quarta-feira, março 31, 2004

"Anjo amigo - In Memorian"



Vinte e um anos...
Uma idade tão célebre,
tão inconsistente e tão mágica,
uma passagem única que a maioria dos que lerem esta já terão passado, ou estarão passando,
ou ainda posso dizer que tem planos fantásticos e grandiosos quem a essa idade não chegou,
idade que tanto me ajudou,
idade que nunca mais irei ter,
idade que nesta data de hoje
estaria meu grande amigo comemorando com seus planos terrenos...

Planos, planos...
Como falar em planos se não existem regras para o tempo (!)...
Planos, planos...
Como ditá-los ao léu se nem sabemos o quão presente estaremos (!)...

E foram poucos por ele ditados,
já sabia que não precisaria ditar planos
a longo prazo,
parece que a presunção não fora bastante plausível para seus ideais,
ele não imaginava ter 21 anos,
ele queria e batalhava diariamente para apenas ser eterno,
apenas para fazer feliz a quem ao seu lado estivesse,
pois ele precisava ensinar a todos
a fórmula mágica
do desprendimento,
do encantamento,
precisava ensinar a todos o que significa ser simplesmente feliz,
o que significa simplesmente sorrir
por sorrir,
gritar
por gritar,
interpretar
como se o mundo fosse um palco
e o futuro
as cortinas que lentamente se abrem,
vivendo os ensaios que se calaram antes das cortinas
intituladas da vida
se abrissem,
antes mesmo da contracenação
dita e vivida
ter saído da sua majestosa puberdade,
fazendo-me voltar no tempo
e imaginar como estaria o seu brilho,
como estaria suas interpretações e interpolações
que apenas sua clara e simples mente era capaz de fazer...

Como estaria eu (?),
que escrevo aos prantos
sem mesmo poder,
pois em sonhos astrais ele pediu-me
para que não mais o fizesse...

Como estaria minha face com as lágrimas sempre secas (?),
será que seria tão desprendido,
será que seria tão compreensivo,
tão amável com os que não tem o dom da compreensão,

Como estaria ele, (?)
será que forte,
namorando a Claudia,
qualquer outra mulher,
tão especial quanto a cineasta expelida do meu âmago
em formas de palavras nessa mesma excêntrica linha imaginária,
estaria ele cursando de teatro comigo,
já teria sua casa em Ubatuba,
já me levaria com seu carro consorciado
para ver o brilho das estrelas,
para quebrarmos quantas cidades fossem preciso,
erraríamos em vão,
divagaríamos sobre o nada,
pois o nada tornara-se inexistencial a ponto da sua inexistencialidade se obrigar a divagar durante o nada,
com o nada sendo o máximo denominador que poderíamos ter em comum,
dormiríamos na praia
ao relento
como outrora fizemos,
nos perderíamos em busca da noite perfeita,
invadiríamos o aeroporto,
como outrora ele fez,
sem o risco do choque mortal,
sem o risco do tiro certeiro,
pois eram apenas tempos de liberdade,
eram apenas tempos de desapego,
onde o existir era uma simples vara de condão
que ditava as regras dessa transmutação de fatos que hoje
tornara-se incompreensível
dentro da minha cabecinha incapaz,
dentro da minha lucidez,
dentro do meu peito que está amuado,
está sôfrego de saudades,
está desmoronado de lágrimas,
lágrimas não pela lembrança da doença que o levou,
mas dos tempos onde a liberdade era nossa simples opção libertista
de todos os nossos atos e situações,
onde a música era cantada em uníssono,
onde o companheirismo era mútuo,
onde as jaulas imposicionadas pela vida ainda estavam abertas
a todos
que quisessem adentrar,
pois não tínhamos manchas na nossa mente,
não tínhamos o buraco eterno dentro de nós,
não tínhamos a preocupação
de como seriam os aniversários sem a presença,
sem a festa tão esperada
ano a ano
nos prédios mundanos...
Como tudo isso aconteceu (?) ,
Como foram criadas tantas barreiras (?),
Mesmo ele implorando para não criarmos,
mesmo ele gastando toda a poupada energia,
se materializando para simplesmente dizer que está bem,
pedindo,
implorando
para não chorarmos,
e mesmo assim
me vejo no banheiro,
me olhando no espelho,
como uma criança
chorando,
tendo que respirar fundo
para que não ouçam que choro,
pois não merecem me ver triste,
pois não compreenderiam a minha tristeza,
piorando ainda mais minha situação,
então recorro ao papel reciclado,
a caneta esferográfica,
desato meu molhar sobre os dois
e escrevo,
para que consiga aliviar um pouco do peso que eu não agüento,
que quem o conheceu e estiver lendo também não agüenta,
a quem não o conheceu e se sensibiliza com histórias de amor e hipérboles dramáticas não agüentará por sua vez,
mas que a certeza todos nós
- os meus conhecidos, os dele desconhecidos, os leitores e curiosos -
temos,
de que,
asas em suas costas já se criaram,
- mesmo elas tendo espiritualmente arranhado um pouquinho -
olhos ainda mais esverdeados se fizeram,
cabelos mais enrolados já cresceram
e rodopiaram
pelas nuvens brancas,
e que a sombra da dúvida que poderia ainda restar
já se dissipou
de que ele,
todos os dias,
reza para que seus comparsas,
amigos e
familiares.........................

.....................Fiquem em paz...


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sábado, março 27, 2004

“Não convidado”



Lágrimas...
Fúria desesperada pelo infinito.

Arrepios...
Violinos escorrem suas verdades.

Decanato...
Fuga alimenta a transcendência dos fatos.

Momento...
Em que escolho para fechar os olhos
e sentir a verdadeira verdade que não existe
nas palavras e nos olhos aguados e sujos,
temperando ainda mais minha alusão aos sons
e as luzes da minha absurda hipnose.

Calmaria...
Como eu gostaria que fosse minha fascinação
pelas dificuldades absortas no eterno...

Gosto...
Da cor diferente nas minhas mãos,
nos meus tragos infinitos de incoerência.

Desespero...
Rápido e fugaz, poderoso e amigo
de todos os meus eus desafortunados.

Depressão...
Palavra antiga dos meus antepassados,
que não encontram palavras que decodifiquem.

Luz...
Emanação angelical e alheia aos meus sentimentos,
onde a irrealidade decompõem o dia vão
das portas que se abrem inertes a mim...

Luta, tambores e degustação de palavras,
que tão lentamente absorvo no papel,
sentindo-as como o fim,
cada palavra suicidando-se do meu frágil sentimentalismo
para colorir vidas que não me suportam...

Decisão...
Destruição...
Revelação...
Renegação...
Ressurreição...
Reencontro...
Desilusão...
Devastação...
Desinteresse...
Lágrimas...


Fique em paz....
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sábado, março 20, 2004

“Buquê de flores”



Oh! Doce regia, que enrubesce
as águas escuras do meu sonho,
levanta tuas orelhas para ouvir
a serenata sutil das borboletas...

Venha sentir o doce aroma
da liberdade que planto
com carinho para que possa
colhê-lo e fazê-lo de morada...

Oh! Doce canto que não cala,
palpita-me o peito pela lembrança,
vislumbro cada parte do seu corpo
com a imagem do orvalho por ele escorrendo,

vibrando em cada curva do seu sonho,
emudecendo em cada sorriso da saudade,
em cada brilho da verdade dos seus olhos,
em todo ato que se eterniza...

Oh! Doce regia, faz da minha vida fantasia,
rege como orquestra minha vontade,
ilumina com velas o meu caminho,
afaga meus sinceros sentimentos com música,
e faz da imagem do meu coração
um eterno buquê de flores para você...


Fiquem em paz...
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sexta-feira, março 19, 2004

“Não precisa haver”



Não precisa haver beijo, para haver amor...
Não precisa haver desejo, para haver amor...
Não precisa haver abraço, para haver amor...
Não precisa haver contato, para haver amor...
Não precisa haver lágrima, para haver amor...
Não precisa haver namoro, para haver amor...
Só precisa haver amor, para haver você...
Só preciso de você, para em mim haver amor...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, março 17, 2004

"Quem sou eu"



Passeio vagamente pelo passado.
A nostalgia me prende na insônia.
Escureço, perco-me na noite
com os pés descalços e frios.
Coço meu nariz, pisco com força
para conseguir raciocinar velozmente.
Ouço o sibilar da Sinfonia n° 5 de Mahler,
visto minha carapuça
e desato meus sonhos no papel...

Luto para esquecer que existo,
luto para entender o existir,
para entender o amor, se com ele
no peito sofro a fertilidade
da eternidade, e ele sumido assim
sofro a dor sôfrega do silêncio...

Sofro com esse silêncio,
desatina-me o medo...

Coço novamente os olhos...

Dessa vez fecho-os e vejo-me
como uma sinfônica sem rumo,
sem sentido,
sem batidas,
sem o ressoar da vida,
sem o encanto,
sem a liberdade que prego,
que se esvaece das minhas mãos,
acorrenta-me neste transeunte
que chora lágrimas que não são dele...

Acorrento-o nessa letargia,
acorrento-o nessa solidão
de quem nunca conseguiu ser o que quis,
o que sempre sonhou
e sem coragem de vencer,
suicidou-se...

Apodero-me desse pobre sonhador,
dessa figura carismática,
o transformei anos atrás
para que minha carapuça desleal
não fosse descoberta...

Alegro-me pelos seus rumos,
darei a ele todos os dons que quiser,
pois ele revive a minha vida,
ele me faz potente,
ele me cura,
esse jovem maluco terá todas as portas
abertas para sonhar, para vencer...

Eu não o deixarei perder,
eu não o deixarei morrer antes de ser,
quero sentir o gosto da vitória através dele,
quero ser jovem,
quero tirar essa bala
do meu infiel e covarde peito,
quero que ele transmita
às pessoas o que eu não pude em vida,
pois ninguém entenderia na minha época...

Raros o entendem agora...

E é por isso que eu o fiz só...

Poucos o enxergam,
ele se finge não entender
e entretém com facilidade,
com o Dom que Eu e nosso Pai demos.

Sou seu irmão que não nasceu,
que se uniu pelo ventre sagrado
da nossa Mãe para te dar a chance,
a glória de poder passear
por todas as galerias da vida
sendo respeitado, aclamado...

Eu te darei as histórias,
eu te farei feliz,
realizados pelos seus feitos...

Não estranha ter tantos dons?

Como pode se julgar tão abençoado
e não duvidar de nada?

Faz-se de tonto,
eu te ensinei a ser assim,
isso eu fiz para que não sofra no futuro,
é apenas uma pequena amostra
do que esta por vir...

Faça tudo mesmo,
prepare-se, pois os palcos
irão sempre se acender para ti,
meu caro e nobre irmão...

E agora peço apenas para que coce
novamente os olhos,
relaxe ao som límpido da música,
respire,
descanse o braço, pois ele está doente,
estude e sempre fique na paz
que tanto almeja...

Busque-a...

Transgrida as regras...

Escreva seus sonhos,
eu darei seus sucessos lá,
no inconsciente,
e quando seu nome estiver nas estrelas,
abençoarei-te contra as traições,
pois eu o amo meu irmão,
eu te quero harmonioso,
e para todo o sempre rezarei
para que essas lágrimas que agora
caem dos seus olhos sejam sempre
sinônimo de fertilidade e lealdade...

Lágrimas benévolas e eternas...

Rouquidão da minha voz ao acordar do transe,
ao agradecer a quem quer que seja
por mais um belo e belo e belo texto...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, março 11, 2004

“Curiosidade da sensação”



Qual a nomenclatura existente
para a concisão perfeita
de tantos altos e baixos
residentes no amor?

Ah! Amor...
Palco de tantos livros,
palcos de tantas dúvidas
ainda nunca respondidas...

Tomaste meu coração
pela curiosidade da sensação,
do enigma que envolve
sem medo as barreiras da destruição...

Um banquete completo
para minhas mãos
e uma pergunta que nunca se calará:

- Por que as pessoas mudam
quando a recíproca é verdadeira?

Faço, quando medito, uma retrospectiva
dos fatos onde a reprocividade ocorre,
e o resultado estatístico
é meramente fatídico e Dantesco,
pois o mesmo torna-se nulo...

Nulo como devem ser essas viagens
que vivo quando medito...


Fiquem em paz...
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domingo, março 07, 2004

"Ilusão rebuscada"



Ilusão tempestusoa de um ensejo
terminantemente inexequivel e irrefreável...
Decepção mostruosa e elucubrativa
do meu seio amargo de escuridão...

Inefável problemática e dissonante
alternativa de mórbida realidade
vivida, bruxuleando em minha tez
a brisa boreal do descontentamento...

Ciclópes sentimentais rondam os monumentos
labirinticos e arcaicos do meu insalubre
âmago, destoando a fábrica de sonhos

com palavras rebuscadas e desesperadas,
dissolvendo meu último resquicio de sorriso
nesse drama terrivel de não pertencer ao paraíso...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, março 03, 2004

"Passado poético em Barcelona"



Ah! Que saudade daquele tudo,
que saudade daquele fazer nada,
que saudade daquele sentir muito,
que vontade daquela menina...

Ah! Que vontade de fazer tudo,
que vontade de não viver sem nada,
que vontade de sentir tremores,
que saudade daquela menina...

Ah! Mas que vontade de beijar,
que vontade de fazer amor,
que vontade de fazer o gosto,
que saudade daquela menina...

Ah! Que saudade daquelas tardes,
que saudade daquele encanto,
que saudade de apaixonado,
que vontade daquela menina...

Ah! Que vontade de tê-la aqui,
que saudade de senti-la aqui,
que duvida me bate aqui,
do amor que sinto por aquela menina...

Que passa exalando pétalas pelos seus mágicos olhos,
que me apaixona a cada vão momento,
que me descreve em poesia,
que me extasia,
que me alucina de tanta vontade de morde-la,
de encharcá-la com a minha vontade,
que me lambuza a fantasia,
que me suga cada energia desperdiçada
e transforma-a em paixão recolhida,
que me forma em forma de forma para acalentar
cada respingo da sua vontade,
da sua ternura,
do seu coração em cores,
do seu sorriso que encanta aos céus,
dos seus traços que encanta a Zeus,
da sua bondade que encanta aos anjos
e do seu tudo, que encanta meus desejos
com seus trejeitos, com sua voz de pequena,
com seus cabelos de boneca,
com a sua infinita história de amor....


Fiquem em paz...
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