domingo, fevereiro 29, 2004

“Cidade Nossa”



Cidade caótica, onipresente;
Cidade maluca, eloqüente;
Cidade de ouro, presente;
Cidade de luz, de amores ferventes...

Lugar rodopiante de corações
Que breves lutas acontecem
Com separações, com ideologias
Abstratas do ser e sentir pobre,

Maldito e com as crispas
Enrijecendo meu perdão,
Tornando-me um moribundo,

Narrador onisciente, vão,
Caótico e problemático, mas
Vasto conhecedor das dores do mundo...


Fiquem em paz...
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quarta-feira, fevereiro 25, 2004

"Morte sem enterro"



A morte
queimando-me a face
apertando-me contra o papel
com ira,
com furia,
latente e prepotente
com as quedas infimas
devorando meu respirar...

Morte,
sem rodeios me buscando
no palor da madrugada,
me inebriando,
me escurraçando desse recinto,
dessa morte sem receio,
desse tilintar sem preceito,
com o péssimo em devaneio,
com o límpido em escassez,
frio como a bruma que enreda
sua ferida....

Fim,
o fim desiludido
pela morte sem enterro,
com tanto desespero,
trazendo-me ao desterro
que jaz minha solidao,
solidao magra que degusta
do meu ser,
do meu dom,
do meu prepotente esquecer,
do meu eloquente enlouquecer...

Corpo,
corpo que nao vejo,
gélido que nao sinto,
pernúria que só vejo,
desalento que tanto desejo
nessa morte sem fim,
nesse enterro do querubim,
esse desespero querendo à mim,
nesse lavar de almas sujas,
nesse viver de sonhos límpidos,
nesse navegar de sonhos unicos,
com barocos a sós,
aeroplanos solitarios,
soleiras desgranhadas,
paredes armadas
e sonhos destroçados,
à espera do novo reencontro,
que dita os desencontros,
e que traz a esperança
para que não erre no ponto,
ainda menos que o desenho
fique apenas no conto,
que é para podermos,
sempre,
vivermos esses distantes
e inalcançáveis sonhos...

Sonhos de criança
e que nunca acontecerão... ... ...


Fiquem em paz...
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quinta-feira, fevereiro 19, 2004

"Como eu adoro você"



Como eu adoro seus cachos
Como eu adoro seu nariz
Como eu adoro seus dedos
Como eu adoro seus trejeitos
Como eu adoro sua voz
Como eu adoro sua risada
Como eu adoro a pinta da sua barriga
Como eu adoro a pinta da sua nuca
Como eu adoro o tamanho das suas pernas
Como eu adoro seu ser magrinha
Como eu adoro a cor dos seus pelos
Como eu adoro a sua bunda
Como eu adoro a parte de trás da sua coxa
Como eu adoro a batata da sua perna
Como eu adoro sua temperatura
Como eu adoro o seu abraço
Como eu adoro seu beijo
Como eu adoro a sua ardência
Como eu adoro o seu sorriso
Como eu adoro você fazendo charme
Como eu adoro você apoiada em mim
Como eu amo seus pés...


Fique em paz...
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domingo, fevereiro 15, 2004

"Sou"

Sou
sonhou e
comigo brincou
feriu a conjectura
do ser que sou
sendo o ser
que a sós
Sou




Fiquem em paz...
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sexta-feira, fevereiro 13, 2004

“Caminata”



Mal muevo mis ojos
Y ya veo a mi amada a jugar
Mal muevo mis rulos
Y ya me veo amando a lamentar...

Yo vivo en mi dictador;
Yo vivo en el seno del pavor;
Yo rezo por ser Creador;
Y peco en hipo aniquilador...

Pero continuo mi caminata
Para los cielos yo poder alcanzar
Así como camino para que

En los esenarios me pueda apasionar,
Así como juego de tocar, de escribir,
Sólo faltando mismo jugar de amar...


Fiquem em paz...
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domingo, fevereiro 08, 2004

"Sinestesia"



E se hoje pudéssemos falar?

Teríamos coragem de dizer sobre nojo, desejo,
raiva, fúria, amor ou margaridas?

Teríamos fôlego para nos declararmos
e percebermos e hipocrisia das nossas palavras?

Teríamos coragem de trocar nada
por qualquer coisa, assim como hoje fazemos?

Teríamos escrúpulos para sentirmos prazer
usando a fragilidade sentimental das frases poéticas?

Teríamos estomago para mentir,
mesmo podendo falar e ser compreendido?

Teríamos desejo de desejar o desejo alheio
por pura curiosidade que massageia?

Teríamos coragem de ter coragem?

E se hoje posso falar, me pergunto se falaria...

E meu vácuo silencioso responde meus devaneios...



Fiquem em paz...
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