quarta-feira, junho 09, 2004

"Caça à simplicidade"



Eu nasci para pensar no meu anonimato
e nesse pensar, deflagrar todas as mascaras sujas
nesse deflagar descubro minha verdadeira diversao
e dessa diversão realizo minha criação no meu próprio escuro

Eu nasci para ser colocado em altares duvidosos
eu nasci para treplicar minhas próprias questões
eu nasci para não responder minhas inquietações
eu nasci para deixa-las aos tantos pobres de mim

Eu criei meu anonimato no meu sucesso
eu criei minha ilusão na minha realidade
eu criei minha repulsa no meu próprio amor
eu criei minha solidão naquela antiga diversão

Eu chorei, morri diversas vezes,
e até cheguei a acreditar que poderia ser verdade
e descobri que até as verdades dos anjos mentem-se a si mesmas

Tentei forjar planos, divagar contra o infinito,
tocar a melodia perfeita, com o ritmo perfeito dentro da rima perfeita
e desmoronei quando percebi o quão frivola é a perfeição...


Fiquem em paz...
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sábado, junho 05, 2004

"Do que eu nunca tive"



Tenho saudade até do que eu nunca tive
e do que nunca terei pelo ciclo lógico
que minha vida retrógrada leva.

E o mundo vai girando
em sua forma excêntrica e retilínea de se ser,
e eu me moldando ao acaso perspicaz que me persegue.

Nesta luta, incendeio não só a mim,
mas todo o meu mundo de ilusões...


Fiquem em paz....
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terça-feira, maio 25, 2004

“Sinto uma intensa vontade de suicídio”



Tenho fascínio pelo momento a vir.
estou cada vez mais desapegado a esse mundo
quero ver a baixeza em todos os atos
quero ver a vileza em todos os sentimentos
quero ver a degradação de todas as hipóteses
quero ver negras todas as lagrimas
quero ver a infâmia se apoderando da vida
quero todas as carapuças desarmadas.

Quero que todos os meus absurdos sejam condenados
e comparados com todos os absurdos humanos
quero ser o mais humano dos pecadores
quero ser o mais infiel dos homens
quero transgredir as regras e desafiar os Deuses
quero morrer sorrindo pela minha tristeza infinita
vivida nesta podridão que me arrasto
quero pedir clemência diretamente ao chefe do barraco
quero enegrecer minha visão
cegar-me para ver se finalmente me realizarei
cegar-me para enxergar a verdade
que não me existe, que não me acompanha, tenho que admitir
empobrece-me a vida senti-la
empobrece-me o sentimento amar nesse mundo sujo
empobrece-me a lentidão com que evoluo pela falta de evolução alheia
empobrece-me perder meus sonhos pelo ceticismo
encubro-me de falsos personagens,
encubro-me para encobrir-me de mim mesmo
grito uma fúria cretina, de quem ao menos consegue balbuciar
escrevo temas que servem como apelo desesperado ao abandono
conheço das artes a violência
conheço da vida a mentira
conheço do amor a exclusão
reconheço na realidade a minha única saída
o breve suicídio das minhas infinitas palavras e poesias...

André Neves

Tenho fascínio pelo momento a vir. (Vinicius de Moraes)

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domingo, maio 16, 2004

“Vôo noturno”



Sou extremamente equilibrado
no meu desequilíbrio.

Sou plenamente ponderado
no meu descontentamento.

Sou extremamente realista
no mundo onde sonho.

Sou meramente feliz
nas projeções onde vivo.

E para conseguir me entender
terá que subir na garupa da fantasia,
deixar para trás as regras e preceitos
e viajar comigo num vôo sem rumos,
mas com destino à felicidade.


Fiquem em paz...
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domingo, maio 02, 2004

“Não quero mais”




Hoje não quero ter fisionomia,
nem cheiro nem sabor, tampouco alegrias...

Hoje não quero sentir solidão,
não quero me enganar pelo desejo
inexistente da minha própria inexistência,
não quero fingir o que já sou sozinho...

Não quero rever meus antigos passos,
ressuscitar velhos paradigmas,
transcender velhos ideais,
reconhecer o erro das novas escolhas...

Não quero nada além do infinito,
e que ele se espalhe com música
pelos meus cantos hoje desconhecidos,
hoje desencantados pelo brilho de olho algum...

Não quero prender-me na minha própria inconsistência.
Não quero preencher-me de tudo que não me completa.
Não quero determinar as regras de um jogo de tabuleiro vazio.
Não quero gritar aos surdos minhas migalhas.
Não quero entender nem me tornar crível.
Não quero deixar de querer algo que nunca quis.
Não quero me abalar por isso, e com isso fortalecer
as únicas armadilhas que eu mesmo cismo em impor.

Não entendo meus pensamentos, não entendo minha euforia,
não entendo minhas vontades, minhas fugas desesperadas
de mim mesmo e que acabam sempre se encontrando
pelos recônditos inevitáveis das minhas dúvidas
e revoltantes faltas de respostas...

Não suporto mais me enganar com tudo que finjo que sinto,
não agüento mais o peso das minhas palavras,
não tolero mais essa indulgência com minha perseguição
a uma perfeição que em tudo consegui hoje fracassar
pelo reflexo irracional da insatisfação dos erros que cético
percorro meus dias cometendo...

Não agüento mais me controlar,
não agüento mais minha própria incompreensão...



Fiquem em paz...
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sábado, maio 01, 2004

"Receba com carinho"



Oh! Sons e luzes que ruborizam os meus sonhos,
receba pelos ares o meu chamado
e venha até aqui sentir o calor do meu abraço.

Em cada volta pelo mundo,
em cada suspiro meu,
exalo um pouco de sensibilidade
que proferes como música
com seu canto apaixonante...

Doce devaneio,
multiplicai-me as línguas
para que eu possa ter mais opções
que eternizem seu brilho.

Dê-me mais da sua presença
e permaneça-me sempre
essa loucura de inspiração.

Faça-me, com seu beijo lascivo,
escrever poéticamente um terceto,
uma ode ou quem sabe um livro de sonetos.

Tome qualquer atitude,
só não deixe de habitar
essa morada que construi
exclusivamente para você no meu coração...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, abril 26, 2004

“O nada em contravenção”



Eu sou o nada, e luto com minhas palavras para entender o que é ser o nada
eu sou execrável, pois sou capaz de me amar e me odiar ao mesmo tempo
eu sou a oitava maravilha do mundo, pois consigo me amar e me odiar assim como consigo me amar ao me odiar
eu sou o resplandecer das trevas, pois sou capaz de escrever e me arrepender da linha escrita assim como sou capaz de me orgulhar pelo não dito em palavras,
tal como ganho a vida
sem que simplesmente abra os olhos
que fingem ser poderosos
mas que sempre caem na mesma história infante, se engana sempre pela mesma percepção
esdrúxula e desvirtuada, assim como desvirtuo minha mente com o céptico olhar,
assim como alucino minhas pernas em vão sempre que viajo por estas estradas,
estradas com seus espinhos me ferindo,
uma estrada imagética,
acho que é a estrada que se encontra defronte o portal do meu sinistro castelo...
Castelo que está opaco, perdendo o seu irreal brilho...
Castelo onde estou encostando nos cantos,
encostado às traças como velhos em carne fresca,
lisonjeado com a solidão que me cerca
denegrindo-me pelo ter que compreender,
declarando-me ao mais simples lapso
de inconsciência
e não me arrependendo
não me machucando, e muito menos me
martirizando
Ouvindo a todos e só dando a razão ao meu ouvir
interior
exterior
interplanetário
que dita de longe as regras
que me faz crer como um dia cri em
espíritos
que voam
que dançam
que tem armaduras e pompas
especiais
que vão a minha casa
e cozinham na mesma,
sem piedade,
dó,
com frieza,
não vendo que do lado de cá eu estou emocionado
fraco
intenso
desprovido
amando
sofrendo
agradando
mutilando
e tudo isso de uma só vez
tudo isso de uma só tacada
desgarrando as lacunas que compõem
o sonho sem fronteiras
sem barreiras e sem limites
fazendo do péssimo transição
fazendo do ótimo oposição
pois entendo o que dizes
entendo o que falas
entendo quando me proteges
e entendo que foges por mim
angustia-se pelos meus imagéticos desenhos
pelo medo do desconhecido
que ocorrerá a mim somente
quais serão as conseqüências
- com medo estás -
quais as conseqüências
- roendo-se estás -
o que será dele
- preocupada estás -
o que ele fará no futuro
- curiosa estás -
o que sentirei daqui a anos
quantos textos mais separar-me-ão do ócio
quantos equinócios vernais terão de distância
quantas epopéias vibrarão pela minha morte
quantos enterros mais terei que chorar
quantos amigos mais terei que me separar
de quantos mais terei que me separar
quanto mais terei que sofrer
e ir ao teatro só
quanto mais escreverei e acharei
que banal me tornei
quanto mais direi quanto mais
e quanto mais ditarei essas hipérboles
de quanto mais
de quanto mais
e digo ainda
quanto mais terei que me superar
se a superação percebo
não ser suportada
por estar ela exacerbada
por estar a empolgação cega
pois nunca deixei de estar cego
nunca deixei de não amar
nunca deixei de me privar
e sempre estive às escuras
atirando e lutando
contra mim
contra Deus
contra o Inferno
que bate a todo momento à nossa porta
às nossas janelas
que,
de quando em quando,
bate em nossos portais imaginários
e luto arduamente para que vá embora
pois estou cego
implorando por mim mesmo
criando histórias
fábulas que se tornariam inesquecíveis
como sonhávamos que seria...
Inexeqüível esquecimento banal
inesquecível prosear esdrúxulo
infundado
onde não preciso - sei disso - escrever mais
parábolas
já foram suficientes
pra você que mora ali
acolá
defronte meus julgamentos
pois eu não tenho fim
eu não tenho histórias
pois histórias sem fim acabam sempre acabando
com uma reticências
com uma rima
com um novo início
com um ano novo
com um carnaval, quem sabe,
com uma nova vida
com um novo estilo
musical
literário
egocêntrico e prepotente
criando armadilhas e barreiras
para a minha boneca transcendental
julgadora e não
fechada
com regras
com julgamentos predefinidos
do que é julgar...
Se julgo como minha figura
nunca julgaria,
é porque ela tem medo de julgar
ela tem medo de mim
pois a minha verdade sempre foi a única
é o que ela pensa disso, mesmo
mal sabendo do que pensa
mas pensa, e pensa vociferado ao ínfimo infinito
que ditará meu futuro
que ditará meus casórios
que ditará minhas separações
pois me casarei, isso eu sei,
farei filhos
mas não serei completo
completarei meus sonhos paternos
mas nunca poderei olhar para os lados
e ver a alternativa correta
pois minha mente está oscura
minhas papilas estão sedentas
como meus desejos estão dissonantes
as partituras rasgo eu
a música toco eu
o teatro contracenarei eu
mas o amor não viverei eu
a solução não viverei eu
a alegria não sentirei eu
pois ela foge
ela é uma montanha russa
das norte-americanas por serem maiores
mais ríspidas
mais frias
mais distantes
tão distantes quanto eu estou
tão tristes quanto eu me encontro
querendo tentar e não conseguindo querer
tentando querer e não conseguindo tentar
repetindo os erros
para participar de mim mesmo
escrevendo compulsivamente para me enobrecer
para um livro poder um dia escrever
quebrando as linhas para que possas entender
vendendo-me para a mim compreender
arrependendo-me para comigo viver
e saltando das montanhas para a mim
me oferecer...
Quantas linhas poderão ser escritas
quantos erros proferidos
mas sempre a certeza
de quantos amores
irreais
podem e são perdidos...
Quantos versos posso fazer
pois minha mente não consegue ler
nem para não poder
nunca este dom perder
Agora dito regras
para o fim da canção acontecer
mas para sempre nunca deixarei
de com meus amores enobrecer...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, abril 23, 2004

Se os sonhos correspondessem......................



Se os sonhos correspondessem às minhas palavras, acreditaria que minhas crenças são existenciais a ponto de me transformar no ator principal desta peça que estamos participando aqui, esta noite, entregue ao ostracismo que tenta se demonstrar condizente com as fábulas criadas por nós mesmos quando estamos elucubrando, e mesmo com esta inconsistência de fatos consigo te ver, em meio de tamanho alvoroço, dessa forma bela, bruxuleando ao redor de tanta hipocrisia, fantasiando em meio de tanta fantasia, de sonhos que sonham em ser vividos, sonhos que dizem fazer parte da minha mente, mesmo que momentaneamente, deturpando os preceitos e fazendo de ti, sim, por incrível que pareça, fazendo de ti a atriz principal de um papel tão delicado, com tantos resquícios do passado vindo à tona no presente, esse presente onipotente que nos cerca, esse passado que nos condena e esse futuro que nos espera, às margens do acerto com as soluções que as nossas novas tentativas, mesmo lutando para serem plausíveis, tentam fazer conosco, com o tempo, este que tanto me gela as mãos e me sua o coração, tempo que deturpa meus anseios e me faz sentir ileso a tudo, como uma criança perdida em tempos remotos, como um pássaro que voa em sentido da liberdade há muito requerida, e vejo-te assim bela, passando com toda essa magnitude, fazendo-me me perder nas palavras, fazendo desse encanto algo estarrecedor à percepção que rodeia minha vida, embasbacando-me para poder, assim que possível, escrever esta que lê, para ver se assim consigo transmitir toda a leveza que a paz que rodeia sua pessoa me transmite, trespassar a ti todo o brilho resplandecente existente em sua aura, no místico e distante cheiro do seu olhar, cheiro de encanto, cheiro de inovação, de amor, de carência, uma carência querendo ser amada, querendo ser explorada para que assim possa, sem receios, abrir este teu livro mágico, este que carregas, pesado, dentro do teu peito, por falta de confiança, por receio de não ser o que já é, ou que não sejam o que já encontrastes ao abrir sorriso tão belo quanto sua pele, quanto sua cor, quanto seu tudo, esse tudo que tanto me encantou e me fez sonhar aquela noite, e a outra noite, e a outra noite, sonhando sensações ainda inexistentes, acordando com os travesseiros em volta dos meus braços e imaginando o dia em que poderei te abraçar de verdade, o dia que poderei, se é que poderei, abraçar seu coração, sua alma, alma entregue as divagações existentes na minha, na tua, nas nossas vidas, essas tantas vidas vividas, essa saudade que cisma em aparecer de fininho, a quem sem querer clamamos, pois a mesma encontra-se verdadeira dentro de nós, dentro dos nossos sorrisos, desse ressoar das notas dentro do papel, esse eco vagando pela minha mente para poder escrever mordiscando minha alma para que ela seja verdadeira, para que possa com minhas falanges colocar todo o ardor existente no meu sangue, nos meus tão comentados sonhos, sonhos dorminhocos ou alucinados, querendo-te dessa forma, daquela forma, de todas as formas, para simplesmente realizar todas as tuas vontades, e a minha, que é poder simplesmente trilhar contigo os infindáveis caminhos da felicidade...


Fique em paz.....
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quarta-feira, abril 21, 2004

"O Haver"




Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai! eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo que existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de sua inútil poesia e de sua força inútil.

Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa tola capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será e virá a ser
E ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante.

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
Na busca desesperada de uma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do grande medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio
Pelo momento a vir, quando, emocionada
Ela virá me abrir a porta como uma velha amante
Sem saber que é a minha mais nova namorada.



Obrigado Vinicius....
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terça-feira, abril 13, 2004

"Vivência"



Pirei no sonho
alucinei no escrever,
pulei na vivência,
na ardência do viver,
extravasei as regras
incontáveis,
irredutíveis regras que
desapontam,
desapontam o elixir
em forma de flores,
de aromas enigmáticos,
de cintilâncias,
degustando o expelir,
o exasperar,
o ser pelo não sendo
mesmo esta sendo
a não-questão,
mesmo os nãos
sendo as
contrações que ditam
os seres,
que fazem a festa
ditando as regras
deturpando a sanidade
com que pego na caneta,
rasgo os papéis,
digo e penso sobre
amor,
ódio,
decepção
de ser
o querido
e não obter
a ascensão
do poeta proseador
que se acha vão,
que o poente diz que não,
e o luar não abre mão,
nem dele - do poeta louco,
nem dela - pálida imaginária,
muito menos
do reino literário
que em sua persona
torna-se ditadora
de regras,
de ser tudo
sendo o ser quisto nas fábulas
e sendo o não ser na profusão desvairada
do outro ser
que cria vida,
mas é tímido e temeroso,
é frágil e murmura
pelos meios,
rumina cânticos e versos
para a intertextualidade
não exasperar,
para sempre poder
com sua musa se inspirar...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, abril 07, 2004

“Com todo o meu sempre”




Uma estrela impressionante presenteou-me
o destino ha tanto solitário e longínquo,
recostando minhas portas e janelas interiores
para o passado vivido numa estrada esquecida.

Esta estrela juntou todos os pássaros
existentes dentro dos meus tantos sonhos
e os fez cantarem a mais bela e doce
melodia clássica jamais sentida pela vida.

Equidistanciou o belo da frivolidade
dentro do pobre e confuso poeta,
que lacrimejando tenta compreender
o brilho que ainda o cega e o aroma
que o estagna na lembrança distante.

Imagina as nuvens, as casas e as ruas que sentem
o peso benévolo de tais pés e tais risos.

Vê, com nitidez, cada ponto da metrópole
ainda desconhecida por ele, sendo eternizada
pelo clique da fotografia vista com perfeição
pela perfeição dos seus olhos lindos e serenos,
e ri pela contemplação do seu próprio devaneio
ao rever as novas cores do seu jardim interior.

Ele tenta continuamente escrever,
tentando persuadir sua clara invalidez,
para descrever cada ponto desse brilho,
cada som desse silencio, cada sentimento
do mais puro toque deflorado pelo tempo.

E mesmo rodopiando ele tenta se concentrar
e relembra do tempo parado, sendo contemplado
como obra de arte barroca, como pureza
enigmática de uma construção sentimental
sólida e perfeita, e carinhosamente desenhada
como nunca, tampouco imaginada
pelos homens ou pelos anjos róseos,
que se envergonham quando perante estão
do lírio mais famoso, do canto mais macio,
do abraço mais envolvente, do beijo
mais alucinante, do riso mais vermelho,
e da sutilidade mais apaixonante,
que mesmo munidos de caneta e sensibilidade
não conseguirão descrever a exatidão infinita
daquela riqueza, que colocou o pobre
poeta enclausurado pela saudade
e voando por ter sentido pleno tão nobre paixão...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, abril 05, 2004

"Te adoro"



T amanha beleza e sutileza que
E xala desses cintilantes olhos,

A trozes em suas decisões
D uradoura em seus sentimentos
O rgasmática em sua maneira de viver
R econquistou meu coração que já estava sem luz,
O rganizou, clareou e encheu minha vida de felicidade...


Fiquem em paz...
.............................................................

quarta-feira, março 31, 2004

"Anjo amigo - In Memorian"



Vinte e um anos...
Uma idade tão célebre,
tão inconsistente e tão mágica,
uma passagem única que a maioria dos que lerem esta já terão passado, ou estarão passando,
ou ainda posso dizer que tem planos fantásticos e grandiosos quem a essa idade não chegou,
idade que tanto me ajudou,
idade que nunca mais irei ter,
idade que nesta data de hoje
estaria meu grande amigo comemorando com seus planos terrenos...

Planos, planos...
Como falar em planos se não existem regras para o tempo (!)...
Planos, planos...
Como ditá-los ao léu se nem sabemos o quão presente estaremos (!)...

E foram poucos por ele ditados,
já sabia que não precisaria ditar planos
a longo prazo,
parece que a presunção não fora bastante plausível para seus ideais,
ele não imaginava ter 21 anos,
ele queria e batalhava diariamente para apenas ser eterno,
apenas para fazer feliz a quem ao seu lado estivesse,
pois ele precisava ensinar a todos
a fórmula mágica
do desprendimento,
do encantamento,
precisava ensinar a todos o que significa ser simplesmente feliz,
o que significa simplesmente sorrir
por sorrir,
gritar
por gritar,
interpretar
como se o mundo fosse um palco
e o futuro
as cortinas que lentamente se abrem,
vivendo os ensaios que se calaram antes das cortinas
intituladas da vida
se abrissem,
antes mesmo da contracenação
dita e vivida
ter saído da sua majestosa puberdade,
fazendo-me voltar no tempo
e imaginar como estaria o seu brilho,
como estaria suas interpretações e interpolações
que apenas sua clara e simples mente era capaz de fazer...

Como estaria eu (?),
que escrevo aos prantos
sem mesmo poder,
pois em sonhos astrais ele pediu-me
para que não mais o fizesse...

Como estaria minha face com as lágrimas sempre secas (?),
será que seria tão desprendido,
será que seria tão compreensivo,
tão amável com os que não tem o dom da compreensão,

Como estaria ele, (?)
será que forte,
namorando a Claudia,
qualquer outra mulher,
tão especial quanto a cineasta expelida do meu âmago
em formas de palavras nessa mesma excêntrica linha imaginária,
estaria ele cursando de teatro comigo,
já teria sua casa em Ubatuba,
já me levaria com seu carro consorciado
para ver o brilho das estrelas,
para quebrarmos quantas cidades fossem preciso,
erraríamos em vão,
divagaríamos sobre o nada,
pois o nada tornara-se inexistencial a ponto da sua inexistencialidade se obrigar a divagar durante o nada,
com o nada sendo o máximo denominador que poderíamos ter em comum,
dormiríamos na praia
ao relento
como outrora fizemos,
nos perderíamos em busca da noite perfeita,
invadiríamos o aeroporto,
como outrora ele fez,
sem o risco do choque mortal,
sem o risco do tiro certeiro,
pois eram apenas tempos de liberdade,
eram apenas tempos de desapego,
onde o existir era uma simples vara de condão
que ditava as regras dessa transmutação de fatos que hoje
tornara-se incompreensível
dentro da minha cabecinha incapaz,
dentro da minha lucidez,
dentro do meu peito que está amuado,
está sôfrego de saudades,
está desmoronado de lágrimas,
lágrimas não pela lembrança da doença que o levou,
mas dos tempos onde a liberdade era nossa simples opção libertista
de todos os nossos atos e situações,
onde a música era cantada em uníssono,
onde o companheirismo era mútuo,
onde as jaulas imposicionadas pela vida ainda estavam abertas
a todos
que quisessem adentrar,
pois não tínhamos manchas na nossa mente,
não tínhamos o buraco eterno dentro de nós,
não tínhamos a preocupação
de como seriam os aniversários sem a presença,
sem a festa tão esperada
ano a ano
nos prédios mundanos...
Como tudo isso aconteceu (?) ,
Como foram criadas tantas barreiras (?),
Mesmo ele implorando para não criarmos,
mesmo ele gastando toda a poupada energia,
se materializando para simplesmente dizer que está bem,
pedindo,
implorando
para não chorarmos,
e mesmo assim
me vejo no banheiro,
me olhando no espelho,
como uma criança
chorando,
tendo que respirar fundo
para que não ouçam que choro,
pois não merecem me ver triste,
pois não compreenderiam a minha tristeza,
piorando ainda mais minha situação,
então recorro ao papel reciclado,
a caneta esferográfica,
desato meu molhar sobre os dois
e escrevo,
para que consiga aliviar um pouco do peso que eu não agüento,
que quem o conheceu e estiver lendo também não agüenta,
a quem não o conheceu e se sensibiliza com histórias de amor e hipérboles dramáticas não agüentará por sua vez,
mas que a certeza todos nós
- os meus conhecidos, os dele desconhecidos, os leitores e curiosos -
temos,
de que,
asas em suas costas já se criaram,
- mesmo elas tendo espiritualmente arranhado um pouquinho -
olhos ainda mais esverdeados se fizeram,
cabelos mais enrolados já cresceram
e rodopiaram
pelas nuvens brancas,
e que a sombra da dúvida que poderia ainda restar
já se dissipou
de que ele,
todos os dias,
reza para que seus comparsas,
amigos e
familiares.........................

.....................Fiquem em paz...


............................................................................

sábado, março 27, 2004

“Não convidado”



Lágrimas...
Fúria desesperada pelo infinito.

Arrepios...
Violinos escorrem suas verdades.

Decanato...
Fuga alimenta a transcendência dos fatos.

Momento...
Em que escolho para fechar os olhos
e sentir a verdadeira verdade que não existe
nas palavras e nos olhos aguados e sujos,
temperando ainda mais minha alusão aos sons
e as luzes da minha absurda hipnose.

Calmaria...
Como eu gostaria que fosse minha fascinação
pelas dificuldades absortas no eterno...

Gosto...
Da cor diferente nas minhas mãos,
nos meus tragos infinitos de incoerência.

Desespero...
Rápido e fugaz, poderoso e amigo
de todos os meus eus desafortunados.

Depressão...
Palavra antiga dos meus antepassados,
que não encontram palavras que decodifiquem.

Luz...
Emanação angelical e alheia aos meus sentimentos,
onde a irrealidade decompõem o dia vão
das portas que se abrem inertes a mim...

Luta, tambores e degustação de palavras,
que tão lentamente absorvo no papel,
sentindo-as como o fim,
cada palavra suicidando-se do meu frágil sentimentalismo
para colorir vidas que não me suportam...

Decisão...
Destruição...
Revelação...
Renegação...
Ressurreição...
Reencontro...
Desilusão...
Devastação...
Desinteresse...
Lágrimas...


Fique em paz....
.................................................................

sábado, março 20, 2004

“Buquê de flores”



Oh! Doce regia, que enrubesce
as águas escuras do meu sonho,
levanta tuas orelhas para ouvir
a serenata sutil das borboletas...

Venha sentir o doce aroma
da liberdade que planto
com carinho para que possa
colhê-lo e fazê-lo de morada...

Oh! Doce canto que não cala,
palpita-me o peito pela lembrança,
vislumbro cada parte do seu corpo
com a imagem do orvalho por ele escorrendo,

vibrando em cada curva do seu sonho,
emudecendo em cada sorriso da saudade,
em cada brilho da verdade dos seus olhos,
em todo ato que se eterniza...

Oh! Doce regia, faz da minha vida fantasia,
rege como orquestra minha vontade,
ilumina com velas o meu caminho,
afaga meus sinceros sentimentos com música,
e faz da imagem do meu coração
um eterno buquê de flores para você...


Fiquem em paz...
..............................................................

sexta-feira, março 19, 2004

“Não precisa haver”



Não precisa haver beijo, para haver amor...
Não precisa haver desejo, para haver amor...
Não precisa haver abraço, para haver amor...
Não precisa haver contato, para haver amor...
Não precisa haver lágrima, para haver amor...
Não precisa haver namoro, para haver amor...
Só precisa haver amor, para haver você...
Só preciso de você, para em mim haver amor...


Fiquem em paz...
............................................................................

quarta-feira, março 17, 2004

"Quem sou eu"



Passeio vagamente pelo passado.
A nostalgia me prende na insônia.
Escureço, perco-me na noite
com os pés descalços e frios.
Coço meu nariz, pisco com força
para conseguir raciocinar velozmente.
Ouço o sibilar da Sinfonia n° 5 de Mahler,
visto minha carapuça
e desato meus sonhos no papel...

Luto para esquecer que existo,
luto para entender o existir,
para entender o amor, se com ele
no peito sofro a fertilidade
da eternidade, e ele sumido assim
sofro a dor sôfrega do silêncio...

Sofro com esse silêncio,
desatina-me o medo...

Coço novamente os olhos...

Dessa vez fecho-os e vejo-me
como uma sinfônica sem rumo,
sem sentido,
sem batidas,
sem o ressoar da vida,
sem o encanto,
sem a liberdade que prego,
que se esvaece das minhas mãos,
acorrenta-me neste transeunte
que chora lágrimas que não são dele...

Acorrento-o nessa letargia,
acorrento-o nessa solidão
de quem nunca conseguiu ser o que quis,
o que sempre sonhou
e sem coragem de vencer,
suicidou-se...

Apodero-me desse pobre sonhador,
dessa figura carismática,
o transformei anos atrás
para que minha carapuça desleal
não fosse descoberta...

Alegro-me pelos seus rumos,
darei a ele todos os dons que quiser,
pois ele revive a minha vida,
ele me faz potente,
ele me cura,
esse jovem maluco terá todas as portas
abertas para sonhar, para vencer...

Eu não o deixarei perder,
eu não o deixarei morrer antes de ser,
quero sentir o gosto da vitória através dele,
quero ser jovem,
quero tirar essa bala
do meu infiel e covarde peito,
quero que ele transmita
às pessoas o que eu não pude em vida,
pois ninguém entenderia na minha época...

Raros o entendem agora...

E é por isso que eu o fiz só...

Poucos o enxergam,
ele se finge não entender
e entretém com facilidade,
com o Dom que Eu e nosso Pai demos.

Sou seu irmão que não nasceu,
que se uniu pelo ventre sagrado
da nossa Mãe para te dar a chance,
a glória de poder passear
por todas as galerias da vida
sendo respeitado, aclamado...

Eu te darei as histórias,
eu te farei feliz,
realizados pelos seus feitos...

Não estranha ter tantos dons?

Como pode se julgar tão abençoado
e não duvidar de nada?

Faz-se de tonto,
eu te ensinei a ser assim,
isso eu fiz para que não sofra no futuro,
é apenas uma pequena amostra
do que esta por vir...

Faça tudo mesmo,
prepare-se, pois os palcos
irão sempre se acender para ti,
meu caro e nobre irmão...

E agora peço apenas para que coce
novamente os olhos,
relaxe ao som límpido da música,
respire,
descanse o braço, pois ele está doente,
estude e sempre fique na paz
que tanto almeja...

Busque-a...

Transgrida as regras...

Escreva seus sonhos,
eu darei seus sucessos lá,
no inconsciente,
e quando seu nome estiver nas estrelas,
abençoarei-te contra as traições,
pois eu o amo meu irmão,
eu te quero harmonioso,
e para todo o sempre rezarei
para que essas lágrimas que agora
caem dos seus olhos sejam sempre
sinônimo de fertilidade e lealdade...

Lágrimas benévolas e eternas...

Rouquidão da minha voz ao acordar do transe,
ao agradecer a quem quer que seja
por mais um belo e belo e belo texto...


Fiquem em paz...
..................................................................

quinta-feira, março 11, 2004

“Curiosidade da sensação”



Qual a nomenclatura existente
para a concisão perfeita
de tantos altos e baixos
residentes no amor?

Ah! Amor...
Palco de tantos livros,
palcos de tantas dúvidas
ainda nunca respondidas...

Tomaste meu coração
pela curiosidade da sensação,
do enigma que envolve
sem medo as barreiras da destruição...

Um banquete completo
para minhas mãos
e uma pergunta que nunca se calará:

- Por que as pessoas mudam
quando a recíproca é verdadeira?

Faço, quando medito, uma retrospectiva
dos fatos onde a reprocividade ocorre,
e o resultado estatístico
é meramente fatídico e Dantesco,
pois o mesmo torna-se nulo...

Nulo como devem ser essas viagens
que vivo quando medito...


Fiquem em paz...
......................................................................

domingo, março 07, 2004

"Ilusão rebuscada"



Ilusão tempestusoa de um ensejo
terminantemente inexequivel e irrefreável...
Decepção mostruosa e elucubrativa
do meu seio amargo de escuridão...

Inefável problemática e dissonante
alternativa de mórbida realidade
vivida, bruxuleando em minha tez
a brisa boreal do descontentamento...

Ciclópes sentimentais rondam os monumentos
labirinticos e arcaicos do meu insalubre
âmago, destoando a fábrica de sonhos

com palavras rebuscadas e desesperadas,
dissolvendo meu último resquicio de sorriso
nesse drama terrivel de não pertencer ao paraíso...


Fiquem em paz...
.........................................................................

quarta-feira, março 03, 2004

"Passado poético em Barcelona"



Ah! Que saudade daquele tudo,
que saudade daquele fazer nada,
que saudade daquele sentir muito,
que vontade daquela menina...

Ah! Que vontade de fazer tudo,
que vontade de não viver sem nada,
que vontade de sentir tremores,
que saudade daquela menina...

Ah! Mas que vontade de beijar,
que vontade de fazer amor,
que vontade de fazer o gosto,
que saudade daquela menina...

Ah! Que saudade daquelas tardes,
que saudade daquele encanto,
que saudade de apaixonado,
que vontade daquela menina...

Ah! Que vontade de tê-la aqui,
que saudade de senti-la aqui,
que duvida me bate aqui,
do amor que sinto por aquela menina...

Que passa exalando pétalas pelos seus mágicos olhos,
que me apaixona a cada vão momento,
que me descreve em poesia,
que me extasia,
que me alucina de tanta vontade de morde-la,
de encharcá-la com a minha vontade,
que me lambuza a fantasia,
que me suga cada energia desperdiçada
e transforma-a em paixão recolhida,
que me forma em forma de forma para acalentar
cada respingo da sua vontade,
da sua ternura,
do seu coração em cores,
do seu sorriso que encanta aos céus,
dos seus traços que encanta a Zeus,
da sua bondade que encanta aos anjos
e do seu tudo, que encanta meus desejos
com seus trejeitos, com sua voz de pequena,
com seus cabelos de boneca,
com a sua infinita história de amor....


Fiquem em paz...
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domingo, fevereiro 29, 2004

“Cidade Nossa”



Cidade caótica, onipresente;
Cidade maluca, eloqüente;
Cidade de ouro, presente;
Cidade de luz, de amores ferventes...

Lugar rodopiante de corações
Que breves lutas acontecem
Com separações, com ideologias
Abstratas do ser e sentir pobre,

Maldito e com as crispas
Enrijecendo meu perdão,
Tornando-me um moribundo,

Narrador onisciente, vão,
Caótico e problemático, mas
Vasto conhecedor das dores do mundo...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, fevereiro 25, 2004

"Morte sem enterro"



A morte
queimando-me a face
apertando-me contra o papel
com ira,
com furia,
latente e prepotente
com as quedas infimas
devorando meu respirar...

Morte,
sem rodeios me buscando
no palor da madrugada,
me inebriando,
me escurraçando desse recinto,
dessa morte sem receio,
desse tilintar sem preceito,
com o péssimo em devaneio,
com o límpido em escassez,
frio como a bruma que enreda
sua ferida....

Fim,
o fim desiludido
pela morte sem enterro,
com tanto desespero,
trazendo-me ao desterro
que jaz minha solidao,
solidao magra que degusta
do meu ser,
do meu dom,
do meu prepotente esquecer,
do meu eloquente enlouquecer...

Corpo,
corpo que nao vejo,
gélido que nao sinto,
pernúria que só vejo,
desalento que tanto desejo
nessa morte sem fim,
nesse enterro do querubim,
esse desespero querendo à mim,
nesse lavar de almas sujas,
nesse viver de sonhos límpidos,
nesse navegar de sonhos unicos,
com barocos a sós,
aeroplanos solitarios,
soleiras desgranhadas,
paredes armadas
e sonhos destroçados,
à espera do novo reencontro,
que dita os desencontros,
e que traz a esperança
para que não erre no ponto,
ainda menos que o desenho
fique apenas no conto,
que é para podermos,
sempre,
vivermos esses distantes
e inalcançáveis sonhos...

Sonhos de criança
e que nunca acontecerão... ... ...


Fiquem em paz...
...................................................

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

"Como eu adoro você"



Como eu adoro seus cachos
Como eu adoro seu nariz
Como eu adoro seus dedos
Como eu adoro seus trejeitos
Como eu adoro sua voz
Como eu adoro sua risada
Como eu adoro a pinta da sua barriga
Como eu adoro a pinta da sua nuca
Como eu adoro o tamanho das suas pernas
Como eu adoro seu ser magrinha
Como eu adoro a cor dos seus pelos
Como eu adoro a sua bunda
Como eu adoro a parte de trás da sua coxa
Como eu adoro a batata da sua perna
Como eu adoro sua temperatura
Como eu adoro o seu abraço
Como eu adoro seu beijo
Como eu adoro a sua ardência
Como eu adoro o seu sorriso
Como eu adoro você fazendo charme
Como eu adoro você apoiada em mim
Como eu amo seus pés...


Fique em paz...
....................................................

domingo, fevereiro 15, 2004

"Sou"

Sou
sonhou e
comigo brincou
feriu a conjectura
do ser que sou
sendo o ser
que a sós
Sou




Fiquem em paz...
........................................................................

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

“Caminata”



Mal muevo mis ojos
Y ya veo a mi amada a jugar
Mal muevo mis rulos
Y ya me veo amando a lamentar...

Yo vivo en mi dictador;
Yo vivo en el seno del pavor;
Yo rezo por ser Creador;
Y peco en hipo aniquilador...

Pero continuo mi caminata
Para los cielos yo poder alcanzar
Así como camino para que

En los esenarios me pueda apasionar,
Así como juego de tocar, de escribir,
Sólo faltando mismo jugar de amar...


Fiquem em paz...
.........................................................

domingo, fevereiro 08, 2004

"Sinestesia"



E se hoje pudéssemos falar?

Teríamos coragem de dizer sobre nojo, desejo,
raiva, fúria, amor ou margaridas?

Teríamos fôlego para nos declararmos
e percebermos e hipocrisia das nossas palavras?

Teríamos coragem de trocar nada
por qualquer coisa, assim como hoje fazemos?

Teríamos escrúpulos para sentirmos prazer
usando a fragilidade sentimental das frases poéticas?

Teríamos estomago para mentir,
mesmo podendo falar e ser compreendido?

Teríamos desejo de desejar o desejo alheio
por pura curiosidade que massageia?

Teríamos coragem de ter coragem?

E se hoje posso falar, me pergunto se falaria...

E meu vácuo silencioso responde meus devaneios...



Fiquem em paz...
......................................................................................

domingo, janeiro 25, 2004

"Cansado"




Cansado de esperar por tempos que nao me fazem feliz.

Cansado de ter que sobreviver da caridade de quem me detesta. * (Cazuza)

Cansado de querer olhar para cima e nao conseguir enxergar.

Cansado de ter liberdade de expressao.

Cansado de acordar cansado.

Cansado de sentir saudades da minha mae.

Cansado de sentir frio.

Cansado de sentir.

Cansado de carencia.

Cansado de viver.

Cansado de ir contra o mar.

Cansado de querer voltar.

Cansado de nao entender catalao.

Cansado de entender Español.

Cansado de ter tanta vontade de fazer sexo.

Cansado de so conseguir sobreviver.

Cansado da falta de cheiro de poluicao.

Cansado de fazer arroz, fervendo a agua e depois colocando arroz.

Cansado de comer tudo sem gosto.

Cansado de tomar vinho no jantar.

Cansado daqui.

Cansado dai.

Cansado de mim.........



Fiquem em paz...
..................................................

quarta-feira, janeiro 21, 2004

"Meu livro"



Em alguns momentos decido tirar minhas máscaras
e encarar a realidade com satisfaçao de estar livre.

Encontro-me em uma duvida cruel, e vejo que as mascaras
estao muito pesadas para se carregar sem um molde...

Tento reinventar novas formas de açoes
para uma dor ja real e concreta...

Percebo que é mais dificil viver só do que só,
e principia uma nova jornada na minha cadencia....

Reviro-me no colchao e me desespero ao saber
que os ruidos do meu inconsciente incomoda
tudo o que mais gosto nessa vida...

Tento, em vao, me calar, e faco da minha caminhada
um livro lindo de historias, com paginas em branco.........................


Fiquem em paz...
................................................................

domingo, janeiro 11, 2004

"Realidade"



Ordeno meu coracao a descobrir sua verdade,
juntar seus frangalhos e ir de encontro a alegria que o espera...

Este, enfraquecido por tanta vexacao,
estufa seu peito frouxo e se declara como forma
para o mundo irreal que vive.

Luta bravamente contra todas as contracoes que sente,
imagina todos os futuros possiveis,
cre que o mesmo tornar-se-a verdadeiro,
e sai desesperado e sem rumo atras da sua fantasiosa realidade...


Fiquem em paz....
.............................................................................

sexta-feira, janeiro 02, 2004

"Sinto algo"



Sinto saudades de mim mesmo aqui....
Sinto saudades de ti, mesmo aqui...
Sinto saudades de tudo, mesmo no tudo...
Sinto sozinho aqui, mesmo sozinho...

E pelas novas ruas meu corpo se movo,
transgredindo as regras que aqui nao existem....

Perco-me nos meus encontros
e desafino a velha lembrança
de se ser pleno e feliz....


Fiquem em paz...
..................................................................

sexta-feira, dezembro 26, 2003

"Apenas incomodo..."



Existem-me muitas alegrias
que me deixam cansado e triste...

Ter a sintonia na leveza
causa-me certo incômodo e constrangimento...

Querer o bem alheio
causa-me certos rebuliços desagradáveis...

Ter o dom do vôo
mexe demais com o brio
dos menos afortunados...

Ser e sentir segurança
desespera os eus de todos
ao ponto de enlouquecerem,
e na loucura desafiam
a liberdade, chamando-a de futilidade...

Não ter preocupação nenhuma
com as verdades e mentiras
coloca as artes como plano
vil e mesquinho de fuga...

Ser o que eu sou,
sendo Narcisista, sendo poeta,
causa incômodo...

Apenas incômodo....


Fiquem em paz...
.............................................................

quinta-feira, dezembro 18, 2003

"Paraíso"



Caminhava um dia desses
pelos gramados dos meus sonhos,
acreditando ainda no amor
explosivo que a surpresa
poderia nos ocasionar...

Carregando o infinito de sentimentos
que tenho como fardo, esqueci
de esquecer da realidade que vivo
e já me esqueceu...

Nesse âmbito tempestuoso
encontro-me sofrido com as situaçoes
que meus próprios sintomas
de amor fazem, deixando sempre
tristeza nas plantas regadas
pelas minhas vãs poesias.

E nessas histórias que se perderam no fim
fulguram certa paixão e existencialismo,
e dentro dessa escuridão
renasceu a luz do paraíso.

Do meu paraíso...

Interior, solitário, triste,
e, acima de tudo, apaixonado pelas dores da vida...


Fiquem em paz...
........................................................

quarta-feira, dezembro 17, 2003

"Rumo a Barcelona"



Desacostumei-me a viver nessa sociedade,
onde tenho que encarar e conviver
com pessoas das quais não existem
mais afinidades concretas...

Armo uma viagem para espairecer
meus ares, declaro lágrimas de poesias
para o alvo incerto dos meus dias,
com a desculpa de ser platônico o meu ser.

Planejo às escuras a realidade
que me espera de braços entreabertos,
com saudade deste corpo que esperou
outra encarnação para retornar
ao seu aconchegante e frio lugar de origem.

E nessas transições de vidas e mortes,
aprendi a aceitar as situações
simplesmente como elas são.

Destruo, a cada dia, as barreiras
que me colocaram no ostracismo...

E hoje armei a bandeira da vitória
que aqui encontrei, me encantei,
mas a levantarei naquela linda pátria Espanhola...


Fiquem em paz...
.............................................................

terça-feira, dezembro 16, 2003

"Apaixonado pela vida"



Beijo daqui sua mão
como gesto de carinho,
e este afeto inexistencial
se rubrica por entre as estrelas.

Nesta constelação é exalada
o cheiro romântico da sua tristeza,
e em cada lágrima sua
um novo soneto deságua em mim.

E ao colocar tudo no papel,
passo a entender o carinho e a compreensão,
definidas pelo meu tesão e afeto.

Coloco-os em combate, faço-me presente
e sonho acordado para que no dia em que eu
estiver nos seus braços, eu consiga ser seu anjo abençoado...


Fiquem em paz...
.......................................................

domingo, dezembro 14, 2003

'Morte sem enterro"



A morte
queimando-me a face
apertando-me contra o papel
com ira,
com furia,
latente e prepotente
com as quedas infimas
devorando meu respirar...

Morte,
sem rodeios me buscando
no palor da madrugada,
me inebriando,
me escurraçando desse recinto,
dessa morte sem receio,
desse tilintar sem preceito,
com o péssimo em devaneio,
com o límpido em escassez,
frio como a bruma que enreda
sua ferida....

Fim,
o fim desiludido
pela morte sem enterro,
com tanto desespero,
trazendo-me ao desterro
que jaz minha solidao,
solidao magra que degusta
do meu ser,
do meu dom,
do meu prepotente esquecer,
do meu eloquente enlouquecer...

Corpo,
corpo que nao vejo,
gélido que nao sinto,
pernúria que só vejo,
desalento que tanto desejo
nessa morte sem fim,
nesse enterro do querubim,
esse desespero querendo à mim,
nesse lavar de almas sujas,
nesse viver de sonhos límpidos,
nesse navegar de sonhos unicos,
com barocos a sós,
aeroplanos solitarios,
soleiras desgranhadas,
paredes armadas
e sonhos destroçados,
à espera do novo reencontro,
que dita os desencontros,
e que traz a esperança
para que não erre no ponto,
ainda menos que o desenho
fique apenas no conto,
que é para podermos,
sempre,
vivermos esses distantes
e inalcançáveis sonhos...

Sonhos de criança
e que nunca acontecerão...


Fiquem em paz...
..................................................................

quinta-feira, dezembro 11, 2003

“Esperanza”



Me despierto de un sueño para el vivir de mi destino,
destino que afloja mis mágoas y arrepentimientos,
desatina ese aspecto malogrado de esperanzas...
Me siento tan desolado, pero tan desolado...

Y ni un pequeño resquicio de una sutil esperanza
viene desaguar en mi pecho inerte a las cobranzas,
a los desacuerdos, dejándome apenas el luto por el amor,
pero que aún me incendia mis pelos cuando

mordido soy por la perspicacia de la música,
de la canción predilecta en mi pecho,
urdiendo me extasia con contracciones

desesperadas de mi aprender,
usando la poesía como puente seductora
para poder apenas vivir mi amor lírico por ti...

Fiquem em paz....
...........................................................

sexta-feira, novembro 28, 2003

"Combate interior"



Quebro as regras do destino
amando dessa forma louca
dormindo com as folhagens
da mais bela estação.

Como se os sonhos fossem verdades.
Como se os sonhos fossem verdades.

Por amar, amar, amar como eu
sem vaidade, sem ter alvo,
sem méritos...
Conquistas reais.

Leveza que sinto;
que belo, que louco;
clamo sorrisos...
Inspiração

Aquece-me a noite
sonho na vida
espero seu beijo.
Imaginação.

Descompasso a madrugada
mantém só a precisão
do meu amor
convalescente à  minha deliciosa solidão...

Por amar, amar, amar como eu
sem vaidade, sem ter alvo,
sem méritos...
Conquistas reais.

Por amar, amar, amar como eu
sem vaidade, sem ter alvo,
sem méritos...
Conquistas reais...


Fiquem em paz...
..........................................

domingo, novembro 23, 2003

“A Presunção do amante perfeito”




A titudes fervorando como novas

P áginas de um capítulo interminado,
R esgatando desta história uma viagem
E squizofrênica à Barcelona, onde o
S urpreendente personagem principal,
U nindo seus sentimentos com histéricas
N uances que poderiam vir a acontecer,
C oncretiza seus intrínsecos desejos,
A ntecede o futuro que o esperou assim,
O rnamentado de falsos paradigmas, com perigosos

D otes que chegam clamando por uma nova
O rdem em suas próprias vidas, vidas de

A mantes perspicazes, de destinos que acabaram
M arejando muitos rostos por não terem
A lcançado o que haviam planejado, fazendo-os
N avegar por entre os mares revoltados,
T urbulentos pela dor desse sangue que de
E scorrer não pára, dor que torna-o um

P resunçoso amante e perfeito poeta
E qüidistante dessa vida frigida,
R esplandecendo o amargo e cruel gosto do
F el em forma de palavras, tratando com indiferença
E spécies que jamais irá reencontrar, e essa
I njustiça feita não significa desafeto, mas
T emerosidade de novamente fazer com que suas
O ndulações acabem escoando lágrimas em vosso coração...


Fiquem em paz...
......................................................

quinta-feira, novembro 20, 2003

"Gosto muito"



Gosto mesmo é de virar página,
viver amor platônico,
ouvir boa música e apreciar
a tenacidade de um bom vinho.


Gosto mesmo é de enxergar
o que as grandes pessoas não vêem...


Gosto mesmo é de sentir
a voracidade do impulso poético
e, em meio às lágrimas,
decifrar letras e transformá-las em poesia...


Gosto mesmo é dessa mulher,
cheia de ginga, que requebra no bom samba,
desfila sua cabeleira em ápice com seu canto...


Gosto mesmo é de olhá-la,
vê-la entre as estrelas refletidas
pelos seus olhos,
úmidos,
cheios,
vivos,
cantarolando uma nova música e
adocicando minha conhecida e platônica adoração...


Fiquem em paz...
........................................................

quarta-feira, novembro 19, 2003

"Para ser"



Para ser musa
         não basta ser bela,
                        tem que merecer...


Fiquem em paz...
...............................................

terça-feira, novembro 18, 2003

"Um dia"



Um dia sonhei que era feliz...
Um dia sonhei que vivia em um sonho feliz...
Um dia sonhei que sonhávamos...
Um dia acordei...
Acordei e vi esse mundo sórdido, sombrio, largado as preces das mais diferentes crenças, sonhei e com isso afetei minhas barreiras intituladas auto-protetoras, como uma jaula com medo de ser aberta, ou uma caverna onde a existência do mundo afora torna-se apenas lenda imaginária de um julgado esquizofrênico, uma patologia criada pela inteligência da solidão, essa solidão que nos torna sensíveis, nos torna únicos e, para os apurados e excêntricos olhos, especiais...
Uma fuga criada a partir da desgraça que ouvimos dizer, uma distância que tomamos pelo desgostoso aroma que a cintilante distância de olhares nos causa, a distância da falta da simplicidade implicando em todos os âmbitos que nos encontramos diariamente, para podermos vivenciar de uma forma calma e complacente com as divergências que acabamos tendo dentro dos nossos corações, das nossas atitudes, mesmo as infundadas, transtornando as tão existenciais vozes, tecendo a teia e temendo a trama simultaneamente, um déjà-vu mal explicado, temas variados de esquecimento, ilusões e receio, receio do simples incômodo que posso proporcionar, mesmo sem querer, uma paixão platônica, esse platonismo que me desgasta, assim como me inspira a tal ponto que consigo fritar meus dedos ao escrever essas viagens mirabolantes, ao tocar meus tambores com tanta fúria e enegrecer meu olhar pelas lágrimas saudosistas provocadas pelas portas fechadas da realeza do meu castelo, este castelo imaginário impregnado na minha parede, nos meus sonhos, nas minhas insistentes idealizações causadas por tantas elucubrações, muitas delas infundadas, muitas dignas do vosso respeito, respeito que parece ter sido dissipado pela inconsistência da minha mente, da minha vida, tanto ócio interligado, dia após dia na minha jornada sem descanso, uma luta constante para não nos desesperarmos quando olharmos para os lados e vermos tantas hipocrisias resvalando-nos pela nossa inocência, vermos o medo na face das pessoas, sentirmos a vergonha nos atos alheios, e ainda vermos a vergonha trespassando por terem sentido tais vergonha, uma vergonha que há muito já gostariam de ter abolido da concordante viagem que caminham, mesmo sabendo que às vezes tomaremos atitudes um tanto quanto estranhas, e lutaremos para podermos não exalar ou transparecer algo aterrorizador, para que pessoas infundadas temam a presença de algo sem significado, saindo perdedoras de momentos que poderiam ter se transformado em magia se não houvessem tantas barreiras impostas, se entendermos o quão excêntrico somos se analisarmo-nos friamente, e mesmo com tantas questões levantadas ainda fica a dúvida em meu semblante, a dúvida do porquê temos que viver em um sonho, porque sonhar que vivemos um sonho feliz, porque sonhar que sonhávamos num uníssono berrante, e ter a infelicidade de acordarmos e vermos um mundo sórdido, sombrio, largado às preces das mais diferentes crenças, ..........


Fiquem em paz...
...............................................................................

domingo, novembro 16, 2003

“Não precisa haver”



Não precisa haver beijo, para haver amor.
Não precisa haver desejo, para haver amor.
Não precisa haver abraço, para haver amor.
Não precisa haver contato, para haver amor.
Não precisa haver lágrima, para haver amor.
Não precisa haver namoro, para haver amor.
Só precisa haver amor, para haver você.
Só preciso de você para, em mim, haver amor...


Fiquem em paz...
.......................................................

sexta-feira, novembro 14, 2003

“Pelo tudo...”



Sinto-me apaixonado...

Pela vida;
pelo Jazz;
pelo vinho;
pelo místico...


Sinto-me encantado...

Pela música;
pela viagem;
pela voltagem;
pela conversa...


Sinto-me atraído...

Pelo carinho;
pelo versejo;
pelo desejo;
pela tranqüilidade...


Sinto-me abstrato
pela beleza,
pela sutileza,
pelo tudo
que me lembra você...


Fiquem em paz...
.....................................................................

terça-feira, novembro 11, 2003

"O que preciso?"



Para conseguir descrever sua beleza
quero ter todas as profissões dentro de mim...

Quero ter as artimanhas do artista plástico,
a força de um camponês,
a fome de um indigente,
a fúria de um lutador de boxe,
a sensibilidade de um garoto apaixonado,
a sinceridade de um cão,
para escrever de ti apenas a verdade.

Quero também pdoer sentir
os diversos temas que a vida nos proporciona...

Quero sentir a brisa leve no rosto,
a comida caseira na minha boca,
a lambida alegre de um cachorrinho,
vislumbrar um arco-iris,
correr sem rumo na chuva,
nadar no mar sem roupas,
tocar uma música em forma de serenata...

Tudo isso para mostrar ao mundo
em forma de poesia
as dificuldades que tenho para dizer
a sua altura o quanto eu adoro você...


Fiquem em paz...
..................................................................

sábado, novembro 08, 2003

“Saudade de mim”



Chove torrencialmente nos meus delírios...

Chove incansavelmente nos meus desejos,
deixam-nos cansados por tanto em vão querer...

Transformo-me no objeto que dança
pela materialidade concreta dos transeuntes.

Transformo-me no tempo apaixonante do poeta,
na brisa inigualável ao marinheiro,
no desencontro das aves no céu,
no brilho das estrelas que me inspiram,
que iluminam as passagens do meu choro,
da minha aceitação aos meus próprios anseios...

Brindam as perspicácias que soam capazes
como demonstrações, ri das armadilhas
forçadamente recriadas para aprender,
aprender como fazer o que sonhávamos
na noite anterior,
na vida anterior,
vida que ainda relembro,
dança e olhos que ainda perduram,
fúria glamourosa que ainda enche de saudade,
como a noite escura tem saudade das plantas,
eu tenho saudade de amar os beijos já distantes,
mas nunca esquecidos, nunca deixados para trás na lembrança,
nunca deixado para o aquém,
e o ar que engloba minha respiração
palpita nomes, nomes, nomes, mas sempre
destaca-se um único no meu pensamento,
nome que denomina liberdade,
mesmo não sabendo se eu já fui capaz de ser:
liberto como uma águia e apaixonante como o seu canto...

Saudade de mim...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, novembro 06, 2003

"Sentido dos olhos"



Olhos...
Por que imprimem tal magnitude
dentro dos meus sintomas pensantes?

Creio que seja pela forma labiríntica que se mostram a mim,
ou pela forma sinuosa e eloqüente,
ou pelo ardiloso exaspero de suas aparições.

A cada andança minha,
descubro novos olhos e olhares,
muitos deles me enojam
muitos me apaixonam
e muitos se apaixonam;
vejo isso tudo de uma forma
cíclica para reverenciarmos os nossos gostos pessoais.

Perguntam-me qual a minha parte predileta em uma mulher?

E eu sequer pisquei e imaginei os olhos...

Olhos doces, sutis, reais, urbanos, latinos, europeus,
cínicos, detalhistas, distantes, abusivos, cintilantes,
apaixonantes, vibrantes, inspirantes, persuasivos...

Cada qual com suas características únicas,
envolvendo-me com seu profundo e lascivo jogo,
com suas peripécias,
com suas dificuldades.

Mostram-me um mundo novo a cada olhar,
mostram-me o silêncio do conhecimento,
a ternura do amor,
o fervor da paixão,
deixa-me sempre ébrio por tanto sentir,
por tanto querer decifrar algo místico,
indecifrável,
algo que corresponde à descoberta do santo Graal,
da história da humanidade descrita pelas palavras subliminares,
pelo seu pouso manso e sutil.

Olhos...
marejados pela saudade,
delirantes pelo tesão efervescendo internamente;
tudo isso encanta o pobre transeunte e poeta,
que mal muda o campo imaginário
e já se encontra entretido por outro olhar,
descobre que aquele perdurou um segundo apenas em sua eternidade pessoal,
mas foi o suficiente,
bastou para ensinar-lhe uma nova visão da vida,
ensinou-lhe outro caminho para recomeçar àquela sua antiga poesia,
ditou-lhe uma nova regra,
um novo predicado para antigos significados,
uma nova arma para desmistificar a antiga solidão,
e uma nova palavra brota em seu peito a cada nova magia,
a cada nova visualização corpórea do interior pleno
de alguém que não existe,
de alguém que se resumiu, naquele instante,
a um par de olhos,
a um par de sentimentos,
a um par de sinceridades,
a um par de lutas internas, e brigas cotidianas,
e passado e presente estático e futuro enegrecido
pelas tantas e tantas dúvidas inexistenciais,
de tempos remotos, que ainda põem em dúvida o hoje,
o sempre,
o agora,
e em súplica regurgita seu silêncio,
o seu olhar seco e místico,
e transcende o pobre poeta, nesse único segundo encantador,
para mais uma deliciosa história de amor,
que ficará para sempre eternizada
pelos rabiscos singelos de seus papéis...

Fiquem em paz...
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quarta-feira, novembro 05, 2003

"Vida"



Tempo
dúvidas ao léu
encanto

Luar
suor no rosto
espanto

Desgosto
eu e você
quebranto

Pureza
meu lar
desespero

Leveza
leve canto
serenata

Algum lugar
descanso
pensante

Brumas
caracóis amarelos
sonhos

Brisa
ritmo
dança

Música
crime
fuga

Paraíso
deserto
sentimentos

Felicidade
feliz cidade
felicidade

Beleza
verdade
dolorida

Espero
consigo
acordar

Sol
viagem
morte

Procriação
devaneio
telefonema
condução
papel
luz artificial
sofrimento...

Fiquem em paz...
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terça-feira, novembro 04, 2003

“Sentido da vida”



O que poderia qualificar
um sentido para a vida,
quando nem mesmo
pensando racionalmente,
enxergamos um sentido
real para os sonhos,
para a fantasia,
para as nuvens
que parecem estar
tão ao meu alcance
quando hipnotizado estou
pela alquimia exalada
pelos habitantes
dos campos floridos,
dos mares sem fim,
onde os sentidos se dissipam,
sopram lembranças aguadas
nos meus olhos,
salgadas e encantadoras como ondas,
que muitas vezes,
ou se fazendo de quando em quando,
fingem estar com todas as forças guardadas,
vivem e crêem na eloqüente
esquizofrenia recriada,
mas desabam quando os dedos
que apontam para os céus
conseguem muito facilmente
parar o tempo,
tempo que tanto anseio,
pára-o e faz com que o brilho do sol
irradie apenas por sobre meu corpo,
que as nuvens,
em companhia do citado sol,
perfurem meus cachos
e com eles se encaracolem,
faz com que meu peito flua
em harmonia com o ambiente,
com a vida que procura um sentido,
sentido este que descubro
ter um significado coerente por agora,
dentre tantos buscados
o mais importante de todos,
conhecido ele como amor,
este que sinto,
que tranco,
que reprimo
e quando menos espero: Tchum !!!
resguardo-o,
faço tê-lo explosões desesperadas,
faço-o espernear magias
para que o espaço
entre o sentido e o desconhecido
se encontre apenas com a distância
das nossas auras aos nossos corpos,
faço com que os sentidos
tão aclamados nessas míseras linhas,
se tornem ponto de referência
para o que posso ser,
para sempre poder
embargar gargantas com minha voz,
para que eu sempre arrepie pêlos pelo meu desprendimento,
e principalmente,
para que eu possa devolver-te a poesia,
a música,
a dança,
e os palcos,
pois sem isso dentro dos nossos corações,
qual seria o sentido da vida?


Fiquem em paz...
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quinta-feira, outubro 30, 2003

"Olhos distintos"




Olhos
negros como um vulcão
arregalaram-me os sonhos
e arrepiaram-me novamente
as asas da minha lembrança.

Olhos
castanhos como alva
embebedam-me de vontades
nessa treslouca madrugada.

Olhos
d´ouros como minha inspiração
que na noite veda minha ternura.

Olhos
ferozes como leão
e apaixonados pela minha liberdade.

Olhos
tristes como os meus
carentes como a vida.

Olhos
repugnantes como solidão
extravagantes como minha tensão.

Olhos
alvo límpido e campestre
das moradas belas da manhã.

Olhos
negros como o pranto
frios como a tempestade de amor.

Olhos
ruivos da desesperança
turvos como a lembrança.

Olhos
máquinas de arrepios
estrelas do passado.

Olhos
lágrimas do desespero
unção ao pecado.

Olhos
ternura breve e sorrateira
esperança lúgubre e opaca.

Olhos
que brilham a minha vida
que brincam a minha existência.

Olhos
brilho novo dos caracóis
pensamentos longínquos.

Olhos
transcendência do meu ar
arrependimento pelo tempo.

Olhos
passam-se como vazios
espelham-se na verdade
das inóspitas poesias.

Olhos
pássaros flamingos
neste campo sem vida e sem amor.

Olhos
lutas intensas
nesse ardor que me inflama.

Olhos
dores da minha solidão.

Olhos
sentimento de depressão.

Olhos
imagem do orvalho.

Olhos
canto dos líricos.

Olhos
comédia das praças.

Olhos
perfeição eqüidistante.

Olhos
comprometimento ausente.

Olhos
que me olham complacentes.

Olhos
que eu olho apaixonado.

Olhos
que me olham petrificados.

Olhos
que me dizem a verdade.

Olhos
que quero viver feliz.

Olhos
que me fizeram desnorteado
sentindo a delícia
e degustando o fulgor
dessa nova platônica paixão...


Fiquem em paz...
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terça-feira, outubro 28, 2003

“Signos abstratos”



Estrelas
que tanto brilham,
que tanto rodeiam meus olhos,
meus caminhos, meu etéreos ideais.

Lua
tão grande que afoga minhas elucubrações
num mar de energia,
numa aurora que cisma em decifrar meus caminhos,
os caminhos mais ardilosos,
caminhos que nem meu próprio subconsciente é capaz de decifrar.

Estradas
que fogem do seu rumo procurando atalhos,
procurando caminhos flexíveis,
um futuro onde não existem fábulas,
um caminho eqüidistante,
como um sonho mal resolvido,
uma situação mal interpretada,
um beijo há muito esquecido,
um amor que nunca se acabou,
uma leve sensação introspectiva,
como uma serena brisa que apenas distancia
a infindável verdade do tortuoso destino...

Equilíbrio
desse céu,
o encanto que os violinos exercem em minha alma,
a distância que me encontro no presente,
o atroz sentimento que afoga meu peito em lágrimas negras,
as amarguras impostas pela incompreensão,
as armaduras que temo não conseguir desprender,
os gananciosos temas que desejo,
as vontades que sinto pelo vosso corpo,
pela auréola que entretém sua mente,
que compõem a mágica existente no brilho dos seus olhos,
olhar imperando como um espelho,
vendo-me refletido em minhas atitudes,
nos meus sonhos,
nos meus anseios,
nas minhas vontades incrustadas como estradas
que o destino final significa felicidade.

Ardência
desse céu cintilando esse amor incompreensível
sobre meu seio que se encontra fértil...

Esperança
do futuro com campos que me desesperam
apenas ao pensar no seu irrealismo.

Não suporto imaginar o fato de ter me enganado sobre seus cachos,
sobre nossas vidas que pensei estarem traçadas neste
paralelo e invisível destino...


Fiquem em paz...
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domingo, outubro 26, 2003

“Ímpeto de amor”




Hoje tenho amor
amanhã sou só solidão...

Hoje tenho ardor
amanhã sou só desilusão...

Hoje sou carinho
amanhã tenho compreensão...

Hoje sou caminho
amanhã morto na escuridão...

Terei apenas paciência
para cuidar do sentimento uno
e perdido nessa plena imensidão...

Um infinito que não vejo
uma história que não finda
um desejo que não vivo
e em mim eu morrerei...

Achar do que vivo,
sentir essa prisão,
berrar, gritar, chorar
e sempre ser incompreensão...

Sinto um amor que inexiste
com as auroras vou dormir aos meus pés,
vivo a brisa, o néctar, o âmbar,
mas esse amor, ele simplesmente inexiste...

Acordei amando com toda a força da minha vida
sinto uma força tão grandiosa
quanto o ímpeto da morte,
sinto o sagrado dom de Deus,
sinto inércia,
sinto a fluência do amar,
a confluência do amor,
a cumplicidade e o companheirismo,
a lealdade dos eternos,
o canto medonho dos apaixonados,
uma serenata de sentimentos
diversos e explosivos no meu âmago,
sinto-me trêmulo, trépido,
perdido por não conseguir
resistir nem disfarçar meus sentimentos,
está insuportável me conter,
está intransponível esse viver,
está dificílimo compreender,
mais difícil ainda escrever
e não rabiscar “eu amo você”,
incrustei com toda a fome
na pedra do meu peito
o seu nome rebuscado,
o meu eterno amor que sentirei
mesmo depois de morto o corpo,
sinto a sinergia d´alma
querendo vivenciar, querendo reverenciar,
querendo-te referenciar aos Deuses,
viver cada ósculo como se fosse
o primeiro da minha vida,
sentir cada parte do seu corpo
suado nos meus dentes,
e cada vez como se fosse a primeira,
não acreditando ao “olhar e ver”,
não acreditando no sentir,
assim como não acredito
no que sinto agora ao escrever,
a alegria reinando,
a eternidade beirando e devastando
minhas ignóbeis lacunas,
a brisa que brilha dos meus olhos
esvoaçando os cabelos dos transeuntes
que ao meu lado passam e exasperam-se
pelo fato, pela inveja do meu "sempre",
do meu coração amante que não tem fim,
da minha confiança que não me cala,
não me abandona, acaba com minhas forças
mas não me deixa deixar de amar,
de querer, de ser e de sentir,
o gosto de hortelã, o gosto d´orvalho
escorrendo pelas minhas lágrimas,
o cheiro da noite me eternizando,
eternizando o que sinto por você,
que não me canso de dizer que é etéreo,
é longe do "julgo da mentira",
uma adoração silvestre,
selvagem e livre
como as aves amazônicas,
como os índios arcaicos,
como os manuscritos peruanos,
uma adoração por você inexplicável,
amor fraternal, maternal, paternal, carnal,
tudo isso junto da loucura que vivo,
loucura que julga,
que erra mas não mente,
não mente quando enegrece minha mente
devido ao torpor sentido,
à lembrança sentida,
dilacerando minha complacência,
dilatando minha vida,
enrijecendo ainda mais essa bigorna
sedenta e solitária no meu ego,
esse sonho permanente de um dia poder afagar
seus cachos risonhos e intermináveis
e rubricar essa história com eternas lágrimas de saudades...

Fiquem em paz...
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sexta-feira, outubro 24, 2003

“Insônia”



Sinto-me completamente perdido
e embriagado pela insônia.

Rolo sem parar no colchão
imaginando o meu futuro distante,
e só consigo deliciar
o gosto da hipocrisia que me cerca.

Receio, com toda a minha força (admito),
fracassar nas escolhas e nos caminhos
a serem percorridos.

Julgo minha existência;
pergunto-me qual a serventia
da mesma se eu for apenas
Enclausurar-me em um buraco
para ganhar míseras moedas.

E onde ficarão a comédia e o drama?
Extintos?

E a música que me domina o âmago?
Morta e enterrada?

Será que sou o epitáfio das artes,
com minha balela múltipla e descomunal?

Será que meus desejos não existirão?

Em qual momento será decretada a minha morte?
Quando meu corpo se for?

Ou quando deixar de existir a eternidade,
por não existir mais a lembrança na era extinta dos homens?

Será que serei,
- assim como quero e sonho -
referência?

E quando minhas energias acabarem
e eu estiver precisando de um prato
mísero de feijão?

Nesse momento minhas palavras
ainda irão ter poder?

E minha musicalidade,
prestará para alguma coisa?

Será que exclamarei algum dia,
ao invés de apenas interrogar?

É (...), Destino louco e atormentado,
vivo-te intensamente, mas isso me apunhala,
atormenta-me como homem,
mas nos caminhos já pré-definido por você
tentarei sempre levar comigo algumas
embaralhadas palavras, para fazer poesia,
e um sorriso no rosto para encantar
e fazer ao menos alguma pessoa
nessa vida plenamente feliz...

Fiquem em paz...
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terça-feira, outubro 21, 2003

"O outro eu dos escritores" *



O rnamento minhas idéias com livros e poesias

R ecito textos ao léu para que assim possam
E speciais se tornarem, forçando para que pessoas
A nalfabetas poeticamente dizendo entendam e
L evem para dentro de si palavras que para mim

É picas já se tornaram, palavras tantas que custo para

O rdenar suas belezas infinitas com as épocas

M arcadas nos nossos tantos e tantos livros
A udazes de literatura, estes que quando abro vejo-me
R anger os dentes por tamanha alegria minha pelas

N unca esquecidas dedicatórias, pelo toque final
E qüidistanciando a realidade nua e crua,
L amentada e vivida nos atuais dias, dias que já foram
E squecidos pelo sonho do passado, fazendo

H omogêneo os pensamentos que se multiplicam como
Á caros no ar, idéias vivendo e lutando com esta

E squisita sensação de viver paralelamente, com
S ubliminares reações para que possam entender a
C ontracenação feita pela neurolingüística, deixando mais
R izados ainda meus cabelos por tamanho desdobramento,
I nvenções e situações onde o silêncio calou meus
T ormentos e mostrou-me o quanto minha vida
O rganiza minhas eloqüentes alucinações e faz-me
R egressar a ponto de entender tantos sentidos
E stranhos que a materialidade me traz,
S alpicando nossos anjos e demônios para que com

Q ueixos caídos em fortes situações fiquemos.
U ltimamente ando repensando na valia que estas
E xtravagantes fantasias do "fazer parte" traz

N avegando por ares desconhecidos, a simples
A udácia de um abraço em troca de um contato
D ireto, ou até mesmo indireto, mas sempre
A ntecipando mentalmente o beneficio pessoal,
M achucando corações (o meu?) carentes, abusando da

E squizofrenia imaginária de algum perdido

H umanóide urbano para elevar-se pelo futuro
A dentro, conquistando cargos, brilho, shows,

E spetáculos internacionais, usando e abusando dessa
S íntese ultrapassada e ineficaz, pois me mantém em
C árcere por ter descoberto nos olhos alheios que a
R ecíproca não fora verdadeira, que a banal
I nversão de valores e papéis foram pouco
T rovejantes no meu peito, pois o segredo das
O ndas, a que chamamos nós poetas de balança
R equintado, continua intacto, sem
E vidências nem provisões de mudanças, mesmo
S uando para que o encanto ocorra, mesmo

Q uerendo ao máximo demonstrar desprendimento,
U nião, humildade e bom gosto, o ocupar das
E squinas é um trabalho árduo, cansativo e

M alevolente para teus olhos frios, mas os
E quinócios escreverão nos céus suas verdades, as
R ealmente do âmago, para que pessoas que
G ostam de abrir os olhos e ver onde pisam
U sarem esse linguajar místico para não haver, no futuro
L amentações desgostosas que trariam a nós
H umanos sensações inexplicáveis, e não a ternura
A mável da literatura portuguesa, dos grandes
M aestros que fazem sibilar a alegria não só

M omentaneamente, mas sim perdurando suas melodias
A stutamente pela eternidade, para não precisarmos
S equer lembrar que existe a mesquinharia

A cima citada, para que esqueçamos que existem

A lguns perdedores que fazem da vida algo como o
G otejar duma ampulheta num saco insólito e
U mectado, fazendo dessas lembranças prosas poética
A ssinadas por nós mesmos, usando como inspiração o

É ter encontrado na natureza, para assim podermos

A rmar nossas verdadeiras bandeiras, construirmos

M undos só nossos, vivermos em uníssono com a
E sperteza da cumplicidade dita, falada e vivida, para o
S empre realmente ser eterno, para que o destino
M ova suas decisões, deixando-nos à mercê do
A creditar nas vozes sussurradas, que sempre a mim trazem a liberdade...


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* A frase do acróstico pertence ao grandioso mestre José Saramago, do seu livro "Cadernos de Lanzarote".

Fiquem em paz...
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domingo, outubro 19, 2003

“Perdido”



Perco-me na insalubridade do meu incrédulo dia.
Pego-me no repente de quem nunca amou um dia.
Faço-me presente para satisfazer alguém um dia.
E fujo para que possa ser feliz, quem sabe um dia...

......................



Sempre disseram que minhas palavras são muitas e os significados plausíveis das mesmas eram mínimos.
Decidi então, em pouquíssimas linhas, descrever o que sou em forma de poesia.
Quem quiser me entender, precisará entender então essas poucas palavras...

Fiquem em paz...

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segunda-feira, outubro 13, 2003

“Deixe-se olhar”



Sinta fluir o seu martírio perante seu anseio,
deixe vibrar os fantasmas que brigam no seu interior,
ria, brinque, seja criança novamente
e faça com que a liberdade reine no seu coração...

Transmita o que pensa pelo brilho dos olhos,
não se esconda com carapuças que conotam o cotidiano,
seja sempre transparente para que possam te enxergar,
e com a verdade sempre sendo dita,
irão verdadeiramente te observar,

mesmo que de longe, mas entenderão a energia,
a sinergia,
a paz de espírito,
e entenderão, ao mesmo tempo, que não poderão
ser o que sempre são...

Seriam pequenos demais...

E com isso eles se veriam inferiorizados,
inferiorizados de dentro para dentro deles mesmos,
eles se sentiriam incapazes,
e tentarão mudar...

Mas quando as mudanças ocorrerem
não poderá ser simplesmente cética,
terá que compreender com a grandiosidade da fantasia,
com a alegria da alusão,
mexer tudo num pote, com um arco-íris,
despejar o toque mágico das bruxas
e entender finalmente o que é a felicidade...

Fiquem em paz...
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sábado, outubro 11, 2003

“Fragmentos”



O teatro devolveu-me a vida
e eu devolvo-a a dramaturgia...

Há uma relatividade
muito extensa entre
a beleza do ser
e a leveza do ser...

Nada é certo
quando trabalhamos o incerto...

O verdadeiro artista
enxerga e compreende
uma obra de arte até mesmo
quando ela não existe em si
como expressão artística...

Podemos ser belos aos olhos nus
como podemos ser intérpretes
de um mundo que inexiste,
para alcançarmos a plenitude
aos olhos alheios...

Eu observo o canto lírico dos pássaros,
eu observo a natureza metropolitana,
a sua força de querer ser,
a sua dedicação em querer estar
mesmo não sendo o seu lugar,
o lugar que lhe é garantido
pela natureza das coisas...

Podemos ser, entre todos os seres,
o mais presunçoso...

Sou um zumbi solitário...

Sou um estrangeiro de mim mesmo.
vejo-me em pontos distantes da terra,
estando inerte no meu descontentamento...

Apenas sou um homem
com a consciência
vestida como um maltrapilho.....


Fiquem em paz...

* NA. --> Esse texto foi inspirado no site da Tasha Brujas .
Eu estava andando ontem, dia 09/10/03 pelo meu bairro às 00:30 da madrugada, pensando e conversando comigo mesmo, uma luta entre meus eus, e anotei algumas frases que achei, no meio da guerra interna, que valeriam a pena serem lidas depois...
Estão aí...

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quinta-feira, outubro 09, 2003

“Ser Poeta é...”



Ser poeta é descobrir
os caminhos intrínsecos
das pessoas que nos envolvem
com a leveza de uma brisa do outono...

Ser poeta é saber enxergar
a docilidade dentro das armaduras cotidianas...

Ser poeta é saber amar como se deve...

Amar alguém por ser livre, boa e compreensiva...

Ser poeta é sentir os chamados da vida
desabrochando por entre a confusão
dos dias ínfimos que nos atordoa...

Ser poeta é ter sempre um fio
de esperança para a felicidade...

Ser poeta é ter a sensibilidade
de arrancar um sorriso
de onde há muito não surgia
e ainda eternizá-lo com rabiscos no papel...

Ser poeta é amar como criança...

Ser poeta é brotar a adormecida lembrança...

Ser poeta é gritar aos mundos
o amor verdadeiro
e ser aceito e puramente reconhecido...

Ser poeta é sorrir nos piores momentos
da vida e transformá-los em lembranças coloridas...

Ser poeta é saber ser amado...

Ser poeta é ser músico, ator, escultor,
pintor, astrólogo e extravasar todos
esses sentimentos em harmoniosas palavras...

Ser poeta é ser tenro e eterno...

É não fazer nada fazendo tudo...

Ser poeta é viver a vida como ela é,
ora difícil ora fácil, mas sempre
tirar o melhor proveito de todas
as situações, sejam quais forem...

E para ser Poeta eternamente
basta um pingo de sensibilidade,
predisposição à felicidade
e ter, envolto nos braços e lençóis,
alguém tão bela e livre como você... ...

Fiquem em paz...
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quarta-feira, outubro 08, 2003

“Buquê de flores”




Oh! Doce regia, que enrubesce
as águas escuras do meu sonho,
levanta tuas orelhas para ouvir
a serenata sutil das borboletas...

Venha sentir o doce aroma
de liberdade que planto
com carinho para que possas
colhê-lo e fazê-lo de morada...

Oh! Doce canto que não cala,
palpita-me o peito pela lembrança,
vislumbro cada parte do seu corpo
com a imagem do orvalho por ele escorrendo,

vibrando em cada curva do seu sonho,
emudecendo em cada sorriso da saudade,
em cada brilho da verdade dos seus olhos,
em todo ato que se eterniza...

Oh! Doce regia, faz da minha vida fantasia,
reges como orquestra minha vontade,
ilumina com velas o meu caminho,
afaga meus sinceros sentimentos com música,
e faz da imagem do meu coração
um eterno buquê de flores para você...


Fiquem em paz...
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terça-feira, outubro 07, 2003

"Estou de volta"




Tento sempre com textos
mostrar a verdade do garoto sem coragem,
cabisbaixo e solitário...

Fico tentando camuflar minha tristeza imensa,
fico tentando me aparecer por todos os lados,
subo aos palcos, pois preciso de luz
para continuar vivo...

Sem vontade....

De nada...

Estou rancoroso por sentir tanta angústia,
as repetições ocorrem a todo momento
na minha escassa vida,
esqueço-me de tudo por achar
que não terá serventia a minha lembrança...

Acordo aqui e na realidade,
vejo-me completamente doado e sugado
até o último fio de cabelo de energia,
não poupam e não percebem o porquê faço isso...

Eu quero só cantar,
não quero disputar mais nada com ninguém,
quero só voar,
não quero disputar mais nada com ninguém,
quero só partir,
não quero disputar mais nada com ninguém,
quero só sorrir,
não quero disputar mais nada com ninguém,
quero só amar,
quero deixar de ter que até isso disputar com o aquém...

Quero viver em paz, mas não me deixam tê-la,
quero deixar de dizer “quero” e escrever coisas coerentes,
mas só consigo pensar e pensar e pensar e pensar nisso,
nessa dor que inverte as minhas virtudes
e me faz um fraco ditador de palavras,
acabo com isso decepcionando as almas
que rezam e ajudam-me nessa jogatina barata e suja que é viver....

Cansei, só isso....

Cansei de fazer papel,
de ser o "perfeitinho",
de tentar compreender,
de ser calmo,
de ser leve,
quero dar porrada em quem merece também,
quero xingar quem tem que ser excomungado,
tenho que ser e ter o que foi quisto pelos antepassados meus,
quero deixar de alucinar ouvidos alheios com papo tão bizarro,
quero apenas flanar pelas penumbras dos meus sonhos,
eles são líricos,
eles são doces,
eles são belos como sorvete,
eles são puros como recém-nascido,
e não me enganam,
e não mentem à mim,
atende aos meus pedidos,
aos meus desejos,
as minhas súplicas,
atende por entender que quero pouco,
um pouco de papo barato,
um pouco de desejo repentino,
um pouco de falsidade e crueldade,
um pouco de verdade e sensibilidade,
tudo para que eu possa,
no meio da madrugada perceber que tenho sono
e não ter a consciência pesada,
saber que poderei ir dormir sem ter dó de mim mesmo,
dos meus atos do dia,
dos meus surtos da semana,
das minhas lamúrias do mês,
saber que poderei deixar rolar a última lágrima
e saber que ela será a separadora de épocas
da minha sabedoria com minha indecência....

Algo que não sei explicar....
Algo que não sei dizer reina no meu coração....

Ontem mesmo era amor....

Hoje???
Não sei o quê...........


Fiquem em paz...
...................................................................................