece nos meus olhos quando te vejo,
o que seria do meu dia-a-dia sem compartilhar com você,
sem retratar tudo que engloba sua presença como a coisa mais importante para mim,
o que seria de toda a minha dedicação, de todos os meus sonhos pra nós dois,
o que seria também do meu corpo tão habituado ao seu,
de todos os meus pensamentos que acordam e vão dormir abraçados com você,
de todas as minhas vontades que me consomem todas as madrugadas,
dos meus desejos que chegam a me constranger em determinados momentos,
como quando entramos na padaria pra comer seu pão bem torrado de toda manhã,
você rindo de mim, e eu perdido, desnorteado, sem saber como me esconder,
sem saber como tirar o vermelhidão do rosto...

Amor, o que seria dos meus poemas que faço com tanto carinho pensando em você,
das poesias que fico a todo instante improvisando bem baixinho no seu ouvido,
o que seria das nossas piadas e brincadeiras que só nós entendemos...

Mas penso também o que seria de mim sem mim,
o que seria dos meus passos sem a certeza de quais precisam ser tomados,
o que seria da razão de todo o comprometimento, de toda a verdade,
de toda a cumplicidade que tão lentamente cultivamos,
nessa sintonia fina que julguei a vida inteira não existir...

Amor, eu tento todos os dias, de todos os jeitos, te fazer mais feliz,
cada vez mais, vivendo cada momento sabendo que não teremos reprises,
e por isso te nego o direito de ficar mais um segundo longe de mim,
te nego o direito de não dizer que me ama de uma forma diferente do dia anterior, todas as noites...

Amor, sinto muito a sua falta,meu quarto está fervendo,
habitando nele meus arrependimentos,
meu mau humor por te ter tão longe,
aturando meu falatório amargo e carregado de saudades dos seus olhos....

Amor, eu amo você em silabas, tons, cores, improvisos, formas e temas, incondicionalmente....

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terça-feira, fevereiro 06, 2007

"Silêncio que dita"



O silêncio que consome o homem,
a frase dita escapulida, desapercebida,
tantas vezes lida,
tantas vezes ouvida, sofrida,
sempre se despedindo com um certo rancor na voz,
dizendo que mudei, que ando muito pirado ultimamente,
deixando tudo de pernas pro ar até o nosso próximo olhar...

Fico na espreita, à espera, mas nosso próximo olhar não rola nunca,
estamos diariamente usando nossos compromissos como desculpas,
e minha vida vai ficando cada vez mais sem graça sem seu jeito peculiar,
sem seus problemas puros, muitas vezes infantis,
que vão deixando nossa história ainda mais sem final do que quando começamos,
muito mais complicada do que imaginamos quando nos olhamos pela primeira vez,
muito mais distorcida e retorcida que nossos cabelos quando acordo de uma noite turbulenta, por ter sonhado com você...

E o silêncio vai me consumindo, me corroendo,
vai me dizendo pra voltar,
vai me pedindo encarecidamente para que eu ceda,
implorando pra que eu declare meus sentimentos,
implorando pra que eu declame meus poemas,
na inocência, sem saber que o uso para fortalecer nossa falsa eternidade...

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segunda-feira, janeiro 29, 2007

"Nosso mistério"



Eu poderia dizer a você coisas que não estão acontecendo comigo,
poderia manter em silêncio minhas angústias para conseguir te manter presa ao meu jogo,
poderia muito bem desmentir tudo que a tanto custo conquistei,
pois te conheço bem, sei que nas suas maluquices seus pensamentos vão além,
que você sonha com cores bem específicas, que você colore sua estadia do jeito que me apaixono,
mas detesto mentir a qualquer um, detesto sofrer calado como o babaca que não tenho vergonha de esconder que sou,
e lhe abro as portas da minha vida, pela porta da sala, pela porta da cozinha, pela porta do quarto,
pela janela do meu nono andar, sem receio, pedindo insistentemente e sozinho que você entre.

Mas você não entra...

Insiste em dizer que me esperou a noite inteira, chorando a minha falta,
eu insisto em tentar contornar uma situação, mas há muito eu insisto em não acreditar em suas palavras e promessas,
porque sempre foi tudo em torno de um único propósito, de uma única intenção,
de um único lado da história.

E agora você foi embora, eu fiquei preso dentro dos meus planos ridiculos e mal estruturados,
me olhando no espelho, bêbado, descabelado, com a roupa suja do nosso último whisky,
com a roupa ensopada do nosso último suor, com a alma lambuzada com nosso último beijo,
e já faz tanto tempo que você partiu, e já faz tanto tempo que você partiu que eu não consigo acreditar
que não consegui que se entregasse, que não consegui conquistar sua essência,
que só iludi e brinquei com as possibilidades que fantasiamos,
que abriguei em vão as verdades deliciosas que acreditei serem verdadeiras...

Agora tudo apodreceu dentro de mim,
que eu queria poder te olhar nos olhos de uma forma diferente,
que eu poderia sentir o seu gosto de pra sempre em mim, como sempre deixei que sentisse,
sem essas fugas, sem tantas esperas, sem mentiras,
sem ter que ser sempre uma surpresa incrível, mas pra mim, falha...

Eu só queria te olhar nos olhos,
dizer que estou com saudades de tudo em você,
tocar seu rosto com o toque mais sutil que minhas mãos possam proporcionar,
dizer que te amo, te abraçar como faço todas as noites com meus travesseiros
e florescer das sombras o frio na barriga que sempre determinamos como o nosso mistério...

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quarta-feira, janeiro 17, 2007

"Livro imenso de saudades"



Desculpe-me ter que te falar sobre minhas vontades,
sei que estou viajando ao tocar nesse assunto,
sei que estou viajando de não ir logo te ver,
com toda aquela sede misturado com a febre que tenho por você,
que me deixou inerte, pensando em tudo, imaginando nomes para nosso cotidiano,
para nossos possíveis filhos,
para nosso universo paralelo,
que é como me sinto quando estou com você,
como num mundo totalmente colorido onde só eu posso entrar,
e nele eu desenho coisas, faço travessuras e é tao natural....

Gosto da naturalidade que existo ao seu lado,
uma naturalidade que insiste existir...

E fico te pedindo para lhe te dizer algo,
pedindo para lhe contar em segredo
que eu estava completamente apaixonado por você,
e o que fez isso mudar foi eu gostar demais das coisas a dois...

Confesso que senti medo,
senti que poderia me machucar
mas você ainda mexe comigo, demais, demais,
você mudou muito comigo, você me deixou um pouco de lado,
e por isso decidi que vou te eternizar numa música,
pra te provar que em momento algum eu mudei,
que estou mesmo é ocupando-me para ter uma boa desculpa,
mesmo sabendo que é estupido dizer isso,
mas dentro de mim não mudei
e o seu ponto de vista está atrapalhando a nossa história de fluir...

Estou me abrindo pra você,
não estou diferente,
mas é que não te sinto mais com vontade de ficar comigo como era antes...

Parei de escrever mesmo achando péssimo,
parei de tentar te conquistar na marra,
parei de usar todas as minhas forças,
porque você é muito intensa, você mexe muito com minhas vontades,
com minhas fantasias, e o meu livro já está imenso de saudades,
difícil de carregar sozinho, como você insiste em me deixar...


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domingo, janeiro 14, 2007

"Obtusas"



Cenas, dramas, confissão,
vida, morte, alegria,
ordinária, vagabunda, amor,
mentira, falsidade, paixão,
podre, hipócrita, perdição,
força, luta, disparo,
lentidão, fração, segundos,
giro, mundo, formas,
choro, alívio, repente,
cárcere, livros, religião,
liberdade, sentido, desemprego,
doença, família, contagem,
eutanásia, alívio, lembrança de como amei você verdadeiramente...

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"Falsidade irresponsável"




A falsidade do amor que sinto por você destoa,
ela é capaz de forjar um plano mirabolante,
te meter em uma enrascada irreparável,
pela possível e incoerente massagem no ego...

A falsidade que sinto quando sinto os seus sintomas
é surreal ao ponto de me embriagar,
é como filme de suspense no final,
lindo, harmonioso, fantasioso, irresistível...

Não resisto a mentir para você,
não resisto a essa falsidade deliciosa
que te faz de otária e me deixa cada vez mais entregue,
mais eloquente, mais sensato nos meus segredos irresponsáveis...

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"Campinas com Paulista"



Você se pergunta demais, eu sei,
mas é porque você não tem cotas pra sonhar,
você é livre pra exercer seus fundamentos,
você é lírico o suficiente para demonstrar seu carinho,
seu carisma,
sua futilidade,
sua magnitude para com tudo que existe...

Você gosta de ver o mundo,
de se ajoelhar perante ele e se valorizar digno,
você pode tudo o que quiser,
e enquanto você passa suas madrugadas aí,
questinando-se deliberadamente,
eu vou dar uma passeada tranquila pela Paulista...

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quarta-feira, janeiro 10, 2007

"Demasiado"



Hoje não tem estrelas no meu céu,
porque você está longe daqui,
porque eu não consigo ver nada além disso tudo,
nessa neblina que persiste em ficar no meu olhar,
perdido pensando em você...

Hoje também não apareceu lua, não apareceu cometa,
só a saudade que ficou por aqui,
o tempo todo, lado a lado, andando grudada em mim,
saudade do seu riso afoito e da sua rouquidão para com tudo,
falta grande de sentir tanta coisa boa,
sobrou você aqui em mim, de todo jeito,
e eu fiquei tirando fotos com os olhos pra te mostrar em poesia,
e eu fiquei filmando tudo, guardando tudo pra te presentear,
sem saber se teria como te entregar,
sem saber se gostaria de receber...

Mas minha coragem é múltipla,
meu gosto pra saber sua verdade é verdadeira demais pra ser desperdiçada,
minha mão é ávida o suficiente para não ser capaz de esquecer seu corpo dócil,
meu peito é demasiado apaixonado para deixar de me apaixonar por você, sempre...

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