quarta-feira, fevereiro 21, 2007

"Incondicionalmente"


Amor, o que seria de mim sem seu sorriso,
sem o brilho instantâneo que aparece nos meus olhos quando te vejo,
o que seria do meu dia-a-dia sem compartilhar com você,
sem retratar tudo que engloba sua presença como a coisa mais importante para mim,
o que seria de toda a minha dedicação, de todos os meus sonhos pra nós dois,
o que seria também do meu corpo tão habituado ao seu,
de todos os meus pensamentos que acordam e vão dormir abraçados com você,
de todas as minhas vontades que me consomem todas as madrugadas,
dos meus desejos que chegam a me constranger em determinados momentos,
como quando entramos na padaria pra comer seu pão bem torrado de toda manhã,
você rindo de mim, e eu perdido, desnorteado, sem saber como me esconder,
sem saber como tirar o vermelhidão do rosto...

Amor, o que seria dos meus poemas que faço com tanto carinho pensando em você,
das poesias que fico a todo instante improvisando bem baixinho no seu ouvido,
o que seria das nossas piadas e brincadeiras que só nós entendemos...

Mas penso também o que seria de mim sem mim,
o que seria dos meus passos sem a certeza de quais precisam ser tomados,
o que seria da razão de todo o comprometimento, de toda a verdade,
de toda a cumplicidade que tão lentamente cultivamos,
nessa sintonia fina que julguei a vida inteira não existir...

Amor, eu tento todos os dias, de todos os jeitos, te fazer mais feliz,
cada vez mais, vivendo cada momento sabendo que não teremos reprises,
e por isso te nego o direito de ficar mais um segundo longe de mim,
te nego o direito de não dizer que me ama de uma forma diferente do dia anterior, todas as noites...

Amor, sinto muito a sua falta,meu quarto está fervendo,
habitando nele meus arrependimentos,
meu mau humor por te ter tão longe,
aturando meu falatório amargo e carregado de saudades dos seus olhos....

Amor, eu amo você em silabas, tons, cores, improvisos, formas e temas, incondicionalmente....

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terça-feira, fevereiro 06, 2007

"Silêncio que dita"



O silêncio que consome o homem,
a frase dita escapulida, desapercebida,
tantas vezes lida,
tantas vezes ouvida, sofrida,
sempre se despedindo com um certo rancor na voz,
dizendo que mudei, que ando muito pirado ultimamente,
deixando tudo de pernas pro ar até o nosso próximo olhar...

Fico na espreita, à espera, mas nosso próximo olhar não rola nunca,
estamos diariamente usando nossos compromissos como desculpas,
e minha vida vai ficando cada vez mais sem graça sem seu jeito peculiar,
sem seus problemas puros, muitas vezes infantis,
que vão deixando nossa história ainda mais sem final do que quando começamos,
muito mais complicada do que imaginamos quando nos olhamos pela primeira vez,
muito mais distorcida e retorcida que nossos cabelos quando acordo de uma noite turbulenta, por ter sonhado com você...

E o silêncio vai me consumindo, me corroendo,
vai me dizendo pra voltar,
vai me pedindo encarecidamente para que eu ceda,
implorando pra que eu declare meus sentimentos,
implorando pra que eu declame meus poemas,
na inocência, sem saber que o uso para fortalecer nossa falsa eternidade...

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