quinta-feira, dezembro 23, 2004

"Singela constelação"



Uma singela constelação em um par de olhos, será que mirei certo essa noite?
Tenho certeza que não. Certeza que esta noite pequei...
Será que conseguiria tocar na música, sentir o cheiro exalado a noite toda, no meio dos ruidos da insônia e da insônica, deixei me levar para o místico, para as pedras, para o azul escuro do seu céu, para o azul claro dos seus sonhos, e fechei as portas do o mundo para viver o mundo.
será que mirei certo essa noite?
Tenho certeza que não. Certeza que esta noite pequei...
Levaram-me para onde eu não conhecia, e onde eu não conhecia me encantou...
Será que mirei certo essa noite?
Tenho certeza que sim. Certeza que esta noite amei...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, dezembro 20, 2004

"Progressões"



Cores, luzes, sons, medos e desejos,
sonhos e conquistas lutam para o destino
florescer, crescem a cada dia para adentrar
ao mundo mágico da poesia, ao mundo
que sem saber nós já vivemos.

Cores que resplandecem ao nosso encontro,
luz que alimenta a lua nas nossas noites,
sons que borbulham nossos sentimentos,
desejos que desatinam cada vez mais nossa insessatez
junto do sonho de conquistar o infinito,
para não mais ter que lutar pelo destino cabível,
para florescer com o amanhecer,
crescer o carinho a cada dia
para adentrar ainda mais no escuro do existir,
no mundo mágico que quero te proporcionar,
na poesia perfeita que descreva a perfeição
dos seus traços e pintas e sorriso,
transformar o nosso mundo
sem medos e com muita paixão,
o mundo que sem saber nós já vivemos...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, dezembro 10, 2004

"Pra quê"




Pra quê
demonstrar o meu carinho,
o meu infinito interior,
o meu carisma,
meu jardim imenso,
meu sempre sorriso,
minha amizade,
minha compreensão,
minha gentileza,
minha paixão,
meu amor,
meu ardor,
meu sentir,
meu querer,
meu estar,
meu fazer,
meu transitar,
meu transmutar,
meu rir,
meu fantasiar,
minhas crenças,
minhas dúvidas,
minha vida
se sempre desolo-me
com a alegria inóspita do seu silêncio?


Fiquem em paz....
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domingo, dezembro 05, 2004

"Reencontro de almas"



Doce tão sonho esse que vivo...

Ou seria sonho tão doce que me revive?

Seria talvez reviver o sonhado tão longinquo
que se deixou de viver sonho para se ser quase-sonho?

O que seria afinal essa loucura
que transcende com milhares de cores
pela linda clareza de seus olhos?

Uma esperança de que o impossível é possível?

Uma chama, uma brasa, um sinal
dentro do extinto vulcão do meu interior?

Uma nova história, mas dessa vez sem fim?

Um reencontro de almas?

Questiono-me sobre tudo
por pensar ter aprendido a verdade
tão facilmente desmoronada
com suas mãos infinitas,
com aquela quase-lua,
com seus alucinantes beijos,
com as nossas almas
que se permaneceram no mesmo
altar de todo o nosso sempre...

Fiquem em paz...
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domingo, novembro 28, 2004

"Testemunho"




Se hoje eu estivesse para morrer,
no meu testemunho constaria alguns
atos de algumas pessoas de grande valia
no eu que sou hoje.

A uma diria que a amo
por me fazer enxergar com clareza
o quão importante é a honestidade,
tanto pelos atos quanto pelas palavras,
e o quão dignos nos tornamos
perante a nós mesmos e a Deus e aos anjos,
e também o quanto estamos acima
de qualquer coisa material e maquinada,
e que o sentimento amigo perdura sob qualquer
circunstância, certas ou não.

A outra diria que a amo
por ter me feito acreditar em todos os sonhos,
mesmos nos que eu pensava não existir nenhuma luz
e que hoje são mais do que uma realidade,
e agradeceria por toda a franqueza,
mesmo vendo lágrimas mal postas
na minha face, agradeceria por ter visto
além e acreditado, mesmo com a minha
própria crença desfacelada e abandonada.

A outra diria que a amo
por me mostrar a linha tão tênue
entre o amor e o ódio, a linha
tão tênue entre o que se deve fazer
e o que se deve esconder de todos e de si
e agradeceria por ter estado ao meu lado
em todos os momentos, até mesmo quando
eu não estava do seu, atitude até hoje incompreensível.

A outra diria que a amo
por ter me apresentado ao amor,
por ter me apresentado à poesia,
por ter acendido a luz do meu até então
obscuro mundo paralelo e me feito
enxergar que sempre vivi ali,
e agradeceria por ter me ensinado
a olhar a lua, a reparar nos detalhes,
a ser infinito, intenso, leal, ser sempre "sempre".

A outra diria que a amo
por me fazer sempre enxergar
que o sorriso é a alma do negócio
e meus agradecimentos assim se completam
por dela ter apenas a imagem mágica
de um sorriso perfeito como o seu,
sempre alegre até nos momentos difíceis,
sempre intensos, até nos momentos mais simples,
e isso é tudo o que se pode desejar.

A minha mãe diria que a amo
por ter me dado a oportunidade
de ser um reflexo dela como num espelho,
extinguindo qualquer forma de agradecimento
devido a tamanha perfeição, que palavras
não se completariam jamais.

A minha irmã diria que a amo
por ter me dado a vida toda a alegria,
o carisma e o impacto da comunicação,
e a agradeço por ter me ajudado a construir
o meu mundo de hoje, mesmo não sabendo disso.

Aos meus dois pais diria que os amo pois,
um cedeu a semente, plantou-a
com todos os carinhos possíveis e esperou
ainda para ver o broto florescer e concedeu
ao outro a oportunidade de regar, de moldar
e ensinar os melhores caminhos da virtude,
para deixar a música florescer,
para construir uma família,
e a eles agradeço a tudo isso.

A todas as outras pessoas que estão na minha vida
agradeço a amizade verdadeira,
a opinião, o carinho, a tudo que inexistindo
faria com que eu não conseguisse ser o que sou.

Hoje, a esses lindos olhos de lua,
agradeceria por me fazer ver o outro lado da rua,
o outro lado do sonho, o outro lado do saber,
agradeceria sua loucura tão sensata que por vezes
torna-se inconcebível de se conceber.

E a Deus digo que o amo
por ter me colocado na minha vida
pessoas e situações tão completas
e mágicas, por ter me dado a
oportunidade de olhar, ver e absorver
a grandeza e os detalhes das pessoas,
e o agradeço por ter me feito
exatamente com esses defeitos corrigíveis,
exatamente com essas qualidades
que eu mesmo admiro em mim,
por ter me feito sensível e feliz e tão artista,
e ao mesmo tempo por ter me feito
um pouco amargo para poder ser assim...

Poeta...


Fiquem em paz...
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terça-feira, novembro 23, 2004

"Poeta sem fim"



Começo a escrever sem fim,
para ver se reencontro-me em algum lugar,
mesmo distante, para ver se consigo
enxergar, mesmo o distante, para ver
se toco novamente o amor, sempre distante...

Transformaria minha poesia em sentimentos
se assim pudesse concebê-la,
se assim pudesse honrá-la
como honro a tudo (com afinco) que não me completa.

Transmutaria o destino que momentaneamente
sorri para mim, moldaria meu rosto
para as futuras recepções e tornaria
bem mais simples meus anseios, meus medos,
minhas alusões que me tornam incapaz de ser capaz...

Canso-me - admito - de bater tanto na mesma tecla,
canso-me de estar sempre cansado para com tudo
que deveria, pela lógica da vida, me fazer feliz,
desgasto-me bolando os mais absurdos planos
que facilmente seriam resolvidos na simplicidade
que felizmente não habita no meu dia-a-dia.

Sou poeta, não tenho medo de desbravar,
tenho medo de sorrir sem medo,
tenho medo de amar sem amor,
tenho medo de ficar sem você,
que tanto me conquista,
que tanto me ilumina,
que tanto me seduz na paz do seu sorriso...


Fiquem em paz...
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domingo, novembro 21, 2004

"Deserto particular"




Olho para defronte do meu deserto particular
e sinto novamente as dores tão mal acostumadas
escorrendo como sangue pela vida do poeta insône.

Revivo cada palavra,
compreendo cada ato,
imortalizo tantos inúteis sentimentos
que berro sozinho no silêncio do meu quarto sem fronteiras...

Sinto-me de um lugar tão longínquo,
como se vivesse a partir da perda da memória,
sem precedentes, tampouco destinos,
perambulando nos preâmbulos da noite
enxarcada de solidão e vinho,
esperando o resgate, esperando a vitória inexistente,
esperando um consolo amigo,
uma vida coerente,
uma palavra apenas verdadeira...

Choro repentinamente escutando a chuva,
ligo o chuveiro para tentar limpar o que tanto incomoda
descobrindo que tenho medo da purificação,
de ser fiel, de merecer,
medo do tudo que me quer e me torna incapaz...

Revivo então cada palavra,
compreendo cada ato
e me humilho na hipocrisia
da minha mesma prisão desde a infância...


Fique em paz...
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terça-feira, novembro 16, 2004

"Hoje"



Hoje completei-me
no sentido do ser e estar
que tanto julgamos
no etéreo das frases
e pouco usamos
na vivência de se ser
e estar realmente felizes.

Hoje me vi em determinados
momentos sensíveis e sensitivos,
onde a insignificância do lutar em vão
se retraiu e absorto
deixou o brilho se espairecer
por entre as têmporas da vida
e florescer em forma de flores do campo.

E ao me ver,
vi que sou mais do que
vejo que sou quando penso
sobre o que sou...

E, desde então, pareço-me longínquo,
mais real,
um pouquinho menos atacado pela solidão,
vibrando como se tem que vibrar,
vivendo como se tem que viver,
pulsando como se pudesse amar,
amando como se pudesse sobreviver,
soprando como se soubesse soprar,
errando para o poeta sempre escrever...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, novembro 03, 2004

"Existir por não conseguir"



Minha vida não tem mais graça,
não faz mais sentido sem o que eu nunca tive.

Minha vida perdeu o rumo
no silêncio absorto em que sempre estive.

Perco meu fôlego tentando imaginar cenas
que não se encontram sequer no meu inconsciente.

Tento ser vão em vão,
tento reconstruir errando,
tento emocionar hipoteticamente,
tento falhar meus sentimentos,
tento matar tudo o que não tenho,
tento existir por não conseguir,
tento tentar algo cabível.

Pelo menos uma vez...

Surpreendo tanto que me isolo,
perco-me de vez
e regrido à inercia do ponto de partida...


Fiquem em paz...
...........................................

quarta-feira, outubro 27, 2004

"Flores com os olhos"



Ontem estava transbordando de um amor translúcido,
um amor que não sei compartilhar,
um sentimento que não sei lidar, a não ser com poesia,
um jorro que gostaria de presentear alguém.

Gostaria de poder embrulhar todo esse grito desumano
em uma caixa onde coubessem sonhos e desejos
e dá-lo, livrar-me desse desespero,
desse se assustar consigo mesmo,
desse se arrepelar pelo medo do impulso,
desse errar por se estar certo.

Desistir de enxergar o óbvio obscuro a todos,
renegar todos os dons para ser feliz,
transitar por tantos caminhos possíveis despercebido,
exonerar todos os atos consequentes de sofrimento alheio.

Quero entregar com os olhos todas as flores
que dispensam todos os dias sem vê-las,
quero reviver a extinta fantasia para deixar
a minha em paz, tranquila, lírica...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, outubro 20, 2004

"Não quero, mesmo querendo..."



Não quero ler nem escrever,
quero viver.

Não quero sentir nem pulsar,
quero tocar.

Não quero ser nem estar,
quero existir.

Não quero fazer nem tentar,
quero conseguir.

Não quero jogar nem ganhar,
quero participar.

Não quero morrer nem brilhar,
quero apenas te amar...


Fique em paz...
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sexta-feira, outubro 08, 2004

"Caminho sempre"



Minha tristeza não provém de uma consequência,
mas sim de um ato funesto e constante
pelo entorpecimento da verdade
existente em tantos olhos e sorrisos degradados.

Só existe uma solução para o fim,
so existe uma edição para a mesma história triste,
só existe um tema que expresso inutilmente,
só existe uma forma de viver minha vida...

Vendo-me por fora, escondo-me pelas formas
e defino todos os tipos de regras e atitudes incabíveis,
teço regras lacrimosas e consigo somente, como sempre,
destroçar com qualquer sentimento bonito que posso ter tido...

Caminho, caminho, caminho, sempre com meu peito pesado e minha dor
arfando-me, sempre o desleixo tão belo quanto a natureza,
sempre o nada tão em contravenção quanto ao que fazer.

E desisto, quando percebo minha extrema capacidade
de me fazer e de ser infeliz...


Fiquem em paz...


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quarta-feira, junho 09, 2004

"Caça à simplicidade"



Eu nasci para pensar no meu anonimato
e nesse pensar, deflagrar todas as mascaras sujas
nesse deflagar descubro minha verdadeira diversao
e dessa diversão realizo minha criação no meu próprio escuro

Eu nasci para ser colocado em altares duvidosos
eu nasci para treplicar minhas próprias questões
eu nasci para não responder minhas inquietações
eu nasci para deixa-las aos tantos pobres de mim

Eu criei meu anonimato no meu sucesso
eu criei minha ilusão na minha realidade
eu criei minha repulsa no meu próprio amor
eu criei minha solidão naquela antiga diversão

Eu chorei, morri diversas vezes,
e até cheguei a acreditar que poderia ser verdade
e descobri que até as verdades dos anjos mentem-se a si mesmas

Tentei forjar planos, divagar contra o infinito,
tocar a melodia perfeita, com o ritmo perfeito dentro da rima perfeita
e desmoronei quando percebi o quão frivola é a perfeição...


Fiquem em paz...
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sábado, junho 05, 2004

"Do que eu nunca tive"



Tenho saudade até do que eu nunca tive
e do que nunca terei pelo ciclo lógico
que minha vida retrógrada leva.

E o mundo vai girando
em sua forma excêntrica e retilínea de se ser,
e eu me moldando ao acaso perspicaz que me persegue.

Nesta luta, incendeio não só a mim,
mas todo o meu mundo de ilusões...


Fiquem em paz....
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terça-feira, maio 25, 2004

“Sinto uma intensa vontade de suicídio”



Tenho fascínio pelo momento a vir.
estou cada vez mais desapegado a esse mundo
quero ver a baixeza em todos os atos
quero ver a vileza em todos os sentimentos
quero ver a degradação de todas as hipóteses
quero ver negras todas as lagrimas
quero ver a infâmia se apoderando da vida
quero todas as carapuças desarmadas.

Quero que todos os meus absurdos sejam condenados
e comparados com todos os absurdos humanos
quero ser o mais humano dos pecadores
quero ser o mais infiel dos homens
quero transgredir as regras e desafiar os Deuses
quero morrer sorrindo pela minha tristeza infinita
vivida nesta podridão que me arrasto
quero pedir clemência diretamente ao chefe do barraco
quero enegrecer minha visão
cegar-me para ver se finalmente me realizarei
cegar-me para enxergar a verdade
que não me existe, que não me acompanha, tenho que admitir
empobrece-me a vida senti-la
empobrece-me o sentimento amar nesse mundo sujo
empobrece-me a lentidão com que evoluo pela falta de evolução alheia
empobrece-me perder meus sonhos pelo ceticismo
encubro-me de falsos personagens,
encubro-me para encobrir-me de mim mesmo
grito uma fúria cretina, de quem ao menos consegue balbuciar
escrevo temas que servem como apelo desesperado ao abandono
conheço das artes a violência
conheço da vida a mentira
conheço do amor a exclusão
reconheço na realidade a minha única saída
o breve suicídio das minhas infinitas palavras e poesias...

André Neves

Tenho fascínio pelo momento a vir. (Vinicius de Moraes)

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domingo, maio 16, 2004

“Vôo noturno”



Sou extremamente equilibrado
no meu desequilíbrio.

Sou plenamente ponderado
no meu descontentamento.

Sou extremamente realista
no mundo onde sonho.

Sou meramente feliz
nas projeções onde vivo.

E para conseguir me entender
terá que subir na garupa da fantasia,
deixar para trás as regras e preceitos
e viajar comigo num vôo sem rumos,
mas com destino à felicidade.


Fiquem em paz...
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domingo, maio 02, 2004

“Não quero mais”




Hoje não quero ter fisionomia,
nem cheiro nem sabor, tampouco alegrias...

Hoje não quero sentir solidão,
não quero me enganar pelo desejo
inexistente da minha própria inexistência,
não quero fingir o que já sou sozinho...

Não quero rever meus antigos passos,
ressuscitar velhos paradigmas,
transcender velhos ideais,
reconhecer o erro das novas escolhas...

Não quero nada além do infinito,
e que ele se espalhe com música
pelos meus cantos hoje desconhecidos,
hoje desencantados pelo brilho de olho algum...

Não quero prender-me na minha própria inconsistência.
Não quero preencher-me de tudo que não me completa.
Não quero determinar as regras de um jogo de tabuleiro vazio.
Não quero gritar aos surdos minhas migalhas.
Não quero entender nem me tornar crível.
Não quero deixar de querer algo que nunca quis.
Não quero me abalar por isso, e com isso fortalecer
as únicas armadilhas que eu mesmo cismo em impor.

Não entendo meus pensamentos, não entendo minha euforia,
não entendo minhas vontades, minhas fugas desesperadas
de mim mesmo e que acabam sempre se encontrando
pelos recônditos inevitáveis das minhas dúvidas
e revoltantes faltas de respostas...

Não suporto mais me enganar com tudo que finjo que sinto,
não agüento mais o peso das minhas palavras,
não tolero mais essa indulgência com minha perseguição
a uma perfeição que em tudo consegui hoje fracassar
pelo reflexo irracional da insatisfação dos erros que cético
percorro meus dias cometendo...

Não agüento mais me controlar,
não agüento mais minha própria incompreensão...



Fiquem em paz...
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sábado, maio 01, 2004

"Receba com carinho"



Oh! Sons e luzes que ruborizam os meus sonhos,
receba pelos ares o meu chamado
e venha até aqui sentir o calor do meu abraço.

Em cada volta pelo mundo,
em cada suspiro meu,
exalo um pouco de sensibilidade
que proferes como música
com seu canto apaixonante...

Doce devaneio,
multiplicai-me as línguas
para que eu possa ter mais opções
que eternizem seu brilho.

Dê-me mais da sua presença
e permaneça-me sempre
essa loucura de inspiração.

Faça-me, com seu beijo lascivo,
escrever poéticamente um terceto,
uma ode ou quem sabe um livro de sonetos.

Tome qualquer atitude,
só não deixe de habitar
essa morada que construi
exclusivamente para você no meu coração...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, abril 26, 2004

“O nada em contravenção”



Eu sou o nada, e luto com minhas palavras para entender o que é ser o nada
eu sou execrável, pois sou capaz de me amar e me odiar ao mesmo tempo
eu sou a oitava maravilha do mundo, pois consigo me amar e me odiar assim como consigo me amar ao me odiar
eu sou o resplandecer das trevas, pois sou capaz de escrever e me arrepender da linha escrita assim como sou capaz de me orgulhar pelo não dito em palavras,
tal como ganho a vida
sem que simplesmente abra os olhos
que fingem ser poderosos
mas que sempre caem na mesma história infante, se engana sempre pela mesma percepção
esdrúxula e desvirtuada, assim como desvirtuo minha mente com o céptico olhar,
assim como alucino minhas pernas em vão sempre que viajo por estas estradas,
estradas com seus espinhos me ferindo,
uma estrada imagética,
acho que é a estrada que se encontra defronte o portal do meu sinistro castelo...
Castelo que está opaco, perdendo o seu irreal brilho...
Castelo onde estou encostando nos cantos,
encostado às traças como velhos em carne fresca,
lisonjeado com a solidão que me cerca
denegrindo-me pelo ter que compreender,
declarando-me ao mais simples lapso
de inconsciência
e não me arrependendo
não me machucando, e muito menos me
martirizando
Ouvindo a todos e só dando a razão ao meu ouvir
interior
exterior
interplanetário
que dita de longe as regras
que me faz crer como um dia cri em
espíritos
que voam
que dançam
que tem armaduras e pompas
especiais
que vão a minha casa
e cozinham na mesma,
sem piedade,
dó,
com frieza,
não vendo que do lado de cá eu estou emocionado
fraco
intenso
desprovido
amando
sofrendo
agradando
mutilando
e tudo isso de uma só vez
tudo isso de uma só tacada
desgarrando as lacunas que compõem
o sonho sem fronteiras
sem barreiras e sem limites
fazendo do péssimo transição
fazendo do ótimo oposição
pois entendo o que dizes
entendo o que falas
entendo quando me proteges
e entendo que foges por mim
angustia-se pelos meus imagéticos desenhos
pelo medo do desconhecido
que ocorrerá a mim somente
quais serão as conseqüências
- com medo estás -
quais as conseqüências
- roendo-se estás -
o que será dele
- preocupada estás -
o que ele fará no futuro
- curiosa estás -
o que sentirei daqui a anos
quantos textos mais separar-me-ão do ócio
quantos equinócios vernais terão de distância
quantas epopéias vibrarão pela minha morte
quantos enterros mais terei que chorar
quantos amigos mais terei que me separar
de quantos mais terei que me separar
quanto mais terei que sofrer
e ir ao teatro só
quanto mais escreverei e acharei
que banal me tornei
quanto mais direi quanto mais
e quanto mais ditarei essas hipérboles
de quanto mais
de quanto mais
e digo ainda
quanto mais terei que me superar
se a superação percebo
não ser suportada
por estar ela exacerbada
por estar a empolgação cega
pois nunca deixei de estar cego
nunca deixei de não amar
nunca deixei de me privar
e sempre estive às escuras
atirando e lutando
contra mim
contra Deus
contra o Inferno
que bate a todo momento à nossa porta
às nossas janelas
que,
de quando em quando,
bate em nossos portais imaginários
e luto arduamente para que vá embora
pois estou cego
implorando por mim mesmo
criando histórias
fábulas que se tornariam inesquecíveis
como sonhávamos que seria...
Inexeqüível esquecimento banal
inesquecível prosear esdrúxulo
infundado
onde não preciso - sei disso - escrever mais
parábolas
já foram suficientes
pra você que mora ali
acolá
defronte meus julgamentos
pois eu não tenho fim
eu não tenho histórias
pois histórias sem fim acabam sempre acabando
com uma reticências
com uma rima
com um novo início
com um ano novo
com um carnaval, quem sabe,
com uma nova vida
com um novo estilo
musical
literário
egocêntrico e prepotente
criando armadilhas e barreiras
para a minha boneca transcendental
julgadora e não
fechada
com regras
com julgamentos predefinidos
do que é julgar...
Se julgo como minha figura
nunca julgaria,
é porque ela tem medo de julgar
ela tem medo de mim
pois a minha verdade sempre foi a única
é o que ela pensa disso, mesmo
mal sabendo do que pensa
mas pensa, e pensa vociferado ao ínfimo infinito
que ditará meu futuro
que ditará meus casórios
que ditará minhas separações
pois me casarei, isso eu sei,
farei filhos
mas não serei completo
completarei meus sonhos paternos
mas nunca poderei olhar para os lados
e ver a alternativa correta
pois minha mente está oscura
minhas papilas estão sedentas
como meus desejos estão dissonantes
as partituras rasgo eu
a música toco eu
o teatro contracenarei eu
mas o amor não viverei eu
a solução não viverei eu
a alegria não sentirei eu
pois ela foge
ela é uma montanha russa
das norte-americanas por serem maiores
mais ríspidas
mais frias
mais distantes
tão distantes quanto eu estou
tão tristes quanto eu me encontro
querendo tentar e não conseguindo querer
tentando querer e não conseguindo tentar
repetindo os erros
para participar de mim mesmo
escrevendo compulsivamente para me enobrecer
para um livro poder um dia escrever
quebrando as linhas para que possas entender
vendendo-me para a mim compreender
arrependendo-me para comigo viver
e saltando das montanhas para a mim
me oferecer...
Quantas linhas poderão ser escritas
quantos erros proferidos
mas sempre a certeza
de quantos amores
irreais
podem e são perdidos...
Quantos versos posso fazer
pois minha mente não consegue ler
nem para não poder
nunca este dom perder
Agora dito regras
para o fim da canção acontecer
mas para sempre nunca deixarei
de com meus amores enobrecer...


Fiquem em paz...
........................................................

sexta-feira, abril 23, 2004

Se os sonhos correspondessem......................



Se os sonhos correspondessem às minhas palavras, acreditaria que minhas crenças são existenciais a ponto de me transformar no ator principal desta peça que estamos participando aqui, esta noite, entregue ao ostracismo que tenta se demonstrar condizente com as fábulas criadas por nós mesmos quando estamos elucubrando, e mesmo com esta inconsistência de fatos consigo te ver, em meio de tamanho alvoroço, dessa forma bela, bruxuleando ao redor de tanta hipocrisia, fantasiando em meio de tanta fantasia, de sonhos que sonham em ser vividos, sonhos que dizem fazer parte da minha mente, mesmo que momentaneamente, deturpando os preceitos e fazendo de ti, sim, por incrível que pareça, fazendo de ti a atriz principal de um papel tão delicado, com tantos resquícios do passado vindo à tona no presente, esse presente onipotente que nos cerca, esse passado que nos condena e esse futuro que nos espera, às margens do acerto com as soluções que as nossas novas tentativas, mesmo lutando para serem plausíveis, tentam fazer conosco, com o tempo, este que tanto me gela as mãos e me sua o coração, tempo que deturpa meus anseios e me faz sentir ileso a tudo, como uma criança perdida em tempos remotos, como um pássaro que voa em sentido da liberdade há muito requerida, e vejo-te assim bela, passando com toda essa magnitude, fazendo-me me perder nas palavras, fazendo desse encanto algo estarrecedor à percepção que rodeia minha vida, embasbacando-me para poder, assim que possível, escrever esta que lê, para ver se assim consigo transmitir toda a leveza que a paz que rodeia sua pessoa me transmite, trespassar a ti todo o brilho resplandecente existente em sua aura, no místico e distante cheiro do seu olhar, cheiro de encanto, cheiro de inovação, de amor, de carência, uma carência querendo ser amada, querendo ser explorada para que assim possa, sem receios, abrir este teu livro mágico, este que carregas, pesado, dentro do teu peito, por falta de confiança, por receio de não ser o que já é, ou que não sejam o que já encontrastes ao abrir sorriso tão belo quanto sua pele, quanto sua cor, quanto seu tudo, esse tudo que tanto me encantou e me fez sonhar aquela noite, e a outra noite, e a outra noite, sonhando sensações ainda inexistentes, acordando com os travesseiros em volta dos meus braços e imaginando o dia em que poderei te abraçar de verdade, o dia que poderei, se é que poderei, abraçar seu coração, sua alma, alma entregue as divagações existentes na minha, na tua, nas nossas vidas, essas tantas vidas vividas, essa saudade que cisma em aparecer de fininho, a quem sem querer clamamos, pois a mesma encontra-se verdadeira dentro de nós, dentro dos nossos sorrisos, desse ressoar das notas dentro do papel, esse eco vagando pela minha mente para poder escrever mordiscando minha alma para que ela seja verdadeira, para que possa com minhas falanges colocar todo o ardor existente no meu sangue, nos meus tão comentados sonhos, sonhos dorminhocos ou alucinados, querendo-te dessa forma, daquela forma, de todas as formas, para simplesmente realizar todas as tuas vontades, e a minha, que é poder simplesmente trilhar contigo os infindáveis caminhos da felicidade...


Fique em paz.....
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quarta-feira, abril 21, 2004

"O Haver"




Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai! eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo que existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de sua inútil poesia e de sua força inútil.

Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa tola capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será e virá a ser
E ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante.

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
Na busca desesperada de uma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do grande medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio
Pelo momento a vir, quando, emocionada
Ela virá me abrir a porta como uma velha amante
Sem saber que é a minha mais nova namorada.



Obrigado Vinicius....
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terça-feira, abril 13, 2004

"Vivência"



Pirei no sonho
alucinei no escrever,
pulei na vivência,
na ardência do viver,
extravasei as regras
incontáveis,
irredutíveis regras que
desapontam,
desapontam o elixir
em forma de flores,
de aromas enigmáticos,
de cintilâncias,
degustando o expelir,
o exasperar,
o ser pelo não sendo
mesmo esta sendo
a não-questão,
mesmo os nãos
sendo as
contrações que ditam
os seres,
que fazem a festa
ditando as regras
deturpando a sanidade
com que pego na caneta,
rasgo os papéis,
digo e penso sobre
amor,
ódio,
decepção
de ser
o querido
e não obter
a ascensão
do poeta proseador
que se acha vão,
que o poente diz que não,
e o luar não abre mão,
nem dele - do poeta louco,
nem dela - pálida imaginária,
muito menos
do reino literário
que em sua persona
torna-se ditadora
de regras,
de ser tudo
sendo o ser quisto nas fábulas
e sendo o não ser na profusão desvairada
do outro ser
que cria vida,
mas é tímido e temeroso,
é frágil e murmura
pelos meios,
rumina cânticos e versos
para a intertextualidade
não exasperar,
para sempre poder
com sua musa se inspirar...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, abril 07, 2004

“Com todo o meu sempre”




Uma estrela impressionante presenteou-me
o destino ha tanto solitário e longínquo,
recostando minhas portas e janelas interiores
para o passado vivido numa estrada esquecida.

Esta estrela juntou todos os pássaros
existentes dentro dos meus tantos sonhos
e os fez cantarem a mais bela e doce
melodia clássica jamais sentida pela vida.

Equidistanciou o belo da frivolidade
dentro do pobre e confuso poeta,
que lacrimejando tenta compreender
o brilho que ainda o cega e o aroma
que o estagna na lembrança distante.

Imagina as nuvens, as casas e as ruas que sentem
o peso benévolo de tais pés e tais risos.

Vê, com nitidez, cada ponto da metrópole
ainda desconhecida por ele, sendo eternizada
pelo clique da fotografia vista com perfeição
pela perfeição dos seus olhos lindos e serenos,
e ri pela contemplação do seu próprio devaneio
ao rever as novas cores do seu jardim interior.

Ele tenta continuamente escrever,
tentando persuadir sua clara invalidez,
para descrever cada ponto desse brilho,
cada som desse silencio, cada sentimento
do mais puro toque deflorado pelo tempo.

E mesmo rodopiando ele tenta se concentrar
e relembra do tempo parado, sendo contemplado
como obra de arte barroca, como pureza
enigmática de uma construção sentimental
sólida e perfeita, e carinhosamente desenhada
como nunca, tampouco imaginada
pelos homens ou pelos anjos róseos,
que se envergonham quando perante estão
do lírio mais famoso, do canto mais macio,
do abraço mais envolvente, do beijo
mais alucinante, do riso mais vermelho,
e da sutilidade mais apaixonante,
que mesmo munidos de caneta e sensibilidade
não conseguirão descrever a exatidão infinita
daquela riqueza, que colocou o pobre
poeta enclausurado pela saudade
e voando por ter sentido pleno tão nobre paixão...


Fiquem em paz...
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segunda-feira, abril 05, 2004

"Te adoro"



T amanha beleza e sutileza que
E xala desses cintilantes olhos,

A trozes em suas decisões
D uradoura em seus sentimentos
O rgasmática em sua maneira de viver
R econquistou meu coração que já estava sem luz,
O rganizou, clareou e encheu minha vida de felicidade...


Fiquem em paz...
.............................................................

quarta-feira, março 31, 2004

"Anjo amigo - In Memorian"



Vinte e um anos...
Uma idade tão célebre,
tão inconsistente e tão mágica,
uma passagem única que a maioria dos que lerem esta já terão passado, ou estarão passando,
ou ainda posso dizer que tem planos fantásticos e grandiosos quem a essa idade não chegou,
idade que tanto me ajudou,
idade que nunca mais irei ter,
idade que nesta data de hoje
estaria meu grande amigo comemorando com seus planos terrenos...

Planos, planos...
Como falar em planos se não existem regras para o tempo (!)...
Planos, planos...
Como ditá-los ao léu se nem sabemos o quão presente estaremos (!)...

E foram poucos por ele ditados,
já sabia que não precisaria ditar planos
a longo prazo,
parece que a presunção não fora bastante plausível para seus ideais,
ele não imaginava ter 21 anos,
ele queria e batalhava diariamente para apenas ser eterno,
apenas para fazer feliz a quem ao seu lado estivesse,
pois ele precisava ensinar a todos
a fórmula mágica
do desprendimento,
do encantamento,
precisava ensinar a todos o que significa ser simplesmente feliz,
o que significa simplesmente sorrir
por sorrir,
gritar
por gritar,
interpretar
como se o mundo fosse um palco
e o futuro
as cortinas que lentamente se abrem,
vivendo os ensaios que se calaram antes das cortinas
intituladas da vida
se abrissem,
antes mesmo da contracenação
dita e vivida
ter saído da sua majestosa puberdade,
fazendo-me voltar no tempo
e imaginar como estaria o seu brilho,
como estaria suas interpretações e interpolações
que apenas sua clara e simples mente era capaz de fazer...

Como estaria eu (?),
que escrevo aos prantos
sem mesmo poder,
pois em sonhos astrais ele pediu-me
para que não mais o fizesse...

Como estaria minha face com as lágrimas sempre secas (?),
será que seria tão desprendido,
será que seria tão compreensivo,
tão amável com os que não tem o dom da compreensão,

Como estaria ele, (?)
será que forte,
namorando a Claudia,
qualquer outra mulher,
tão especial quanto a cineasta expelida do meu âmago
em formas de palavras nessa mesma excêntrica linha imaginária,
estaria ele cursando de teatro comigo,
já teria sua casa em Ubatuba,
já me levaria com seu carro consorciado
para ver o brilho das estrelas,
para quebrarmos quantas cidades fossem preciso,
erraríamos em vão,
divagaríamos sobre o nada,
pois o nada tornara-se inexistencial a ponto da sua inexistencialidade se obrigar a divagar durante o nada,
com o nada sendo o máximo denominador que poderíamos ter em comum,
dormiríamos na praia
ao relento
como outrora fizemos,
nos perderíamos em busca da noite perfeita,
invadiríamos o aeroporto,
como outrora ele fez,
sem o risco do choque mortal,
sem o risco do tiro certeiro,
pois eram apenas tempos de liberdade,
eram apenas tempos de desapego,
onde o existir era uma simples vara de condão
que ditava as regras dessa transmutação de fatos que hoje
tornara-se incompreensível
dentro da minha cabecinha incapaz,
dentro da minha lucidez,
dentro do meu peito que está amuado,
está sôfrego de saudades,
está desmoronado de lágrimas,
lágrimas não pela lembrança da doença que o levou,
mas dos tempos onde a liberdade era nossa simples opção libertista
de todos os nossos atos e situações,
onde a música era cantada em uníssono,
onde o companheirismo era mútuo,
onde as jaulas imposicionadas pela vida ainda estavam abertas
a todos
que quisessem adentrar,
pois não tínhamos manchas na nossa mente,
não tínhamos o buraco eterno dentro de nós,
não tínhamos a preocupação
de como seriam os aniversários sem a presença,
sem a festa tão esperada
ano a ano
nos prédios mundanos...
Como tudo isso aconteceu (?) ,
Como foram criadas tantas barreiras (?),
Mesmo ele implorando para não criarmos,
mesmo ele gastando toda a poupada energia,
se materializando para simplesmente dizer que está bem,
pedindo,
implorando
para não chorarmos,
e mesmo assim
me vejo no banheiro,
me olhando no espelho,
como uma criança
chorando,
tendo que respirar fundo
para que não ouçam que choro,
pois não merecem me ver triste,
pois não compreenderiam a minha tristeza,
piorando ainda mais minha situação,
então recorro ao papel reciclado,
a caneta esferográfica,
desato meu molhar sobre os dois
e escrevo,
para que consiga aliviar um pouco do peso que eu não agüento,
que quem o conheceu e estiver lendo também não agüenta,
a quem não o conheceu e se sensibiliza com histórias de amor e hipérboles dramáticas não agüentará por sua vez,
mas que a certeza todos nós
- os meus conhecidos, os dele desconhecidos, os leitores e curiosos -
temos,
de que,
asas em suas costas já se criaram,
- mesmo elas tendo espiritualmente arranhado um pouquinho -
olhos ainda mais esverdeados se fizeram,
cabelos mais enrolados já cresceram
e rodopiaram
pelas nuvens brancas,
e que a sombra da dúvida que poderia ainda restar
já se dissipou
de que ele,
todos os dias,
reza para que seus comparsas,
amigos e
familiares.........................

.....................Fiquem em paz...


............................................................................

sábado, março 27, 2004

“Não convidado”



Lágrimas...
Fúria desesperada pelo infinito.

Arrepios...
Violinos escorrem suas verdades.

Decanato...
Fuga alimenta a transcendência dos fatos.

Momento...
Em que escolho para fechar os olhos
e sentir a verdadeira verdade que não existe
nas palavras e nos olhos aguados e sujos,
temperando ainda mais minha alusão aos sons
e as luzes da minha absurda hipnose.

Calmaria...
Como eu gostaria que fosse minha fascinação
pelas dificuldades absortas no eterno...

Gosto...
Da cor diferente nas minhas mãos,
nos meus tragos infinitos de incoerência.

Desespero...
Rápido e fugaz, poderoso e amigo
de todos os meus eus desafortunados.

Depressão...
Palavra antiga dos meus antepassados,
que não encontram palavras que decodifiquem.

Luz...
Emanação angelical e alheia aos meus sentimentos,
onde a irrealidade decompõem o dia vão
das portas que se abrem inertes a mim...

Luta, tambores e degustação de palavras,
que tão lentamente absorvo no papel,
sentindo-as como o fim,
cada palavra suicidando-se do meu frágil sentimentalismo
para colorir vidas que não me suportam...

Decisão...
Destruição...
Revelação...
Renegação...
Ressurreição...
Reencontro...
Desilusão...
Devastação...
Desinteresse...
Lágrimas...


Fique em paz....
.................................................................

sábado, março 20, 2004

“Buquê de flores”



Oh! Doce regia, que enrubesce
as águas escuras do meu sonho,
levanta tuas orelhas para ouvir
a serenata sutil das borboletas...

Venha sentir o doce aroma
da liberdade que planto
com carinho para que possa
colhê-lo e fazê-lo de morada...

Oh! Doce canto que não cala,
palpita-me o peito pela lembrança,
vislumbro cada parte do seu corpo
com a imagem do orvalho por ele escorrendo,

vibrando em cada curva do seu sonho,
emudecendo em cada sorriso da saudade,
em cada brilho da verdade dos seus olhos,
em todo ato que se eterniza...

Oh! Doce regia, faz da minha vida fantasia,
rege como orquestra minha vontade,
ilumina com velas o meu caminho,
afaga meus sinceros sentimentos com música,
e faz da imagem do meu coração
um eterno buquê de flores para você...


Fiquem em paz...
..............................................................

sexta-feira, março 19, 2004

“Não precisa haver”



Não precisa haver beijo, para haver amor...
Não precisa haver desejo, para haver amor...
Não precisa haver abraço, para haver amor...
Não precisa haver contato, para haver amor...
Não precisa haver lágrima, para haver amor...
Não precisa haver namoro, para haver amor...
Só precisa haver amor, para haver você...
Só preciso de você, para em mim haver amor...


Fiquem em paz...
............................................................................

quarta-feira, março 17, 2004

"Quem sou eu"



Passeio vagamente pelo passado.
A nostalgia me prende na insônia.
Escureço, perco-me na noite
com os pés descalços e frios.
Coço meu nariz, pisco com força
para conseguir raciocinar velozmente.
Ouço o sibilar da Sinfonia n° 5 de Mahler,
visto minha carapuça
e desato meus sonhos no papel...

Luto para esquecer que existo,
luto para entender o existir,
para entender o amor, se com ele
no peito sofro a fertilidade
da eternidade, e ele sumido assim
sofro a dor sôfrega do silêncio...

Sofro com esse silêncio,
desatina-me o medo...

Coço novamente os olhos...

Dessa vez fecho-os e vejo-me
como uma sinfônica sem rumo,
sem sentido,
sem batidas,
sem o ressoar da vida,
sem o encanto,
sem a liberdade que prego,
que se esvaece das minhas mãos,
acorrenta-me neste transeunte
que chora lágrimas que não são dele...

Acorrento-o nessa letargia,
acorrento-o nessa solidão
de quem nunca conseguiu ser o que quis,
o que sempre sonhou
e sem coragem de vencer,
suicidou-se...

Apodero-me desse pobre sonhador,
dessa figura carismática,
o transformei anos atrás
para que minha carapuça desleal
não fosse descoberta...

Alegro-me pelos seus rumos,
darei a ele todos os dons que quiser,
pois ele revive a minha vida,
ele me faz potente,
ele me cura,
esse jovem maluco terá todas as portas
abertas para sonhar, para vencer...

Eu não o deixarei perder,
eu não o deixarei morrer antes de ser,
quero sentir o gosto da vitória através dele,
quero ser jovem,
quero tirar essa bala
do meu infiel e covarde peito,
quero que ele transmita
às pessoas o que eu não pude em vida,
pois ninguém entenderia na minha época...

Raros o entendem agora...

E é por isso que eu o fiz só...

Poucos o enxergam,
ele se finge não entender
e entretém com facilidade,
com o Dom que Eu e nosso Pai demos.

Sou seu irmão que não nasceu,
que se uniu pelo ventre sagrado
da nossa Mãe para te dar a chance,
a glória de poder passear
por todas as galerias da vida
sendo respeitado, aclamado...

Eu te darei as histórias,
eu te farei feliz,
realizados pelos seus feitos...

Não estranha ter tantos dons?

Como pode se julgar tão abençoado
e não duvidar de nada?

Faz-se de tonto,
eu te ensinei a ser assim,
isso eu fiz para que não sofra no futuro,
é apenas uma pequena amostra
do que esta por vir...

Faça tudo mesmo,
prepare-se, pois os palcos
irão sempre se acender para ti,
meu caro e nobre irmão...

E agora peço apenas para que coce
novamente os olhos,
relaxe ao som límpido da música,
respire,
descanse o braço, pois ele está doente,
estude e sempre fique na paz
que tanto almeja...

Busque-a...

Transgrida as regras...

Escreva seus sonhos,
eu darei seus sucessos lá,
no inconsciente,
e quando seu nome estiver nas estrelas,
abençoarei-te contra as traições,
pois eu o amo meu irmão,
eu te quero harmonioso,
e para todo o sempre rezarei
para que essas lágrimas que agora
caem dos seus olhos sejam sempre
sinônimo de fertilidade e lealdade...

Lágrimas benévolas e eternas...

Rouquidão da minha voz ao acordar do transe,
ao agradecer a quem quer que seja
por mais um belo e belo e belo texto...


Fiquem em paz...
..................................................................

quinta-feira, março 11, 2004

“Curiosidade da sensação”



Qual a nomenclatura existente
para a concisão perfeita
de tantos altos e baixos
residentes no amor?

Ah! Amor...
Palco de tantos livros,
palcos de tantas dúvidas
ainda nunca respondidas...

Tomaste meu coração
pela curiosidade da sensação,
do enigma que envolve
sem medo as barreiras da destruição...

Um banquete completo
para minhas mãos
e uma pergunta que nunca se calará:

- Por que as pessoas mudam
quando a recíproca é verdadeira?

Faço, quando medito, uma retrospectiva
dos fatos onde a reprocividade ocorre,
e o resultado estatístico
é meramente fatídico e Dantesco,
pois o mesmo torna-se nulo...

Nulo como devem ser essas viagens
que vivo quando medito...


Fiquem em paz...
......................................................................

domingo, março 07, 2004

"Ilusão rebuscada"



Ilusão tempestusoa de um ensejo
terminantemente inexequivel e irrefreável...
Decepção mostruosa e elucubrativa
do meu seio amargo de escuridão...

Inefável problemática e dissonante
alternativa de mórbida realidade
vivida, bruxuleando em minha tez
a brisa boreal do descontentamento...

Ciclópes sentimentais rondam os monumentos
labirinticos e arcaicos do meu insalubre
âmago, destoando a fábrica de sonhos

com palavras rebuscadas e desesperadas,
dissolvendo meu último resquicio de sorriso
nesse drama terrivel de não pertencer ao paraíso...


Fiquem em paz...
.........................................................................

quarta-feira, março 03, 2004

"Passado poético em Barcelona"



Ah! Que saudade daquele tudo,
que saudade daquele fazer nada,
que saudade daquele sentir muito,
que vontade daquela menina...

Ah! Que vontade de fazer tudo,
que vontade de não viver sem nada,
que vontade de sentir tremores,
que saudade daquela menina...

Ah! Mas que vontade de beijar,
que vontade de fazer amor,
que vontade de fazer o gosto,
que saudade daquela menina...

Ah! Que saudade daquelas tardes,
que saudade daquele encanto,
que saudade de apaixonado,
que vontade daquela menina...

Ah! Que vontade de tê-la aqui,
que saudade de senti-la aqui,
que duvida me bate aqui,
do amor que sinto por aquela menina...

Que passa exalando pétalas pelos seus mágicos olhos,
que me apaixona a cada vão momento,
que me descreve em poesia,
que me extasia,
que me alucina de tanta vontade de morde-la,
de encharcá-la com a minha vontade,
que me lambuza a fantasia,
que me suga cada energia desperdiçada
e transforma-a em paixão recolhida,
que me forma em forma de forma para acalentar
cada respingo da sua vontade,
da sua ternura,
do seu coração em cores,
do seu sorriso que encanta aos céus,
dos seus traços que encanta a Zeus,
da sua bondade que encanta aos anjos
e do seu tudo, que encanta meus desejos
com seus trejeitos, com sua voz de pequena,
com seus cabelos de boneca,
com a sua infinita história de amor....


Fiquem em paz...
..............................................................................................

domingo, fevereiro 29, 2004

“Cidade Nossa”



Cidade caótica, onipresente;
Cidade maluca, eloqüente;
Cidade de ouro, presente;
Cidade de luz, de amores ferventes...

Lugar rodopiante de corações
Que breves lutas acontecem
Com separações, com ideologias
Abstratas do ser e sentir pobre,

Maldito e com as crispas
Enrijecendo meu perdão,
Tornando-me um moribundo,

Narrador onisciente, vão,
Caótico e problemático, mas
Vasto conhecedor das dores do mundo...


Fiquem em paz...
...............................................................................

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

"Morte sem enterro"



A morte
queimando-me a face
apertando-me contra o papel
com ira,
com furia,
latente e prepotente
com as quedas infimas
devorando meu respirar...

Morte,
sem rodeios me buscando
no palor da madrugada,
me inebriando,
me escurraçando desse recinto,
dessa morte sem receio,
desse tilintar sem preceito,
com o péssimo em devaneio,
com o límpido em escassez,
frio como a bruma que enreda
sua ferida....

Fim,
o fim desiludido
pela morte sem enterro,
com tanto desespero,
trazendo-me ao desterro
que jaz minha solidao,
solidao magra que degusta
do meu ser,
do meu dom,
do meu prepotente esquecer,
do meu eloquente enlouquecer...

Corpo,
corpo que nao vejo,
gélido que nao sinto,
pernúria que só vejo,
desalento que tanto desejo
nessa morte sem fim,
nesse enterro do querubim,
esse desespero querendo à mim,
nesse lavar de almas sujas,
nesse viver de sonhos límpidos,
nesse navegar de sonhos unicos,
com barocos a sós,
aeroplanos solitarios,
soleiras desgranhadas,
paredes armadas
e sonhos destroçados,
à espera do novo reencontro,
que dita os desencontros,
e que traz a esperança
para que não erre no ponto,
ainda menos que o desenho
fique apenas no conto,
que é para podermos,
sempre,
vivermos esses distantes
e inalcançáveis sonhos...

Sonhos de criança
e que nunca acontecerão... ... ...


Fiquem em paz...
...................................................

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

"Como eu adoro você"



Como eu adoro seus cachos
Como eu adoro seu nariz
Como eu adoro seus dedos
Como eu adoro seus trejeitos
Como eu adoro sua voz
Como eu adoro sua risada
Como eu adoro a pinta da sua barriga
Como eu adoro a pinta da sua nuca
Como eu adoro o tamanho das suas pernas
Como eu adoro seu ser magrinha
Como eu adoro a cor dos seus pelos
Como eu adoro a sua bunda
Como eu adoro a parte de trás da sua coxa
Como eu adoro a batata da sua perna
Como eu adoro sua temperatura
Como eu adoro o seu abraço
Como eu adoro seu beijo
Como eu adoro a sua ardência
Como eu adoro o seu sorriso
Como eu adoro você fazendo charme
Como eu adoro você apoiada em mim
Como eu amo seus pés...


Fique em paz...
....................................................

domingo, fevereiro 15, 2004

"Sou"

Sou
sonhou e
comigo brincou
feriu a conjectura
do ser que sou
sendo o ser
que a sós
Sou




Fiquem em paz...
........................................................................

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

“Caminata”



Mal muevo mis ojos
Y ya veo a mi amada a jugar
Mal muevo mis rulos
Y ya me veo amando a lamentar...

Yo vivo en mi dictador;
Yo vivo en el seno del pavor;
Yo rezo por ser Creador;
Y peco en hipo aniquilador...

Pero continuo mi caminata
Para los cielos yo poder alcanzar
Así como camino para que

En los esenarios me pueda apasionar,
Así como juego de tocar, de escribir,
Sólo faltando mismo jugar de amar...


Fiquem em paz...
.........................................................

domingo, fevereiro 08, 2004

"Sinestesia"



E se hoje pudéssemos falar?

Teríamos coragem de dizer sobre nojo, desejo,
raiva, fúria, amor ou margaridas?

Teríamos fôlego para nos declararmos
e percebermos e hipocrisia das nossas palavras?

Teríamos coragem de trocar nada
por qualquer coisa, assim como hoje fazemos?

Teríamos escrúpulos para sentirmos prazer
usando a fragilidade sentimental das frases poéticas?

Teríamos estomago para mentir,
mesmo podendo falar e ser compreendido?

Teríamos desejo de desejar o desejo alheio
por pura curiosidade que massageia?

Teríamos coragem de ter coragem?

E se hoje posso falar, me pergunto se falaria...

E meu vácuo silencioso responde meus devaneios...



Fiquem em paz...
......................................................................................

domingo, janeiro 25, 2004

"Cansado"




Cansado de esperar por tempos que nao me fazem feliz.

Cansado de ter que sobreviver da caridade de quem me detesta. * (Cazuza)

Cansado de querer olhar para cima e nao conseguir enxergar.

Cansado de ter liberdade de expressao.

Cansado de acordar cansado.

Cansado de sentir saudades da minha mae.

Cansado de sentir frio.

Cansado de sentir.

Cansado de carencia.

Cansado de viver.

Cansado de ir contra o mar.

Cansado de querer voltar.

Cansado de nao entender catalao.

Cansado de entender Español.

Cansado de ter tanta vontade de fazer sexo.

Cansado de so conseguir sobreviver.

Cansado da falta de cheiro de poluicao.

Cansado de fazer arroz, fervendo a agua e depois colocando arroz.

Cansado de comer tudo sem gosto.

Cansado de tomar vinho no jantar.

Cansado daqui.

Cansado dai.

Cansado de mim.........



Fiquem em paz...
..................................................

quarta-feira, janeiro 21, 2004

"Meu livro"



Em alguns momentos decido tirar minhas máscaras
e encarar a realidade com satisfaçao de estar livre.

Encontro-me em uma duvida cruel, e vejo que as mascaras
estao muito pesadas para se carregar sem um molde...

Tento reinventar novas formas de açoes
para uma dor ja real e concreta...

Percebo que é mais dificil viver só do que só,
e principia uma nova jornada na minha cadencia....

Reviro-me no colchao e me desespero ao saber
que os ruidos do meu inconsciente incomoda
tudo o que mais gosto nessa vida...

Tento, em vao, me calar, e faco da minha caminhada
um livro lindo de historias, com paginas em branco.........................


Fiquem em paz...
................................................................

domingo, janeiro 11, 2004

"Realidade"



Ordeno meu coracao a descobrir sua verdade,
juntar seus frangalhos e ir de encontro a alegria que o espera...

Este, enfraquecido por tanta vexacao,
estufa seu peito frouxo e se declara como forma
para o mundo irreal que vive.

Luta bravamente contra todas as contracoes que sente,
imagina todos os futuros possiveis,
cre que o mesmo tornar-se-a verdadeiro,
e sai desesperado e sem rumo atras da sua fantasiosa realidade...


Fiquem em paz....
.............................................................................

sexta-feira, janeiro 02, 2004

"Sinto algo"



Sinto saudades de mim mesmo aqui....
Sinto saudades de ti, mesmo aqui...
Sinto saudades de tudo, mesmo no tudo...
Sinto sozinho aqui, mesmo sozinho...

E pelas novas ruas meu corpo se movo,
transgredindo as regras que aqui nao existem....

Perco-me nos meus encontros
e desafino a velha lembrança
de se ser pleno e feliz....


Fiquem em paz...
..................................................................