quinta-feira, outubro 30, 2003

"Olhos distintos"




Olhos
negros como um vulcão
arregalaram-me os sonhos
e arrepiaram-me novamente
as asas da minha lembrança.

Olhos
castanhos como alva
embebedam-me de vontades
nessa treslouca madrugada.

Olhos
d´ouros como minha inspiração
que na noite veda minha ternura.

Olhos
ferozes como leão
e apaixonados pela minha liberdade.

Olhos
tristes como os meus
carentes como a vida.

Olhos
repugnantes como solidão
extravagantes como minha tensão.

Olhos
alvo límpido e campestre
das moradas belas da manhã.

Olhos
negros como o pranto
frios como a tempestade de amor.

Olhos
ruivos da desesperança
turvos como a lembrança.

Olhos
máquinas de arrepios
estrelas do passado.

Olhos
lágrimas do desespero
unção ao pecado.

Olhos
ternura breve e sorrateira
esperança lúgubre e opaca.

Olhos
que brilham a minha vida
que brincam a minha existência.

Olhos
brilho novo dos caracóis
pensamentos longínquos.

Olhos
transcendência do meu ar
arrependimento pelo tempo.

Olhos
passam-se como vazios
espelham-se na verdade
das inóspitas poesias.

Olhos
pássaros flamingos
neste campo sem vida e sem amor.

Olhos
lutas intensas
nesse ardor que me inflama.

Olhos
dores da minha solidão.

Olhos
sentimento de depressão.

Olhos
imagem do orvalho.

Olhos
canto dos líricos.

Olhos
comédia das praças.

Olhos
perfeição eqüidistante.

Olhos
comprometimento ausente.

Olhos
que me olham complacentes.

Olhos
que eu olho apaixonado.

Olhos
que me olham petrificados.

Olhos
que me dizem a verdade.

Olhos
que quero viver feliz.

Olhos
que me fizeram desnorteado
sentindo a delícia
e degustando o fulgor
dessa nova platônica paixão...


Fiquem em paz...
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