sexta-feira, dezembro 26, 2003

"Apenas incomodo..."



Existem-me muitas alegrias
que me deixam cansado e triste...

Ter a sintonia na leveza
causa-me certo incômodo e constrangimento...

Querer o bem alheio
causa-me certos rebuliços desagradáveis...

Ter o dom do vôo
mexe demais com o brio
dos menos afortunados...

Ser e sentir segurança
desespera os eus de todos
ao ponto de enlouquecerem,
e na loucura desafiam
a liberdade, chamando-a de futilidade...

Não ter preocupação nenhuma
com as verdades e mentiras
coloca as artes como plano
vil e mesquinho de fuga...

Ser o que eu sou,
sendo Narcisista, sendo poeta,
causa incômodo...

Apenas incômodo....


Fiquem em paz...
.............................................................

quinta-feira, dezembro 18, 2003

"Paraíso"



Caminhava um dia desses
pelos gramados dos meus sonhos,
acreditando ainda no amor
explosivo que a surpresa
poderia nos ocasionar...

Carregando o infinito de sentimentos
que tenho como fardo, esqueci
de esquecer da realidade que vivo
e já me esqueceu...

Nesse âmbito tempestuoso
encontro-me sofrido com as situaçoes
que meus próprios sintomas
de amor fazem, deixando sempre
tristeza nas plantas regadas
pelas minhas vãs poesias.

E nessas histórias que se perderam no fim
fulguram certa paixão e existencialismo,
e dentro dessa escuridão
renasceu a luz do paraíso.

Do meu paraíso...

Interior, solitário, triste,
e, acima de tudo, apaixonado pelas dores da vida...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, dezembro 17, 2003

"Rumo a Barcelona"



Desacostumei-me a viver nessa sociedade,
onde tenho que encarar e conviver
com pessoas das quais não existem
mais afinidades concretas...

Armo uma viagem para espairecer
meus ares, declaro lágrimas de poesias
para o alvo incerto dos meus dias,
com a desculpa de ser platônico o meu ser.

Planejo às escuras a realidade
que me espera de braços entreabertos,
com saudade deste corpo que esperou
outra encarnação para retornar
ao seu aconchegante e frio lugar de origem.

E nessas transições de vidas e mortes,
aprendi a aceitar as situações
simplesmente como elas são.

Destruo, a cada dia, as barreiras
que me colocaram no ostracismo...

E hoje armei a bandeira da vitória
que aqui encontrei, me encantei,
mas a levantarei naquela linda pátria Espanhola...


Fiquem em paz...
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terça-feira, dezembro 16, 2003

"Apaixonado pela vida"



Beijo daqui sua mão
como gesto de carinho,
e este afeto inexistencial
se rubrica por entre as estrelas.

Nesta constelação é exalada
o cheiro romântico da sua tristeza,
e em cada lágrima sua
um novo soneto deságua em mim.

E ao colocar tudo no papel,
passo a entender o carinho e a compreensão,
definidas pelo meu tesão e afeto.

Coloco-os em combate, faço-me presente
e sonho acordado para que no dia em que eu
estiver nos seus braços, eu consiga ser seu anjo abençoado...


Fiquem em paz...
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domingo, dezembro 14, 2003

'Morte sem enterro"



A morte
queimando-me a face
apertando-me contra o papel
com ira,
com furia,
latente e prepotente
com as quedas infimas
devorando meu respirar...

Morte,
sem rodeios me buscando
no palor da madrugada,
me inebriando,
me escurraçando desse recinto,
dessa morte sem receio,
desse tilintar sem preceito,
com o péssimo em devaneio,
com o límpido em escassez,
frio como a bruma que enreda
sua ferida....

Fim,
o fim desiludido
pela morte sem enterro,
com tanto desespero,
trazendo-me ao desterro
que jaz minha solidao,
solidao magra que degusta
do meu ser,
do meu dom,
do meu prepotente esquecer,
do meu eloquente enlouquecer...

Corpo,
corpo que nao vejo,
gélido que nao sinto,
pernúria que só vejo,
desalento que tanto desejo
nessa morte sem fim,
nesse enterro do querubim,
esse desespero querendo à mim,
nesse lavar de almas sujas,
nesse viver de sonhos límpidos,
nesse navegar de sonhos unicos,
com barocos a sós,
aeroplanos solitarios,
soleiras desgranhadas,
paredes armadas
e sonhos destroçados,
à espera do novo reencontro,
que dita os desencontros,
e que traz a esperança
para que não erre no ponto,
ainda menos que o desenho
fique apenas no conto,
que é para podermos,
sempre,
vivermos esses distantes
e inalcançáveis sonhos...

Sonhos de criança
e que nunca acontecerão...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, dezembro 11, 2003

“Esperanza”



Me despierto de un sueño para el vivir de mi destino,
destino que afloja mis mágoas y arrepentimientos,
desatina ese aspecto malogrado de esperanzas...
Me siento tan desolado, pero tan desolado...

Y ni un pequeño resquicio de una sutil esperanza
viene desaguar en mi pecho inerte a las cobranzas,
a los desacuerdos, dejándome apenas el luto por el amor,
pero que aún me incendia mis pelos cuando

mordido soy por la perspicacia de la música,
de la canción predilecta en mi pecho,
urdiendo me extasia con contracciones

desesperadas de mi aprender,
usando la poesía como puente seductora
para poder apenas vivir mi amor lírico por ti...

Fiquem em paz....
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sexta-feira, novembro 28, 2003

"Combate interior"



Quebro as regras do destino
amando dessa forma louca
dormindo com as folhagens
da mais bela estação.

Como se os sonhos fossem verdades.
Como se os sonhos fossem verdades.

Por amar, amar, amar como eu
sem vaidade, sem ter alvo,
sem méritos...
Conquistas reais.

Leveza que sinto;
que belo, que louco;
clamo sorrisos...
Inspiração

Aquece-me a noite
sonho na vida
espero seu beijo.
Imaginação.

Descompasso a madrugada
mantém só a precisão
do meu amor
convalescente à  minha deliciosa solidão...

Por amar, amar, amar como eu
sem vaidade, sem ter alvo,
sem méritos...
Conquistas reais.

Por amar, amar, amar como eu
sem vaidade, sem ter alvo,
sem méritos...
Conquistas reais...


Fiquem em paz...
..........................................

domingo, novembro 23, 2003

“A Presunção do amante perfeito”




A titudes fervorando como novas

P áginas de um capítulo interminado,
R esgatando desta história uma viagem
E squizofrênica à Barcelona, onde o
S urpreendente personagem principal,
U nindo seus sentimentos com histéricas
N uances que poderiam vir a acontecer,
C oncretiza seus intrínsecos desejos,
A ntecede o futuro que o esperou assim,
O rnamentado de falsos paradigmas, com perigosos

D otes que chegam clamando por uma nova
O rdem em suas próprias vidas, vidas de

A mantes perspicazes, de destinos que acabaram
M arejando muitos rostos por não terem
A lcançado o que haviam planejado, fazendo-os
N avegar por entre os mares revoltados,
T urbulentos pela dor desse sangue que de
E scorrer não pára, dor que torna-o um

P resunçoso amante e perfeito poeta
E qüidistante dessa vida frigida,
R esplandecendo o amargo e cruel gosto do
F el em forma de palavras, tratando com indiferença
E spécies que jamais irá reencontrar, e essa
I njustiça feita não significa desafeto, mas
T emerosidade de novamente fazer com que suas
O ndulações acabem escoando lágrimas em vosso coração...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, novembro 20, 2003

"Gosto muito"



Gosto mesmo é de virar página,
viver amor platônico,
ouvir boa música e apreciar
a tenacidade de um bom vinho.


Gosto mesmo é de enxergar
o que as grandes pessoas não vêem...


Gosto mesmo é de sentir
a voracidade do impulso poético
e, em meio às lágrimas,
decifrar letras e transformá-las em poesia...


Gosto mesmo é dessa mulher,
cheia de ginga, que requebra no bom samba,
desfila sua cabeleira em ápice com seu canto...


Gosto mesmo é de olhá-la,
vê-la entre as estrelas refletidas
pelos seus olhos,
úmidos,
cheios,
vivos,
cantarolando uma nova música e
adocicando minha conhecida e platônica adoração...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, novembro 19, 2003

"Para ser"



Para ser musa
         não basta ser bela,
                        tem que merecer...


Fiquem em paz...
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terça-feira, novembro 18, 2003

"Um dia"



Um dia sonhei que era feliz...
Um dia sonhei que vivia em um sonho feliz...
Um dia sonhei que sonhávamos...
Um dia acordei...
Acordei e vi esse mundo sórdido, sombrio, largado as preces das mais diferentes crenças, sonhei e com isso afetei minhas barreiras intituladas auto-protetoras, como uma jaula com medo de ser aberta, ou uma caverna onde a existência do mundo afora torna-se apenas lenda imaginária de um julgado esquizofrênico, uma patologia criada pela inteligência da solidão, essa solidão que nos torna sensíveis, nos torna únicos e, para os apurados e excêntricos olhos, especiais...
Uma fuga criada a partir da desgraça que ouvimos dizer, uma distância que tomamos pelo desgostoso aroma que a cintilante distância de olhares nos causa, a distância da falta da simplicidade implicando em todos os âmbitos que nos encontramos diariamente, para podermos vivenciar de uma forma calma e complacente com as divergências que acabamos tendo dentro dos nossos corações, das nossas atitudes, mesmo as infundadas, transtornando as tão existenciais vozes, tecendo a teia e temendo a trama simultaneamente, um déjà-vu mal explicado, temas variados de esquecimento, ilusões e receio, receio do simples incômodo que posso proporcionar, mesmo sem querer, uma paixão platônica, esse platonismo que me desgasta, assim como me inspira a tal ponto que consigo fritar meus dedos ao escrever essas viagens mirabolantes, ao tocar meus tambores com tanta fúria e enegrecer meu olhar pelas lágrimas saudosistas provocadas pelas portas fechadas da realeza do meu castelo, este castelo imaginário impregnado na minha parede, nos meus sonhos, nas minhas insistentes idealizações causadas por tantas elucubrações, muitas delas infundadas, muitas dignas do vosso respeito, respeito que parece ter sido dissipado pela inconsistência da minha mente, da minha vida, tanto ócio interligado, dia após dia na minha jornada sem descanso, uma luta constante para não nos desesperarmos quando olharmos para os lados e vermos tantas hipocrisias resvalando-nos pela nossa inocência, vermos o medo na face das pessoas, sentirmos a vergonha nos atos alheios, e ainda vermos a vergonha trespassando por terem sentido tais vergonha, uma vergonha que há muito já gostariam de ter abolido da concordante viagem que caminham, mesmo sabendo que às vezes tomaremos atitudes um tanto quanto estranhas, e lutaremos para podermos não exalar ou transparecer algo aterrorizador, para que pessoas infundadas temam a presença de algo sem significado, saindo perdedoras de momentos que poderiam ter se transformado em magia se não houvessem tantas barreiras impostas, se entendermos o quão excêntrico somos se analisarmo-nos friamente, e mesmo com tantas questões levantadas ainda fica a dúvida em meu semblante, a dúvida do porquê temos que viver em um sonho, porque sonhar que vivemos um sonho feliz, porque sonhar que sonhávamos num uníssono berrante, e ter a infelicidade de acordarmos e vermos um mundo sórdido, sombrio, largado às preces das mais diferentes crenças, ..........


Fiquem em paz...
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domingo, novembro 16, 2003

“Não precisa haver”



Não precisa haver beijo, para haver amor.
Não precisa haver desejo, para haver amor.
Não precisa haver abraço, para haver amor.
Não precisa haver contato, para haver amor.
Não precisa haver lágrima, para haver amor.
Não precisa haver namoro, para haver amor.
Só precisa haver amor, para haver você.
Só preciso de você para, em mim, haver amor...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, novembro 14, 2003

“Pelo tudo...”



Sinto-me apaixonado...

Pela vida;
pelo Jazz;
pelo vinho;
pelo místico...


Sinto-me encantado...

Pela música;
pela viagem;
pela voltagem;
pela conversa...


Sinto-me atraído...

Pelo carinho;
pelo versejo;
pelo desejo;
pela tranqüilidade...


Sinto-me abstrato
pela beleza,
pela sutileza,
pelo tudo
que me lembra você...


Fiquem em paz...
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terça-feira, novembro 11, 2003

"O que preciso?"



Para conseguir descrever sua beleza
quero ter todas as profissões dentro de mim...

Quero ter as artimanhas do artista plástico,
a força de um camponês,
a fome de um indigente,
a fúria de um lutador de boxe,
a sensibilidade de um garoto apaixonado,
a sinceridade de um cão,
para escrever de ti apenas a verdade.

Quero também pdoer sentir
os diversos temas que a vida nos proporciona...

Quero sentir a brisa leve no rosto,
a comida caseira na minha boca,
a lambida alegre de um cachorrinho,
vislumbrar um arco-iris,
correr sem rumo na chuva,
nadar no mar sem roupas,
tocar uma música em forma de serenata...

Tudo isso para mostrar ao mundo
em forma de poesia
as dificuldades que tenho para dizer
a sua altura o quanto eu adoro você...


Fiquem em paz...
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sábado, novembro 08, 2003

“Saudade de mim”



Chove torrencialmente nos meus delírios...

Chove incansavelmente nos meus desejos,
deixam-nos cansados por tanto em vão querer...

Transformo-me no objeto que dança
pela materialidade concreta dos transeuntes.

Transformo-me no tempo apaixonante do poeta,
na brisa inigualável ao marinheiro,
no desencontro das aves no céu,
no brilho das estrelas que me inspiram,
que iluminam as passagens do meu choro,
da minha aceitação aos meus próprios anseios...

Brindam as perspicácias que soam capazes
como demonstrações, ri das armadilhas
forçadamente recriadas para aprender,
aprender como fazer o que sonhávamos
na noite anterior,
na vida anterior,
vida que ainda relembro,
dança e olhos que ainda perduram,
fúria glamourosa que ainda enche de saudade,
como a noite escura tem saudade das plantas,
eu tenho saudade de amar os beijos já distantes,
mas nunca esquecidos, nunca deixados para trás na lembrança,
nunca deixado para o aquém,
e o ar que engloba minha respiração
palpita nomes, nomes, nomes, mas sempre
destaca-se um único no meu pensamento,
nome que denomina liberdade,
mesmo não sabendo se eu já fui capaz de ser:
liberto como uma águia e apaixonante como o seu canto...

Saudade de mim...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, novembro 06, 2003

"Sentido dos olhos"



Olhos...
Por que imprimem tal magnitude
dentro dos meus sintomas pensantes?

Creio que seja pela forma labiríntica que se mostram a mim,
ou pela forma sinuosa e eloqüente,
ou pelo ardiloso exaspero de suas aparições.

A cada andança minha,
descubro novos olhos e olhares,
muitos deles me enojam
muitos me apaixonam
e muitos se apaixonam;
vejo isso tudo de uma forma
cíclica para reverenciarmos os nossos gostos pessoais.

Perguntam-me qual a minha parte predileta em uma mulher?

E eu sequer pisquei e imaginei os olhos...

Olhos doces, sutis, reais, urbanos, latinos, europeus,
cínicos, detalhistas, distantes, abusivos, cintilantes,
apaixonantes, vibrantes, inspirantes, persuasivos...

Cada qual com suas características únicas,
envolvendo-me com seu profundo e lascivo jogo,
com suas peripécias,
com suas dificuldades.

Mostram-me um mundo novo a cada olhar,
mostram-me o silêncio do conhecimento,
a ternura do amor,
o fervor da paixão,
deixa-me sempre ébrio por tanto sentir,
por tanto querer decifrar algo místico,
indecifrável,
algo que corresponde à descoberta do santo Graal,
da história da humanidade descrita pelas palavras subliminares,
pelo seu pouso manso e sutil.

Olhos...
marejados pela saudade,
delirantes pelo tesão efervescendo internamente;
tudo isso encanta o pobre transeunte e poeta,
que mal muda o campo imaginário
e já se encontra entretido por outro olhar,
descobre que aquele perdurou um segundo apenas em sua eternidade pessoal,
mas foi o suficiente,
bastou para ensinar-lhe uma nova visão da vida,
ensinou-lhe outro caminho para recomeçar àquela sua antiga poesia,
ditou-lhe uma nova regra,
um novo predicado para antigos significados,
uma nova arma para desmistificar a antiga solidão,
e uma nova palavra brota em seu peito a cada nova magia,
a cada nova visualização corpórea do interior pleno
de alguém que não existe,
de alguém que se resumiu, naquele instante,
a um par de olhos,
a um par de sentimentos,
a um par de sinceridades,
a um par de lutas internas, e brigas cotidianas,
e passado e presente estático e futuro enegrecido
pelas tantas e tantas dúvidas inexistenciais,
de tempos remotos, que ainda põem em dúvida o hoje,
o sempre,
o agora,
e em súplica regurgita seu silêncio,
o seu olhar seco e místico,
e transcende o pobre poeta, nesse único segundo encantador,
para mais uma deliciosa história de amor,
que ficará para sempre eternizada
pelos rabiscos singelos de seus papéis...

Fiquem em paz...
................................................................

quarta-feira, novembro 05, 2003

"Vida"



Tempo
dúvidas ao léu
encanto

Luar
suor no rosto
espanto

Desgosto
eu e você
quebranto

Pureza
meu lar
desespero

Leveza
leve canto
serenata

Algum lugar
descanso
pensante

Brumas
caracóis amarelos
sonhos

Brisa
ritmo
dança

Música
crime
fuga

Paraíso
deserto
sentimentos

Felicidade
feliz cidade
felicidade

Beleza
verdade
dolorida

Espero
consigo
acordar

Sol
viagem
morte

Procriação
devaneio
telefonema
condução
papel
luz artificial
sofrimento...

Fiquem em paz...
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terça-feira, novembro 04, 2003

“Sentido da vida”



O que poderia qualificar
um sentido para a vida,
quando nem mesmo
pensando racionalmente,
enxergamos um sentido
real para os sonhos,
para a fantasia,
para as nuvens
que parecem estar
tão ao meu alcance
quando hipnotizado estou
pela alquimia exalada
pelos habitantes
dos campos floridos,
dos mares sem fim,
onde os sentidos se dissipam,
sopram lembranças aguadas
nos meus olhos,
salgadas e encantadoras como ondas,
que muitas vezes,
ou se fazendo de quando em quando,
fingem estar com todas as forças guardadas,
vivem e crêem na eloqüente
esquizofrenia recriada,
mas desabam quando os dedos
que apontam para os céus
conseguem muito facilmente
parar o tempo,
tempo que tanto anseio,
pára-o e faz com que o brilho do sol
irradie apenas por sobre meu corpo,
que as nuvens,
em companhia do citado sol,
perfurem meus cachos
e com eles se encaracolem,
faz com que meu peito flua
em harmonia com o ambiente,
com a vida que procura um sentido,
sentido este que descubro
ter um significado coerente por agora,
dentre tantos buscados
o mais importante de todos,
conhecido ele como amor,
este que sinto,
que tranco,
que reprimo
e quando menos espero: Tchum !!!
resguardo-o,
faço tê-lo explosões desesperadas,
faço-o espernear magias
para que o espaço
entre o sentido e o desconhecido
se encontre apenas com a distância
das nossas auras aos nossos corpos,
faço com que os sentidos
tão aclamados nessas míseras linhas,
se tornem ponto de referência
para o que posso ser,
para sempre poder
embargar gargantas com minha voz,
para que eu sempre arrepie pêlos pelo meu desprendimento,
e principalmente,
para que eu possa devolver-te a poesia,
a música,
a dança,
e os palcos,
pois sem isso dentro dos nossos corações,
qual seria o sentido da vida?


Fiquem em paz...
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quinta-feira, outubro 30, 2003

"Olhos distintos"




Olhos
negros como um vulcão
arregalaram-me os sonhos
e arrepiaram-me novamente
as asas da minha lembrança.

Olhos
castanhos como alva
embebedam-me de vontades
nessa treslouca madrugada.

Olhos
d´ouros como minha inspiração
que na noite veda minha ternura.

Olhos
ferozes como leão
e apaixonados pela minha liberdade.

Olhos
tristes como os meus
carentes como a vida.

Olhos
repugnantes como solidão
extravagantes como minha tensão.

Olhos
alvo límpido e campestre
das moradas belas da manhã.

Olhos
negros como o pranto
frios como a tempestade de amor.

Olhos
ruivos da desesperança
turvos como a lembrança.

Olhos
máquinas de arrepios
estrelas do passado.

Olhos
lágrimas do desespero
unção ao pecado.

Olhos
ternura breve e sorrateira
esperança lúgubre e opaca.

Olhos
que brilham a minha vida
que brincam a minha existência.

Olhos
brilho novo dos caracóis
pensamentos longínquos.

Olhos
transcendência do meu ar
arrependimento pelo tempo.

Olhos
passam-se como vazios
espelham-se na verdade
das inóspitas poesias.

Olhos
pássaros flamingos
neste campo sem vida e sem amor.

Olhos
lutas intensas
nesse ardor que me inflama.

Olhos
dores da minha solidão.

Olhos
sentimento de depressão.

Olhos
imagem do orvalho.

Olhos
canto dos líricos.

Olhos
comédia das praças.

Olhos
perfeição eqüidistante.

Olhos
comprometimento ausente.

Olhos
que me olham complacentes.

Olhos
que eu olho apaixonado.

Olhos
que me olham petrificados.

Olhos
que me dizem a verdade.

Olhos
que quero viver feliz.

Olhos
que me fizeram desnorteado
sentindo a delícia
e degustando o fulgor
dessa nova platônica paixão...


Fiquem em paz...
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terça-feira, outubro 28, 2003

“Signos abstratos”



Estrelas
que tanto brilham,
que tanto rodeiam meus olhos,
meus caminhos, meu etéreos ideais.

Lua
tão grande que afoga minhas elucubrações
num mar de energia,
numa aurora que cisma em decifrar meus caminhos,
os caminhos mais ardilosos,
caminhos que nem meu próprio subconsciente é capaz de decifrar.

Estradas
que fogem do seu rumo procurando atalhos,
procurando caminhos flexíveis,
um futuro onde não existem fábulas,
um caminho eqüidistante,
como um sonho mal resolvido,
uma situação mal interpretada,
um beijo há muito esquecido,
um amor que nunca se acabou,
uma leve sensação introspectiva,
como uma serena brisa que apenas distancia
a infindável verdade do tortuoso destino...

Equilíbrio
desse céu,
o encanto que os violinos exercem em minha alma,
a distância que me encontro no presente,
o atroz sentimento que afoga meu peito em lágrimas negras,
as amarguras impostas pela incompreensão,
as armaduras que temo não conseguir desprender,
os gananciosos temas que desejo,
as vontades que sinto pelo vosso corpo,
pela auréola que entretém sua mente,
que compõem a mágica existente no brilho dos seus olhos,
olhar imperando como um espelho,
vendo-me refletido em minhas atitudes,
nos meus sonhos,
nos meus anseios,
nas minhas vontades incrustadas como estradas
que o destino final significa felicidade.

Ardência
desse céu cintilando esse amor incompreensível
sobre meu seio que se encontra fértil...

Esperança
do futuro com campos que me desesperam
apenas ao pensar no seu irrealismo.

Não suporto imaginar o fato de ter me enganado sobre seus cachos,
sobre nossas vidas que pensei estarem traçadas neste
paralelo e invisível destino...


Fiquem em paz...
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domingo, outubro 26, 2003

“Ímpeto de amor”




Hoje tenho amor
amanhã sou só solidão...

Hoje tenho ardor
amanhã sou só desilusão...

Hoje sou carinho
amanhã tenho compreensão...

Hoje sou caminho
amanhã morto na escuridão...

Terei apenas paciência
para cuidar do sentimento uno
e perdido nessa plena imensidão...

Um infinito que não vejo
uma história que não finda
um desejo que não vivo
e em mim eu morrerei...

Achar do que vivo,
sentir essa prisão,
berrar, gritar, chorar
e sempre ser incompreensão...

Sinto um amor que inexiste
com as auroras vou dormir aos meus pés,
vivo a brisa, o néctar, o âmbar,
mas esse amor, ele simplesmente inexiste...

Acordei amando com toda a força da minha vida
sinto uma força tão grandiosa
quanto o ímpeto da morte,
sinto o sagrado dom de Deus,
sinto inércia,
sinto a fluência do amar,
a confluência do amor,
a cumplicidade e o companheirismo,
a lealdade dos eternos,
o canto medonho dos apaixonados,
uma serenata de sentimentos
diversos e explosivos no meu âmago,
sinto-me trêmulo, trépido,
perdido por não conseguir
resistir nem disfarçar meus sentimentos,
está insuportável me conter,
está intransponível esse viver,
está dificílimo compreender,
mais difícil ainda escrever
e não rabiscar “eu amo você”,
incrustei com toda a fome
na pedra do meu peito
o seu nome rebuscado,
o meu eterno amor que sentirei
mesmo depois de morto o corpo,
sinto a sinergia d´alma
querendo vivenciar, querendo reverenciar,
querendo-te referenciar aos Deuses,
viver cada ósculo como se fosse
o primeiro da minha vida,
sentir cada parte do seu corpo
suado nos meus dentes,
e cada vez como se fosse a primeira,
não acreditando ao “olhar e ver”,
não acreditando no sentir,
assim como não acredito
no que sinto agora ao escrever,
a alegria reinando,
a eternidade beirando e devastando
minhas ignóbeis lacunas,
a brisa que brilha dos meus olhos
esvoaçando os cabelos dos transeuntes
que ao meu lado passam e exasperam-se
pelo fato, pela inveja do meu "sempre",
do meu coração amante que não tem fim,
da minha confiança que não me cala,
não me abandona, acaba com minhas forças
mas não me deixa deixar de amar,
de querer, de ser e de sentir,
o gosto de hortelã, o gosto d´orvalho
escorrendo pelas minhas lágrimas,
o cheiro da noite me eternizando,
eternizando o que sinto por você,
que não me canso de dizer que é etéreo,
é longe do "julgo da mentira",
uma adoração silvestre,
selvagem e livre
como as aves amazônicas,
como os índios arcaicos,
como os manuscritos peruanos,
uma adoração por você inexplicável,
amor fraternal, maternal, paternal, carnal,
tudo isso junto da loucura que vivo,
loucura que julga,
que erra mas não mente,
não mente quando enegrece minha mente
devido ao torpor sentido,
à lembrança sentida,
dilacerando minha complacência,
dilatando minha vida,
enrijecendo ainda mais essa bigorna
sedenta e solitária no meu ego,
esse sonho permanente de um dia poder afagar
seus cachos risonhos e intermináveis
e rubricar essa história com eternas lágrimas de saudades...

Fiquem em paz...
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sexta-feira, outubro 24, 2003

“Insônia”



Sinto-me completamente perdido
e embriagado pela insônia.

Rolo sem parar no colchão
imaginando o meu futuro distante,
e só consigo deliciar
o gosto da hipocrisia que me cerca.

Receio, com toda a minha força (admito),
fracassar nas escolhas e nos caminhos
a serem percorridos.

Julgo minha existência;
pergunto-me qual a serventia
da mesma se eu for apenas
Enclausurar-me em um buraco
para ganhar míseras moedas.

E onde ficarão a comédia e o drama?
Extintos?

E a música que me domina o âmago?
Morta e enterrada?

Será que sou o epitáfio das artes,
com minha balela múltipla e descomunal?

Será que meus desejos não existirão?

Em qual momento será decretada a minha morte?
Quando meu corpo se for?

Ou quando deixar de existir a eternidade,
por não existir mais a lembrança na era extinta dos homens?

Será que serei,
- assim como quero e sonho -
referência?

E quando minhas energias acabarem
e eu estiver precisando de um prato
mísero de feijão?

Nesse momento minhas palavras
ainda irão ter poder?

E minha musicalidade,
prestará para alguma coisa?

Será que exclamarei algum dia,
ao invés de apenas interrogar?

É (...), Destino louco e atormentado,
vivo-te intensamente, mas isso me apunhala,
atormenta-me como homem,
mas nos caminhos já pré-definido por você
tentarei sempre levar comigo algumas
embaralhadas palavras, para fazer poesia,
e um sorriso no rosto para encantar
e fazer ao menos alguma pessoa
nessa vida plenamente feliz...

Fiquem em paz...
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terça-feira, outubro 21, 2003

"O outro eu dos escritores" *



O rnamento minhas idéias com livros e poesias

R ecito textos ao léu para que assim possam
E speciais se tornarem, forçando para que pessoas
A nalfabetas poeticamente dizendo entendam e
L evem para dentro de si palavras que para mim

É picas já se tornaram, palavras tantas que custo para

O rdenar suas belezas infinitas com as épocas

M arcadas nos nossos tantos e tantos livros
A udazes de literatura, estes que quando abro vejo-me
R anger os dentes por tamanha alegria minha pelas

N unca esquecidas dedicatórias, pelo toque final
E qüidistanciando a realidade nua e crua,
L amentada e vivida nos atuais dias, dias que já foram
E squecidos pelo sonho do passado, fazendo

H omogêneo os pensamentos que se multiplicam como
Á caros no ar, idéias vivendo e lutando com esta

E squisita sensação de viver paralelamente, com
S ubliminares reações para que possam entender a
C ontracenação feita pela neurolingüística, deixando mais
R izados ainda meus cabelos por tamanho desdobramento,
I nvenções e situações onde o silêncio calou meus
T ormentos e mostrou-me o quanto minha vida
O rganiza minhas eloqüentes alucinações e faz-me
R egressar a ponto de entender tantos sentidos
E stranhos que a materialidade me traz,
S alpicando nossos anjos e demônios para que com

Q ueixos caídos em fortes situações fiquemos.
U ltimamente ando repensando na valia que estas
E xtravagantes fantasias do "fazer parte" traz

N avegando por ares desconhecidos, a simples
A udácia de um abraço em troca de um contato
D ireto, ou até mesmo indireto, mas sempre
A ntecipando mentalmente o beneficio pessoal,
M achucando corações (o meu?) carentes, abusando da

E squizofrenia imaginária de algum perdido

H umanóide urbano para elevar-se pelo futuro
A dentro, conquistando cargos, brilho, shows,

E spetáculos internacionais, usando e abusando dessa
S íntese ultrapassada e ineficaz, pois me mantém em
C árcere por ter descoberto nos olhos alheios que a
R ecíproca não fora verdadeira, que a banal
I nversão de valores e papéis foram pouco
T rovejantes no meu peito, pois o segredo das
O ndas, a que chamamos nós poetas de balança
R equintado, continua intacto, sem
E vidências nem provisões de mudanças, mesmo
S uando para que o encanto ocorra, mesmo

Q uerendo ao máximo demonstrar desprendimento,
U nião, humildade e bom gosto, o ocupar das
E squinas é um trabalho árduo, cansativo e

M alevolente para teus olhos frios, mas os
E quinócios escreverão nos céus suas verdades, as
R ealmente do âmago, para que pessoas que
G ostam de abrir os olhos e ver onde pisam
U sarem esse linguajar místico para não haver, no futuro
L amentações desgostosas que trariam a nós
H umanos sensações inexplicáveis, e não a ternura
A mável da literatura portuguesa, dos grandes
M aestros que fazem sibilar a alegria não só

M omentaneamente, mas sim perdurando suas melodias
A stutamente pela eternidade, para não precisarmos
S equer lembrar que existe a mesquinharia

A cima citada, para que esqueçamos que existem

A lguns perdedores que fazem da vida algo como o
G otejar duma ampulheta num saco insólito e
U mectado, fazendo dessas lembranças prosas poética
A ssinadas por nós mesmos, usando como inspiração o

É ter encontrado na natureza, para assim podermos

A rmar nossas verdadeiras bandeiras, construirmos

M undos só nossos, vivermos em uníssono com a
E sperteza da cumplicidade dita, falada e vivida, para o
S empre realmente ser eterno, para que o destino
M ova suas decisões, deixando-nos à mercê do
A creditar nas vozes sussurradas, que sempre a mim trazem a liberdade...


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* A frase do acróstico pertence ao grandioso mestre José Saramago, do seu livro "Cadernos de Lanzarote".

Fiquem em paz...
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domingo, outubro 19, 2003

“Perdido”



Perco-me na insalubridade do meu incrédulo dia.
Pego-me no repente de quem nunca amou um dia.
Faço-me presente para satisfazer alguém um dia.
E fujo para que possa ser feliz, quem sabe um dia...

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Sempre disseram que minhas palavras são muitas e os significados plausíveis das mesmas eram mínimos.
Decidi então, em pouquíssimas linhas, descrever o que sou em forma de poesia.
Quem quiser me entender, precisará entender então essas poucas palavras...

Fiquem em paz...

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segunda-feira, outubro 13, 2003

“Deixe-se olhar”



Sinta fluir o seu martírio perante seu anseio,
deixe vibrar os fantasmas que brigam no seu interior,
ria, brinque, seja criança novamente
e faça com que a liberdade reine no seu coração...

Transmita o que pensa pelo brilho dos olhos,
não se esconda com carapuças que conotam o cotidiano,
seja sempre transparente para que possam te enxergar,
e com a verdade sempre sendo dita,
irão verdadeiramente te observar,

mesmo que de longe, mas entenderão a energia,
a sinergia,
a paz de espírito,
e entenderão, ao mesmo tempo, que não poderão
ser o que sempre são...

Seriam pequenos demais...

E com isso eles se veriam inferiorizados,
inferiorizados de dentro para dentro deles mesmos,
eles se sentiriam incapazes,
e tentarão mudar...

Mas quando as mudanças ocorrerem
não poderá ser simplesmente cética,
terá que compreender com a grandiosidade da fantasia,
com a alegria da alusão,
mexer tudo num pote, com um arco-íris,
despejar o toque mágico das bruxas
e entender finalmente o que é a felicidade...

Fiquem em paz...
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sábado, outubro 11, 2003

“Fragmentos”



O teatro devolveu-me a vida
e eu devolvo-a a dramaturgia...

Há uma relatividade
muito extensa entre
a beleza do ser
e a leveza do ser...

Nada é certo
quando trabalhamos o incerto...

O verdadeiro artista
enxerga e compreende
uma obra de arte até mesmo
quando ela não existe em si
como expressão artística...

Podemos ser belos aos olhos nus
como podemos ser intérpretes
de um mundo que inexiste,
para alcançarmos a plenitude
aos olhos alheios...

Eu observo o canto lírico dos pássaros,
eu observo a natureza metropolitana,
a sua força de querer ser,
a sua dedicação em querer estar
mesmo não sendo o seu lugar,
o lugar que lhe é garantido
pela natureza das coisas...

Podemos ser, entre todos os seres,
o mais presunçoso...

Sou um zumbi solitário...

Sou um estrangeiro de mim mesmo.
vejo-me em pontos distantes da terra,
estando inerte no meu descontentamento...

Apenas sou um homem
com a consciência
vestida como um maltrapilho.....


Fiquem em paz...

* NA. --> Esse texto foi inspirado no site da Tasha Brujas .
Eu estava andando ontem, dia 09/10/03 pelo meu bairro às 00:30 da madrugada, pensando e conversando comigo mesmo, uma luta entre meus eus, e anotei algumas frases que achei, no meio da guerra interna, que valeriam a pena serem lidas depois...
Estão aí...

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quinta-feira, outubro 09, 2003

“Ser Poeta é...”



Ser poeta é descobrir
os caminhos intrínsecos
das pessoas que nos envolvem
com a leveza de uma brisa do outono...

Ser poeta é saber enxergar
a docilidade dentro das armaduras cotidianas...

Ser poeta é saber amar como se deve...

Amar alguém por ser livre, boa e compreensiva...

Ser poeta é sentir os chamados da vida
desabrochando por entre a confusão
dos dias ínfimos que nos atordoa...

Ser poeta é ter sempre um fio
de esperança para a felicidade...

Ser poeta é ter a sensibilidade
de arrancar um sorriso
de onde há muito não surgia
e ainda eternizá-lo com rabiscos no papel...

Ser poeta é amar como criança...

Ser poeta é brotar a adormecida lembrança...

Ser poeta é gritar aos mundos
o amor verdadeiro
e ser aceito e puramente reconhecido...

Ser poeta é sorrir nos piores momentos
da vida e transformá-los em lembranças coloridas...

Ser poeta é saber ser amado...

Ser poeta é ser músico, ator, escultor,
pintor, astrólogo e extravasar todos
esses sentimentos em harmoniosas palavras...

Ser poeta é ser tenro e eterno...

É não fazer nada fazendo tudo...

Ser poeta é viver a vida como ela é,
ora difícil ora fácil, mas sempre
tirar o melhor proveito de todas
as situações, sejam quais forem...

E para ser Poeta eternamente
basta um pingo de sensibilidade,
predisposição à felicidade
e ter, envolto nos braços e lençóis,
alguém tão bela e livre como você... ...

Fiquem em paz...
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quarta-feira, outubro 08, 2003

“Buquê de flores”




Oh! Doce regia, que enrubesce
as águas escuras do meu sonho,
levanta tuas orelhas para ouvir
a serenata sutil das borboletas...

Venha sentir o doce aroma
de liberdade que planto
com carinho para que possas
colhê-lo e fazê-lo de morada...

Oh! Doce canto que não cala,
palpita-me o peito pela lembrança,
vislumbro cada parte do seu corpo
com a imagem do orvalho por ele escorrendo,

vibrando em cada curva do seu sonho,
emudecendo em cada sorriso da saudade,
em cada brilho da verdade dos seus olhos,
em todo ato que se eterniza...

Oh! Doce regia, faz da minha vida fantasia,
reges como orquestra minha vontade,
ilumina com velas o meu caminho,
afaga meus sinceros sentimentos com música,
e faz da imagem do meu coração
um eterno buquê de flores para você...


Fiquem em paz...
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terça-feira, outubro 07, 2003

"Estou de volta"




Tento sempre com textos
mostrar a verdade do garoto sem coragem,
cabisbaixo e solitário...

Fico tentando camuflar minha tristeza imensa,
fico tentando me aparecer por todos os lados,
subo aos palcos, pois preciso de luz
para continuar vivo...

Sem vontade....

De nada...

Estou rancoroso por sentir tanta angústia,
as repetições ocorrem a todo momento
na minha escassa vida,
esqueço-me de tudo por achar
que não terá serventia a minha lembrança...

Acordo aqui e na realidade,
vejo-me completamente doado e sugado
até o último fio de cabelo de energia,
não poupam e não percebem o porquê faço isso...

Eu quero só cantar,
não quero disputar mais nada com ninguém,
quero só voar,
não quero disputar mais nada com ninguém,
quero só partir,
não quero disputar mais nada com ninguém,
quero só sorrir,
não quero disputar mais nada com ninguém,
quero só amar,
quero deixar de ter que até isso disputar com o aquém...

Quero viver em paz, mas não me deixam tê-la,
quero deixar de dizer “quero” e escrever coisas coerentes,
mas só consigo pensar e pensar e pensar e pensar nisso,
nessa dor que inverte as minhas virtudes
e me faz um fraco ditador de palavras,
acabo com isso decepcionando as almas
que rezam e ajudam-me nessa jogatina barata e suja que é viver....

Cansei, só isso....

Cansei de fazer papel,
de ser o "perfeitinho",
de tentar compreender,
de ser calmo,
de ser leve,
quero dar porrada em quem merece também,
quero xingar quem tem que ser excomungado,
tenho que ser e ter o que foi quisto pelos antepassados meus,
quero deixar de alucinar ouvidos alheios com papo tão bizarro,
quero apenas flanar pelas penumbras dos meus sonhos,
eles são líricos,
eles são doces,
eles são belos como sorvete,
eles são puros como recém-nascido,
e não me enganam,
e não mentem à mim,
atende aos meus pedidos,
aos meus desejos,
as minhas súplicas,
atende por entender que quero pouco,
um pouco de papo barato,
um pouco de desejo repentino,
um pouco de falsidade e crueldade,
um pouco de verdade e sensibilidade,
tudo para que eu possa,
no meio da madrugada perceber que tenho sono
e não ter a consciência pesada,
saber que poderei ir dormir sem ter dó de mim mesmo,
dos meus atos do dia,
dos meus surtos da semana,
das minhas lamúrias do mês,
saber que poderei deixar rolar a última lágrima
e saber que ela será a separadora de épocas
da minha sabedoria com minha indecência....

Algo que não sei explicar....
Algo que não sei dizer reina no meu coração....

Ontem mesmo era amor....

Hoje???
Não sei o quê...........


Fiquem em paz...
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