quinta-feira, setembro 28, 2006

"Silencio"




Silêncio...

Tem alguma coisa acontecendo aqui dentro de mim,
tem alguma coisa destoando do contexto,
ferindo a imagem nunca cuidada,
simbolizando novas formas para minha forma sem forma...

É impossivel a capacidade do seu corpo
mexer com o meu,
deixar minhas pernas trêmulas e meu peito em torpor,
é causticamente abalável as suas estripulias,
as suas brincadeiras de criança já adulta...

E eu me vejo ali debaixo do seu palco,
prepotente, egocêntrico no meu mundo de palavras decoradas,
te vendo de ponta cabeça,
te sentindo sem que você saiba,
te redesenhando nos meus sonhos para aliviar minha libido,
te transformando em noite só para ver o meu dia clarear em seus braços...

Tento lapsos, tentativas em vão de me conectar com o seu carisma,
sorrio o meu sorriso mais cafajeste,
tendo a certeza de que não serias capaz de resistir,
declamo o melhor dos meus poemas num sussurro que julgo ser arrepiante,
declaro abertamente uma guerra para conquistar a sua atenção,
para conquistar o seu riso suado no meu pescoço carente,
para deixar de sentir a solidão que venho inutilmente camuflando...

Silencio para escrever um novo poema,
novas frases que novamente você deixará de ler,
novos versos incoerentes ao seu extenso português...

sexta-feira, setembro 22, 2006

"Energia do nosso olhar"




Ela é linda, espevitada, sapeca, charmosa,
ela pula no chão cheia de graça,
ela é lírica de boca fechada,
expressando tudo com os olhos,
dizendo a mim que sonha como eu,
que sente como eu tudo intensamente,
tudo incrivelmente sem controle,
tudo unicamente sem conceito,
tudo junto, separando cada frase pra cada olhar,
chorando e sorrindo por dentro,
descobrindo em mim o que nem eu ainda pude ver,
me transbordando sem saber quem somos,
me iludindo nesse sentir platônico
tão gostoso e bonito de se ver,
virando de ponta cabeça minha ainda única noite...

Tudo tão novo, tudo tão semelhante ao que tanto fui discriminado,
tudo tão de repente, tudo tão óbvio pra mim...

Como posso agora seguir meus passos
sabendo que seguem os mesmos passos meus,
sabendo que filmam o que meus olhos filmam,
sabendo que dançam o que minha alma clama...

Eu tive sorte nesse novo sonho,
eu tive calma nesse novo mundo,
eu tive perspicácia nesse novo sintoma,
eu tenho paciência pra esperar o novo encontro de nossas mãos...

Eu tenho um segredo enorme pra te contar,
eu tenho uma verdade na ponta da lingua pra segregar,
eu tenho um vinho guardado na geladeira,
um vinho bom, desses caros, espumante importado,
menos gostoso do que quero te proporcionar,
menos valioso do que quero te fazer viver,
menos saboroso que a energia do nosso olhar...

terça-feira, setembro 12, 2006

"Dias contados"



Estou me perdendo por muito pouco,
estou me deixando levar por uma máscara que não cabe em mim,
estou fingindo que me sacio com uma migalha a cada dia,
a cada nova figuração que venho constantemente vivenciando.

Quero me desprender de todo esse ócio,
de toda essa necessidade falsa,
de toda essa pose que não me convence por completo,
de toda essa papagaiada que todos acreditam,
menos quem realmente importa...

Quero alçar o vôo que sou capaz,
quero me soltar dessas agarras imundas que tratei e cuidei com tanto amor,
quero sair dos lugares de cabeça erguida,
consciente de estar fazendo de mim o que sempre sonhei,
convicto de que meus fardos têm realmente de ser aqueles que não carrego hoje.

Ontem tive um sonho, desses que a gente tem acordado,
e tomei uma decisão difícil, tomei a decisão de ser eu na íntegra,
de me encarar sem medo do que pensem,
de ir além dos meus passos de hoje...

Hoje eu acordei sonhando minha realidade,
acordei sabendo o meu dia de amanhã,
acordei sabendo que esses meus dias estão contados...


Fiquem em paz...
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